sexta-feira, dezembro 30

BATIZADOS EM CRISTO

Gl. 3: 27 - "Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."
Há diversos ritos nas diferentes sociedades humanas. Muitos são ritos de passagem, outros são ritos religiosos. O batismo conforme o evangelho é uma ordenança de Jesus, o Cristo, geralmente, confundido e praticado apenas como mero ritual na maior parte das religiões ditas cristãs. Entretanto, é necessário distinguir as categorias de batismos descritos no evangelho, porque, de fato, há um só batismo conforme Ef. 4: 5 - "...um só Senhor, uma só fé, um só batismo." Portanto, o único batismo é representado de duas formas: simbolicamente, quando em águas, e espiritualmente, quando na morte em Cristo, sendo este o mesmo sentido do batismo no Espírito Santo, pois este é consequência imediata daquele. Isto é doutrinado em Lc. 3:16 - "...respondeu João a todos, dizendo: eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo." É uma clara referência a Jesus, o Cristo e o seu batismo espiritual.
Batismo é um substantivo masculino que deriva do verbo batizar. Batizar, por seu turno, provém do grego koinê neotestamentário [βαπτισω] que, transliterado é 'baptizô', o qual significa imergir, mergulhar, introduzir. A ideia dominante é a de que alguém é imergido, mergulhado, incluído, introduzido em algo. No caso do batismo em águas é apenas uma simbologia: quando o batizando é imergido nas águas, simboliza a sua inclusão na morte com Cristo; quando o batizando é emergido das águas, simboliza a sua ressurreição com Cristo. 
Uma outra concepção sobre batismo é o tão propalado batismo no Espírito Santo praticado como um dogma nos círculos pentecostais, carismáticos e neopentecostais. Apoiam-se, portanto, no texto de At. 11: 15 e 16 - "Logo que eu comecei a falar, desceu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio. Lembrei-me então da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados no Espírito Santo." Vê-se que o batismo no Espírito Santo não é uma segunda bênção como pretendem alguns. É um ato instantâneo ao momento em que o eleito crê pelo ouvir da Palavra do evangelho. No texto acima fica claro, inclusive, que o batismo simbólico era praticado antes mesmo do Cristianismo por João, o batista. Portanto, com o novo nascimento ocorre o batismo no Espírito Santo. Isto significa dizer que, o Espírito de Deus vivifica o espírito morto, a saber, separado d'Ele. Vê-se, ainda que o batismo é "...no Espírito Santo" e não "...com o Espírito Santo." Faz grande diferença, porque "no" é "em" + "o", ou seja, n'Ele. Já, "com" tem o sentido de batizar-se junto com o Espírito Santo, como se também o Espírito de Deus estivesse sendo batizado. Isto é, no mínimo, ridículo. É como, no senso comum, as pessoas dizem: fulano de tal está namorando com sicrana de tal. Ou seja, duas pessoas estão namorando no mesmo momento e lugar, porém com parceiros diferentes. 
Finalmente, o outro sentido mais profundo e espiritual do batismo é a inclusão real, porém, pela fé, na morte de Cristo. Isto fica meridianamente claro em Rm. 6: 3 a 5 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição..." Vê-se primeiramente que, os eleitos foram batizados na morte de Cristo, ou seja, foram incluídos em sua morte; secundariamente vê-se que, os eleitos foram sepultados com Cristo, ou seja, morreram com Ele; e, finalmente vê-se que, todos os eleitos foram ressuscitados juntamente com Cristo, a saber, ganharam a sua vida. Desta forma o texto confirma que os eleitos andam em novidade de vida, não para alcançar a vida eterna, mas porque foram alcançados por ela.  Foram todos unidos a Cristo em sua morte de cruz, semelhantemente, ressuscitaram juntamente com ele conforme Ef. 2: 6 - "... e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus..." Além de tudo, dá a garantia de que, onde Cristo está reinando, também os seus eleitos e regenerados também reinam.
Todas as vezes que se ensina esta doutrina bíblica surgem, por parte dos que ainda não tiveram suas escamas retiradas dos olhos, os seguintes questionamentos: a) como pode ser assim, se a morte de Cristo foi há quase dois mil anos atrás? b) este ensino é herético, porque está isolando texto do contexto; c) Cristo não morreu, porque ele é eterno e não morre. Pois muito bem, vejamos o seguinte: a) tanto os que creram na promessa da vinda do Messias e Salvador antes da sua manifestação na pessoa de Jesus, foi por fé. Semelhantemente, todos quantos creem após a sua morte, também é por fé; b) o ensino é bíblico, portanto, o conceito de heresia é de quem recusa-se a receber as Escrituras como Palavra de Deus. Os textos são isolados por uma questão de espaço, porém todos os seus contextos tratam do mesmo assunto. Basta ler todo o contexto para tirar as dúvidas; c) as Escrituras afirmam, pelas próprias palavras de Jesus, o Cristo que ele morreu de fato e retomou a sua vida conforme Jo. 10: 15, 17 e 18 - "assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai." O que a maioria desconhece é que morte no sentido bíblico não é destruição, mas apenas separação. Neste sentido, Jesus, o Cristo ficou separado de Deus na cruz por causa da atração de todo os pecadores eleitos em sua morte. É desta verdade esplendente que surge a garantia da vivificação para a vida eterna a todos aqueles cujos nomes foram escritos no livro da vida do Cordeiro antes dos temos eternos.
Sola Scriptura!
Sola Gratia!
Sola Fide!

terça-feira, dezembro 27

FALSOS MESTRES SEMPRE EXISTIRAM E CONTINUARÃO EXISTINDO

II Pd. 2: 1 a 3 - "Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade; também, movidos pela ganância, e com palavras fingidas, eles farão de vós negócio; a condenação dos quais já de largo tempo não tarda e a sua destruição não dormita."
Atualmente se veem quase todos os dias acusações, críticas e, por vezes, juízos de valor sobre as vidas de alguns pregadores. São eles acusados de serem falsos profetas e falsos mestres, além de doutrinariamente heréticos e gananciosos. A maior parte dos críticos são religiosos que se apoiam em seus sistemas de crenças, ou em valores morais para julgá-los. A internet está cheia de posts, vídeos e textos críticos sobre diversos líderes, pastores, igrejas e movimentos. Raramente se vê alguém utilizando o espaço virtual para anunciar o evangelho da graça e da misericórdia de Deus em Cristo. Se tais pregadores estão errados ou são mesmo falsos mestres, o ideal é espalhar o verdadeiro evangelho para, pelo menos, anular uma parte dos efeitos deletérios deles sobre o povo. Isto porque eles continuarão existindo até o retorno do Grande Rei. Por mais estranho que pareça é até necessário que hajam tais falsos mestres e heresias para que fique evidente os que são verdadeiros e fieis conforme I Co. 11:19 - "E até importa que haja entre vós heresias, para que os aprovados se tornem manifestos entre vós."
Um mestre se define, enquanto substantivo, como o indivíduo que ensina, porque atingiu elevado nível de saber e conhecimento. Enquanto adjetivo, o mestre é aquele que se destaca como o mais importante, fundamental ou principal em uma ordem ou sistema de conhecimento e prática. Em sentido bíblico, o mestre é aquele que, por ter sido regenerado e provado na fé que recebeu por graça, pode transmitir a verdade vivenciada a outros. Neste caso, tanto transmite o evangelho da cruz aos que ainda não nasceram de novo, como ensina o caminho da cruz aos regenerados para crescimento mútuo. 
 At. 13: 1 a 11 - "Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus, e tinham a João como auxiliar. Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus, que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar a fé do procônsul. Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, disse: ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor? Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão." Então, na Igreja de Antioquia haviam profetas e mestres. Estes ministravam perante o Senhor e jejuavam e oravam. Alguns foram enviados pelo Espírito Santo a anunciar o evangelho. Deus colocou diante deles um homem desejoso de ouvir a verdade, mas o Diabo também colocou um mago e encantador para desvirtuá-lo. Elimas, o encantador, procurava desviar a fé do procônsul romano. Paulo, então, usando da autoridade a ele conferida, o olhou fixamente e lhe disse que era filho do Diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça. Paulo lhe decretou a sentença: ficarás cego, sem ver o Sol por algum tempo. Imediatamente o incrédulo ficou cego.  Hoje, ao contrário, há milhares que defendem e até chegam às raias da agressão para proteger estes encantadores de bodes.
I Tm. 6: 3 a 5 - "Se alguém ensina alguma doutrina diversa, e não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, injúrias, suspeitas maliciosas, disputas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade é fonte de lucro." Uma das características mais evidentes dos falsos mestres é o ensino contrário ao das Escrituras. A não conformidade com as sãs palavras de Cristo é a exteriorização da natureza pecaminosa não regenerada. A doutrina que procede do evangelho de Jesus, o Cristo é sempre e invariavelmente segundo a piedade. A piedade se define como uma virtude recebida pela regeneração, a qual leva o novo nascido a glorificar apenas a Cristo, se inclinar para as boas obras por Deus preparadas de antemão para que os eleitos andassem nelas. Todas estas práticas não são nativas do homem, mas resultam da ação da Graça de Deus em seus eleitos e regenerados.
Jd. 8 a 11 - "Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres, sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade e blasfemam das dignidades. Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda. Estes, porém, blasfemam de tudo o que não entendem; e, naquilo que compreendem de modo natural, como os seres irracionais, mesmo nisso se corrompem. Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré." Outro aspecto dos falsos mestres dentro da Igreja é que são apenas sonhadores. O sentido de sonhador no texto bíblico é aquela pessoa que transforma os seus desejos como se fossem ordenamentos divinos. Transferem seus desejos e taras como se fossem de Deus para que os seguidores os aprovem como grandes virtuoses na Terra. Entretanto, quando são colocados debaixo da autoridade rejeitam veementemente e começam o programa da difamação, disputa, acusação e julgamentos sobre os verdadeiros mestres. O apóstolo Judas está comparando tais falsos mestres aos anjos caídos por semelhança dos seus atos. Mostra ainda que, o arcanjo Miguel, estando debaixo da autoridade de Deus, não ousou pronunciar qualquer juízo contra Satanás. O falso sempre se rebela quando é colocado em cheque. O verdadeiro sempre reconhece que a autoridade é de Deus. Os falsos mestres têm apenas compreensão natural da verdade, a  saber, entendem apenas intelectualmente. Não possuem revelação que do alto vem. Por isso, agem irracionalmente quando confrontados com a verdade espiritual. Abraçam o erro de Balaão que, impedido por Deus aconselhou Balaque a fazer o mal a Israel por amor ao dinheiro. Trilham o caminho de Caim que matou seu irmão por ter sido rejeitado por Deus. E, finalmente, perecem na rebelião de Coré, ou seja, recebem o justo juízo de Deus.
Sola Gratia!

sábado, dezembro 24

REVESTIR-SE DE CRISTO

Gl. 3: 24 a 27 - "De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."
Há nos círculos religiosos, notadamente, entre os que se dizem cristãos uma forte tendência à mitificação e à mistificação da realidade bíblica. Tomam as verdades espirituais e as transformam em crendices humanas para adaptá-las às suas realidades decaídas e corrompidas pela natureza pecaminosa não regenerada. Parece estranho afirmar tal coisa, porque no ideário dominante imaginam que a redenção está na igreja, na prática de ritos e rituais, no estilo de vida reprimido por serem obrigados a fazer ou deixar de fazer determinadas coisas. Entretanto, é bom saber que as Escrituras não se alteram em função das necessidades adaptativas dos homens, por mais bem intencionadas que sejam. Deus não muda conforme Ml. 3:6 - "Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Estes fatos se verificam pelo comportamento e, por vezes, enfrentamentos entre pessoas de práticas religiosas diferentes. Cada um cultiva uma série de preceitos, regras e normas, julgando serem as tais a única verdade. Por isso, não aceitam as práticas uns dos outros, o que anula qualquer possibilidade de verdade. Há profundos conflitos, mesmo entre membros de uma mesma igreja.
I Pd. 3: 3 a 6 - "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus maridos; como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, se fazeis o bem e não temeis nenhum espanto." Contrariamente ao que ensinam as Escrituras, muitos religiosos se apegam exatamente aos comportamentos exteriores como evidência de verdade e fé. Transformam usos e costumes em doutrina. O interior, a saber, a alma e o espírito estão absolutamente entregues a sentimentos anti-cristãos, quando não, pagãos. A proposta do ensino petrino é que os eleitos e regenerados se revistam de um traje de espírito manso e tranquilo. Tal espírito é obrigatoriamente aquele que foi reconciliado com Deus por meio do novo nascimento. O novo nascimento só acontece por eleição antes dos tempos eternos e se concretiza historicamente pelo recebimento da Graça de Deus em Jesus, o Cristo. Este fato é realizado concretamente na fé que o pecador eleito foi incluído na morte com Cristo, e, consequentemente, em sua ressurreição. O apóstolo Pedro está ensinando neste texto, não que a mulher seja uma nulidade, mas que sejam guiadas pelo espírito regenerado. Não é uma questão dos trajes exteriores, mas do espírito vivificado.
Rm. 13: 13 e 14 - "Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências." Vê-se que o andar dos eleitos e regenerados deve ser às claras e pautado por uma auto-disciplina natural e consequente de um pleno revestimento de Cristo. Ora, quantas brigas, dissoluções e divisões se veem em muitas igrejas por disputar cargos, opiniões, controle. Tudo por causa da natureza pecaminosa não regenerada, mas apenas encoberta por palavras e religião exterior. O revestimento de Cristo não é uma decisão moral e cerimonial, mas uma mudança de mente nos termos da metanoia ensinada por Paulo em II Tm. 2:25 - "...na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade..." Revestir-se, pois, do Senhor Jesus, o Cristo não é apenas uma mudança de comportamentos exteriores. Os comportamentos morais e exteriores mudam como consequência de uma mente renovada, não como causa de tal renovação. Mudam as práticas, porque o espírito foi vivificado. Mudam os comportamentos, porque a alma está sendo purificada dos atos pecaminosos herança da velha natureza pecaminosa. Não são as práticas religiosas exteriores que mudam o velho homem adâmico, mas a experiência de novo nascimento que mudam as velhas práticas e comportamentos.
Cl. 3: 12 a 14 - "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição." A primeira evidência exterior de uma mente renovada pelo novo nascimento é a capacidade de suportar e perdoar aos outros. Os eleitos e regenerados são pecadores cuja natureza pecaminosa foi aniquilada na cruz conforme Hb. 9:26 - "...mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Veja que, a manifestação de Cristo na pessoa histórica de Jesus, foi de ".. uma vez por todas..." Não é uma manifestação esporádica ao sabor dos humores e desejos dos corações corrompidos dos homens. Foi apenas uma vez, sendo esta suficiente e eficiente para sempre. Muitos religiosos sofrem da "síndrome da pipoca", a saber, sobem e descem ao sabor da efervescência e dos acontecimentos. Quando as coisas estão favoráveis e satisfazendo seus anseios e desejos são os mais "espirituais"; quando os eventos e fatos lhes são desfavoráveis, são os mais frios e incrédulos. Ora, só se pode falar em espiritualidade aqueles cujos espíritos foram vivificados em Cristo conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante." Veja, Adão, era apenas alma vivente, mas Cristo, o último Adão, espírito vivificante. Jesus, o Cristo tipificou o último da raça decaída descendente do primeiro Adão. O seu espírito tornou-se morto para Deus, por isso, Cristo se manifestou em Jesus para matar a raça decaída do primeiro Adão e reconciliá-lo novamente. Apenas o revestimento da justiça de Cristo pode reconduzir o espírito, antes corrompido e decaído do homem, novamente a Deus pela inclusão na morte e na ressurreição. Este é o sentido de revestir-se de Cristo. O revestimento de Cristo não é um conjunto de comportamentos morais e rituais, ainda que sejam bons socialmente, não salvam.
Sola Scriptura!

domingo, dezembro 18

A JUSTIFICAÇÃO É PELA GRAÇA MEDIANTE A FÉ

Fl. 3: 1 a 10 - "Quanto ao mais, irmãos meus, regozijai-vos no Senhor. Não me é penoso a mim escrever-vos as mesmas coisas, e a vós vos dá segurança. Acautelai-vos dos cães; acautelai-vos dos maus obreiros; acautelai-vos da falsa circuncisão. Porque a circuncisão somos nós, que servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne. Se bem que eu poderia até confiar na carne. Se algum outro julga poder confiar na carne, ainda mais eu: circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei fui fariseu; quanto ao zelo, persegui a igreja; quanto à justiça que há na lei, fui irrepreensível. Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo, e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé; para conhecê-lo, e o poder da sua ressurreição e a e a participação dos seus sofrimentos, conformando-me a ele na sua morte, para ver se de algum modo posso chegar à ressurreição dentre os mortos."
Justificação é substantivo que deriva do verbo justificar. Justificação é o ato de ter sido justificado. Entretanto, no sentido bíblico, não se trata de auto-justificação, mas de ter recebido a justiça divina contra o pecado que torna qualquer homem injusto perante Deus. Desta forma a justificação é o ato ou efeito da graça de Deus que toma o homem injusto e o torna justo, reconciliando-o novamente ao estado anterior à queda.
Rm. 3: 4 e 5 - "Pois quê? Se alguns foram infiéis, porventura a sua infidelidade anulará a fidelidade de Deus? De modo nenhum; antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como está escrito: para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando fores julgado. E, se a nossa injustiça prova a justiça de Deus, que diremos? Acaso Deus, que castiga com ira, é injusto? (Falo como homem.) De modo nenhum; do contrário, como julgará Deus o mundo?" Neste texto, o apóstolo Paulo está doutrinando os nascidos de Deus em Roma. Paulo parte da premissa que Deus é verdadeiro e o homem mentiroso, a saber, Deus é justo, independentemente, daquilo que alega o homem em sua defesa. A mentira a que alude o texto é uma forma de demonstrar que há no homem natural um estado permanente de pecaminosidade que o torna morto e injusto perante Deus pela culpa do pecado. Na mente corrompida do homem, especialmente, dos religiosos só é injusto aquele homem que comete muitos erros, pecados e delitos previstos em lei. Todavia, é bom saber que, no sentido bíblico, injusto é todo homem que já nasce com a natureza pecaminosa. Por esta razão é que apenas Deus pôde justificá-lo, executando a perfeita justiça em Cristo na cruz. E todos os pecadores eleitos estavam incluídos n'Ele para receber a perfeita justiça substitutivamente.
Do contexto acima depreende que é pela injustiça do homem que se vê a justiça de Deus, visto que a justiça própria não é aceita diante d'Ele. A infidelidade do homem não pode anular a graça de Deus. Muitos homens religiosos sofrem a vida inteira por querer apresentar-se diante de Deus por sua própria justiça. Imaginam estes que é por impor-se a si mesmos um modelo ou padrão de comportamento que convencerá Deus a lhes ser favorável. Ora, se o homem não se reconhecer pecador e culpado, como poderá Deus perdoá-lo e justificá-lo? Poderá a justiça própria baseada em méritos anular a justiça de Deus? Caso esta afirmativa fosse correta, a morte substitutiva e inclusiva de Cristo na cruz teria sido em vão. Esta seria a anulação da graça pela lei.
Gl. 3: 1 a 5 - "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis? Será que padecestes tantas coisas em vão? Se é que isso foi em vão. Aquele pois que vos dá o Espírito, e que opera milagres entre vós, acaso o faz pelas obras da lei, ou pelo ouvir com fé?" Mais uma vez o apóstolo Paulo apela aos cristãos da Galácia que reflitam sobre a questão da justificação. Eles haviam sido justificados pela fé, mas diante das pressões do sistema religioso do judaísmo estavam tentando conciliar fé e obras. Eles estavam negando a justificação pela fé na morte substitutiva e inclusiva de Jesus, o Cristo. Paulo demonstra que, foi pela fé que haviam experimentado o novo nascimento e recebido um novo espírito. Mostra ainda que, buscar a justificação pelas obras da lei é retornar à carnalidade, negando a espiritualidade. Finalmente, Paulo recorda aos gálatas que até mesmo a operação de milagres foi pela fé e não por cumprir preceitos, regras e normas cerimoniais.
Muitos que se auto-intitulam cristãos hoje agem exatamente como os da Galácia, pois colocam seus bons comportamentos morais e suas boas obras como garantia de justificação perante Deus. Quando se deparam com o verdadeiro ensino das Escrituras, os quais demonstram o contrário, reagem acusando o mensageiro de heresia. Eles olham para o mensageiro e não para a mensagem, porque é mais fácil refutar um homem. Dentro de todas as denominações religiosas ocorre o mesmo fato: se apegam a um conjunto de doutrinas por eles mesmos escolhidas e eleitas como suas verdades. Tudo o que estiver fora desse corpo doutrinário é heresia e deve ser combatido até o fim. Isto caracteriza exatamente a justificação por suas próprias obras da lei. É uma espécie de fé humana em doutrinas, mas não é uma fé que procede de Cristo, visto que a fé não é uma virtude humana, mas provém de Deus.
O texto de abertura inicia sua doutrinação apelando a que todos os eleitos e regenerados se acautelem dos erros doutrinários de obreiros e ensinos de justificação por méritos. Cães traz a noção de homem natural que age apenas pelo seu próprio instinto. Falsos obreiros são aqueles que levam os religiosos a desenvolver obras de justiça própria, sem lhes apresentar a inclusão na morte de Cristo. A falsa circuncisão é uma referência ao cumprimento de ritos religiosos a fim de alcançar a reconciliação com Deus, sem Cristo. Todavia, Paulo mostra que a circuncisão é a atitude daqueles que recebem, pela graça, a justificação pela fé e não em atos ritualísticos da lei moral e cerimonial conforme o ensino de Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas."
O próprio apóstolo Paulo dá o testemunho que abriu mão de todos os ritos e práticas religiosas anteriores para ficar apenas com o conhecimento de Cristo. O verdadeiro evangelho consiste em conhecer a Cristo apenas pela fé. Tal conhecimento implica em ter sido reconciliado pela graça mediante a fé por meio da inclusão do pecador na morte de Cristo, como também em sua ressurreição. É este o sentido da expressão utilizada pelo apóstolo Paulo: "... e seja achado nele, não tendo como minha justiça a que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé..." Ser achado em Cristo é uma realidade inclusiva e não um ato puramente contemplativo como na maioria das religiões humanistas.
Sola Scriptura!
Sola Fide!
Sola Gratia!

domingo, outubro 16

NÃO SE SEPARAR DA SIMPLICIDADE DE CRISTO

II Co. 11: 3 e 4 - "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!"
Nestes quase dois mil anos da história do Cristianismo viram-se muitos movimentos balançando, ora em um sentido, ora em outro sentido. Foram ondas de progresso e de recuo em relação aos fundamentos do evangelho. Sabe-se que o evangelho não se limita a um conjunto de doutrinas aceitas e praticadas por algum grupo que se auto-intitula cristão. Tais movimentos tendem a ser mais ou menos fortes e duradouros conforme o seu fundamento. Quando o fundamento é Cristo eles são firmes, duradouros, eficientes e eficazes naquilo que, de fato, interessa ao "supremo propósito" de Deus. Quando são embalados por doutrinas de homens cuja centralidade não está em Cristo, são tumultuados, curtos e ineficientes em produzir a comunicação da verdade aos pecadores eleitos. Apenas enchem igrejas de religiosos incrédulos.
Um certo movimento religioso, pode, em determinados períodos até parecer absolutamente comprometido com o evangelho. Isto acontece porque, geralmente, a sua análise é feita pelo homem em função da efervescência, do triunfalismo e da dinamicidade que assume o tal movimento. Os homens, sobretudo, os religiosos são movidos a números, desempenho e resultados. Desta forma, se um movimento religioso está em espiral de crescimento, seus líderes aceitam que estão sendo aprovados por Deus. Nestes casos, não ocorre o evangelho segundo a simplicidade de Cristo, mas uma espécie evangelicalismo triunfante. Como a maioria dos liderados não se importa em averiguar a veracidade dos fatos, recebem sem questionar a onda frenética do grupo como verdade absoluta. 
Em toda a extensão das Escrituras não se vê Deus trabalhando com grandes massas  e grandes movimentos. Ao contrário, a ação de Deus é sempre com reduzidos grupos, envolvendo as pessoas menos prováveis do ponto de vista de dinâmica e eficiência. Isto ocorre para que fique claro que a ação é sempre monérgica, ou seja, parte apenas e exclusivamente do propósito de Deus. Foi Jesus, o Cristo quem esclareceu uma verdade há muito esquecida pelos religiosos que veneram prestígio, número e grandes resultados, conforme Mt. 7:13 - "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela." Pela própria natureza residente no homem, quando todos ou a maioria assume que tal caminho é o verdadeiro deve-se voltar às Escrituras para averiguar se assim é. O fato de uma religião conquistar a simpatia e a adesão de um grande número de seguidores, pode ser exatamente o sinal de que Deus não está nisto. A porta estreita a que alude o texto é Cristo, e este crucificado. A porta larga indica a proposta mais aceitável e em conformidade com as inclinações da natureza pecaminosa do homem. Isto inclui, não apenas, questões de comportamento ou de moral, mas especialmente o que está relacionado à verdade do evangelho. Uma boa moral serve apenas aos propósitos sociais e interpessoais, mas jamais salva o homem espiritualmente.
O texto que abre este estudo mostra claramente que o apóstolo Paulo estava preocupado, precisamente, com esta inclinação dos homens em desejar, buscar e cultivar sistemas de crenças baseados em quantidade e não em qualidade. A troca da qualidade pela quantidade se dá precisamente pelo engano. Paulo cita o ocorrido ao primeiro casal no Éden. Eva foi enganada por Satanás, porque não recebeu a instrução diretamente da palavra de Deus. Logo, ela não possuía segurança sobre como proceder em relação a oferta do inimigo. Entretanto, Adão não foi enganado, porque recebera a instrução diretamente da palavra de Deus. Desta forma, Eva foi apenas enganada, mas Adão pecou por incredulidade ao que Deus lhe havia instruído.
Corrupção é um termo que indica a ruptura da normalidade de algo ou alguém em relação à sua posição e estrutura original. Desta maneira é a ruptura em relação a simplicidade de Cristo que leva os religiosos ao engano, e, posteriormente, ao pecado por contaminarem a pureza do evangelho de Cristo. 
O que tem ocorrido, na maioria das religiões ditas cristãs, é que estão recebendo, além de outro evangelho, também, outro Cristo que não aquele anunciado desde o princípio nas Escrituras. A cada nova seita ou religião, reinventam um Jesus diferente e cada vez mais próximo do que o homem deseja. A consequência disto é o recebimento de doutrinas e espíritos de demônios conforme I Tm. 4:1 - "Mas o Espírito expressamente diz que em tempos posteriores alguns apostatarão da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios..."
Não se iluda, pois seus conceitos acerca de determinados textos são apenas o resultado de um longo processo de aliciamento e lavagem cerebral. Desta forma, quando você lê estas palavras, logo, imagina que tudo isto tem a ver com a religião dos outros. Jamais imaginam que Deus vem falando e repetindo tais verdades ao longo de dois mil anos. Ainda assim, homens estão indo aos milhões para a perdição com toda a sua religiosidade, bom comportamento, sucesso, prosperidade e prestígio. Tais coisas, não provam que estão na verdade, pois o caminho da perdição oferecido por Satanás propõe exatamente aquilo que alegra e satisfaz o coração incrédulo e religiosamente cego por doutrinas de homens.
Sola Scriptura!

sábado, setembro 3

INDO POR TODO O MUNDO

Mc. 16: 15 e 16 - "E disse-lhes: indo por todo o mundo,  pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado."
O texto acima tem gerado muitas controvérsias ao longo dos tempos entre religiosos de diversos e diferentes matizes. Isto porque é mais fácil polemizar para atribuir maior verdade ao sistema de crenças ao qual defendem do que se aprofundar no conhecimento de Deus. Entretanto, buscar e confrontar-se com a verdade, estritamente bíblica, requer revelação do alto, a qual não se obtém por meio de religião. O Novo Testamento foi escrito em língua grega, mas não o grego erudito. Utilizou-se do grego koinê que era a língua falada pelas massas populares. O objetivo de Deus ao conduzir e inspirar os hagiógrafos a adotar tal recurso de escrita foi para atingir a maior parte das massas perdidas em seus delitos e pecados. Usar uma língua em norma culta serviria apenas a um reduzido grupo de homens instruídos. Entretanto, ao utilizar a língua corrente serviria, tanto às massas ignaras, quanto aos eruditos, pois uma pessoa iletrada compreende a língua comum, mas não compreende a língua erudita. O douto, consegue entender ambas as formas de linguagens.
O verbo ir do texto de abertura deste estudo grafa-se, em grego koinê, da seguinte forma: [πορευθεντες]. Quanto à forma, o modo e o tempo em que foi grafado, admitem-se três traduções: 
a) Particípio aoristo no grego koinê, isto é, indica uma ação já ocorrida, assumida e sacramentada, ou seja,  significa 'ido'; 
b) Gerúndio na língua portuguesa, ou seja, 'indo'; 
c) Imperativo como tradução livre ou forçada, a saber, 'ide'.
No texto que abre este estudo tem-se a seguinte estrutura: "... indo por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura..." Então, o sujeito da ação é todo e qualquer cristão, porém eleito e regenerado, pois do contrário, não teria o que anunciar. Um cristão, não regenerado é apenas um religioso e não possui o verdadeiro evangelho de Cristo. O verbo indica a ação no particípio grego ou no gerúndio em português, visto que nesta última língua, não há o modo e o tempo aoristo do grego koinê. Portanto, considerando o particípio e o gerúndio, o sujeito que anuncia o evangelho já está devidamente consciente de suas ações, quanto ao anúncio do evangelho por toda parte, isto é, por onde for. E, finalmente, admitindo o verbo no imperativo, o sujeito é obrigado a ir pelo mundo e pregar a toda criatura. Neste último caso, não seria o resultado da ação de Deus, mas do esforço humano, como, que, por mérito e justiça própria. Isto exclui a ação como sendo monérgica e a coloca como sinérgica. Tal manipulação desqualifica a graça pela qual os pecadores são alcançados conforme Ef. 2: 8 a 10. Sem contar que, se assumirmos, erroneamente, que o verbo é imperativo, a maioria dos cristãos está pecando por não ir e anunciar o evangelho a toda criatura.
Ao apropriar-se do verbo no particípio aoristo tem-se que o sujeito já foi, a saber, já assumiu que anunciar o evangelho a toda criatura, por toda parte, por todo o tempo é consequencial e não imperativo. Assumindo que o verbo está no gerúndio, o sujeito está cônscio da responsabilidade permanente de anunciar o evangelho a toda criatura como consequência da sua nova natureza. Finalmente, assumindo, como a maioria assume, que o verbo é uma ordem imperativa, o sujeito é obrigado a ir aos campos designados para que pregue o evangelho. Aqueles que assumem esta última posição o fazem, alegando que o verbo no imperativo se torna mais harmônico com o contexto. Entretanto, nem forçando a gramática não se pode traduzir 'poreithentes' como imperativo. Logo, não há harmonia algum em traduzir um determinado verbo, que se acha em um modo e tempo, para outro modo e tempo apenas para agradar a natureza decaída do homem. Tal alegação se dá por duas razões: primeiro por falta de revelação e necessidade de agir segundo suas naturezas religiosas decaídas e não regeneradas; segundo, porque isto satisfaz seus esforços baseados no mérito, como se o homem pudesse operar a salvação aos pecadores apenas pelos seus esforços. Conscientes ou inconscientes, presumem tomar o lugar do Espírito de Deus no convencimento dos pecadores conforme Jo. 16:9.
A melhor tradução para o verbo ir no texto, objeto deste estudo, seria 'ido', pois indica que o sujeito já foi. Porém, em língua portuguesa tal modo verbal não é de uso comum ou perde o sentido. Entretanto indica, primeiramente, que o sujeito foi reconciliado com Deus, e, secundariamente que já assumiu sua missão de anunciar o evangelho. O pecador regenerado assume pela fé que é um enviado a anunciar o evangelho a toda criatura, em qualquer tempo, em qualquer lugar do mundo. Não se trata de uma ação circunstancial, mas de uma ação soberana de Deus e continuada. Até porque, a maioria dos cristãos verdadeiros não saem pelo mundo anunciando o evangelho. Nem por isso Deus deixa de chamar os que são seus e cujos nomes estão escritos no Livro da Vida do Cordeiro.
Muitos dos que advogam a tradução do verbo no imperativo o fazem por soberba religiosa e pelo desejo de prestar serviço humano a Deus. Esta atitude é a mera presunção de substituir as "boas obras" ou a "obra de Deus", pelas obras humanas. Isto é absolutamente diabólico. Também, porque tal postura determina que a liderança faça exigência constante por contribuições financeiras a fim de sustentar a "obra de Deus." Todavia, quem é nascido do alto sabe que Deus executa a sua vontade, independentemente do homem e seus pressupostos. O mesmo Deus que salva o pecador pela graça o capacita e o sustenta a fim de que o evangelho cumpra o seu desideratum eterno. Fazer Deus se curvar à boa vontade do homem é tentar desconstruir a soberania d'Ele e subordiná-lo ao pecador. Ao contrário, Deus faz que qualquer homem execute a sua vontade, querendo ou não. Há inumeráveis exemplos desta verdade nas Escrituras, tais como, o caso de Jonas e sua pregação em Nínive; Paulo e sua conversão a caminho de Damasco. É Deus quem faz dos seus eleitos e regenerados pescadores de homens. Mas a religião quer fazer pecadores de pescadores de Deus. Nesse caso, dar-se-ia que o peixe pesca o pescador.
At. 1:8 - "Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra." Vê-se que os nascidos de Deus são por ele capacitados pela ação do Espírito Santo e não por seus projetos e planos humanos. Ser testemunha implica em ser mártir por causa do evangelho, porque a palavra 'testemunha' em grego neotestamentário é 'mártir.' Não é uma promessa par ser herói ou admirado neste mundo. Observa-se que a ordem dos fatos é gradativa, pois é primeiramente em Jerusalém, ou seja, o mais próximo do novo nascido. Depois na Judeia, ou seja, um pouco mais longe. Depois em uma região mais ampla, a Samaria. E, por último, em todo o mundo. 
Mt. 28:19 - "Portanto indo, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo." Fazer discípulos de todas as nações significa, em última instância, dar aulas e ensinar pessoas acerca de algo ou algum conhecimento. Não significa fazer transculturação, ou seja, levar a cultura do país do religioso aos outros povos, mutilando-os e causando conflitos étnicos e antropológicos. Por conta destes erros grosseiros a serviço de dominação ideológica é que muitos países fecharam suas portas ao evangelho. Então, neste caso quem é o perseguidor é o religioso que viola seus costumes em nome de uma crença que nem mesmo ele vive por faltar-lhe mais exatidão.
Sola Scriptura!

sábado, agosto 20

PARA VIVER ETERNAMENTE É NECESSÁRIO MORRER PRIMEIRO

Jo. 12: 24 a 25 - "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará."
Morte é um substantivo feminino cuja significação é 'interrupção definitiva da vida de um organismo vivo.' Tal substantivo deriva do verbo morrer que, por sua vez, significa: 'perder a vida, finar-se, falecer, expirar,' enquanto verbo pronominal, intransitivo e predicativo. A morte é a única certeza que alguém passa a ter após atingir a consciência plena. Para a maioria a morte é uma certeza aterrorizante. Por esta razão muitos gastam tudo o que têm e até o que não têm em busca de adiar ou eliminar a morte. Há hoje diversos centros de pesquisas contratados para congelar pessoas portadoras de doenças, até agora, incuráveis. O medo da morte, em sua maior parte, se justifica pela incerteza quanto ao prosseguimento após cessar a existência terrena. Para alguns, a morte é o limite final da vida biológica e da existência do ser; para outros, a morte é um evento que define estágios na escala evolutiva do homem; para outros ainda, a morte é a certeza de uma vida eterna, redimida; finalmente, para uma grande parte de pessoas, a morte é a certeza apenas da condenação por seus atos falhos. 
As Escrituras ensinam que a destinação do homem após a morte é a seguinte: o corpo retorna ao pó de onde foi tomado e o espírito retorna a Deus que o assoprou nas narinas do primeiro Adão conforme Gn. 3:19 - "... porquanto és pó, e ao pó tornarás." Na cultura judaica veterotestamentária, a menção ao espírito é dupla, pois se refere à alma e ao espírito. Por esta razão boa parte dos teólogos modernos não aceita a tripartição do homem em corpo, alma e espírito. Isto é esclarecido em Gênesis, quando é afirmado o seguinte: "... e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente." A expressão hebraica traduzida, nas línguas ocidentais, para "fôlego da vida" é "nefesh lehayym", ou seja, o 'fôlego das vidas'. Muitos tradutores, por não terem revelação sobre o assunto, reduz tal expressão a uma série de explicações gramaticais mirabolantes. Todavia, o texto faz referência à alma e ao espírito. A alma não é uma entidade que incorpora no homem juntamente com o espírito, mas é uma dimensão sensorial que caracteriza cada pessoa. Desta forma, a expressão é uma referência à vida almática e à vida espiritual inoculadas no primeiro ancestral e passada à toda humanidade.
Desta forma, o corpo é a dimensão físico-biológica, a alma é a dimensão psíquica ou a consciência, e o espírito é a essência divina que retorna a Deus após a morte física. A alma é, portanto, aquilo que o homem é em sua consciência existencial, ou seja, emoções, volições, decisões. Desta forma, Adão recebeu o corpo formado dos elementos químicos do barro, a alma ou o corpo psíquico e o espírito eterno conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente." Assim, Adão, o ancestral comum comunicou aos seus descendentes esta estrutura corporal, almática e espiritual. O espírito só se comunica com o Espírito de Deus; a alma é a parte sensitiva ou sensorial que percebe a realidade; e o corpo sente, agindo e reagindo ao comando da alma. A alma é a dimensão vivente para a realidade terrena, enquanto o espírito é a dimensão viva em relação a Deus. Porém, o pecado original fez que o espírito se tornasse morto para Deus. Tal ruptura só se resolve com a reconciliação e o novo nascimento.
O texto que abre esta instância é uma parábola cujo ensino é sobre a necessidade da morte da natureza pecaminosa do homem e do seu novo nascimento. A explicação de Jesus, o Cristo é muito simples e se utiliza de elementos da natureza e comuns ao dia-a-dia daqueles que o ouviam. Ao semear um grão de trigo ele tem duas possibilidades: germinar e se desfazer para dar lugar a uma nova planta, a qual produzirá diversas espigas com novos grãos de trigo; permanecer ressequido na terra e não produzir nada de novo. 
O ensino é igualmente muito simples: para que o homem natural, representado pelo grão de trigo, seja semeado e experimente o nascimento do alto, terá de morrer em Cristo e ressuscitar juntamente com ele conforme Ef. 2:4 a 6 - "Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus..." Desta forma, o espírito do homem tornou-se morto para Deus, isto é, perdeu o elo com o Espírito Santo. Por isto, Jesus, o Cristo veio para morrer a nossa morte, incluindo-nos em sua morte de cruz conforme Rm. 6: 3 a 6 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." Então, o pecado que fez o homem morrer para Deus foi destruído na cruz, em Cristo e este ganhou a vida eterna na ressurreição com ele. Tudo isto se apropria pela fé que é dada aos eleitos por graça e misericórdia d'Ele mesmo.
O resumo desta doutrina, a saber, da inclusão do pecador na morte de Cristo consiste na seguinte sequência:
a) Apenas Deus conduz os pecadores eleitos até Cristo para ganharem a vida eterna conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer..."
b) Jesus, o Cristo inclui o pecador eleito em sua morte conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer."
c) Cristo Jesus, nos traz a vida eterna na sua ressurreição conforme Gl. 2: 20 - "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."
Portanto, para ter certeza que há vida eterna e perfeita após a morte é necessário ganhar fé para confiar plenamente na graça que redime o homem da culpa do pecado. Tal redenção é pela fé, pois ninguém estava lá fisicamente no dia da morte e da ressurreição de Cristo. Desta maneira os eleitos são ensinados pelo Espírito de Deus que podem crer que foram incluídos na morte e na ressurreição de Cristo. É esta a fé que mostra a graça que salva e vivifica o homem seja ele quem for. 
Sola Gratia!
Sola Fide!
Sola Scriptura!

terça-feira, agosto 2

A EXPERIÊNCIA DO NOVO NASCIMENTO III

Jo. 1: 11 a 14 - "Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai."
Viu-se nos estudos anteriores que o nascimento do alto ou novo nascimento é uma experiência sobrenatural, porém destinada ao homem natural, decaído e totalmente corrompido. O homem natural, a saber, antes de experimentar o novo nascimento, não é capaz de discernir as coisas espirituais conforme I Co. 2:14 a 16 - "Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque para ele são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, enquanto ele por ninguém é discernido. Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor, para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo." Tal discernimento é dado aos eleitos e regenerados, não é mera presunção, fruto da arrogância religiosa, mas o fruto da ação monérgica de Deus. Também, não se pode confundir discernimento religioso com discernimento espiritual. Assim é, porque os pecadores eleitos têm consciência, primeiramente, que não são dignos e merecedores. Portanto, recebem este fato, não por recompensas de supostos feitos, mas por graça e misericórdia de Deus. Desta forma, se reconhecem portadores da natureza pecaminosa. Ora, como alguém poderia receber perdão, se não se reconhece pecador? Os religiosos não se veem desta maneira, porque tentam alcançar a graça pela lei do esforço e dos méritos. A questão é muito clara no texto que vem de ser lido: "... o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus..." Para os cegos pela natureza pecaminosa há um fio de luz ou de inclinação do pecador para aceitar a salvação. Todavia, as Escrituras não ensinam isto! É o fruto da própria soberba religiosa sem a regeneração pelo novo nascimento. Aquilo que só se discerne espiritualmente jamais poderá ser compreendido e recebido pelo homem natural. Os eleitos e regenerados ganham a vida de Cristo e, aos poucos, vão recebendo luz para discernir tudo e todos pelo espírito reconciliado. Em nada são melhores que quaisquer outros homens, mas receberam a espiritualidade pela Graça por meio de Cristo.
Assim, reitera-se que o novo nascimento é uma experiência de origem espiritual dirigida a homens naturais para que se tornem espirituais. Em hipótese alguma isto significa que se tornarão perfeitos nesta vida. O nascimento do alto é um ato instantâneo para o pecador e decidido antes dos tempos eternos por Deus conforme Ef. 1: 3 a 6 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado." O aperfeiçoamento, todavia, é um processo desenvolvido no deserto. O deserto é uma figura da solidão, aspereza, inospitalidade e perda dos atos pecaminosos, resultantes da velha natureza adâmica. Os eleitos e regenerados são os únicos homens que sofrem neste deserto e sentem prazer neste sofrimento. A cada época vão sendo libertados dos antigos hábitos e inclinações até atingirem a estatura de Cristo conforme Ef. 4: 12 e 13 - "... tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo."
O texto que abre esta instância demonstra com infinita propriedade a realidade do novo nascimento. Primeiramente, mostra que é Cristo quem aceita o pecador e, este, apenas recebe esta graça. Há profunda diferença entre aceitar e receber: 'aceitar é uma atitude ativa, enquanto receber é uma atitude passiva.' O que há de significativo em tal diferença é que o homem natural não tem capacidade para aceitar ativamente a Deus, sem que antes tenha recebido a graça para se ver como pecador imerecedor. Na impossibilidade de aceitar, porque seu espírito está morto para Deus, o próprio Deus o conduz à cruz para que Jesus, o Cristo o aceite conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Portanto, se ninguém pode ir por conta própria até a cruz para ser nela incluído na morte de Cristo, resta aos pecadores eleitos serem conduzidos pelo Espírito Santo até a sua inclusão na morte de Cristo. Assim, são substituído por Jesus, o Cristo e têm suas naturezas pecaminosas anuladas. É este o sentido do texto que diz que Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. A doutrina da anulação da culpa do pecado encontra-se claramente em Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Secundariamente o texto de João capítulo um, mostra que o novo nascimento não depende da origem étnicas ou da nacionalidade, não depende dos planos humanos, tão pouco da genealogia. Depende exclusivamente da vontade de Deus, porque ele é eternamente soberano. A ele, pois a glória eternamente!
Soli Deo Gloria!

quinta-feira, julho 28

A EXPERIÊNCIA DO NOVO NASCIMENTO II

Jo. 3: 4 a 7 - "Perguntou-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo."
O vocábulo 'experiência' provém do latim 'experientiae', ou seja, é uma prova que leva o sujeito a experimentar pessoalmente o objeto da sua busca. É uma forma de conhecimento específico, ou perícia adquirida por meio de aprendizado sistemático. Nesta série de estudos trata-se da experiência do nascimento do alto. Tal experiência, não resulta da ação sinérgica do homem, a qual lhe confere aprendizados genéricos ou específicos ao longo da vida. Contrariamente, o conceito de experiência no sentido espiritual, é de caráter estritamente monérgico, a saber, provém absolutamente e inequivocamente de Deus. O pecador experimenta a Graça e a Misericórdia de Deus, porque foi eleito e preordenado para isto. Não envolve méritos e justiça própria, pois isto anularia a graça de Deus.
No estudo anterior viu-se a primeira parte em que Jesus, o Cristo indicou o método do nascimento do alto a Nicodemos. Foi dito a este ilustre príncipe judeu que se alguém não experimentar o nascimento do alto, não vê o reino de Deus. Esta definição deixa meridianamente claro que o homem não é o promotor da sua própria experiência de redenção. Primeiro, é necessário nascer de novo, portanto, ninguém nasce de novo sem que tenha, primeiramente, morrido. Morrer é condição sine qua non, ou seja, é pré-requisito obrigatório para nascer do alto ou espiritualmente. O novo nascimento não pertence a categoria de experiências resultantes de constantes ensaios e empirismos que produzem o ato espiritual libertador. A libertação dos vícios, doenças, possessões, fraquezas morais são da categoria da experiência humana a qual pode ser desenvolvida e conseguida por esforço e disciplina. Isto porque esta categoria de experiência é de caráter puramente sociológico e moral. Entretanto, a experiência da regeneração, a saber, de uma nova geração em Cristo é de cunho espiritual e, por isso, tem procedência do alto. Isto fica evidente no ensino paulino conforme II Co. 5:17 e 18 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação." Neste texto, a expressão: "nova criatura é..." em seu original grego, diz: "nova geração é..." A experiência da nova geração não é um abstracionismo, mas ocorreu de modo concreto na cruz em Cristo. Por extensão, tal experiência validou a experiência espiritual de todos os pecadores eleitos, os quais foram atraídos à morte de Jesus, o Cristo. Validou a redenção, tanto para os que viveram da fé antes de Cristo, como para todos quantos receberam a graça para crer após a ascensão de Cristo. Na cruz, Jesus, o homem histórico substituiu o homem fisicamente, enquanto, o Cristo eterno e pré-existente, substituiu o homem espiritualmente. Os pecadores de todos os tempos e lugares que foram preordenados para a salvação, foram todos incluídos e substituídos na morte de Jesus, o Cristo. A solução de Deus para a redenção dos pecadores eleitos é atemporal, ou seja, foi antes dos tempos eternos conforme II Tm. 1:9 - "...que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
No texto que abre esta instância fica evidente que Nicodemos não compreendeu a profundidade e a extensão do ensino do novo nascimento. Jesus, por seu turno, retratou o mesmo assunto em outro nível. Foi dito ao príncipe israelita que, se o mesmo não nascesse da água e do Espírito, não entraria no reino de Deus. No primeiro momento, Jesus, o Cristo lhe falou em nível mais espiritualizado, indicando que o novo nascimento é uma operação monergística e que procede do alto, a saber, de Deus. Neste segundo momento, Jesus, o Cristo lhe indicou que a água, símbolo da Palavra de Deus, é o veículo para despertar o pecador à consciência da sua própria condição pecaminosa. Isto fica doutrinado com clareza em Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Posteriormente, Jesus, o Cristo arremete Nicodemos para a verdade inteira que o processo do novo nascimento resulta do convencimento realizado no pecador pelo Espírito Santo. Isto está perfeitamente doutrinado em Jo. 16: 7 a 11 - "Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado."
Desta forma, o novo nascimento é uma experiência originada em Deus, concretizada no pecador eleito por graça e obra de Jesus, o Cristo que se deu a si mesmo para remissão da natureza pecaminosa dos pecadores preordenados antes dos tempos eternos. Então, quem não nascer do alto - sendo convencido pelo Espírito por meio do Evangelho - não vê e não entra no reino de Deus.
Sola Scriptura!

domingo, julho 24

A EXPERIÊNCIA DO NOVO NASCIMENTO I

Jo. 3: 1 a 3 - "Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus."
A expressão "novo nascimento" traduzida do texto grego neotestamentário significa, de fato, "nascer do alto." Embora não seja totalmente errado traduzi-la por "nascer de novo", porém, há maior fidelidade ao texto a que diz: "nascer do alto." Muitos religiosos imaginam em seus corações iludidos por doutrinas humanistas, que são eles os promotores da experiência do nascimento do alto, ou seja, da sua regeneração. Então, a expressão nascer do alto é preferível, porque indica que a operação e a operacionalização desta verdade procedem absolutamente de Deus. Não é produzida pelas obras do homem, ou pelos seus sistemas de crenças. Nada na Terra pode mover Deus a realizar qualquer coisa, sem que isto já tenha sido preordenado antes dos tempos eternos conforme II Tm. 1: 9 - "...que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..." Assim, o propósito é de Deus e a graça que recebemos veio d'Ele também. Tudo decidido antes dos tempos eternos. Antes que o próprio mundo houvera. Os verbos estão todos no pretérito!
Quando se busca a concordância no texto sagrado, como um todo, o mesmo se encaixa e forma um único texto coeso e coerente. O sentido de presciência de Deus é demonstrado claramente em Sl. 139: 16 - "Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nenhum deles." Tal revelação é fundamental para desconstruir a falsa noção que as religiões passam de que Deus vive de improvisos. Que ele reescreve a história do homem a cada dia em função dos atos e atitudes deste. Ora, todos os feitos do homem, certos ou errados, são do conhecimento de Deus antes que o próprio mundo existisse. Todos os dias do homem foram escritos pelo próprio Deus em seus livros eternos. E os pecadores eleitos têm os seus nomes escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo.
Deus tem e mantém todos os registros dos feitos dos homens em seus livros antes que qualquer homem houvesse sobre a Terra. Tais livros serão utilizados no juízo eterno conforme Ap. 20:12 - "E vi os mortos, grandes e pequenos, em pé diante do trono; e abriram-se uns livros; e abriu-se outro livro, que é o da vida; e os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras." Vê-se que o texto fala em "uns livros", outro livro, que é o da vida. Quando às anotações dos feitos dos mortos estão nos livros e não no livro da Vida do Cordeiro que é mencionado em Ap. 21: 27 - "E não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira; mas somente os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro." Ao fim de tudo, Deus se assentará no torno de justiça para julgar conforme o registro dos feitos dos homens conforme Dn. 7: 10 - "Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o juízo, e os livros foram abertos."
Jesus falou sobre a experiência do nascimento do alto a um príncipe judeu chamado Nicodemos. Este membro da seita dos fariseus procurou o Mestre a noite, talvez para não ser visto pelos seus pares, pois poderia sofrer alguma censura, visto que os ensinos de Jesus se opunham ao sistema de crença deles. Nicodemos se aproximou de Jesus, o Cristo com o discurso próprio do homem que vê apenas os resultados e os sinais. Não se aproximou e não se dirigiu a Jesus, o Cristo pelo padrão da fé, isto é, crer sem ver ou sem constatação alguma. A declaração de Nicodemos parte de uma premissa de que os sinais legitimavam Jesus, o Cristo como proveniente de Deus com base no que ele fazia e não no que pregava. Esta tem sido a atitude da maioria dos religiosos: creem apenas, porque veem. Este nunca foi, não é, e jamais será o padrão da fé bíblica e verdadeira. 
Jesus, o Cristo não alimentou a crença religiosa de Nicodemos. Não lhe massageou o ego, pelo fato deste ter reconhecido os sinais como evidência da origem divina de Cristo. Ao contrário, Jesus, o Cristo lhe dirige uma sentença clara: "... se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Desta forma, quem não tiver a experiência do nascimento do alto, não pode ver o reino de Deus. Vê-se que não é uma questão de querer, mas de poder. Influenciados pela falsa doutrina gnóstica do "livre arbítrio", muitos religiosos imaginam em seus corações enganados que o pecador pode optar por crer ou não crer. Não querem, porque não podem, e não podem, porque não receberam graça para ganhar a fé.
Sola Scriptura!

domingo, julho 10

DESCONHECIMENTO, REJEIÇÃO E REJEITADOS

Os. 4: 6 - "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos."
Há profunda diferença entre saber e conhecer. O saber é apenas a apropriação de alguma informação, sem, no entanto, desenvolver uma relação direta e experimental com o objeto. O conhecimento é, além do saber, também uma relação experimental direta com o objeto. No primeiro caso, o sujeito tem apenas uma concepção informacional e retórica do objeto. No segundo caso, o sujeito possui, além de evidências, também experiência direta com o objeto. Neste sentido quase todas as pessoas possuem um saber acerca de Deus, religião, igreja, bíblia, dogmas, preceitos, superstições, misticismo. Entretanto, pouquíssimas pessoas conhecem a Deus como o Deus que se revela nas Escrituras. Há hoje profundo conhecimento de religião, teologia e práticas preceituais e cerimoniais, mas tudo isto pode não estabelecer uma relação experimental com Deus.
Mc. 7: 6 a 9 - "Respondeu-lhes: bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim; mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens. Disse-lhes ainda: bem sabeis rejeitar o mandamento de Deus, para guardardes a vossa tradição." Jesus, o Cristo se confrontou com os religiosos do seu tempo no sentido em que estes sabiam muito acerca da lei e dos mandamentos, mas não colocavam tudo isto como prática interior. A hipocrisia consiste, exatamente, neste estado de relação em que o indivíduo demonstra uma coisa, enquanto é ou pensa outra coisa diferente. Trata-se de uma dissimulação da personalidade, ou uma representação teatral diante dos fatos e da vida. Isto tem produzido verdadeiras aberrações psicológicas no seio da sociedade.
As doutrinas podem ser divinas ou humanas. São divinas quando estão absolutamente de acordo com o texto sagrado, as Escrituras. Isto significa que o próprio texto se auto-explica, seja por meio de textos paralelos ou no próprio contexto em que se acha o tema retratado. Muitos tomam os textos literais e os transformam em textos simbólicos, ou tomam o texto simbólico e o torna em literal para satisfazer seus próprios interesses humanos. A maior evidência que alguma concepção é doutrina de homens ocorre quando o ensino se transforma em tradição. Isto implica em que, tal concepção é apenas repassada e reproduzida de geração em geração sem ser confrontada com o texto escriturístico. 
O homem em seu estado decaído e absolutamente depravado é totalmente inclinado a abandonar o mandamento de Deus. Tal acontece, porque a natureza pecaminosa original no homem é avessa e oposta à natureza santa e espiritual de Deus. Na impossibilidade de conciliação entre estas duas naturezas, este constrói uma terceira via adaptada à sua própria vontade e desejo daquilo que concebe como verdade. Neste sentido, surgem verdades paralelas acerca de Deus e da verdade, porém isto não é a própria verdade de Deus. Por esta razão é que existem inumeráveis religiões e todos reivindicam para si a propriedade da verdade. Entretanto, sabe-se que a verdade não é uma concepção, mas uma pessoa, a saber, o Cristo. Invariavelmente o homem prefere as suas tradições à verdade do evangelho. Embora o homem decaído denomina seus preceitos como sendo o evangelho, mas, de fato, é apenas um evangelho qualquer, mas não é o evangelho de Cristo.
O texto de abertura do profeta Oséias mostra com meridiana clareza que há um processo de desconhecimento da verdade de Deus, ainda que haja uma intensa atividade religiosa e litúrgica. Isto ocorre, porque eles preferem apenas obter saberes acerca de Deus, da igreja, de Cristo e da bíblia. Rejeitam o conhecimento verdadeiro para expandir seus desejos próprios sobre o que concebem sobre Deus e verdade.
A consequência desta hipocrisia que inverte a verdade, transformando-a em verdades particulares é a rejeição de Deus ao povo. O cenário do mundo atual demonstra que, de fato, isto está se intensificando a cada dia. Este estado de coisas irá aumentar até o retorno do Grande Rei e o juízo sobre os povos e nações. Após estes acontecimentos sobrevirá um período de reestruturação do mundo por um governo divino durante mil anos. Ao final, haverá o julgamento e condenação de Satanás e seus seguidores. Então será estabelecido o reino eterno do Cristo.
Solo Christus!

domingo, maio 29

IGREJA, CONGREGAÇÃO E CORPO DE CRISTO III

Ap. 3: 7 a 11 - "Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre: conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra. Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa."
Em todo tipo de análise, especialmente, no tocante à fé e à verdade necessário se faz verificar as vertentes, pois há grande variedade de manifestações tidas como verdades. É muito fácil discernir onde está a verdade e com quem está a fé. Para tanto,  basta consultar a fonte única autorizada da verdade. As Escrituras são esta fonte única e correta para dirimir quaisquer dúvidas. Isto porque, se se depender apenas da livre análise para postulados dogmáticos, ninguém conseguirá chegar a bom termo. Todos os sistemas de crenças se apropriam de verdades particulares para se justificar e se impor perante as mentes humanas. Entretanto, são suas verdades e não a verdade!
É da apropriação correta da fé e da verdade que se pode chegar à compreensão da Igreja como a congregação dos justificados e corpo vivo de Cristo. Não são os anos de história, as lutas e os sofrimentos de um sistema de crença que o torna legítimo perante Deus e os homens. Muitas seitas heréticas e cultos pagãos também sofreram enormes perseguições e destruição ao longo da história. Nem por isso, os tais foram ou são autênticos e verdadeiros perante a face de Deus. 
Vê-se muito nestes tempos que se apresentam grande aceitação das práticas denominadas evangélicas. Tornou-se um clichê, ou mesmo, um estilo de vida dizer-se evangélico. Há espiritistas se auto-proclamando evangélicos; há católicos adotando estilos carismáticos evangélicos; há igrejas históricas, pentecostais e neo-pentecostais se auto-identificando como evangélicas. Qualquer que anuncia algum texto mínimo do evangelho, se coloca na perspectiva de evangélico. Ora, as maiores heresias nos últimos dois mil anos partiram do evangelho para estabelecer seus dogmas e confissões. Entretanto, tal evangelho é segundo suas próprias narrativas e não o texto evangélico por ele mesmo. Desta maneira, não basta usar o evangelho como referência para legitimar uma verdade como sendo cristã. Qualquer um, incluindo-se, ateus pode conhecer intelectualmente o evangelho e, nem por isso, o faz um cristão verdadeiro. Não é o homem que se torna cristão, mas é Cristo que o faz cristão.
A conexão entre o corpo, a Igreja, e a cabeça, Cristo, é demonstrada no ensino do apóstolo Paulo conforme Ef. 4:15 a 18 - "... antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração..." Jesus, o Cristo é a cabeça da Igreja e, esta, o seu corpo. Tal corpo tem de estar ajustado à cabeça por inteiro e não em partes. Muitas igrejas são denominadas cristãs apenas por causa dos dizeres que as identificam. De fato, as partes que as compõem são absolutamente desajustadas e cada membro segue a vontade das suas mentes. Há brigas verbais, físicas e políticas por cargos e funções. Há disputas pela primazia dos destinos destas agregações, incluindo-se os bens sucessórios. 
Muitos evangélicos chamam as outras pessoas que não professam sua "fé" de mundanos, ímpios e pecadores, mas procedem em suas agregações da mesma forma que os tais aos quais condenam. Elas presumem que saíram do mundo, mas suas práticas cotidianas indicam que o mundo não as abandonou. Eles vão para as igrejas, mas continuam na verdade das suas mentes decaídas e depravadas. O que é pior, uma vez inseridas em um contexto evangélico ou religioso, estas pessoas somam as verdades das suas mentes aos seus dogmas religiosos, dando origem a uma espécie de culto abominável a Deus conforme se vê em Is. 1: 11 a 15 - "De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias ... não posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue."
Uma das marcas mais evidentes de agregações religiosas é a leitura do texto bíblico com aplicação apenas para os que são estranhos ao seus sistemas de crenças. Eles jamais tomam os ensinos bíblicos para si, mas sempre acham que se aplicam apenas aos seus desafetos, aos incrédulos, aos mundanos, aos depravados aos pecadores. Mal sabem, que o texto sagrado fala primeiramente ao que o lê. Aliás, nenhum homem lê o texto sacro, mas é este que o lê e o esquadrinha para revelar Cristo.
A verdadeira Igreja é a reunião dos nascidos do alto, os quais foram atraídos à cruz para morrer na morte de Cristo e, juntamente com ele ressuscitar para a vida eterna. É na cruz que Cristo reconcilia o homem morto espiritualmente para Deus e o concede libertação plena e vida espiritual. Não é na proclamação de um evangelho pela metade que se forma uma Igreja Congregacional e Corpo de Cristo. É na morte da morte do pecado pela inclusão na morte de Cristo que a Igreja foi, é e sempre será forjada. O que passa disto tem procedência do maligno. Estes fatos são evidenciados em Ef. 2: 11 a 16 - "Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamam circuncisão, feita pela mão dos homens, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade..."
Sola Gratia!