sexta-feira, agosto 5

O SEU VELHO HOMEM FOI CRUCIFICADO?

 

Rm. 6: 11 a 16 - "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?"
A expressão velho homem é utilizada pelo apóstolo Paulo no capítulo 6 de Romanos, no verso 6 - "...sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." Não se trata da crucificação de um homem idoso, como fazem nas Filipinas, na semana chamada santa. Não é homem velho, mas velho homem. Isto indica que se trata da velha natureza adâmica contaminada pelo pecado original, a saber, a incredulidade. O significado do ensino deste versículo 6 é que, os eleitos foram incluídos na morte com Cristo. Esta verdade se apropria por fé, pois ninguém, dos tempos atuais, estava lá. Os que presenciaram a crucificação também não foram fisicamente crucificados, exceto, os dois malfeitores. Um deles creu, enquanto o outro desafiou e proferiu impropérios típicos da mente incrédula. A finalidade da pregação do evangelho é apenas esta: despertar os eleitos para crer que foram incluídos na morte com Cristo, bem como, na sua ressurreição. 
O verso 11 do texto de abertura reza que o eleito e regenerado deve crer, considerando que morreu com Cristo, e, que, n'Ele foi vivificado para Deus. A vivificação só se faz real, quando alguém foi morto. Atualmente, e por porfia, muitos passaram a falar sobre 'novo nascimento.' Todavia, como se pode pregar sobre nascer de novo, se não podem pregar sobre a inclusão na morte com Cristo? Tolo é o religioso que possui a crendice que Jesus foi crucificado apenas para substituí-lo na cruz. Ora, ele não tinha natureza pecaminosa, e, portanto, a sua morte sem pecado, não aniquilaria o pecado inexistente. Ele morreu, incluindo todos os eleitos e predestinados para matar as suas natureza mortas para Deus conforme Jo. 12: 32 e 33. Com este ato de Justiça perfeita, aniquilou o pecado de muitos conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." 
Quando o texto que abre esta instância afirma: "não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade." Não é uma sugestão ou imposição legal para que os eleitos se esforcem para não cometer erros ou atos pecaminosos. O texto trata de uma questão de natureza. Ou seja, os que morreram com Cristo e com Ele ressuscitaram, não possuem mais a natureza para servir continuamente aos desejos carnais. Eles não têm mais natureza para se sentir felizes na natureza pecaminosa. É como a diferença entre a largarta e a borboleta. Quando era apenas a lagarta possuía natureza devoradora, e, dependendo da espécie, liberava ácido altamente venenoso. Porém, quando metamorfoseou-se em borboleta, tal inclinação desapareceu. Agora se alimenta apenas do nectar das flores e se transformou em uma criatura leve, suave e dócil.
Portanto, o texto não está autorizando legalismos, méritos, ou lei do esforço e da justiça própria para alcançar a redenção. Ensina, outrossim, que o pecador eleito, agora regenerado, está disponibilizado para que suas potencialidades, habilitades e competências sejam usadas pelo Espírito de Cristo. Não estão mais a serviço da carne e de interesses mundanos e fúteis. Aqueles que, não podem crer e vivem oferecendo seus membros à natureza pecaminosa, sentem-se felizes com isso, óbvio, não são nascidos de novo. Devem, sim, aproveitar e se deleitar no que os faz felizes, pois sua alegria será apenas esta e apenas neste mundo. Não terão partipação no mundo vindouro.
Afinal, a serviço de quem estão os seus membros e os seus desejos? Pois, àquele a quem servirem, do mesmo serão servos ou escravos.
Sola Gratia!

quinta-feira, agosto 4

E, RELIGIÃO, O QUE É? III

 

Tg. 1: 26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Já se sabe que religião é um artifício humano por meio do qual tenta-se aproximação com o sobrenatural. Por sobrenatural entende-se qualquer suposta divindade ou ente do domínio invisível. Não, necessariamente, tal aproximação é com o Deus Soberano, Único, Onisciente e Onipotente. Justamente, porque, tal aproximação com este Deus, só é possível após o novo nascimento por meio de Jesus, o Cristo conforme Cl. 1:22 - "... agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis ..." É nestas condições que o homem pecador, porém, gerado de novo em Cristo, pode ser apresentado diante de Deus. Estes qualificativos espirituais não são próprias do pecador regenerado, mas, de Cristo que o reveste da sua própria santidade. Portanto, quando Deus olha para os eleitos e regenerados, Ele não os vê, mas vê a justiça de Cristo que os reveste. Eles não são justos em si e por si mesmos, mas são justificados em Cristo. Este é o mistério que a maioria das pessoas não conhece.
Religião é uma palavra que pouco aparece nas Escrituras, especialmente, no Novo Testamento. A palavra grega do texto neotestamentário para religião é [θρησκεία] que, transliterada é [threskeia]. Este vocábulo, pouco ou nada tem a ver com religião no sentido atual. No texto de Tiago 1, versos 26 e 27, este vocábulo significa, realmente, adoração, culto, temor e tremor. É proveniente de um substantivo feminino, o qual significa em grego koinê, 'adoração, aquilo que consiste de cerimônias, disciplina religiosa em si'. Portanto, o que o apóstolo estava tratando, em sua epístola, era de aspectos espirituais de adoração e culto a Deus. Não se tratando, portanto, de religião institucional ou de denominação religiosa. A questão se circunscreve na esfera da pobreza das traduções para a lingua portuguesa e não de respaldo bíblico à religião.
Em At. 25:19 - "... tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo." A palavra do texto grego koinê que foi traduzida como religião neste versículo é [δεισιδαιμονίας] que, transliterada, é [deisidaimonias]. Tal vocábulo significa, de fato, superstição e não religião.  Logo, a palavra possui sentido místico e de crendice. Já em At. 26:5 - "... pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu." É utilizada a mesma palavra grega koinê de Tg. 1: 26 e 27. A qual também foi traduzida como religião. Todavia, traz significação de culto e adoração no judaísmo.
Por uma questão de honestidade, nem mesmo a palavra Cristianismo deveria ser entendida como a designação de uma religião. O termo cristão só foi utilizado pela primeira vez em Antioquia, na passagem do século I para o séuclo II da Era Comum, conforme At. 11:26 - "... e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos." E, ainda assim, o setido da palavra cristão, neste texto, é o de que os discípulos agiam e ensinavam semelhante a Cristo. Não se tratando, portanto, de um aspecto religioso institucional.
Desta forma, nem Deus, nem Jesus, o Cristo, fundou qualquer religião. Os discípulos, chamaram a doutrina de Cristo de "O Caminho." Isto está registrado em At. 19 e At. 24. Logo, o verdadeiro evangelho, nada tem a ver com religião humana. Outrossim, tem a ver com o ensino procedente de Deus e revelado aos Cristo. Este, por seu turno, o ensinou aos discípulos, os quais vieram a se tornar apóstolos após as suas conversões.
Soli Deo Gloria!

sexta-feira, julho 29

E, RELIGIÃO, O QUE É? II

 

Tg. 1:26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Muitas religiões ou sistemas de crenças dão mais valor ao 'modus vivendi' do que à 'veritas evangelica'. Estão presos pelos laços de como se deve vestir, o que se deve comer, o que se pode e o que não se pode fazer e dizer. Criam novas ordenanças, além das duas deixadas por Cristo: a eucaristia e o batismo. Os membros destes sistemas de crenças são privilegiados, respeitados e consultados, proporcionalmente, ao cumprimento dos dogmas, preceitos, ritos e regras morais. Quando algum deles falha, é preterido, julgado, maltratado e, por vezes, defenestrado do tal sistema.
A diferença entre religião e seita consiste apenas no fato de que, na primeira, presume-se seguir uma divindade e, na segunda, um homem, líder, guru ou guia. Entretanto, ambas são reduzidas a um esforço humano para tentar conquistar o sagrado e o sobrenatural. Tal esforço resulta da natureza decaída que, ingloriamente, tenta religar-se a um 'deus' ou a uma força sobrenatural.
Os religiosos esperam que, como consequência de posições e cumprimento de um programa baseado no mérito e na justiça própria, alcançarão a reputação de pessoas réprobas e superiores. Ora, Jó foi apontado pelo próprio Deus como sendo um servo reto, íntegro, temente e que se desviava do mal. Todavia, foi moído pelo Diabo com a anuência de Deus. Perdeu tudo o que possuía, e, por fim, revelou sua real natureza pecaminosa imanente. Alguns falam na famigerada "paciência de Jó", mas, nunca leram o texto sobre sua vida, sofrimento e conversão. Jó não foi paciente! Jó parecia uma pessoa paciente, enquanto as circunstâncias lhes eram favoráveis materialmente. Quando foi colocado em cheque revelou o que havia no mais escuro da sua alma contaminada pelo pecado. Jó 34: 5 e 6 - "Pois Jó disse: sou justo, e Deus tirou-me o direito. Apesar do meu direito, sou considerado mentiroso; a minha ferida é incurável, embora eu esteja sem transgressão." A partir do capítulo 38, observa-se Jó em silêncio diante de Deus, ouvindo as perguntas do Criador e não podendo respondê-las. Nos capítulos finais encontramos Jó confessando sua própria situação conforme Jó 42:5 e 6 - "Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos. Pelo que me abomino, e me arrependo no pó e na cinza."
O apóstolo Tiago demonstra sua posição sobre a religião, como exposto no texto que abre este estudo. Reduz a religião a uma mera prática social de caridade como sendo a expressão de pureza e imaculada religião aos olhos de Deus. O texto define o que, de fato, é ser religioso. Nada tem nele que indica esforço, mérito e justiça própria como meios de convencer Deus a salvar alguém. Estas realidades são da dimensão horizontal, enquanto as verdades reveladas no evangelho da cruz, são da dimensão vertical. É Cristo quem aceita o pecador, e não o contrário, como se vê nos apelos religiosos. É Deus quem conduz o pecador até Cristo, para nele, incluí-lo em sua morte conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."
É Cristo quem atrai o pecador a si, na cruz, para matar a sua natureza pecaminosa e trazê-lo à vida eterna na ressurreição conforme Jo. 12:32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." A partir destas verdades, o novo nascido, pode afirmar o que consta de Gl. 2: 19 e 20 - "Pois eu pela lei morri para a lei, a fim de viver para Deus. Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim." A lei afirma que a alma que pecar, esta morrerá de acordo com Ez. 18:4 - "Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá." Como todas almas são, por natureza e atos, pecaminosas, logo todos estão mortos para Deus. Entretanto, por meio de Cristo, aprouve a Ele redimir alguns, justificando-os na morte do seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos. Isto é verdade evangélica e não religião humana!
Solus Christus!

quinta-feira, julho 28

E, RELIGIÃO, O QUE É? I

Tg. 1:26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Etimologicamente, religião provém dos seguintes verbos em latim: 'religare', 'religatio' e 'relicare'. Todos trazem, na essência, a ideia de religação. Em síntese, o latim tomou os substantivos derivados 'religìo' e 'religiónis' com significação de 'culto religioso, práticas religiosas'. Portanto, trata-se apenas de esforço humano em busca de se religar a Deus. Todavia, isto se dá no sentido oposto à ordem espiritual da redenção, isto é, de baixo para cima. No campo espiritual, a ação é sempre de cima para baixo, ou seja, de Deus para o homem. Tal busca expressa a necessidade humana, como consequência do desligamento espiritual entre a criatura e o Criador após a queda. A queda foi a consequência da incredulidade no que Deus afirmara. Imaginando encontrar autonomia, os ancestrais humanos acharam a natureza pecaminosa. Tornaram-se escravos, e, quem é escravo do pecado, não é livre conforme Jo. 8:34 - "Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." O pecado a que alude o texto, não é uma referência aos atos morais falhos, mas à incredulidade de acordo com Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não crêem em mim." No texto grego neotestamentário, a mesma palavra "hamartiós" é utilizada para estes dois últimos textos com significado do pecado como incredulidade. Isto indica que o pecado separou o homem de Deus e o fez morrer espiritualmente, isto é, morrer para Deus. É este desligamento que o homem tenta reestabelecer por meio do esforço religioso.
Conceitualmente, pode-se dizer que religião é: "crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência." Pelo próprio teor do conceito se vê que não é uma ação que parte de Deus em direção ao homem. Portanto, confirma-se o fato que religião é uma mera tentativa humana de alcançar Deus espiritualmente. Ainda, conceitualmente, qualquer tipo de crendice pode ser definida como religião. Deus nada tem a ver com religiões. Elas são absolutamente humanas. Deus não oferece religião, mas, unicamente o seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos.
Nas Escrituras a palavra religião é citada apenas 2 vezes, sendo que, dependendo da versão da Bíblia, pode ainda aparecer uma vez mais. Jesus, o Cristo nunca fez menção à palavra religião. O primeiro texto a se referir à religião é o de Tiago 1: 26 constante da abertura deste estudo; o segundo encontra-se em em At. 25:19 - "...tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo." Ve-se, no entanto, que é uma terceira pessoa quem menciona a palavra religião como sendo relacionada ao apóstolo Paulo. Porém, no texto original o que, eventualmente, é traduzido como religião, é de fato, superstição. A palavra no grego original é "deisidaimonia", a qual é um substantivo feminino. Trata-se de uma citação pejorativa a que judeus e romanos concebiam sobre a fé cristã. Não portava qualquer peso como uma prática aceita. E, ainda se refere a Jesus, o Cristo ressurrecto como defunto. Ou seja, não criam que Jesus era Deus, e, muito menos que houvera ressuscitado e ascendido aos céus.
At. 26:5 - "...pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu." Neste texto, o próprio apóstolo Paulo faz referência ao judaísmo farisaico como uma seita da sua religião. 
Por fim, o texto que abre este estudo deixa clara a posição cristã do primeiro século sobre religião. Reduz a prática religiosa ao mero exercício de caridade e de recato moral. Não estabelece qualquer relação espiritual capaz de justificar o homem decaído e portador da natureza pecaminosa. Por outras letras, não possui poder redentivo ou salvífico.
Sola Fide!

quarta-feira, julho 27

O EVANGELHO PURO III

Lc. 16:16 - "A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele."

O evangelho puro é o evangelho do reino. Por tal propositura é indicada, não apenas, a origem, mas também que o evangelho não é exclusividade de religiões ou dos sistemas de crenças humanos. O famigerado evangelho que se propala nestes meios é o evangelho do homem, pelo homem e para o homem. Nestes processos, a mera citação dos textos escriturísticos serve apenas para dar falsa legitimidade àqueles que presumem pregar o evangelho. Utilizam-se das Escrituras para justificar suas posições humanas. Entretanto, o evangelho puro não é uma questão de posicionamento, mas de relacionamento com o Reino de Deus. O homem decaído e sem a graça, não pode se posicionar, e, muito menos, se relacionar com o reino de Deus. Isto porque, não se pode apoderar dele à força. Muitos tentam, ingloriamente, esta façanha.

Foi dito por Cristo que, o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido em um campo, que alguém achou e o escondeu. E, pela alegria de tê-lo encontrado, vende tudo o que possui e compra aquele campo. Ver e entrar no reino de Deus é apenas para os que nascerem do alto conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Nascer de novo é, no texto grego neotestamentário, nascer do alto. Isto indica que é uma ação inteiramente monérgica, ou seja, que inicia e termina em Deus. O ensino destes versetos é que sem nascer do alto, ninguém poderá ver ou entrar no reino de Deus. Nascer da água e do Espírito é o processo de ouvir a mensagem da cruz e receber a Graça para crer por meio da revelação do Espírito conforme Jo. 16:9.

Jesus, o Cristo, invariavelmente, se referiu ao evangelho puro como sendo 'evangelho do reino ou evangelho dos céus'. Isto é muito significativo, porque, o evangelho é revelação sobrenatural e não artifício elaborado pelo homem. Ele é o poder de Deus conforme I Co. 1:18 - "Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus." Este evangelho chula que acrescenta sempre algo que o homem deve fazer para ver e entrar no reino de Deus, é, no mínimo, cínico. Visto que as Escrituras não corroboram com qualquer participação do homem em termos de méritos e de justiça própria.

O texto que abre esta instância afirma, peremptoriamente, que a lei e os profetas duraram até a manifestação de João, o Batista. A partir deste ponto é anunciado o evangelho do reino de Deus. Entretanto, a maioria dos sistemas de crenças dos dias atuais prega prosperidade, curas, libertações e revelações proféticas que só existem no ideário destes paroleiros. Também há aqueles que misturam lei e graça, tentando, ingloriamente, atribuir ao homem decaído e pecaminoso algum mérito ou justiça própria. A lei foi, tão somente, o aio, isto é, o professor para ensinar ao homem que não é possível cumpri-la por conta própria, todo o tempo. O novo testamento afirma que a lei não salva. Jesus veio mostrar que é pela graça mediante a fé que se recebe a redenção. Se é pela graça, logo, o homem nada pode oferecer pela sua justificação.

Jesus, o Cristo veio para realizar aquilo que a lei não pode fazer conforme Hb. 10: 9 e 10 - "...agora disse: eis-me aqui para fazer a tua vontade. Ele tira o primeiro, para estabelecer o segundo. É nessa vontade dele que temos sido santificados pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para sempre."

O evangelho predominante nestes tempos é o que dilui a verdade misturando-a à lei e aos esforços humanos. Neste sentido, estão os religiosos agindo como agiram os da Igreja da Galácia conforme Gl. 3:1 a 3 - "Ó insensatos gálatas! quem vos fascinou a vós, ante cujos olhos foi representado Jesus Cristo como crucificado? Só isto quero saber de vós: foi por obras da lei que recebestes o Espírito, ou pelo ouvir com fé? Sois vós tão insensatos? tendo começado pelo Espírito, é pela carne que agora acabareis?"

Sola Gratia!

sábado, julho 23

O EVANGELHO PURO II

 

I Co. 1: 17 a 19 - "Porque Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo. Porque a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. porque está escrito: destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria e o entendimento dos entendidos."
Semântica é, em um sistema linguístico, o elemento que busca o sentido das palavras e a interpretação das sentenças e dos enunciados. Neste sentido, evangelho é, como já dito em outra instância, a boa nova ou o novo anúncio. Portanto, é algo absolutamente novo no inteiro teor semântico e na eficácia desta palavra. 
O evangelho puro, é, essencialmente, o anúncio de Jesus, o Cristo como Deus e não apenas como um homem histórico. Também, que este veio para redimir os eleitos antes dos tempos eternos conforme II Tm. 1:9. Este mistério esteve oculto no tempo e na eternidade até que aprouve a Deus revelá-lo conforme Ef. 3:8 a 10 - "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes..." A novidade anunciada pelo evangelho puro é que o homem não pode ser o promotor da sua própria salvação; também que a ação é monérgica, isto é, exclusivamente iniciada e terminada em Deus; e, ainda, que nenhum homem merece a salvação, pois esta é pela graça mediante a fé. Desta forma, os sistemas de crenças atuais não anunciam este evangelho puro e simples. Nisto consiste a essência da boa nova: que é Deus o autor e consumador da redenção e não o homem e seus artifícios religiosos.
O evangelho puro é dado por anúncio por parte daqueles a quem é dado o privilégio de anunciá-lo. Mas, também, por revelação na Palavra de Deus por ação exclusiva do Espírito Santo conforme Jo. 16: 8 a 11 "E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado." Convencer do pecado é, exatamente, mostrar ao eleito que ele é pecador por natureza e por atos. A justiça é a que Jesus, o Cristo executou na cruz aniquilando o pecado de acordo com Hb. 9:26. E o juízo é o fato que, nem a morte, nem o inferno puderam reter Jesus, o Cristo. Ele venceu a morte, o inferno e o pecado de uma vez para sempre. Este decreto ele recebeu de Deus, o Pai segundo Jo. 10: 17 e 18.
O texto de abertura deste estudo mostra a posição do apóstolo Paulo no tocante ao evangelho puro. Ele não estava preocupado com rituais e preceitos da religião. Outrossim, entendeu que o seu ministério era anunciar o evangelho, não por meio de exercício intelectual, mas pelo poder da palavra da cruz. Deixou evidente que o evangelho da cruz é, de fato, sem sentido para os que não poderão crê-lo, mas para os eleitos e regenerados, é o poder de Deus. As pessoas apenas leem estes textos sem considerar a profundidade de tais palavras que são vida e luz.
Os sistemas religiosos insistem em investir em sabedoria humana, artifícios copiados dos projetos humanos para tornar o evangelho massificado. Todavia, o projeto de Deus sobre o evangelho anda em arrepio a todas estas espertizes. 
Sola Fide!

quarta-feira, julho 20

O EVANGELHO PURO I

 

II Co. 11:4 - "Porque, se alguém vem e vos prega outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, de boa mente o suportais!"
O vocábulo evangelho pode ser conceituado de diferentes maneiras. Todavia, conceito, cada um tem o seu sobre coisas, pessoas, situações, e, até mesmo sobre Jesus. Uns dizem que ele foi apenas um espírito evoluído que veio trazer grandes ensinamentos, outros dizem que ele foi apenas um comunista, o qual pregava a igualdade e justiça, outros ainda, afirmam que ele foi apenas um profeta. Finalmente, há os que conhecem-no como o Filho de Deus, portanto, a imagem do próprio Deus. Estes últimos são os eleitos e regenerados, os quais foram reconciliados com Deus por ação de seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos. Não foram eles quem o escolheram, mas, antes, foram por Ele escolhidos, preordenados, chamados, justificados e glorificados conforme Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." Verifica-se, que os verbos estão todos no tempo pretérito. É uma ação monergicamente realizada antes da fundação do mundo.
Evangelho, é, portanto, a 'boas nova' de acordo com o étimo da palavra no grego koinê (Ευαγγέλιο). Trata-se, portanto, de uma notificação absolutamente nova ao que a ouve. Não se limita às repetições intermináveis de prédicas e rituis pré-definidos por um conjunto de princípios e doutrinas produzidas por homens. Considerando-se a verdadeira definição de evangelho, pode-se afirmar que, 99,9% do que é anunciado pelas religiões, nada tem a ver com o evangelho puro. Isto porque, aquilo que anunciam, não referencia a boa nova ou o anúncio novo do ensino de Cristo. Apegam-se os tais, basicamente, a questões de costumes, preceitos, regras e normas de conduta moral como sinônimo de evangelho. Uma pessoa qualquer é capaz de mudar completamente o seu modo de vida, e, isto, pode não ter qualquer relação com a fé bíblica, porque esta propõe a verdade e a libertação plena da natureza pecaminosa.
A maioria dos religiosos confunde o evangelho de Cristo com a realização de obras. Ainda que estas sejam benéficas aos homens sofredores, não são o evangelho. As obras realizadas pelo homem que não nasceu do alto, não servem para a sua justificação. São apenas obras de humens buscando justiça própria e méritos. Isto desqualifica a obra de Jesus na cruz. Há três perguntas tolas no Novo Testamento, sendo uma delas a que consta do texto de Jo. 6: 28 e 29 - "Pergutaram-lhe, pois: que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus? Jesus lhes respondeu: a obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou." Ora, se a obra é de Deus, homen algum, não a pode praticar. Além do que, não são obras, mas apenas a obra de Deus. Jesus, o Cristo a definiu para os religiosos do seu tempo: "a obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou." Portanto, a obra de Deus que conduz o homem portador da natureza pecaminosa à redenção é a fé em Cristo. Fora disto, são obras de homens, pelos homens e para os homens. Têm caráter puramente humanitário e social.
O texto de abertura evidencia três verdades confrontadas pelo apóstolo Paulo à Igreja em Corinto: 'aqueles que pregam outro Jesus, os que recebem outro espírito e não o Espírito de Cristo, e, finalmente, os que recebem outro evangelho' e não a única boa nova que é o único e puro evangelho ensinado por Jesus, o Cristo.
Sola Scriptura!

domingo, fevereiro 6

OS QUE BUSCAM LUZ PRÓPRIA ENCONTRAM TREVAS

 

Mt. 6: 22 e 23 - "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
O mundo atual caracteriza-se pela falsa autonomia. Por autonomia, entende-se como uma inclinação a que se apega o homem natural de buscar capacidade própria para estabelecer, reger e executar suas próprias regras, normas e leis. Independententemente da idade e do status social, todos buscam, exaustivamente, por algum tipo de independência ou autonomia. Vê-se esta inclinação desde o princípio com os ancestrais comuns no Éden, quando desejaram "serem como Deus, conhecedores do bem e do mal." Entretanto, com o afrouxamento dos limites morais e éticos,e, com a natureza decaída, os homens vão se tornando mais audaciosos até mesmo para expressar e executar os seus mais ocultos e sórdidos desejos. É comum ouvir, atualmente, a expressão "fulano de tal é empoderado." Por empoderamento subentende-se a capacidade de dizer e fazer o que bem parecer a uma pessoa, não importando as consequências resultantes. Mesmo que o tal exercício não produza os resultados práticos ao suposto empoderado, ele continuará nesta posição falsa. Para os, supostamente, donos de si mesmos, o mais importante é a afirmação em si, ou seja, como um fim em si mesma. Esta falsa autonomia é a expressão da natureza pecaminosa inoculada no coração do homem pelo Diabo. Na essência, o empoderamento é a expressão prática da queda e da pseudo autonomia inoculada na alma. Visto que o espírito só pode ser reconciliado com Deus e pela vontade soberana do próprio Deus, então, sobra a alma como a sede das volições, desejos e decisões falsamente autônomas. O homem só pode ser renascido e regenerado por ato monérgico de Deus, nunca por ritos religiosos.
A palavra luz no grego neotestamentário, na maior parte dos textos, nada tem a ver com o fenômeno ótico ou luminoso natural. Tem a ver com conhecimento da verdade de Deus. Tal conhecimento se dá apenas por meio da revelação monérgica, e, esta é dada por meio da Palavra de Cristo conforme Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Portanto, só se ganha o conhecimento pela fé, e, esta, não é uma virtude humana, mas um dom exclusivo de Deus, o qual denomina-se Graça.
Jo. 8:12 - "Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." Jesus, o Cristo se autoproclamou como a luz do mundo e o doador da luz da vida. Isto porque é o único que conhece plena e totalmente a Deus e este o revelou ao mundo para trazer luz, a saber, conhecimento d'Ele. A vida de Cristo não é um mero estilo de vida que se expressa por uma espécie de terminologia religiosa, músicas, cultos, modo de se vestir, por comportamento moral ou pelo exercício de preceitos sobre preceitos. Estas coisas são enunciadas e impostas pelas religiões como meios de se conseguir luz. Entretanto, estas práticas são atitudes próprias e resultantes da falsa autonomia do homem, acreditando poder dobrar Deus para que lhe seja favorável. A pretença liberdade ou autonomia é falsa, porque todo aquele que possui natureza pecaminosa é escravo do pecado. Logo, como poderia ser livre?
No texto que abre este estudo, vê-se com meridiana clareza, que, o que leva o homem ao pleno conhecimento da verdade é ver o Reino de Deus pela ótica por Ele mesmo revelada. Em Jo. 3:3 é dito: "respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Tais palavras são ditas a Nicodemos, porque este tentou aproximar-se de Cristo com base em sua própria luz, a saber, com base apenas em sinais exteriores que viu. A expressão traduzida por "nascer de novo" em língua portuguesa, é, de fato, no grego do novo testamento, "nascer do alto", indicando que é uma ação sobrenatural e monérgica. Ver o Reino de Deus é atingir o conhecimento que do alto vem, por meio da fé, ainda que circunstaciado pelas vicissitudes deste mundo.
Quando o homem vê por seus próprios olhos, produz trevas, a saber, confiança e arrogância humana. Por esta razão, o Cristo disse que o corpo deste será tenebroso. Isto se deve ao fato de o homem estar espiritualmente morto para Deus, ainda que eticamente e moralmente correto. Pois, todas as ações realizadas com base na justiaça e no esforço próprios são procedentes do homem que não foi justificado e reconciliado na Justiça de Cristo na cruz. A religião, por si só, não é capaz de produzir o nascimento do alto, justamente, porque este é do alto e não do homem. Então, alguém poderia perguntar: de nada adianta ser correto, ético e bondoso neste mundo? A resposta é: adianta sim. Porém, apenas para o convívio social pacífico e para a sobrevivência. Isto nada tem a ver com redenção espiritual, a qual é, unicamente, pela Graça.
Trevas é, no texto de abertura, um tipo de conhecimento sobre Deus, sobre Cristo, sobre religião, porém produzido apenas pelo esforço humano. É neste sentido que o Cristo termina o texto afirmando que a luz produzida por conta própria são grandes trevas, a saber, ausência de conhecimento verdadeiro, monérgico, pela Graça mediante a fé conforme Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." É a graça e não a fé que salva. A fé é o meio metodológico e sobrenatural, o qual Deus, usa para fazer o homem saber de sua própria condição pecaminosa. Tanto a graça, quanto a fé são procedentes de Deus e não do desempenho humano. E, por fim, até as boas obras foram preparadas por Deus para que os seus eleitos e regenerados andem nelas.
Sola Scriptura.