domingo, dezembro 30

O ÚLTIMO ENGANO III

Gn. 6: 1 a 5 - "Sucedeu que, quando os homens começaram a multiplicar-se sobre a Terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. Então disse o Senhor: o meu Espírito não permanecerá para sempre no homem, porquanto ele é carne, mas os seus dias serão cento e vinte anos. Naqueles dias estavam os nefilins na Terra, e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antiguidade."
Engano é um substantivo masculino que traz as seguintes acepções: 'erro causado por descuido', 'falta de conhecimento específico ou desatenção', 'logro', 'armadilha', 'embuste', 'falsa crença' e 'ilusão'. A expressão 'ledo engano', por exemplo, é utilizada quando alguém 'se deixa enganar por boa fé ou ilusão'. Nestes sentidos, o engano é sempre praticado por um e recebido por outro. Nunca há engano unilateral, pois sempre haverá o enganador e o enganado. As razões para alguém enganar outros são sempre conscientes. Em muitos casos o enganado deseja ser enganado, porque julga tirar alguma vantagem do engano, fazendo uso do mesmo engano para enganar outros. 
II Co. 11: 3 e 4 - "Mas temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da simplicidade e da pureza que há em Cristo. Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!" Vê-se que, Eva foi enganada, porque Satanás iludiu os seus sentidos sobre algo extremamente desejoso para satisfação pessoal. Adão, por seu turno, não pôde ser enganado, porque recebeu instruções diretas de Deus sobre o assunto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Portanto, Adão pecou por ter sido incrédulo e por se entregar ao engano de Eva, sendo levado pelo mesmo desejo de autonomia e poder. Desta forma, o pecado é a incredulidade conforme ensina Jesus, o Cristo em Jo. 116: 9 - "... do pecado, porque não creem em mim." O pecado original foi praticado pelo primeiro homem formado à imagem de Deus. Quanto aos atos pecaminosos são as consequências do pecado original, a saber, a incredulidade. Adão, não considerou como um decreto eterno e verdadeiro a restrição ao fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Eva foi apenas enganada ao ser levada a crer que seria um fruto bom para se comer. Nem por isso, Eva permaneceu no Éden. Portanto, tanto o engano por ignorância, como o engano consciente são pecaminosos. 
O terceiro grande engano perpetrado por Satanás no mundo foi o descrito no texto do Gênesis, capítulo seis. Valendo-se dos sentidos corrompidos dos homens portadores da natureza pecaminosa, alguns anjos foram impelidos a se mesclarem com os humanos. Tal miscigenação com as 'filhas dos homens' por parte dos 'filhos de Deus' é objeto de muitas controvérsias teológicas. No texto original hebraico os 'filhos de Deus' são os "b'nai haelohim", enquanto as 'filhas dos homens' são as "b'not haadam". Os tais 'filhos de Deus' eram anjos caídos e foram chamados de filhos apenas no sentido de seres criados originalmente por Deus. E as 'filhas dos homens'  foram designadas como filhas de Adão, no sentido de descendência adâmica. A ideia de Satanás era mesclar a raça humana com os anjos caídos para contaminar o futuro descendente da mulher previsto em Gn. 3:15. A ideia de mesclar a humanidade com os demônios a fim de comprometer o redentor e salvador dos homens, o Cristo.
Vê-se que o texto de abertura é muito claro: "... naqueles dias estavam os nefilins na Terra." Logo, é necessário entender que 'nefilim' não significa gigante como se traduz comumente. Gigante em hebraico é 'anaqui' [ענקי]. Nefilim significa: "aqueles que foram expulsos", "desertores", "caídos", ou "aqueles que foram arrojados para fora." Nos textos sumérios os tais anjos caídos são chamados de "anunaques", que significa: "aqueles que desceram do céu à Terra." Em seguida, o texto diz: "... e também depois, quando os filhos de Deus conheceram as filhas dos homens, as quais lhes deram filhos. Esses nefilins eram os valentes, os homens de renome, que houve na antiguidade." Desta forma, o texto ensina que haviam os 'nefilins' que estavam na Terra e os 'nefilins' gerados pelas filhas dos homens. Eram 'nefilins' progenitores e 'nefilins' gerados por eles nas filhas dos homens. O resultado foi tão grotesco que Deus resolveu acabar com os homens e depurar a Terra. Estes descendentes eram gigantes que causavam imensa violência e devoravam tudo o que podiam e o que não podiam. Houve clamor dos homens a Deus, porque os tais gigantes filhos dos 'nefilins' começaram a comer, inclusive, pessoas. 
Atualmente, há incontáveis documentários, estudos, palestras e achados arquelógicos, dando conta da realidade dos tais gigantes. Mesmo depois do dilúvio, alguns destes 'nefilins' voltaram à Terra e continuaram seu projeto conspiratório. O próprio Davi lutou contra um destes gigantes que estava entre os filisteus.
As diferentes estirpes de gigantes são mencionados em Dt. 2: 10 e 11 - "Antes haviam habitado nela os emins, povo grande e numeroso, e alto como os anaquins; eles também são considerados refains como os anaquins; mas os moabitas lhes chamam emins." Também em Nm. 13:33 - "Também vimos ali os nefilins, isto é, os filhos de Anaque, que são descendentes dos nefilins; éramos aos nossos olhos como gafanhotos; e assim também éramos aos seus olhos." Vê-se que, mais uma vez os 'nefilins' filhos dos 'nefilins' são mencionados.
O livro de Enoque, embora não aceito como canônico, menciona claramente este engano dos anjos caídos chefiados por um tal de Shamiaza ou Samyaza. Eram duzentos anjos que estavam na Terra e que desobedeceram as ordens de Deus sobre não se envolver com mulheres. Judas, em sua epístola, fala claramente sobre este engano conforme Jd. 6 e 7 - "... aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo-se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno." Vê-se que os tais anjos não permaneceram no lugar a eles designado, a saber, o seu principado. Também, não mantiveram seus corpos angelicais ou diferentes dos corpos dos homens, pois a palavra habitação utilizada no texto grego é 'oiketerion', a qual significa revestimento e não uma casa ou palácio. Paulo joga luz sobre isto em II Co. 5: 2 e 3 - "Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se é que, estando vestidos, não formos achados nus." Neste texto é utilizada a mesma palavra 'oiketerion' como habitação ou revestimento corporal. Paulo mostra que os eleitos e redimidos serão revestidos por um corpo espiritual, o qual não sofre dores ou degenerescência. 
Este terceiro engano serviu para mais um degrau no processo da produção do engano final por parte de Satanás. São estes anjos caídos que hora se apresentam como seres de outros planetas, extra-terrestres, aliens. A cada dia estão mais a mostra e se amostrando para ganhar aceitação comum do homem.  São estes os mesmos 'deuses' antigos, ou como preferem alguns teóricos, 'astronautas antigos'. Não se esqueça que, o engano em quase tudo se assemelha a verdade.
Sola Scriptura.

sábado, dezembro 29

O ÚLTIMO ENGANO II

Ef. 6:12 - "... pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes."
No primeiro estudo foram deixadas diversas pontas desamarradas propositalmente. Serão estas amarradas nos estudos subsequentes. Visto tratar-se de assunto vasto e complexo e por enorme obscurantismo e confusão doutrinária, serão devidamente tratados gradativamente. 
A falta de conhecimento escraviza e destrói a humanidade conforme informa Os. 4: 6 - "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." A destruição a que alude o texto é uma referência ao domínio da iniquidade, da miséria, dos males morais e das enfermidades e doenças que afetam a alma e o corpo. O texto não trata de ausência de conhecimento intelectual e científico, mas do conhecimento de Deus e suas leis universais. Ora, a despeito dos grandes progressos científicos experimentados, notadamente após a Renascença, o Iluminismo e as Revoluções Técnico-Científicas, a humanidade regride espiritual e emocionalmente. Desta forma, e, paradoxalmente, o homem aumenta o conhecimento de si mesmo e das leis naturais, mas reduz o conhecimento de Deus e dos seus Decretos Eternos.
Milan Kundera, o escritor tcheco naturalizado francês afirma: "Percebi com espanto que as coisas concebidas pelo engano são tão reais quanto as coisas concebidas pela razão e pela necessidade." Guardado o sentido que se quis abranger o escritor no contexto em que a citação é posta, resta, no entanto, a mensagem no tocante ao engano espiritual que afeta a humanidade. Na essência, Kundera diz que, não há diferença entre o falso e o verdadeiro no homem. Neste sentido o ensino de Cristo sobre o joio crescendo junto ao trigo toma corpo e significação mais ampla. O engano e a verdade são muito semelhantes quando vislumbrados pela ótica do homem natural.
O último engano vem sendo perpetrado em pequenas doses ao longo da História da humanidade. O primeiro avanço do engano na Terra foi a corrupção do gênero humano conforme Gn. 3: 1 a 5 - "Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: é assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." Este tipo de abordagem sempre causa repulsa ao homem natural, porque este está sob o domínio da natureza decaída. A forma de o homem afastar-se do ensino escriturístico é reputando-o como simples mito ou lenda. Comumente, quando alguém julga ter conhecimento intelectual suficiente e já absorveu a cultura posta, então se acha pronto a reproduzir as narrativas humanistas, eximindo-se do debate bíblico. 
Quando o homem não foi eleito antes dos tempos eternos, continuará pensando e agindo à revelia da verdade até a sua morte. Entretanto, o texto de Gênesis  retromencionado vai muito além de uma mera narrativa mitológica. Os mitos eram relatos paralelos produzidos pelas interpretações humanas sobre aquilo que os incomodava por terem perdido o elo com o Divino. Do texto, enfatiza-se o seguinte: "Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis, como Deus, conhecendo o bem e o mal." Esta foi a primeira experiência do engano conspiratório de Satanás. Uma exegese mais ampla indica que, abrir os olhos não é uma referência aos olhos físicos, mas da alma. Isto permitiria ao homem o poder de julgar entre o certo e o errado. Estabelecer juízos e agir, enganosamente, de modo autônomo, a saber, a revelia de Deus. Pronto! O projeto inicial para escravizar a humanidade estava perpetrado e aceito pelo primeiro homem. Por esta razão é que o primeiro Adão deve morrer no último Adão.
O texto de abertura mostra, sem qualquer interpretação, que a luta do homem não é contra coisas ou seres visíveis, mas contra realidades espirituais em rebelião contra Deus. Os principados e as potestades são anjos caídos que habitam o espaço sideral e a própria Terra. Tais hostes espirituais da maldade que habitam as regiões celestiais são exatamente aqueles que foram expulsos por terem caído no primeiro engano do querubim criado em perfeição e que foi afetado pela iniquidade no coração conforme Ez. 28: 15 - "Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.
O verbete 'iniquidade' traz como significado, o seguinte: 'falta de equidade.' Sabendo-se que equidade se refere a equilíbrio de justiça, logo, a ausência dela resulta em forte inclinação para o desequilíbrio e a injustiça, a ponto de romper com o que é reto, integro e direito. Ou mesmo tomar o certo como errado e o errado como certo.
Esta natureza iníqua foi inoculada na humanidade devido a submissão dos pais ancestrais à incredulidade entre o que Deus lhes dissera e a fácil aceitação do que o Diabo lhes informara. Neste ponto houve a ruptura entre a criatura e o Criador. O homem, agora decaído, transmitiu a natureza desequilibrada a todos os descendentes conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Está no DNA do homem, o DNA da iniquidade adquirida. Isto facilitará o controle e o domínio do mundo por Satanás, por pouco tempo, no engano final.
Sola Gratia!

O ÚLTIMO ENGANO I

II Ts. 2: 1 a 12 - "Ora, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reunião com ele, rogamos-vos, irmãos, que não vos movais facilmente do vosso modo de pensar, nem vos perturbeis, quer por espírito, quer por palavra, quer por epístola como enviada de nós, como se o dia do Senhor estivesse já perto. Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém para que a seu próprio tempo seja revelado. Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira; para que sejam julgados todos os que não creram na verdade, antes tiveram prazer na injustiça."
Como ponto de partida se faz necessária uma definição do termo conspiração. Tal definição é imprescindível, porque vivenciam-se nestes tempos, excessivas informações não processadas. Pessoas apropriam-se dos mais variados saberes sem, contudo, construírem conhecimento conciso. Neste sentido, o limiar entre verdade e mentira é quase imperceptível. Pelo elevado grau de superficialidade, troca-se facilmente, uma coisa pela outra e fica por isso mesmo, dada a escassez de tempo psicológico. O objetivo, neste caso, é inflacionar as mentes com informações que jamais serão dirimidas. Isto produz um habitual reducionismo, tornando a sociedade saturada, portanto, indesejosa de qualquer aprofundamento. A superficialidade e a futilidade formam o campo fértil para se plantar qualquer ideia fantasiosa.
O verbo conspirar admite transitividade direta e indireta, bem como, intransitividade. A transitividade é referência à propriedade verbal em exigir um predicativo para dar sentido completo à frase. Neste caso, interessa, no âmbito deste estudo, o verbo conspirar em sua transitividade direta e indireta. Conspirar é, segundo o verbete do dicionário Aurélio: maquinar, tramar, concorrer, tender, participar ou tomar parte de uma conspiração. É, sobretudo, consistir em empecilho ou sê-lo em si mesmo. Assim sendo, é imperativo afirmar que, ninguém que pretende conspirar admite ou divulga a sua própria conspiração. Ao conspirador é fundamental que a ideia de conspiração seja absolutamente relegada ao plano  do absurdo, do inculto e do improvável. Sem esta aparência, qualquer conspiração não lograria êxito, posto que todos se precaveriam contra ela. Então, sempre que se levanta uma questão situada no campo das acusações contra grandes poderes religiosos, econômicos e políticos, logo alguém levanta a possibilidade de ser apenas uma teoria conspiratória. E, ato contínuo, a coisa se dissolve e cai no campo do ridículo. Isto é tudo o que o conspirador deseja. Pois assim, ele e seus asseclas prosseguem no intento de levar a cabo seus projetos nefastos.  
O primeiro engano ocorreu ainda no reino espiritual. Um dos anjos criados em beleza, formosura e sabedoria deu lugar à iniquidade e esta gerou o desejo de ser ele mesmo um 'deus.' Alguns registros sobre este primeiro engano conspiratório se acham em Ez. 28:2 "Filho do homem, dize ao príncipe de Tiro: assim diz o Senhor Deus: visto como se elevou o teu coração, e disseste: eu sou um deus, na cadeira dos deuses me assento, no meio dos mares; todavia tu és homem, e não deus, embora consideres o teu coração como se fora o coração de um deus." Também em Is. 14:12 a 15 - "Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações! E tu dizias no teu coração: eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte; subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. Contudo levado serás ao Seol, ao mais profundo do abismo." Ambas as passagens se inserem no recurso da dupla referência profética, porque tanto se aplica a reis, como ao anjo querubim que deixou a iniquidade achar lugar em seu coração. Estes homens são tipos e, ao mesmo tempo, protótipos daquilo que Satanás projeta para a humanidade em sua vingança e arrogância contra Deus.
Por meio de conspirações ele arrastou consigo um terço dos anjos celestes conforme registro de Ap. 12:4 - "... a sua cauda levava após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a Terra..." Ap. 12: 7 a 9 - "Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na Terra, e os seus anjos foram precipitados com ele." O texto possui teor escatológico, mas retrata fato ocorrido já uma vez na rebelião do arqui-inimigo de Cristo.
O último engano será a investida final contra a criação de Deus na Terra. Satanás e seus demônios tentarão mais uma vez se materializar e governar a Terra. O que os impedem de se revelar completamente agora é a operação do Espírito de Deus na Igreja que é a união de todos os eleitos e regenerados. Quando esta for retirada da Terra, ele se apresentará corporalmente por meio da encarnação em um homem chamado, no texto de abertura, de "homem do pecado" e "filho da perdição." Para este engano final ter êxito é necessário que, primeiro, venha total apostasia. A saber, que os homens virem totalmente as costas à fé verdadeira. Transformarão a verdade em meros rituais religiosos para que o ambiente seja favorável a Satanás que se virará contra tudo o que se refere a Deus e é objeto de adoração verdadeira. Exigirá adoração a si mesmo e se apresentará como o verdadeiro 'deus'. Ora, percebe-se hoje, que não está muito distante este tempo. Hoje, o que se vê é apenas efervescência e ativismo religioso, mas pouca verdade e adoração unicamente a Deus. Os cultos são cultos ao homem e ao humanismo. A maioria das igrejas são agregações de homens que não foram regenerados por meio do nascimento do alto. Nada sabem sobre a justificação pela graça por inclusão na morte com Cristo e, muito menos, da  consequente ressurreição juntamente com Ele.
Sola Scriptura!

domingo, setembro 16

A SINAGOGA DE SATANÁS

Ap. 3: 9 a 13 - "Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra."
O tema aqui retratado aparece em dois contextos: na carta ao anjo da Igreja em Filadélfia, como está acima, e também na carta ao anjo da Igreja em Esmirna conforme Ap. 2: 9 - "Conheço a tua tribulação e a tua pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que dizem ser judeus, e não o são, porém são sinagoga de Satanás." Portanto, a denominada 'Sinagoga de Satanás' não é uma referência a estas duas Igrejas, pois estas foram as únicas que não receberam qualquer repreensão do Senhor Jesus. Não havia nelas um movimento apóstata com este estigma.
Trata-se, portanto, de um aviso a estas duas Igrejas a que ficassem atentas para aqueles que não são fieis à verdade. Visto que Sinagoga significa, sucintamente, assembleia ou reunião, obviamente, se trata de sistemas religiosos que praticam uma espécie de culto judaizante e fora do fundamento da Graça. Representam a classe clerical, ou seja, os mandatários de religiões administradas pelo esforço e justiça própria, os quais não receberam a redenção pela Graça. O apóstolo Paulo os confronta na Igreja da Galácia, mostrando a insensatez deles ao induzirem os fieis a abandonar a Graça para voltar à Lei.
Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." Verifica-se que, ao contrário do que muitos apregoam em suas religiões, a salvação não é pela fé, mas pela graça. A fé é, tão somente, o meio pelo qual Deus desperta o pecador pelo ouvir da sua Palavra. Pelo convencimento do Espírito Santo, fazendo que o homem decaído e morto espiritualmente, se veja como pecador e cria que Cristo é o seu único justificador. Não há como fazer qualquer dicotomia entre graça e fé, porque ambas operam simultaneamente para a redenção do pecador. Entretanto, fica claro no texto que a salvação não vem das obras de justiça própria do pecador, porque, neste caso, a glória seria dele mesmo. Isto desqualificaria a morte substitutiva e inclusiva de Jesus, o Cristo. Deste modo, os pecadores eleitos são regenerados, ou seja, recriados em Cristo Jesus. Trata-se de uma nova geração conforme II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Estar 'em Cristo' é estar nele incluído, ou seja, crer que morreu com ele e com ele ressuscitou. Assim, o pecador se torna um pecador regenerado por meio da nova geração em Cristo. Por vias de consequências, o pecador justificado não tem mais qualquer culpa pelas coisas velhas, a saber, pela sua velha natureza adâmica. Os seus atos pecaminosos foram também justificados em Cristo e serão tratados pelo resto da sua existência. Este é o sentido da perseverança na fé. 
Desta forma, a 'Sinagoga de Satanás' tem, neste estudo, dupla referência: os cristãos que não abandonavam suas antigas práticas legalistas e judaístas, tentando, ingloriamente, entrar no reino de Deus pela Lei e pela Graça ao mesmo tempo; como também, os cristãos de hoje que tentam apossar-se do reino de Deus pelas suas práticas religiosas fora da Graça. Buscam forcejar a entrada no reino de Deus pela justiça própria com base em méritos humanos. Isto desqualifica os méritos santos de Jesus, o Cristo. Sabe-se que não há como este processo dar certo conforme At. 4:12 - "E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos."
O ensino para que o povo deixe a 'Sinagoga de Satanás' aparece já na carta aos Hebreus conforme Hb. 13: 8 a 13 - "Jesus Cristo é o mesmo, ontem, e hoje, e eternamente. Não vos deixeis levar por doutrinas várias e estranhas; porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com alimentos, que não trouxeram proveito algum aos que com eles se preocuparam. Temos um altar, do qual não têm direito de comer os que servem ao tabernáculo. Porque os corpos dos animais, cujo sangue é trazido para dentro do santo lugar pelo sumo sacerdote como oferta pelo pecado, são queimados fora do arraial. Por isso também Jesus, para santificar o povo pelo seu próprio sangue, sofreu fora da porta. Saiamos pois a ele fora do arraial, levando o seu opróbrio." Portanto, é Sinagoga de Satanás qualquer sistema religioso que permanece no velho pacto e dentro do tabernáculo da velha ordem. O ensino é que o verdadeiro cristão regenerado sai fora do arraial das crenças que misturam lei e graça. Confundem auto justificação e a Justiça de Deus realizada na cruz.
'Sinagoga de Satanás' não é uma igreja ou religião específica, mas um sistema de crenças existente dentro de todas as igrejas e religiões as quais não recebem a todo-suficiente Graça de Deus como método de justificação unicamente por meio de Cristo.
Sola Gratia!

domingo, julho 22

O ERRO É SEQUER SABER SOBRE AS ESCRITURAS

Mc. 12: 24 - "Respondeu-lhes Jesus: porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?"
Na língua grega, notadamente, em sua forma comum, denominada grego koinê há duas palavras para designar a significação dos tropos: conhecimento e saber. O Novo Testamento ou a Segunda Escritura foi escrita nesta forma da língua grega, porque o objetivo, na economia divina, era alcançar as massas menos letradas. Desta forma, para o substantivo masculino, 'conhecimento', o texto neotestamentário se utiliza do vocábulo [γνώσης] 'gnósis'. Porém, para o verbo 'saber' ou 'compreender', o mesmo texto neotestamentário se utiliza do vocábulo [ειδοτες] 'eidotes'.
Entretanto, o termo 'conhecimento', tal como designado no texto grego bíblico possui caráter espiritual ou revelador. Não se restringe apenas ao mero conhecimento universal que estabelece a percepção entre o sujeito e o objeto. Também, não deve ser confundido com o conceito de conhecimento do Gnosticismo, o qual possui sentido místico. O termo saber ou compreensão, por seu turno, é apenas a ciência ou a consciência da mera existência de algo, ou alguém. É como ter ciência ou consciência de que algo ou alguém existe em algum lugar e de alguma forma. Porém, sem que haja a operação sujeito/objeto.
Ambos os termos, 'conhecimento' e 'compreensão' tomados neste estudo nada têm a ver com os conceitos de conhecimento científico e sabedoria humana por assimilação cultural. Não estão relacionados a mera cognição dos fatos.
O texto de abertura circunscreve-se no contexto em que Jesus, o Cristo discursava, ensinando perante as multidões. Dentre os ouvintes estavam alguns fariseus, escribas e saduceus. Os fariseus pertenciam a uma seita político-religiosa predominante na sociedade judaica do tempo de Jesus. Os escribas eram copistas dos textos escriturísticos que, de tanto copiá-los, tornaram-se doutores da lei. Para os judeus deste tempo, a lei era o conjunto de escrituras veterotestamentárias e não apenas a lei de Moisés. Os saduceus era uma seita religiosa menos numerosa, mas de grande influência no Sinédrio, a saber, o centro de comando na nação judaica. Eles sempre presenciavam os discursos e o ensino de Jesus, o Cristo para achar alguma falha nele. Eles se sentiam ameaçados por temer que Jesus reivindicasse a sua messianidade e, com isso, pudesse trazer instabilidade ao falso equilíbrio vivido sob o domínio do Império Romano. Líderes religiosos sempre se sentem ameaçados pelo ensino verdadeiro, porque temem perder suas posições e seus ganhos.
No contexto do capítulo vinte e quatro do evangelho de Marcos, Jesus, o Cristo contou a parábola da vinha que fora arrendada quando o proprietário das terras viajou. Sempre que o proprietário enviava um mensageiro para receber o valor do arrendamento, os arrendadores matavam os emissários, julgando que o arrendatário não retornasse mais. Esta parábola evidencia as incontáveis mensagens, figuras e sinais enviados por Deus à humanidade sobre o Redentor e esta rejeitou a todos. A uns prenderam, a outros bateram e a outros mataram. Todo o texto escriturístico, tanto do primeiro testamento, quanto do segundo testamento fala apenas sobre o envio do Filho Unigênito de Deus para resgatar os pecadores eleitos. O objetivo do texto sacro não é científico, filosófico ou religioso, mas visa revelar o Caminho, e a Verdade, e a Vida os quais referenciam o próprio Cristo conforme Jo. 14:6.
Em seguida, Jesus, o Cristo, responde aos saduceus que o interpelara sobre o assunto da ressurreição. Por não crerem na ressurreição, entraram em conflito com o ensino de Jesus, perguntando-o algo, absolutamente inócuo: 'após diversos irmãos terem se casado com uma mesma mulher, na ressurreição, qual deles será o seu verdadeiro esposo?' Jesus lhes ensinou que, no reino eterno e espiritual, as pessoas e os anjos não se casam. Desta forma, todos estes pleitos humanos cessam com a morte.
Após seus ensinos, bastantes enfáticos, sobre a rejeição d'Ele como o Messias e da ignorância sobre o reino espiritual, Jesus, o Cristo lhes disse claramente que não tinham compreensão das Escrituras. Veja, Jesus não lhes acusou de não terem conhecimento, visto que não eram espirituais, mas apenas religiosos. Jesus, os acusou de não saberem ou não compreenderem a Palavra de Deus. Isto é algo mais superficial ou simples, pois o conhecimento requer revelação do alto, mas o mero saber requer apenas o esforço de leitura e o domínio intelectual dos textos. Usavam o texto bíblico apenas como ritual, regra, preceito e norma comportamental. Usavam-no apenas como letra morta!
Jo. 5:39 - "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim." Neste outro contexto, Jesus, o Cristo demonstra claramente que os líderes religiosos folheavam as Escrituras procurando o Salvador ou Messias. Revelou-lhes que era ele mesmo que estava diante deles, mas estes não podiam crer. Assim, o mero saber sobre Jesus, Deus, Amor, Salvação, Verdade e as Escrituras, não pode, por si só, produzir salvação ao pecador. É necessária a revelação do alto para tal.
Hoje veem-se muitos religiosos que, além de não saberem as Escrituras, também não têm revelação, porque são meros religiosos. Sobrevivem de uma doutrina de homens repassada por terceiros. A ela vão agregando suas próprias adaptações para satisfazerem suas almas decaídas.
Sola Scriptura!

sexta-feira, junho 1

AMAS-ME OU TENS APENAS AFEIÇÃO POR MIM?

Jo. 21: 15 a 19 - "Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres. Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: segue-me."
Há no texto grego neotestamentário uns quatro significantes para o significado amor. São estes os significantes e seus significados: 
'fileo' [Φιλεo] que significa 'amor fraterno' ou 'afeição humana'; 
'eros' [ἔρως] que significa 'amor carnal', 'atração sexual' ou 'amor erótico';
'storgué' [στοργή] que significa 'amor familiar ou de parentesco';
e, finalmente, 'agape' [ἀγάπη], significando 'amor divino', 'amor perfeito', ou ainda, 'amor profundo'.
Muito se tem debruçado sobre o tema amor ao longo dos tempos. Filósofos, desde os gregos antigos, passando pelos modernos, vindo até os contemporâneos discorrem sobre o amor. As concepções são diversas e seguem diferentes vertentes e tendências. Nas Escrituras, por outro lado, são enfatizadas algumas palavras, tanto no hebraico veterotestamentário, quanto no grego koiné neotestamentário, sobre o assunto em tela. Não se tratando, todavia, de um mero debate filosófico, psicológico, literário ou fisiológico, mas como uma prática concreta e resultante do processo do novo nascimento. Nas Escrituras, o amor não é romanceado. 
Há entre religiosos, uma inclinação para um amor apenas no discurso. Porém não se concretiza em ações e reações. Muitos desses religioso ou cristãos nominais, amam apenas de lábios, mas não agem em qualquer sentido para por em prática o amor de Deus. O apóstolo Tiago afirma em Tg. 2:16 - "...se algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito há nisso?" O apóstolo João completa este ensino conforme I Jo. 3:18 - "Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade."
O texto que abre este estudo é um diálogo mantido entre Jesus, o Cristo e o discípulo Pedro, visto que até então, o mesmo era apenas um seguidor de Jesus. O Mestre o interpelou três vezes sobre a natureza do seu amor. Na primeira vez Jesus perguntou a Pedro: "Pedro, tu me amas mais profundamente do que a estes?" O verbo amar, nesse caso, foi 'agapas', porque está flexionado, concordantemente com o pronome tu. Pedro, então, respondeu: "sim Senhor, tu sabes que tenho afeição por ti", usando o verbo 'philó', também flexionado com o pronome ti. Então, Jesus, o Cristo lhe disse: "apascenta os meus cordeirinhos." É como se Jesus, o Cristo dissesse: 'Pedro tu me agape?' E Pedro respondesse: 'sim, tu sabes que eu te filó'. Jesus, então indaga uma segunda vez: "Pedro, tu me amas?" Pedro, segunda vez, repetiu a primeira resposta: "sim, Senhor, tu sabes que eu tenho afeição por ti". Jesus, disse-lhe: "apascenta as minhas ovelhas". Terceira vez Jesus, o Cristo indagou: "Pedro, tens afeição por mim?" Ao que Pedro respondeu, caindo em si: "Senhor, tu sabes tudo. Sabes que tenho apenas afeição por ti." Jesus, lhe disse outra vez: "apascenta as minhas ovelhas." Ou seja, Pedro só poderia cuidar da Igreja, quando conhecesse o verdadeiro amor por meio do novo nascimento.
Portanto, este diálogo mostra com clareza que Jesus, o Cristo propôs a Pedro o amor profundo e verdadeiro procedente de Deus. Ou seja, propôs doar a sua própria vida a Pedro, visto que Cristo mesmo é o próprio amor. Entretanto, Pedro não poderia alcançar este amor até então. Suas respostas foram, repetidamente, com o amor meramente fraterno ou de afeição humana. O amor 'agape' só é possível após o novo nascimento. O homem natural é capaz de amar, e muito mal, outras categorias de amor almático, mas não o espiritual. Por esta razão Jesus disse a Pedro, em outro contexto: "Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos. Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte. Tornou-lhe Jesus: digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces." - Lc. 22: 31 a 34. Pedro apenas poderia amar profunda e plenamente, quando fosse convertido. Toda a soberba religiosa de Pedro foi desfeita na noite do julgamento de Jesus, quando o negou por três vezes, conforme predito por Cristo. Muitos religiosos sofrem da síndrome de Pedro: mantêm uma presunção de amor, mas suas almas ainda não foram regeneradas. Seus espíritos continuam mortos para Deus, porque não experimentaram o novo nascimento que nada tem a ver com fé religiosa, práticas ritualísticas de religião e cumprimento de preceito sobre preceito. É como foi dito em Mc. 7:6 - "Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim."
Sola Scriptura!

sábado, maio 12

QUANDO DEUS SE CANSA DO CULTO

Is. 1: 11 a 15 - "De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias não posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue."
Culto é um substantivo masculino derivado do verbo cultuar. A significação do vocábulo 'culto', relativamente à teologia, é prestar homenagem de caráter religioso ao que o homem considera divino. Ou ainda, conjunto de atitudes e ritos pelos quais se adora uma divindade. Trata-se, portanto, de ato litúrgico praticado por pessoas religiosas àquilo ou àquele a quem consideram como divindade. 
Portanto, até o culto a Deus pode ser falso ou verdadeiro, visto que, caso o objeto da adoração seja algo ou alguém que não é Deus, logo, é apenas uma manifestação humana e falsa. Adora-se apenas a Deus! Isto é doutrinado em Ap. 22: 8 e 9 - "Eu, João, sou o que ouvi e vi estas coisas. E quando as ouvi e vi, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava, para o adorar. Mas ele me disse: olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus." Vê-se que os próprios anjos fiéis a Deus, não aceitam adoração para si mesmos. 
O texto que abre este estudo demonstra a insatisfação de Deus com os atos litúrgicos dos israelitas. Sacrificavam e queimavam incenso a Deus, ajuntavam-se em solenidades, ofereciam sacrifícios de animais e compareciam nos átrios do templo para adorá-lo, entretanto, ele afirma que não havia requerido isto deles. A razão da rejeição ao culto está no próprio texto, a saber, 'as ofertas do povo eram vãs.' Isto significa que os atos litúrgicos eram desprovidos de significação para os próprios adoradores. As prescrições de sacrifícios e ofertas, no livro de Levíticos, eram símbolos ou imagens de bens futuros. Pois, tais ritos apontavam para o sacrifício supremo e último de Jesus, o Cristo com vistas à redenção dos pecadores eleitos. Entretanto, o povo apresentava seus sacrifícios e ofertas por interesses de barganhas com Deus. Ofereciam para receber bênçãos materiais e não por crer na promessa de redenção espiritual por meio do Filho Unigênito de Deus. É este o sentido de vaidade das ofertas do povo em seus cultos, meramente, religiosos. Portanto, dá-se o mesmo na atualidade!
Deus afirma que o ajuntamento solene do povo para cultuar era insuportável, porque os ofertantes tinham suas mãos sujas de sangue. Ocultavam os seus crimes e pecados, ofertando, orando, cantando e levantando as mãos contaminadas. Deus não pactua com a natureza pecaminosa no homem; Deus não recebe adoração e culto contaminados pela iniquidade; Deus vê o pecador eleito apenas por meio do seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos. Para isso, o homem precisa receber a graça para experimentar o novo nascimento nos moldes de Jo. 3: 3, 5 e 6 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito."
Esta mesma realidade ocorre nos dias de hoje nas igrejas institucionais e nominais. Os cultos são enfadonhos, porque os cultuadores não conhecem a Deus, porque não reconhecem seu Filho Jesus, o Cristo como Deus. Cultuam por tradição religiosa, para serem aceitos socialmente, para fazer terapia de grupo aos domingos, para barganhar bênçãos e por presunção de fé. Fazem e praticam aquilo que não lhes foi requerido. Vão correndo realizar obras para as quais não foram designados. Isto é mostrado claramente em Jr. 23:21 - "Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia eles profetizaram."
É Cristo quem torna o pecador eleito e regenerado apresentável diante de Deus conforme Cl. 1:22 - "...agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis..."
Sola Gratia!

segunda-feira, abril 30

RAÇA ELEITA x RAÇA DE VÍBORAS


I Pd. 2:9 - "Mas vós sois a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz."
Mt. 23:33 - "Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?"
Na Aliança da Graça, Jesus, o Cristo e João, o Batista fazem referência a um grupo específico de pessoas como raça de víboras. Por outro lado, o apóstolo Pedro faz referência a outro grupo específico de pessoas como a raça eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido. Trata-se de uma comparação entre duas categorias de pessoas: uma escolhida e outra rejeitada. Esta questão não é passiva de debate. É uma afirmação peremptória das Escrituras e não uma opinião de quem quer que seja. Os portadores da natureza decaída sempre tentam polemizar os decretos eternos de Deus. Entretanto, Deus não muda a sua soberana vontade por causa das opiniões dos homens.
A expressão "raça de víboras" era recorrente entre os judeus da época de Jesus, o Cristo, como uma metáfora dirigida àqueles cujas naturezas são originalmente pecaminosas. Não era uma questão de escolha, pois o homem natural, religioso ou não, não pode fazer escolhas espirituais. Portanto, escolher uma determinada religião, não o faz escolher Deus. Deus escolheu os eleitos para os regenerar por meio da inclusão deles na morte de Cristo. Isto fica evidente em Jo. 6: 44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." O texto é enfático e literal. Ninguém pode aceitar ou se inclinar para Cristo sem que Deus, o Pai o incline para tanto. Uma vez levado a Cristo, o pecador eleito é atraído na cruz para ser justificado conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Jesus, o Cristo foi levantado da Terra três vezes: na sua crucificação, na sua ressurreição e na sua ascensão ao céu. O texto é claro ao demonstrar que se trata da sua morte de cruz. O resultado final é o que consta do texto de Gl. 2: 20 - "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim."
A expressão "raça de víboras" provém do hebraico [זֶרַע צִפְעוֹנִים] que transliterado é 'Zêrah Tsfonim'. Tal expressão figurada pode ser traduzida por 'descendência da serpente', porque o vocábulo 'zêrah' significa serpente, enquanto o vocábulo 'tsfonim' significa descendentes. A origem da descendência da serpente se acha em Gn. 3:15 - "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e o seu descendente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar." Do texto, pode-se depreender que 'ti' é Satanás incorporado na serpente; 'a tua descendência' é a descendência da serpente, a saber, de Satanás. Incluindo-se todas as pessoas após a queda de Adão e Eva; 'o seu descendente' é Jesus, nascido de mulher, no qual encarnou o Cristo Filho Unigênito de Deus; Esta profecia se cumpriu na cruz, quando a descendência da serpente perfurou as mãos e os pés de Jesus, o Cristo, mas este derrotou Satanás, condenando-o eternamente por sua morte e por sua ressurreição triunfante e eterna. Foi na cruz que Cristo esmagou a cabeça da serpente. Caso Cristo não houvesse resuscitado, o plano redentivo de Deus não teria se completado.
A natureza de serpente se perpetuou na raça humana, tendo sido evidenciada logo após a queda no fratricídio de Caim sobre seu irmão Abel. Caim é o tipo da raça da serpente conforme I Jo. 3:12 - "... não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas." Abel é o tipo dos justificados, não por obras de justiça própria e por méritos, mas por crer no substituto, pois ofereceu a Deus um cordeiro, o que indicava a morte de Jesus, o Cristo.
Desta forma, desde a queda, passando por Caim, depois por Lameque que matou duas pessoas, a natureza da serpente se multiplicou em toda a humanidade. O caso de Lameque, o quinto depois de Adão é confirmado em Gn. 4: 23 e 24 - "Disse Lameque a suas mulheres: Ada e Zila, ouvi a minha voz; escutai, mulheres de Lameque, as minhas palavras; pois matei um homem por me ferir, e um mancebo por me pisar. Se Caim há de ser vingado sete vezes, com certeza Lameque o será setenta e sete vezes."
A natureza da serpente é confirmada em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Na crucificação de Jesus, o Cristo, se vê claramente os dois lados da humanidade: o malfeitor que atormentava e acusava Jesus e o malfeitor que creu que Jesus, o Cristo era o Salvador. Enquanto o primeiro exigia de Jesus, o Cristo uma solução ao seu problema de condenação, o segundo reconhecia sua condição pecaminosa e confiava que Jesus, o Cristo era o Filho do Altíssimo. 
A geração eleita é originada da raça de víboras, porém com o diferencial que foram eleitos antes da fundação do mundo e preordenado para a vida eterna conforme Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." E importante saber que a raça eleita, em nada, é melhor que a raça de víboras até que seja regenerada. Não são méritos e justiça própria que faz a diferença, mas a Graça de Deus. O texto de I Pedro que abre este estudo afirma que a geração eleita é formada por um povo adquirido e não por religiosos inchados em sua soberba e orgulho. Esta geração ou raça eleita tem uma destinação: ser sacerdócio real e uma nação santa para anunciar as grandezas de Deus. Foram chamados das trevas, a saber, da condição de raça da serpente, para a maravilhosa luz, a saber, o conhecimento de Deus.
Sola Scriptura!

sexta-feira, março 30

APRESENTADA SEM MANCHA E SEM RUGA

Ef. 5: 25 - 27 - "... como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra, para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível."
O vocábulo IGREJA provém do grego koinê [Εκκλησία] que, transliterado é "ekklesia" a qual é uma palavra composta: 'ek' (para fora) + 'kaleo' (chamar). Este vocábulo foi tomado emprestado da política ateniense, na Grécia Antiga. Denominava-se "ekklesia" o grupo de cidadãos que era convocado para uma assembleia a fim de discutir e deliberar para o bom andamento da "polis", ou seja, da cidade ou da sociedade. Por isto, o vocábulo "ekklesia" quer dizer convocados ou chamados para fora, precisamente, porque a assembleia ficava fora das áreas residenciais. igualmente, a Igreja verdadeira é o conjunto de pecadores que, por Graça, é chamado para fora da natureza pecaminosa para ser o corpo vivo de Cristo. Isto não torna nenhum filho de Deus melhor que qualquer outra pessoa. Torna-o parte da assembleia justificada e que está sendo santificada. Por fim, a Igreja será apresentada diante do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, santa e irrepreensível. Entretanto, até lá, a Igreja atravessa o deserto para perder a roupagem própria e receber o revestimento pleno de Cristo.
O Cristianismo nascente tomou emprestado apenas o sentido semântico da palavra "ekklesia" para indicar que os eleitos e regenerados são pessoas comuns chamadas para pertencer a um grupo espiritualmente gerado do alto nos termos de Jo. 3: 3 e 5. Até o século IV d. C. não haviam igrejas em templos. A igreja se reunia em diferentes locais em função das circunstâncias desfavoráveis, cumprindo o que dispõe o texto sacro em Mt. 18:20 - "Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles." O Império Romano e os judeus perseguiam a igreja por julgar que a mesma era uma nova força política que iria lhes retirar o poder e o ganha pão. Isto está registrado, por exemplo, em At. 4: 1 a 3 - "Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, doendo-se muito de que eles ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos, deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já tarde." Vê-se, pelo texto, que os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus sentiam-se muito magoados porque os discípulos anunciavam em Jesus a ressurreição. Os sacerdotes, em sua maior parte, eram fariseus e tinham desprezo quanto a nova fé cristã. O capitão do templo era o responsável pelo serviço sujo dos sacerdotes. E os saduceus eram da seita que não acreditava em ressurreição dos mortos. Desta forma, todos tinham suas próprias razões para perseguir a Igreja.
O texto de abertura declara, solenemente, que Cristo amou a Igreja. Entretanto, não é amor da categoria almática. Foi utilizado o verbo amar no pretérito [ἀγαπᾶτε] ou transliterado "'agapãte" que é amor divino e perfeito. Amou no sentido pleno da palavra, a saber, amou sem exigir qualquer virtude que ela pudesse oferecer. A Igreja, no sentido bíblico, é o conjunto de pecadores regenerados por Graça e Misericórdia de Deus. Deste grupo não fazem parte os justos aos seus próprios olhos e os cheios de méritos por fazer e deixar de fazer coisas comportamentais, visando convencer Deus a lhes ser favorável. O homem, em seu estado decaído, não pode fazer ou deixar de fazer qualquer coisa para aumentar ou diminuir o amor de Deus. Deus é amor! Ele não tem porções de amor para borrifar um ou outro homem em função dos seus atos de justiça própria contaminados pela natureza pecaminosa. Deus toma o pecador tal como ele se acha e o leva à cruz, para, nela, inclui-lo na morte de Cristo. Isto é ensinado em Jo. 6: 44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Portanto, é Deus quem conduz pecadores à cruz e não atos de justiça própria! Tentar produzir sua própria salvação é desqualificar o sacrifício inclusivo e substitutivo de Cristo. É afrontar a justiça de Deus!
Então, Jesus, o Cristo amou a Igreja, purificou-a com a sua Palavra e a apresenta santa e irrepreensível diante de si mesmo. Ele tornou a Igreja sem mácula e sem rugas, ou qualquer coisa análoga a estas. Isto implica dizer que os eleitos e regenerados são purificados de todas as suas culpas. A verdadeira Igreja de Cristo nada tem a ver com estas igrejas nominais e institucionais que estão perante a sociedade. A igreja de Cristo está  em Cristo, porque ele a resgatou para si e não para se tornar meio de engajamento social, enriquecimento fraudulento ou mecanismo de sustentação política. A verdadeira Igreja é santa e irrepreensível, mas porque Cristo é Santo e Irrepreensível. Seus membros são as piores pessoas deste mundo, porque o mundo as odeia conforme Lc. 21:16 a 19 - "E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós; e sereis odiados de todos por causa do meu nome. Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça. Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas."
Por estas razões, pode-se afirmar sem recair em juízo temerário que, a depender de manchas e rugas retiradas, as igrejas institucionais que aí estão, não estarão de pé diante de Deus no último dia. Não por questões morais, mas por não crerem na inclusão do pecador na morte e na ressurreição de Cristo.
Sola Scriptura!

domingo, março 11

A OPERAÇÃO DO ERRO, DA MENTIRA E DO ENGANO V

Am. 3: 7 - "Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas."
No filme "O Advogado do Diabo" o protagonista que representou o Diabo diz, em um certo diálogo, que ele é o verdadeiro amigo do homem e deseja apenas o seu bem. Afirma, outrossim, que Deus é quem é inimigo do homem, porque permite que este tenha muitos desejos, porém não dá liberdade para que satisfaça tais desejos. Obviamente que, a mensagem do autor da trama pretendeu passar apenas uma mensagem: 'Deus é mau e o Diabo é bom'. Entretanto, o mesmo não esclareceu o porquê de Deus não permitir ao homem satisfazer seus desejos. É simples! Deus não pactua com o homem decaído e portador da natureza pecaminosa. Também, porque, a natureza pecaminosa não permite o estabelecimento de um limite para o mal no coração humano. Caso Deus deixasse o homem decaído totalmente livre, a maldade humana poderia operar sem limites.
Acontece, no entanto, que o homem está contaminado com o veneno da serpente. Por isto, possui natureza separada ou morta para Deus. A glória de Deus que revestia o homem antes da queda foi retirada por conta do pecado original. Desde então, todos nascem portadores da natureza decaída e totalmente depravada. A pessoa mais bem comportada e que não pratica determinados delitos, possui igualmente, tal natureza decaída e está morta para Deus. Portanto, todos carecem da graça de Deus por meio de Cristo para ser redimido e reconciliado com Deus conforme Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." O verbo destituir implica em perda total e não parcial como pretendem algumas doutrinas religiosas espiritistas e humanistas. É como um servidor público que foi destituído ou exonerado do cargo. Não poderá voltar e trabalhar no dia seguinte.
Desta forma, o Diabo mantém controle sobre as almas dos homens treinando-os, inclusive, para serem dissimulados quanto aos bons comportamentos e a busca por uma religião. Ele sabe que os comportamentos produzem um tipo de ética que torna um homem aceito na sociedade, mas espiritualmente este homem continua morto para Deus. O que comunica a vida eterna é a fé que o pecador foi incluído na morte com Cristo conforme Rm. 6: 6 a 9 - "... sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele." É este o único processo que permite restaurar a comunhão entre criatura e Criador. A isto dá-se o nome de redenção ou salvação monérgica. A salvação é da alma, porque é ela que está contaminada com a natureza pecaminosa inoculada pelo Diabo em todos os homens conforme Rm. 5: 12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram."
O texto de abertura deste estudo mostra que Deus mantém os seus eleitos e regenerados sempre informados acerca do processo da redenção dos homens individualmente e da restauração de todas as coisas. É ele quem lhos revela antes de acontecer. Por isso, pode-se afirmar que este engodo do erro, da mentira e do engano sobre seres extra-terrestre como solução para a humanidade é mais uma astúcia do inimigo para continuar o seu projeto nefasto de levar o homem a querer ser deus de si mesmo conforme Gn. 3: 4 e 5 - "Disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." Uma das tarefas mais primitivas de Satanás é levar o homem a não crer na Palavra de Deus. Isto explica a atual conjuntura do mundo que reputa os textos como meros mitos ou lendas antigas. Mas, Deus sempre revela a sua verdade aos seus eleitos para os regenerar. 
Tudo o que foge à revelação compendiada, recai no campo do erro, da mentira e do engano de Satanás para tentar produzir um paraíso na Terra. Em qualquer parte das Escrituras e dos ensinos diretos de Cristo NÃO HÁ menção a seres evoluídos de outros mundos enviados à Terra para libertar, melhorar ou salvar a humanidade. Ao contrário, os textos são muito claros sobre o fato de que o novo nascimento é o único meio conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Sem morrer em Cristo, não vê. Sem nascer da água, ou seja, pela pregação da Palavra e sem nascer do espírito, a saber, ser uma nova criatura ou ser gerado de novo em Cristo, não entra.
Atente-se para o fato que, a partir de agora, aumentarão as aparições de seres extra-terrestres ou alienígenas no mundo, fazendo e operando grandes sinais e prodígios. Porém, tudo estará associado à operação do erro, da mentira e do engano.
Solo Christus.

sábado, março 10

A OPERAÇÃO DO ERRO, DA MENTIRA E DO ENGANO IV

II Co. 11: 14 a 15 - "E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras."
Já foi assaz dito, nos estudos anteriores, que as supostas aparições de seres extra-terrestres ou alienígenas carecem de clareza e verdade. E não é por falta de informações de governos ou de órgãos públicos dos países mais poderosos. É por falta de genuinidade dos fatos acerca deste assunto. Entretanto, ainda que houver qualquer aparição concreta e documentada, por si só, pode não constituir verdade absoluta, porque será uma revelação unilateral, visto que nenhuma nação terrena poderá ir ao espaço sideral e comprovar a origem de tais seres de outros mundos. Surtirá, neste caso, o mesmo efeito de uma crença religiosa, pois dependerá apenas do que os tais seres disserem em seu próprio favor. 
Neste sentido é que estas manifestações se inserem no contexto do erro, da mentira e do engano. Primeiramente, porque as Escrituras não registram qualquer verbete acerca destes seres e da possibilidade de contatos imediatos para resolver o problema da humanidade. Secundariamente, o problema da humanidade é a sua queda e depravação total diante de Deus. Muitos não creem nesta realidade, porque suas naturezas decaídas jamais se inclinam para a fé e para a verdade conforme está registrado em Rm. 3: 10 a 12 - " como está escrito: não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Obviamente que, nem para crer que este texto é de inspiração divina eles podem. Não se trata de uma questão de escolhas, mas de impossibilidade posicional e relacional. A natureza pecaminosa inclina o homem, invariavelmente, para si próprio. No máximo, procuram uma religião para aplacar seu desespero. O próprio Jesus, o Cristo revelou o seguinte sobre a natureza do homem decaído: "Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis. Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?" - Jo. 5: 43 e 44. Mesmo quando o homem decaído busca uma crença religiosa, o faz para receber glória e não para glorificar.
É deste contexto de impossibilidade de ter uma verdadeira comunhão reconciliada com Deus, que a humanidade receberá seres materializados como sendo superiores e enviados para produzir o paraíso na Terra. Os sistemas econômicos, políticos e religiosos produzidos pelo homem decaído até hoje tentou, ingloriamente, produzir o paraíso na Terra por conta própria. A frustração diante da miséria e pobreza que aumenta, da luta contra a morte e a angústia da falta de paz, o levará a abraçar tais falsas revelações de anjos caídos como sendo a solução final para a humanidade.
O texto de abertura deste estudo é claríssimo, visto que não carece de qualquer interpretação ou exegese. Mostra que Satanás se disfarça em anjo de luz e que seus demônios se propõem a ministrar a justiça em substituição à justiça de Cristo concretizada na cruz e na ressurreição ao terceiro dia. Esta será a tentativa final de golpe de Satanás no afã de conseguir o estabelecimento do seu falso reino sobre a Terra. Com certeza será bem-vindo e recebido por aqueles cujos nomes não estão escrito na Livro da Vida do Cordeiro que foi imolado antes da fundação do mundo conforme o texto de Ap. 13: 8 - "E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo."
Sola Gratia!

sábado, fevereiro 3

A OPERAÇÃO DO ERRO, DA MENTIRA E DO ENGANO III

II Ts. 2: 3 a 11 - "Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém para que a seu próprio tempo seja revelado. Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira [...]"
Comentou-se, por alto, sobre as narrativas místicas e míticas, as quais afirmam que a humanidade seria o subproduto de civilizações alienígenas. Os humanos seriam o resultado de experimentos genéticos feitos por alienígenas para criar escravos. Os defensores desta ideia desprovida de fundamentação bíblica e científica, a denominam de "Teoria do Astronauta Antigo." Os tais teóricos tomam por argumento algumas descobertas arqueológicas e os fenômenos não explicados pela ciência. Levantam hipóteses sobre a existência de construções megalíticas dispostas de modo organizado no globo terrestre e alinhadas a determinadas constelações celestes. Também, acrescentam aos seus argumentos algumas evidências misteriosas, tais como, artefatos encontrados em diversos lugares, dos quais, não se pode ter uma explicação lógica. Registros das antigas civilizações mesopotâmica, suméria, acadiana e egípcia com textos e conhecimentos muito avançados para suas épocas.
Ora, sobre abduções, aparições ou contatos de primeiro, segundo ou terceiro graus é importante observar que: a) sempre são contatos com pouca clareza, ou seja, não são documentados claramente. São sempre rodeados de nebulosidade e ficam na dependência apenas da narrativa da testemunha; b) sempre ocorrem com pessoas de pouco discernimento científico e de reduzida compreensão dos fatos mais amplos do universo; c) sempre ocorrem sob circunstâncias não comprováveis por imagens e áudios; d) sempre são de reduzida credibilidade pelas autoridades competentes. 
Pois bem, caso os tais alienígenas ou ET,s fossem o que as narrativas alegam que são, porque não se revelam a organismos internacionais com capacidade de divulgação ampla e que representam os povos e nações? Por que não se revelam aos homens de ciências? Por que não se comunicam claramente com os líderes religiosos? Por que não evitam a degradação moral, espiritual e material da humanidade diretamente? Porque fazem parte de um embuste do erro, da mentira e do engano enviado aos homens dissociados da verdade.
Na verdade, tais manifestações ou aparições obedecem ao princípio da operação do 'mistério da iniquidade', conforme o texto de abertura deste estudo. As coisas de Satanás são sempre operadas e operacionalizadas por meio de mistérios, exatamente, porque elas não têm qualquer parâmetro na verdade. Mt. 24: 24 - "...porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos." Tudo o que é fundamentado em circunstâncias, sinais e prodígios, geralmente, não provém de Deus, porque as revelações d'Ele são condicionadas à fé. E, a fé, não é sensorial, mas sobrenatural. A fé é o dom de Deus apenas aos eleitos e regenerados. A estes não é possível o engano, pois o Espírito Santo lhes concede discernimento sobre o que procede da verdade.
Por mais que seja duro ou inaceitável à concepção humana, há uma revelação exclusiva aos eleitos de Deus. Tal revelação difere da revelação geral que se dá por meio dos fenômenos naturais e das leis naturais. Aos incrédulos, a saber, que não receberam o dom da fé para receber a graça plena de Deus, é dada uma revelação geral que se percebe pela inteligência e sensibilidade naturais. Tal revelação geral é dada a todos os homens para aparelhá-los à vida e sobrevivência no mundo decaído. Dela se pode ler em Rm. 1: 17 a 19 - "Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé. Pois do céu é revelada a ira de Deus contra toda a impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça. Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou." Então, a revelação exclusiva dada aos eleitos e regenerados é por fé, enquanto a revelação geral e comum é dada a todos conforme a manifestação natural.
A revelação exclusiva está doutrinada em Lc. 8:10 - "Respondeu ele: a vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam." Era este o motivo de Jesus, o Cristo falar por parábolas. Veem, mas não enxergam; ouvem, mas não escutam; Compreendem apenas intelectualmente, mas não conhecem experimentalmente a graça de Deus para redenção.
Sola Fides!

segunda-feira, janeiro 22

A OPERAÇÃO DO ERRO, DA MENTIRA E DO ENGANO II

II Ts. 2: 3 a 11 - "Ninguém de modo algum vos engane; porque isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem do pecado, o filho da perdição, aquele que se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, de sorte que se assenta no santuário de Deus, apresentando-se como Deus. Não vos lembrais de que eu vos dizia estas coisas quando ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém para que a seu próprio tempo seja revelado. Pois o mistério da iniquidade já opera; somente há um que agora o detém até que seja posto fora; e então será revelado esse iníquo, a quem o Senhor Jesus matará como o sopro de sua boca e destruirá com a manifestação da sua vinda; a esse iníquo cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás com todo o poder e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para serem salvos. E por isso Deus lhes envia a operação do erro, para que creiam na mentira [...]"
Viu-se no estudo anterior que há uma 'operação do erro' enviada por Deus àqueles cujas vidas são separadas da vida d'Ele. Isto porque, todo homem nasce morto para Deus, espiritualmente falando. Esta condição é confirmada pelo texto de Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." A destituição referida no texto de Romanos é o desligamento do espírito do homem em relação ao Espírito de Deus. Nas Escrituras isto é chamado de morte, porém,  não se refere à morte biológica. Esta morte espiritual é a consequência da natureza pecaminosa passada a todos os homens por meio de Adão conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." O DNA pecaminoso do primeiro Adão passou a todos os seus descendentes.
No texto de abertura deste estudo lê-se que a revelação do "homem do pecado" ou "filho da perdição" ocorrerá apenas após uma intensa onda de apostasia. Apostasia é um substantivo feminino que indica o abandono de uma crença ou da fé, mas não necessariamente de uma religião. O apóstata pode, perfeitamente, apostatar-se e continuar dentro de um sistema religioso. O que caracteriza a apostasia é o abandono da verdade para tratar de interesses puramente religiosos e humanistas. O mesmo texto retromencionado afirma que, embora o 'mistério da iniquidade já opera' no mundo, o 'homem do pecado' ainda não se manifestou. Isto porque há apenas um ser que o detém para que não se manifeste. Sabe-se que este que o detém é o Espírito de Deus que opera na Igreja formada por todos os eleitos e regenerados em todo o mundo. Quando a Igreja for arrebatada, o caminho estará livre para que o anticristo mostre o seu desejo de ser deus e de exigir adoração a si mesmo. 
Conforme foi mencionado, superficialmente, no estudo anterior, há grande número de pessoas interessadas em divulgar que a humanidade foi plantada por seres extra-terrestres há milhões de anos no planeta Terra. Estas mesmas pessoas estão sempre apresentando sinais e evidências sobre fatos misteriosos, achados arquelógicos e testemunhos daqueles que tiveram algum tipo de experiência com os supostos seres de outros planetas. Entretanto, este é apenas o 'mistério da iniquidade' operando, enquanto o anticristo não pode se revelar ao mundo.  Há inumeráveis relatos de contatos com alienígenas. Muitos destes são meras invencionices ou montagens. Porém, tudo faz parte de um plano da mentira, do erro e do engano para preparação do inconsciente coletivo para aceitar contatos futuros com seres sobrenaturais decaídos.
Todavia, é bom lembrar que não há qualquer registro deste tipo de contato ou ajuda de seres extra-terrestres na Bíblia. Nem forçando a exegese e a hermenêutica. Se estes falsos salvadores da humanidades estivessem nos planos de Deus, tudo teria sido revelado nas Escrituras. No texto sacro é informado o seguinte: "Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas." - Am. 3:7. Nem os profetas do Velho Testamento, nem os profetas atuais, a saber, pregadores do evangelho afirmam qualquer coisa neste sentido. Caso alguém afirme, pode ter certeza, é por conta própria e não com bases escriturísticas.
Na epístola de Judas versos 6 e 7 é dito o seguinte: "... aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia, assim como Sodoma e Gomorra, e as cidades circunvizinhas, que, havendo se prostituído como aqueles anjos, e ido após outra carne, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno." Ora, o texto nos ensina que alguns anjos abandonaram suas funções e postos, como também, deixaram sua própria habitação. A palavra principado do texto de Judas indica que eles foram designados por Deus para permanecerem em algum lugar do universo, em alguma função específica. Também o texto diz que estes anjos deixaram a sua própria habitação. A palavra 'habitação' no texto grego koiné é 'oiketerion' que significa não uma casa, lar ou residência, mas a própria forma original destes seres angelicais. Esta palavra grega do Novo Testamento só foi utilizada em mais outra passagem em II Co. 5:2 - "... revestidos da nossa habitação que é do céu." É a mesma palavra 'oiketerion' com sentido de corpo espiritual ou glorificado com o qual os eleitos e regenerados serão transferidos para o reino celestial. A locução 'habitação que é do céu' equivale ao adjetivo 'celestial' que, por sua vez, equivale a revestimento espiritual ou corpo incorruptível. Trata-se, portanto, do revestimento dos corpos de seres espirituais em seu estado original. Além do mais o texto de Judas mostra que estes anjos se prostituíram, ou seja, se misturaram. A expressão "indo após outra carne" pode indicar que eles mudaram as suas formas ou corpos originais, tomando a forma material ou humana para praticarem tal prostituição. Mas, sobre este assunto será tratado em outro estudo.
Estes seres que se rebelaram contra Deus e abandonaram seus postos e corpos originais vieram para a Terra com a intensão de se misturar à humanidade por meio de uniões ilícitas com as mulheres humanas. Isto está registrado no capítulo 6 do livro de Gênesis conforme será explicado em outro estudo. Por causa desta união espúria, os seus descendentes eram gigantes que começaram a trazer grande violência na Terra. Esta foi a razão do dilúvio enviado por Deus para exterminar estes seres híbridos.
Sola Fides.