sexta-feira, dezembro 17

ELEITOS E PREDESTINADOS

 

Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou."
A doutrina bíblica da eleição é, talvez, a mais evitada pela maioria daqueles que se autoproclamam cristãos. Obviamente, cada denominação ou sistema religioso  que a refuta, procura apropriar-se de textos também bíblicos. Todavia, o fato de alguém ou algum sistema de crenças buscar apoio nas Escrituras não torna a sua posição legitimada, pois, na maioria dos casos, o tal apoio resulta de artíficios manipulados a fim de protegê-los de si mesmos e da falta de revelação na Palavra. Satanás também valeu-se das Escrituras quando tentou Jesus no deserto. Estse é um típico caso maquiaveliano de os fins justificarem os meios.
As religiões, geralmente, constroem uma estrutura elaborada de tal forma que, descontruí-la, torna-se impossível ao religioso sem a interveniência de Deus. Desconhecem a força da verdade contida em Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." É Deus quem conduz o pecador eleito à Cristo para ser incluído em sua morte na cruz e, consequentemente, o traz à vida na sua ressurreição. Não é o pecador quem decide se quer ou não quer ser redimido, como é pregado por aí. Esta é a mais crassa heresia desde a Igreja Primitiva, o famigerado livre arbítrio. Nem é livre, nem é arbítrio! Ao contrário, é uma doutrina Gnóstica e Espiritista.
Alguns alegam que a salvação, redenção ou justificação é Universal com base em alguns versetos, como por exemplo, Jo. 3:16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." É evidente que Deus amou e ama o mundo, porque é obra das mãos d'Ele. A redenção envolve todo o Cosmo e não apenas homens. A restauração final, no retorno do Grande Rei, será plena e todo o mal será anulado para sempre. Entretanto, o texto trata do mundo, como a criação de Deus que foi afetada pelo pecado. Obviamente, também retrata o homem e impõe a condição para a redenção absoluta e plenamente, qual seja, a fé. A salvação é "para todo aquele que crê..." e não para todos. Sabendo-se que a fé não é virtude humana, mas dom de Deus, conclui-se que nem todos recebem o dom da fé para crer que Jesus, o Cristo é Deus e Justificador. Ele mesmo demonstra isto aos religiosos judeus em Jo. 5: 39 e 40 - "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!" Vê-se que o 'querer' deles não era inclinado para a fé. É a corrupção pela natureza pecaminosa que define a incredulidade que separa o homem pecador de Deus e não, necessariamente, os seus atos pecaminosos. Estes são consequências daquela e não o contrário.
Outros ainda, resgatam o texto de Tt. 2:11 - "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens [...]" Mais uma vez lançam mão de um único texto, para contestar algo que é múltiplo e frequente em toda a Escritura. É óbvio que a salvação foi manifestada ao mundo todo na pessoa de Jesus, o Cristo. Porém, o texto não afirma que todos os homens foram ou serão salvos. Ao utilizar-se destes textos, a ideia a qual desejam passar, equivocadamente, é a salavação universal. É muito simples! Basta imaginar que, se Deus desejou redimir todos os homens, logo, todos os homens seriam redimidos, porque a vontade d'Ele não pode ser contrafeita por ninugém. Logo, se nem todos os homens são salvos, conclui-se que a salvação não é para todos. Então, o que Tito ensina é que a graça de Deus foi evidenciada a todos, mas o que se vê é que não são todos eleitos para a graça. Até porque, a eleição é pela graça conforme Rm. 11:5 - "Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça." Este remanescente é um grupo específico e não todos os homens ou todos os judeus, considerando o contexto. A graça não é uma propositura ou ação humana, mas sobrenatural e divina. O maior erro doutrinário da religião é inferir que a Graça de Deus é diretamente proporcional às boas ações dos homens. Primeiramente, nenhum homem é bom, mas apenas Deus é bom.
Eleição é um substantivo feminino que possui as seguintes significações: 'escolha preferencial', 'primazia' e 'predileção.' Ora, não tem Deus vontade própria para querer ou deixar de querer alguma coisa? Alguns alegam que isto seria injustiça da parte d'Ele. Porém, julgam assim, com base na noção de justiça forense e não com base na soberania absoluta de Deus. A eleição sozinha não completa o projeto eterno de Deus. Ela necessida de outro ato executivo da parte do Eterno. Trata-se, portanto, da predestinação cuja significação é: 'destinação antecipada à salvação', ou do 'destino de algo ou alguém.' Desta forma, Deus não apenas escolheu ou elegeu alguns pecadores de antemão, como também, os predestinou para serem chamados, justificados e glorificados de acordo com o texto de abertura. 
A doutrina da eleição e da predestinação não pode ser entendida, erronemante, como Deus tendo se interessado por alguns pecadores e os escolhido para viver eternamente sem executar a Sua Justiça para justificá-los. A sentença contra o pecado foi executada em Jesus, o Cristo. Os eleitos e predestinados foram incluídos em sua morte para terem suas naturezas pecaminosas extirpadas conforme o registro de Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." O aniquilamento da natureza pecaminosa significa que, a culpa do pecado dos eleitos e regenerados foi anulada plena e completamente diante de Deus. Isto não os torna perfeitos e melhores do que qualquer outra pessoa aqui na vida terrena. Tal glória será manifestada apenas na restauração final. Isto é largamente ensinado por Paulo sobre a glorificação dos eleitos.
Alguns religiosos que auto-intitulam-se de crentes ou cristãos reivindicam que Deus escolheu apenas aqueles aos quais ele previu que o escolheria. Isto com base no versículo de I Pd. 1:2 - "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas." Apegam-se à palavra 'presciência', apenas no sentido que lhes interessa, para justificar esta aberração pseudo-teológica. Ora, neste caso, a graça de Deus é totalmente desqualificada e anulada, pois se Ele escolhe aqueles que sabia que o escolheria, qual o sentido de enviar Cristo para morrer em uma cruz por eles? Morrer por quem já se sabia que seria salvo é uma contradição teológica pior que permanecer na incredulidade. Além do mais, segundo Rm. 3:10 e 11, nenhum homem pecador é capaz de optar, por livre vontade, a se inclinar para Deus. Esta turma das teológias esdrúxulas foi contaminada pela doutrina filosófica que penetrou a Igreja Primitiva, chamada Gnosticismo. Acreditam eles, com base neste ensino de homens, que o homem decaído possui lívre arbítrio. Confundem escolhas naturais e mecânicas com escolhas espirituais.
Ora, Deus escolheu àqueles que quiz, porque quiz e quando quiz conforme Rm. 9:11 a 13 - "(pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: amei a Jacó, e aborreci a Esaú." Então, foi o propósito de Deus que escolheu Jacó e não as excelsas qualidades dele ao se inclinar para o Altíssimo. Aliás, dependesse da moral de Jacó, este estaria absolutamente condenado à perdição, pois era trapaceiro de primeira marca. O original grego do texto acima diz que Deus amou a Jacó e odiou a Esaú. Os tradutores querem poupar Deus da Sua Soberania e traduzem como: "amou menos." Isto é mentira teológica!
Ef. 1: 3 a 6 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado."
II Tm. 1:9 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
Sola Scriptura!

domingo, dezembro 5

CONTRA OS NICOLAÍTAS DESTA ERA

 

Ap. 2: 14 e 16 - "Entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca."
A porção acima, que abre esta instância, é parte do contexto geral das Cartas às Igrejas em Apocalipse. Especificamente, a Carta ao Anjo da Igreja que está em Pérgamo. O Senhor Jesus, o Cristo inicia a sua missiva se identificando como Aquele que tem a espada afiada de dois gumes. Isto é indicativo de que é Ele o detentor da Palavra como 'Logos' [Λόγος] e como 'Rhema' [ρήμα]. Trata-se da figura da Palavra de Cristo como espada que corta dos dois lados. Ou seja, é uma palavra que pode abrir os ouvidos para a fé, como também, pode abrir a consciência da perdição eterna. É a referência ao evangelho que julga com retidão e justiça plena. 
Ao mensageiro da Igreja em Pérgamo é dito: "sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita." Portanto, é revelado que Satanás tinha um trono e que ele habitava aquela cidade. Entretanto, é dito ao pregador daquela Igreja, que, apesar de todos os transtornos, ele retinha o nome do Senhor e não negava a fé. Reter o nome do Senhor Jesus e não negar a fé são as marcas daqueles que nasceram do alto. É uma situação irreversível! 
O texto de abertura deste estudo menciona que, na Igreja em Pérgamo, havia duas categorias de religiosos que manchavam a congregação: os seguidores dos ensinos de Balaão e os nicolaítas. Este estudo ocupar-se-á dos nicolaítas. 
Há duas vertentes interpretativas sobre os tais nicolaítas: uma afirma que eram seguidores dos ensinos de um homem chamado Nicolau; outra afirma que eram membros da Igreja que adotavam estratégias semelhantes às do referido Nicolau, mas não eram, por ele, comandados.
Nicolau foi um prosélito de Antioquia e diácono na Igreja de Jerusalém conforme o registro de At. 6:5 e 6 - "O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos." Pelo texto, o tal Nicolau foi escolhido e consagrado diácono. O fato de pessoas orarem e cansagrarem outros dentro de uma Igreja não é evidência ou prova de novo nascimento. Acerca de Nicolau, escreveram, queixosamente, Irineu e Hipólito nos séculos II e III d. C. O nome Nicolau deriva da língua grega e pode ser interpretado como: "ele conquista pessoas." Isto indica aspecto do caráter deste homem, como sendo alguém com forte poder de oratória e persuasão. Na antiguidade, os nomes denotavam traços da personalidade das pessoas.
Os registros extra-bíblicos indicam que Nicolau foi um religioso que aderiu à Igreja, porém, vivia de estratégias para dominação e controle clerical da Igreja. Sugere-se que o mesmo estava mais interessado em criar e influenciar uma organização a que disseminar o Evangelho. De igual modo, muitas nicolaítas se têm levantado nas religiões modernas. Valorizam mais a denominação ou o templo a que o Senhor da Igreja.
Bem, pelo texto de Apocalipse se percebe que estas pessoas infiltradas na Igreja visavam corromper o evangelho, e, consequentemente, a Igreja; objetivavam perverter o culto, eram pedra de tropeço. Tais práticas tomou corpo de seita gnóstica por meio da técnica da infiltração. Divulgavam ideias e ensinos de falsos mestres e falsos profeltas. Isto é evidenciado no versículo 14 - "... doutrina de Balaão." Tal doutrina consistia em minar as bases da verdadeira fé, sobrepondo novas bases e acrescentando lenta e gradativamente mudanças que alteravam a simplicidade do Evangelho de Cristo. Foi o que o profeta Balaão ensinou a Balaque para corromper os filhos de Israel. 
Desta forma, os nicolaítas já existiam desde a Igreja Primitiva e continuam existindo até os dias de hoje. Talvez, até predominem hoje na maioria das igrejas nominais. Nicolaíta é um termo que provém de NICO (vencedor ou conquistador) e LAITANES ou LAOS (laico ou governo do povo). Logo, esta categoria de religioso se caracteriza por estar dentro das igrejas, porém, pouco ou nada sabem sobre nascer do alto conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." A tradução portuguesa do primeiro versículo é "nascer de novo", mas no grego koiné é "nascer do alto." Nascer da água significa ouvir a Palavra de Cristo e ser despertado por ela à fé verdadeira. Nascer do Espírito é receber o selo do Espírito Santo como garantia da vida de Cristo. Desta maneira, quem não nascer do alto, não vê e não entra no Reino de Deus. Tudo o que passa disto é mera religião humana, nicolaísmo e gnosticismo.
Tomando-se os significados e os comportamentos, percebe-se que há muitos nicolaítas às soltas pervertendo o Evangelho de Cristo dentro da Igreja. Igreja, neste sentido, não são templos de quatro paredes com pompas e circunstâncias, mas a reunião dos verdadeiros adoradores que adoram em Espírito e em Verdade. A Igreja de Cristo é a soma dos que foram tocados para crer na sua inclusão na morte com Cristo e, consequentemente, na ressurreição juntamente com Ele.
Solus Christus.

domingo, setembro 26

RESITI AO DIABO E ELE FUGIRÁ DE VÓS

 

Tg. 4: 1 a 10 - "Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus. Ou pensais que em vão diz a escritura: o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme? Todavia, dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos; dá, porém, graça aos humildes. Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos para Deus, e ele se chegará para vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de espírito vacilante, purificai os corações. Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza. Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará."
No capítulo quatro, verso seis do livro do profeta Oséias diz: "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." Sabe-se por outros estudos que, conhecimento em termos escriturísticos, não é uma alusão ao conhecimento intelectual. Trata-se, entretanto, do conhecimento da natureza de Deus. Percebe-se com meridiana clareza, na sociedade contemporânea, um grande avanço no conhecimento intelectual e científico, porém, uma enorme regressão moral e espiritual. Tal situação leva à destruição qualquer pessoa por mais ou menos douto que seja.
O apóstolo Tiago inicia o texto indagando qual a origem das guerras e desentendimentos entre o povo. Por se tratar de uma pergunta retórica, ele mesmo dá as respostas: proveem dos prazeres, das cobiças, as quais levam aos homecídios e as invejas levam aos conflitos verbais ou físicos. 
O apóstolo também demonstra que os contenciosos não alcançam o que desejam, porque querem obter pelo mérito e justiça própria esmagando o direito dos outros. O texto mostra que se deve obter o que deseja pedindo àquele que tudo pode. Indica que, mesmo quando pedem, pedem apenas para autosatisfação e para ostentação. Estes usos dos bens possuídos exterioriza o quanto algumas pessoas necessitam o ter para se distuinguir daqueles que não têm. Isto provém do vazio da alma não regenerada, a qual tenta preenchê-lo com coisas. 
O texto prossegue demonstrando que tais atitudes são conforme a natureza dos infiéis, porque não vivem na dependência da graça do Altíssimo, mas sim com base naquilo que têm ou podem obter. Quando invertem a ordem das coisas acabam por declarar o amor ao mundo, ou seja, colocar suas esperanças e alegrias naquilo que se pode obter do mundo. Entretanto, em I Jo. 5:19 diz: "Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno." ora, assim sendo, quando se ama o mundo, isto é, deposita-se toda a esperança e a confiança naquilo que é obtido do mundo sem ser purificado por Deus, anda-se na conformidade do amor ao mundo que, aliás, está sob o controle provisório do Diabo. Logo, quem assim vive, não poderá nunca resistir ao Diabo. A resistência não é o resultado de algum esforço ou despenho dos eleitos, mas é proveniente da vida de Cristo que neles habita.
O texto ensina que é necessário ser fiel para estar em sintonia com a natureza santa de Deus. Os que são d'Ele recebem qualquer coisa com graça e gratidão, porque suas naturezas estão inclinadas para Ele. Por que o Espírito Santo que foi enviado aos nascidos do alto, ama com zelo e tem ciúmes dos filhos de Deus. Estes ciúmes são responsáveis pela disciplina de Deus sobre seus filhos conforme Hb. 12:6 - "... pois o Senhor corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por filho." O homem impõe disciplina por vingança, Deus por amor.
Desta forma, a úncia maneira de resistir ao Diabo é recebendo o espírito de adoção, pelo qual se pode clamar, Abba, que, traduzido é papai, paizinho, conforme Rm. 8:15 - "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!" A alegria e a esperança colocada na obtenção de coisas procedentes do mundo indica a qual espírito o homem está subordinado: de escravidão ou de adoção. Nenhum homem é filho natural de Deus. Apenas Cristo é o Filho Unigênito, e, depois da sua morte e ressurreição passou a ser também Primogênito dentre os mortos. Os demais homens eleitos e regenerados são filhos por adoção conforme Jo. 1:12 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus."
Portanto, a resistência ao Diabo não se faz com bravatas em nome de Jesus, com rituais exorcizantes, com orações escandalosas e gritarias, e, muito menos, com fidelidade à uma religião. Tal resistência não é do homem, mas do Espírito de Cristo que nele habita. Em I Jo. 5:18 mostra quem é o que não permite ao Diabo tocar nos nascidos de novo: "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca."
Na experiência do novo nascimento, sua nova natureza purificada se torna intocável, conforme I Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Estar em Cristo é ter recebido a graça para crer que você foi incluído em sua morte e também em sua ressurreição. O ser uma nova criatura é ter sido gerado de novo, tendo a sua velha natureza e morta para Deus, incluída na morte com Cristo e recebendo a vida eterna, na ressurreição juntamente com Ele. Todo este processo se apropria pela fé. Não há qualquer envolvimento de esforço e desempenho com base no mérito e na justiça própria. O padrão de justiça do homem não pode substituir o padrão da Justiça de Deus em Cristo.
A sua nova natureza o levará a se humilhar e reconhecer quem realmente você é. Fará você ver  e entrar no Reino de Deus por antecipação conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus."
Sola Scriptura.
Sola Gratia.
Sola Fide.
Solus Christus.
Soli Deo Gloria.

quinta-feira, maio 20

EM QUAL ADÃO VOCÊ ESTÁ?

 

I Co. 15:22 - "Pois como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados."
Adão é o nome do ancestral comum da humanidade. A palavra hebraica para o nome do "cabeça federal de raça" é [אדם], que, transliterado é 'Adam'. Este substantivo próprio é proveniente da locução substantiva [אדמה] 'Adamah', a qual, significa 'terra cor de sangue." Contextualizando, o nome próprio Adão pode ser entendido como 'barro ou terra vermelha'. Isto indica que o primeiro homem foi feito do pó da terra e que tinha a tez corada ou avermelhada. Os nomes na antiguidade oriental, especialmente entre os semitas, possuíam significados intrínsecos às características externas do nomeado.
A expressão "cabeça federal de raça" não consta, ipsis literis, do texto bíblico, tanto quanto as palavras "trindade", "onisciência" ou "encarnado". Todavia, são implícitas no contexto de alguns textos. Adão foi estabelecido no Éden como o representante de todos os homens, visto que, todos eles estavam nele. Disto depreende que, Adão, não apenas, era o representante de si próprio, como também de toda a humanidade. Não era apenas um espécime biológico, mas também um ser moralmente responsável por trazer à existência toda a raça humana. Responsivo é alguém que é capaz de responder a uma ordem moral. Portanto, Adão trazia em si a responsividade perante Deus e perante a futura humanidade. O que acontecesse com ele, aconteceria a todos os homens por transmissão hereditária.
Adão e Cristo foram os dois únicos 'cabeças federais de raça'. Ambos representavam, legalmente, diante de Deus muitas outras pessoas. Adão representante inicial, responde por todos os homens dele vindos à luz da vida almática. Cristo, o último Adão, representante de todos aqueles a quem Deus lho confiou conforme Jo. 6:29 - "E a vontade do que me enviou é esta: que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia." Vê-se que é 'nenhum de todos aqueles...' e não todos os homens. Também a expressão: "que eu o ressuscite..." indica que é uma questão pessoal e não universal como pretendem os religiosos sem revelação.
Desta forma, no Éden, Adão era o representante legal de toda a sua posteridade; quando ele pecou, todos, que nele estavam, foram considerados pecadores; quando ele morreu espiritualmente, todos morreram nele. O apóstolo Paulo doutrina isto claramente em Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Neste sentido, é importante que se entenda o seguinte: o homem é pecador por natureza e não apenas porque comete pecados. Os atos pecaminosos são a consequência da prevalência da natureza pecaminosa herdada de Adão.
A economia divina presciente já havia providenciado a solução para a aniquilação do pecado no homem conforme II Tm. 1: 9 e 10 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho..." Vê-se que a provisão de Deus ocorreu "antes dos tempos eternos" e não após a queda no Éden. Também, a redenção é pelo evangelho e não por obras. Isto porque a fé vem pelo ouvir e o ouvir da palavra de Cristo.
Cristo é o último Adão, significando que ele encarnaria na raça adâmica para resgatá-la de si mesma. Também que ele morreria para matar a raça adâmica nos eleitos e regenerados. Este é o segredo guardado em oculto nos séculos conforme Ef. 3: 8 e 9 - "...as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus..."
Como o último Adão, Cristo se constituiu o último cabeça federal de raça daqueles que foram preordenados antes da fundação do mundo para serem conformados à semelhança d'Ele mesmo conforme Ef. 1:4 a 6 = "...como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado." O texto diz: "nos elegeu nele", significando que fomos escolhidos na pessoa de Cristo. Portanto, a inclusão do pecador eleito na morte e na ressurreição com Cristo é o segredo de Deus guardado em oculto por bilhões de anos.
O primeiro Adão era homem, mas o último Adão se fez homem, ainda que pré-existente como Deus. Cristo não tinha pecado, porque a natureza pecaminosa se transmite pelo DNA mitocondrial do homem. Como Jesus, o Cristo não foi gerado por meio da fecundação natural, logo, não trouxe a natureza pecaminosa. 
I Co. 15: 45 a 49 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, traremos também a imagem do celestial."
Em Adão o homem se torna apenas alma vivente, visto que o espírito está separado ou morto para Deus, por causa da natureza pecaminosa. Em Cristo, o homem é vivificado, isto é, tem o seu espírito reconciliado com Deus. Tal vivificação não é o resultado do desempenho por obras de justiça própria, mas por meio dos méritos de Jesus, o Cristo que nos apresenta diante de Deus irrepreensíveis, ainda que tenhamos cometido qualquer ato pecaminoso.
O primeiro Adão é animal, ou seja, movido apenas pela alma. É feito do pó da terra, portanto, terreno em todos os sentidos. Assim, todos os descendentes do primeiro Adão são exatamente como ele: decaídos e totalmente depravados. O segundo Adão transporta os pecadores eleitos e regenerados absolutamente semelhante a ele: justificados e irrepreensíveis diante de Deus. 
Em qual Adão você está? No primeiro ou no último?
Solus Christus.
Soli Deo Gloria.
Sola Scriptura.

terça-feira, abril 6

A ORAÇÃO BÍBLICA x A ORAÇÃO MÍSTICA III

 
Mt. 7: 7 a 12 - "Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
Há bases bíblicas para afirmar que existem uns dez tipos ou formas de orações. Serão apenas mencionadas ou listadas aqui sem entrar em pormenores:
  • Clamor
  • Súplica
  • Adoração
  • Ininterrupta
  • Ação de Graças
  • Dedicação
  • Cura
  • Libertação
  • Intercessão
  • Confissão
Partindo-se do fato que orar é falar, dizer ou conversar com alguém, em todos estes tipos supramencionados, o orador está se dirigindo a Deus. É como quando você expõe um fato, uma queixa, um pedido, uma confissão ou uma gratidão a uma pessoa específica. Não é necessário o orador assumir uma postura caricata. Não é pela gesticulação, expressão do rosto, elevação do tom da voz, pelas lágrimas ou outra coisa qualquer, que Deus se inclinará para ouvi-lo. Ainda que nenhuma destas atitudes ou todas elas ocorram no momento de oração, Deus estará, invariavelmente, ouvindo-o. Entretanto, quanto à resposta d'Ele, será sempre uma decisão com base apenas em sua exclusiva e soberana vontade. É ele quem tem a visão do todo, e, portanto, sabe o que convém a cada um. A visão do homem é parcial e circunstanciada pela necessidade condicionada pela emoção. Caso Deus atendesse todas as orações, tal como encaminhadas, talvez não houvesse mais homens vivos no mundo.
I Tm. 2:1 - "Exorto, pois, antes de tudo que se façam súplicas, orações, intercessões, e ações de graças por todos os homens, pelos reis, e por todos os que exercem autoridade, para que tenhamos uma vida tranquila e sossegada, em toda a piedade e honestidade." Eis aí uma menção, quanto a alguns modos e razões para se dirigir a Deus. Observa-se que, o apóstolo Paulo, comunicando-se ao seu discípulo Timóteo, exorta-o a levar os crentes a suplicar, orar, interceder e render graças por todos os homens, pelas autoridades político-administrativas. O objetivo é para que Deus os controle, e, como consequência os crentes obtenham vida tranquila e sossegada. Ressaltando-se, a estes, que sejam piedosos e honestos. Raramente algum religioso ora destas maneiras e para tais finalidades. No geral, a maioria dos que oram, o fazem para seu próprio benefício e para satisfação dos seus próprios egos. 
Tg. 4: 3 e 4 - "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus." O texto acima mostra, claramente, o porquê de os homens não receberem o que pedem. Pedir mal, neste caso, é pedir apenas para benefício próprio. Pedem para angariar benefícios materiais e obter ganhos de bens deste mundo e não do mundo vindouro que é eterno. Os nascidos de Deus, raramente, pedem algo a ele. Por suas naturezas conduzidas pelo Espírito Santo, mais agradecem do que pedem.
Hb. 4:16 - "Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno." Esta é a real finalidade das orações dos eleitos e regenerados: ganhar misericórdia e achar a graça. O momento da resposta de Deus é de acordo com a oportunidade proporcionada por Ele e não ao bel prazer do suplicante. Os nascidos do alto, possuem um modo específico de se achegar diante do trono de Deus: confiadamente. A confiança é a expressão concreta da fé. Quem não ganhou a fé nos termos de Hb. 11:1 chega abusivamente, dando ordens e exigindo de Deus aquilo a que não têm direito. Ninguém é ouvido por Deus, porque merece, mas sempre é pela graça e a misericórdia d'Ele. Segundo Philip Yancey, graça é "Deus fazendo tudo por quem nada merece" e misericórdia é "Deus não dando ao pecador aquilo que, de fato, ele merece."
O religioso jamais poderá entender, porque não pode crer, que Deus não vê o homem pecador. Ele os vê apenas por meio de Cristo. Por esta razão é que Cristo veio ao mundo, a saber, para tornar os pecadores eleitos e regenerados aceitáveis perante Deus. Sem revestir-se da justiça de Cristo, nenhum homem verá a Deus conforme Hb. 12:15.
Cl. 3: 1 a 3 - "Se, pois, fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." Estas esplendentes realidades descritas acima tornam-se concretas quando o pecador crê na sua inclusão na morte de Cristo, e, consequentemente, na sua ressurreição, juntamente com ele. A consequência do novo nascimento é a busca pelas coisas que são de cima e não nos interesses puramente terrenos. A razão desta metanóia é o fato de terem morrido com Cristo e com ele ter ressuscitado. Por estas duas razões suas vidas estão ocultadas em Cristo, e, este, está assentado à direita de Deus. Onde ele está, também estão os seus justificados. 
Sola Gratia!

domingo, fevereiro 7

A ORAÇÃO BÍBLICA x A ORAÇÃO MÍSTICA II

 

Mt. 7: 7 a 12 - "Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem? Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
No tocante à oração, enquanto diálogo entre criatura e Criador, há, aparentemente, algumas contradições. Pois, enquanto em um texto diz que não se deve usar de vãs repetições, porque Deus conhece todas as necessidades antes de os homens pedi-las, outro texto diz que se deve insistir até que Deus responda. Todavia, as Escrituras não se contradizem. Tais contradições são devidas a falta de alcance espiritual da maioria dos homens, visto que não têm o espírito vivificado em Cristo. Quanto a ordem para pedir é dada aos que pedem conforme a vontade de Deus, enquanto a crítica aos que pedem repetitivamente se deve àqueles que não conseguem crer, e, portanto, repetem seus pedidos para tentar forçar uma resposta.
A maioria dos religiosos não crê que Deus os ouve, e, portanto, não obtêm as respostas que buscam. E, quando a resposta é o silêncio por longo tempo ou um não, tais pessoas revelam sua real natureza, ou seja, incredulidade. Como consequência disto debocham e põem em dúvidas a existência, o amor e a bondade de Deus. A incredulidade é parte integrante da natureza humana e se torna evidente ou revelada, quando seus desejos não são sancionados por Deus.
Quando alguém se apresenta perante o trono de Deus em oração, ele a recebe, invariavelmente, por meio da advocacia de Cristo, ou como filho por adoção por meio de Cristo. Portanto, seja alguém reconciliado ou irreconciliado, será representado ou apresentado por meio de Cristo. Deus é Espírito e só se comunica com aqueles que tiveram seus espíritos reconciliados, isto é, cuja natureza pecaminosa foi aniquilada na inclusão na morte e na ressurreição com Cristo conforme Cl. 1: 21 a 23 - "A vós também, que outrora éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis, se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro." É por esta razão que as Escrituras afirmam em Jo. 4:24 - "Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade." Desta forma é necessário que o espírito morto para Deus seja vivificado em Cristo cf. Ef. 2:1; e a verdade que liberta verdadeiramente em Cristo seja inserida nos eleitos e regenerados cf. Jo. 8:36.
Assim como existe uma Graça abrangente a qual Deus dispensa sobre qualquer criatura, igualmente há uma oração universal, a qual qualquer homem pode fazer em circunstâncias adversas da vida. Entretanto, a oração dos justificados, a qual possui uma aproximação real com o trono de Deus conforme Tg. 5:16 - "Confessai, portanto, os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes curados. A súplica de um justo pode muito na sua atuação." Este ato de confissão dos pecados, nada tem a ver com a prática do confessionário de uma determinada religião nominal. Esta confissão é o pedido de perdão quando os eleitos e regenerados estão em conflito ou em falta uns com os outros. É necessário, primeiramente, se reconciliarem entre si, pois, do contrário, suas orações não chegarão ao trono de Deus. Isto é ensinado em Mt.5:23 e 24 - "Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta."
O texto que abre esta instância autoriza de modo imperativo o eleito e regenerado a pedir, buscar e bater perante o trono de Deus. Porém, o maior problema do homem é imaginar que, por esta razão, poderá solicitar qualquer coisa, porque está prometido. A oração que Deus responde é aquela segundo a sua vontade e não segundo a vontade do homem conforme I Jo. 5:14 - "E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve." Imagine que, caso Deus respondesse sem qualquer critério espiritual, provavelmente já não haveria ninguém vivo na Terra. Nas guerras se vê muito o representante da mesma religião abençoando as armas dos dois lados em conflito. Neste caso, as guerras teriam de dar sempre empate, não?
Por fim, a razão maior pela qual as orações não são respondidas de acordo com o desejo do suplicante é que estas contêm desejos apenas pessoais e egoístas conforme Tg. 4: 1 a 3 - "Donde vêm as guerras e contendas entre vós? Porventura não vêm disto, dos vossos deleites, que nos vossos membros guerreiam? Cobiçais e nada tendes; logo matais. Invejais, e não podeis alcançar; logo combateis e fazeis guerras. Nada tendes, porque não pedis. Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites." Deus dispensa o seu favor para alimentar o homem decaído e contaminado pela natureza pecaminosa. Seria absolutamente contraditório com a sua santidade e justiça.
A primeira regra para que a oração seja respondida de acordo com a vontade de Deus está no versículo final do texto de abertura: "Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas."
Jesus, o Cristo é o advogado que representa os eleitos e regenerados em suas necessidades conforme Hb. 4:16 - "Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno." Vê-se que o socorro é no momento oportuno, não segundo a perspectiva de oportunidade do homem, mas da graça e da misericórdia de Deus. 
Sola Sciptura!

quarta-feira, fevereiro 3

A ORAÇÃO BÍBLICA x A ORAÇÃO MÍSTICA I

 

Mt. 6: 1 a 8 - "Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes."
O verbo orar provém do latim 'orare', significando sempre proferir ou dirigir um discurso a alguém. Este verbo possui conotação espiritual apenas quando observa-se a sua transitividade.
Orar, enquanto verbo intransitivo, implica em fazer oração, discursar em público e falar em tom oratório. Porém, como verbo transitivo indireto significa dirigir oração ou suplicar em oração. Quando o verbo orar for transitivo direto, implica em pedir, suplicar, rogar e fazer prece. Finalmente, como verbo transitivo direto e indireto traz também o significado de pedir, suplicar e rogar. Desta forma vê-se que orar é sempre uma ação de uma ou mais pessoas dirigida a uma ou diversas pessoas. Lembrando-se que Deus é um ser pessoal e não uma energia cósmica ou uma ideia metafísica.
A maioria dos religiosos faz orações seguindo modelos apreendidos da religião a que pertencem ou por imitação de terceiros. Percebem-se tais modelos quando, ao orar, fecha os olhos, entrelaçam-se os dedos das mãos, levantam as mãos ao alto ou as coloca abertas em forma de receptáculo diante de si. Muitas pessoas, ao orar, entram em verdadeiras catarses, imaginando que, pelo muito esforçar-se, convencerão a Deus. Porém, as Escrituras não estabelecem qualquer formato, modelo ou layout de oração em termos de postura física. Ao contrário, diz que deve ser feita em secreto, pois Deus que está em secreto a ouvirá conforme Mt. 6:6 - "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará." 
Jesus, quando orava erguia os olhos ao céu e falava com o Pai de forma muito simples, direta e confiante. Um desses registros está em Mt. 14:19 - "... tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou." No velho testamento acha-se um profeta orando de olhos abertos conforme Nm. 24:15 - "... fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos." Então, orar não é um exercício mental, meditativo ou psicológico originado da astúcia almática do homem. O texto bíblico afirma três coisas importantes: a) Deus não ouve a pecadores conforme Jo. 9:31 - "...sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve." b) quem intercede interpretando a oração é o Espírito Santo conforme Rm. 8:26 - "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis." E, c) Não sabemos orar conforme Lc. 11: 1 - "... Senhor, ensina-nos a orar..."
O texto que abre esta instância inicia-se dizendo que, aqueles que são eleitos e regenerados devem guardar-se de fazer boas obras diante dos homens para chamar-lhes atenção sobre si próprios. A oração é uma dessas boas obras! Em muitos casos o religioso se propõe a orar por alguém para demonstra alto nível de amizade ou consideração à outra pessoa. Em muitos casos julga que, se houver uma resposta positiva, ganhará pontos ou méritos aos olhos de outras pessoas ou perante o sistema religioso ao qual é servo. Isto poderá render-lhe fama, prestígio e privilégios. Sabe-se disto, pela forma e o conteúdo da oração do que assim procede. Não se trata de julgar aquele que ora, porém, o texto de abertura indica o caminho: "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens." Orar movido pelo Espírito de Deus é uma coisa, orar para satisfazer preceitos, ritos e crendices é outra coisa.
O mesmo texto de abertura encerra dizendo uma verdade que muitos não conseguem compreender: as vãs repetições! A maioria entende, por conta própria, que tal erro se aplica às outras religiões as quais fazem rezas ou mantras repetitivas. Entretanto, o sentido vai muito além disto, pois, quando alguém se dirige a Deus em oração, seja para si próprio, seja para outra pessoa, basta uma única vez. O contrário disso é falta de confiança. A confiança é o resultado da pessoa que recebeu graça para crer na Soberania, Onipotência, Onipresença e Onisciência de Deus. Enquanto esta confiança não se manifesta no coração é porque ainda não ganhou fé que possa ser imputada por justiça ao molde de Abraão.
Sola Scriptura!

sexta-feira, janeiro 29

PORQUANTO OS DIAS SÃO MAUS

 

Ef. 5: 1 a 16 - "Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto não sejais participantes com eles; pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade),  provando o que é agradável ao Senhor; e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as; porque as coisas feitas por eles em oculto, até o dizê-las é vergonhoso. Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam pela luz, pois tudo o que se manifesta é luz. Pelo que diz: Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará. Portanto, vede diligentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, usando bem cada oportunidade, porquanto os dias são maus."
Existe uma diferença lexicográfica entre mal e mau. O primeiro termo é um substantivo masculino que indica aquilo que é nocivo, prejudicial, maléfico ou que prejudica ou fere; o segundo termo é um adjetivo o qual qualifica aquilo que causa mal, prejuízo ou moléstia. É quase imperceptível a diferença entre mal e mau, salvo, pela função gramatical de cada um. Entretanto, mais relevante do que a semântica dos dois tropos é a sua significação espiritual. Isto porque determina consequências eternas. 
A sociedade, desde tempos imemoriais, reputa o bem a Deus e o mal ao Diabo. Esta ideia fixa foi inoculada pela igreja no afã de prender ou sujeitar as pessoas sob o seu controle e falsa proteção. Nem sempre o que reputa-se como o bem é o bem e o que reputa-se como o mal é o mal. É como aquele adágio popular que diz: "há males que veem para bem." Inversamente, pode-se dizer: "há bem que vem para mal." Ainda hoje há aqueles os quais afirmam, categoricamente que, se alguém se afasta de uma igreja institucional, perde a comunhão com Deus. Não discernem estes cegos espirituais que existe profunda diferença entre a Igreja fundada sobre a Rocha Eterna e as igrejas fundadas por homens torpes e gananciosos. As Escrituras afirmam que Deus não induz ninguém ao mal conforme Tg. 1: 13 - "Ninguém, sendo tentado, diga: sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta." Assim, a tentação não provém de Deus, mas do próprio homem. O apóstolo Tiago explica, no contexto, a fonte da tentação que produz o mal no homem conforme Tg. 1:14 - "Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência." Então, fica evidente que são os desejos do coração do homem que o induz e conduz ao mal. Este mal é o que determina aquilo que é mau. O mal foi inoculado no homem quando este escolheu livremente entre ouvir a palavra de Deus ou ouvir a palavra do Diabo conforme Gn. 2: 16 e 17 - "Ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: de toda árvore do jardim podes comer livremente; mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dessa não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás." Esta foi, portanto, a pregação de Deus. A prédica do Diabo afirma o seguinte, conforme Gn. 3: 4 e 5 - "Disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." A diferença, portanto, está entre "certamente morrerás" e "certamente não morrereis." A palavra de Deus é uma sentença terminativa, enquanto a fala do Diabo é uma afirmação negativa. O propósito de Satanás era anular a palavra de Deus por meio de uma ilusão de autodeterminação do homem. Tal falsa autonomia provocaria a ruptura da comunhão entre Criador e criatura.
O texto que abre esta instância inicia-se imperativamente, dizendo que o cristão deve ser imitador de Deus como filhos amados por ele. E a consequência disto é andar em amor, semelhantemente, Cristo andou. Entretanto, este ensino não é para todos os homens, porquanto, todos pecaram e demitidos estão da glória de Deus conforme Rm. 3:23 - "Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus." Pecar, neste texto, não é uma referência ao cometimento de atos falhos, erros e deslizes morais. É, antes, ser controlado por uma natureza desligada de Deus e influenciada pelo Diabo. Isto é demonstrado por Deus antes do dilúvio conforme Gn. 6:5 - "Viu o Senhor que era grande a maldade do homem na terra, e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era má continuamente." Veja, era toda a imaginação dos pensamento do coração e não apenas por algumas vezes ou momentaneamente. 
Desta forma, cometer atos pecaminosos é uma consequência da natureza pecaminosa. Portanto, o homem é pecador por natureza e não por atos primeiramente. Implica em que, o homem comete atos pecaminosos, porque possui uma natureza pecaminosa. É como a relação de causa e consequência. Enquanto esta fonte pecaminosa não é crucificada com Cristo e ressuscitada juntamente com ele, o homem não tem a sua situação espiritual alterada. O religioso sempre inverte tais ensinos bíblicos, porque não teve a sua mente renovada em Cristo conforme Rm. 12:2 - "E não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus." A não conformidade, isto é, tomar a fôrma deste mundo, não é um ato de livre escolha ou de justiça própria. É, antes, a ação da morte, na morte de Cristo conforme Gl. 2:20 - "Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." Estar crucificado com Cristo não é uma metáfora utilizada por Paulo, mas é um ato de fé concedido pela graça. Isto implica em que o nascido de Deus crê que foi crucificado com Cristo e que com ele ressuscitou. É um ato de fé e a fé não é virtude humana, mas um dom de Deus.
O texto de base afirma que, por todos os atos e atitudes de maldade é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Isto porque há duas filiações no mundo: ou você é feito filho de Deus, ou você é filho da desobediência que provém do Diabo. Não quer dizer que aqueles são gente boa e estes gente má. Ambos nasceram sob a mesma natureza. A diferença é a eleição da graça para nascer de novo conforme Rm. 11: 5 e 6 - "Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça. Mas se é pela graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça." Resumindo: a salvação é concessão de Deus e não mérito humano.
O texto de abertura termina dizendo que os dias são maus. Entretanto, as pessoas sempre julgam que tal maldade é sempre a dos outros. Não, não é. É de todos, porque todos são portadores da natureza pecaminosa onde reside o mal, e, consequentemente, o que é mau. O fato de alguém não praticar este ou aquele ato de maldade, não significa que não tenha natureza para tanto. O diferencial é quando esta natureza foi retirada na morte com Cristo e em sua consequente ressurreição. O nascido de Deus será tratado e aperfeiçoado em Cristo até o dia final. Nele, não há mais o império do mal, ainda que tenha capacidade para isto.
Por fim, Deus resolveu não mais ferir a Terra, por causa dos seus eleitos e regenerados conforme Gn. 8:11 - "Sentiu o Senhor o suave cheiro e disse em seu coração: não tornarei mais a amaldiçoar a Terra por causa do homem; porque a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice; nem tornarei mais a ferir todo vivente, como acabo de fazer." A mudança de mente de Deus foi em função de alguns voltarem a adorá-lo e esperar no redentor que é Cristo.
Sola Gratia!