novembro 02, 2011

ESCATOLOGIA XXIII

II Pd. 1: 19 a 21 - "E temos ainda mais firme a palavra profética à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma candeia que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça e a estrela da alva surja em vossos corações; sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Porque a profecia nunca foi produzida por vontade dos homens, mas os homens da parte de Deus falaram movidos pelo Espírito Santo."
A diferença entre o método profético e o método histórico, é que este analisa a história passada, enquanto aquele projeta os eventos futuros. É como Deus afirma no livro de Isaías, capítulo 46: "... que anuncio o fim desde o princípio..." Esta é uma prerrogativa da onisciente soberania d'Ele. Na profecia toda história é colocada em evidência, como se fora um quadro. Entretanto, na profecia, o homem depende de receber fé para crer que os fatos se desenvolverão, tal como revelado. Na história segue-se uma progressão passo a passo de acordo com os eventos desenvolvidos pelos povos e nações.
Os capítulos 2 e 3 de Apocalipse organizam e apresentam a Igreja por meio de sete Igrejas reais e existentes na Ásia Menor, e que também são tipificações das fases da Igreja ao longo dos tempos. A estrutura em que as Igrejas são apresentadas e comunicadas no Apocalipse é a seguinte:
  1. Nome da Igreja a qual é endereçada a carta.
  2. Identidade de quem fala à Igreja sempre se referindo a Cristo.
  3. Elogio, ou seja, fatos que Cristo aprova na referida Igreja.
  4. Reprimenda, ou seja, fatos que Cristo reprova na referida Igreja.
  5. Menção do retorno do Grande Rei à Terra e seus efeitos sobre a Igreja.
  6. Ordem para que a Igreja ouça o que o Espírito Santo está revelando.
  7. Promessas ao vencedor.
Ap. 2: 1 a 7 - "Ao anjo da igreja em Éfeso escreve: isto diz aquele que tem na sua destra as sete estrelas, que anda no meio dos sete candeeiros de ouro: conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, donde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não, brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro, se não te arrependeres. Tens, porém, isto, que aborreces as obras dos nicolaítas, as quais eu também aborreço. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus."
Anjo no texto grego neotestamentário é 'angelos', e, neste contexto, significa mensageiro, pois não descreve a natureza de um ser, mas as suas funções. Verifica-se que a carta é endereçada ao mensageiro da Igreja que está em Éfeso. Não se refere a Igreja de Éfeso, mas a Igreja que está em Éfeso. Isto indica que não haviam igrejas com adjetivos, mas apenas a Igreja do Senhor Jesus. Tal Igreja, não se caracterizava por uma denominação criada por homens, mas à união dos eleitos e regenerados que se reuniam para adorar.
Jesus se apresenta como Aquele que tem as sete estrelas e anda no meio dos candeeiros, ou seja, como o Senhor da Igreja e o que controla os ministros ou mensageiros destas Igrejas. Ele mostra as coisas corretas que o pastor da Igreja em Éfeso estava fazendo: obras, trabalho e perseverança, ele não admitia os falsos apóstolos, e que suportava o sofrimento por causa do nome de Jesus. Também, mostra que o responsável pela Igreja em Éfeso estava abandonando o primeiro amor. Concita que este faça um auto-exame e se retrate do seu erro, arrependa-se e retorne às primeiras obras. Que primeiro amor é este que a Igreja em Éfeso estava abandonando? Ora, basta saber que a Igreja existe primeiramente para adorar, e depois para proclamar o evangelho, além de comunicar o amor cristão ao mundo. Então, as obras que os regenerados da Igreja em Éfeso estavam abandonando era o fervor e a dedicação que possuíam no início. Aquela Igreja estava agora dando mais ênfase à organização do que ao Senhor da organização. O foco do amor estava mais na Igreja do que no Senhor da Igreja, o primeiro amor. Amar a Cristo é uma coisa, amar as realidades relacionadas a Cristo é outra coisa. Nada pode substituir o Senhor Jesus! Isto ocorre quando o trabalho em função da existência e permanência da Igreja supera a adoração e o amor ao Senhor da Igreja.
Jesus aprova a obra do mensageiro da Igreja em Éfeso contra os Nicolaítas. Estes não representavam um cisma, ou um movimento herético com corpo e organização opondo-se à Igreja, mas um comportamento de pessoas dentro da própria Igreja. Nicolaíta em grego do Novo Testamento, provém de 'nico' que significa "dominar" e 'laitanes' que significa "leigo". Isto implica no início, dentro desta Igreja, de uma luta por parte de membros pelo controle sacerdotal, ou seja, colocar a ênfase em uma hierarquia humana ou eclesiástica dentro da Igreja.
É isto mesmo que acontece: quando a Igreja abandona o seu primeiro amor, a saber, Cristo, a tendência é se apegar à organização hierárquica de homens. Começa haver disputas pelo poder e prestígio dentro da Igreja, criam suas convenções, departamentos, assembleias, escrevem e prescrevem suas regras, normas e preceitos que nada têm a ver com as Escrituras. Os líderes se tornam pessoas influentes e importantes exigindo lealdade à denominação e não necessariamente a Cristo e às Escrituras. No fundo estão exigindo a lealdades dos membros a eles mesmos, e neste sentido, substituem Cristo pelo homem. Por isso, Jesus, o Cristo afirma que se o mensageiro não procurasse verificar onde havia caído e se retratasse, Ele viria e o retiraria do seu lugar, posto, ou posição.
Nos tempos de hoje, o que mais se vê são estes comportamentos nas igrejas denominacionais. Estão preocupadas com métodos humanos para aumentar o número dos seus membros. Buscam influenciar na política e na economia, imaginando que podem tornar a sociedade e o mundo melhor. Organizam-se cada vez mais em associações, convenções, alianças, conselhos, federações, uniões. Estas são as obras dos nicolaítas vivas e ativas no meio dos candeeiros em substituição a Cristo.
A promessa é que o vencedor comerá da "Árvore da Vida", a saber, participará da natureza eterna de Cristo.
Gloria in excelsis Deo!

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