Jo. 3: 4 a 7 - "Perguntou-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo."
O vocábulo 'experiência' provém do latim 'experientiae', ou seja, é uma prova que leva o sujeito a experimentar pessoalmente o objeto da sua busca. É uma forma de conhecimento específico, ou perícia adquirida por meio de aprendizado sistemático. Nesta série de estudos trata-se da experiência do nascimento do alto. Tal experiência, não resulta da ação sinérgica do homem, a qual lhe confere aprendizados genéricos ou específicos ao longo da vida. Contrariamente, o conceito de experiência no sentido espiritual, é de caráter estritamente monérgico, a saber, provém absolutamente e inequivocamente de Deus. O pecador experimenta a Graça e a Misericórdia de Deus, porque foi eleito e preordenado para isto. Não envolve méritos e justiça própria, pois isto anularia a graça de Deus.
No estudo anterior viu-se a primeira parte em que Jesus, o Cristo indicou o método do nascimento do alto a Nicodemos. Foi dito a este ilustre príncipe judeu que se alguém não experimentar o nascimento do alto, não vê o reino de Deus. Esta definição deixa meridianamente claro que o homem não é o promotor da sua própria experiência de redenção. Primeiro, é necessário nascer de novo, portanto, ninguém nasce de novo sem que tenha, primeiramente, morrido. Morrer é condição sine qua non, ou seja, é pré-requisito obrigatório para nascer do alto ou espiritualmente. O novo nascimento não pertence a categoria de experiências resultantes de constantes ensaios e empirismos que produzem o ato espiritual libertador. A libertação dos vícios, doenças, possessões, fraquezas morais são da categoria da experiência humana a qual pode ser desenvolvida e conseguida por esforço e disciplina. Isto porque esta categoria de experiência é de caráter puramente sociológico e moral. Entretanto, a experiência da regeneração, a saber, de uma nova geração em Cristo é de cunho espiritual e, por isso, tem procedência do alto. Isto fica evidente no ensino paulino conforme II Co. 5:17 e 18 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo. Mas todas as coisas provêm de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação." Neste texto, a expressão: "nova criatura é..." em seu original grego, diz: "nova geração é..." A experiência da nova geração não é um abstracionismo, mas ocorreu de modo concreto na cruz em Cristo. Por extensão, tal experiência validou a experiência espiritual de todos os pecadores eleitos, os quais foram atraídos à morte de Jesus, o Cristo. Validou a redenção, tanto para os que viveram da fé antes de Cristo, como para todos quantos receberam a graça para crer após a ascensão de Cristo. Na cruz, Jesus, o homem histórico substituiu o homem fisicamente, enquanto, o Cristo eterno e pré-existente, substituiu o homem espiritualmente. Os pecadores de todos os tempos e lugares que foram preordenados para a salvação, foram todos incluídos e substituídos na morte de Jesus, o Cristo. A solução de Deus para a redenção dos pecadores eleitos é atemporal, ou seja, foi antes dos tempos eternos conforme II Tm. 1:9 - "...que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
No texto que abre esta instância fica evidente que Nicodemos não compreendeu a profundidade e a extensão do ensino do novo nascimento. Jesus, por seu turno, retratou o mesmo assunto em outro nível. Foi dito ao príncipe israelita que, se o mesmo não nascesse da água e do Espírito, não entraria no reino de Deus. No primeiro momento, Jesus, o Cristo lhe falou em nível mais espiritualizado, indicando que o novo nascimento é uma operação monergística e que procede do alto, a saber, de Deus. Neste segundo momento, Jesus, o Cristo lhe indicou que a água, símbolo da Palavra de Deus, é o veículo para despertar o pecador à consciência da sua própria condição pecaminosa. Isto fica doutrinado com clareza em Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Posteriormente, Jesus, o Cristo arremete Nicodemos para a verdade inteira que o processo do novo nascimento resulta do convencimento realizado no pecador pelo Espírito Santo. Isto está perfeitamente doutrinado em Jo. 16: 7 a 11 - "Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado."
Desta forma, o novo nascimento é uma experiência originada em Deus, concretizada no pecador eleito por graça e obra de Jesus, o Cristo que se deu a si mesmo para remissão da natureza pecaminosa dos pecadores preordenados antes dos tempos eternos. Então, quem não nascer do alto - sendo convencido pelo Espírito por meio do Evangelho - não vê e não entra no reino de Deus.
Sola Scriptura!
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