quinta-feira, julho 28

E, RELIGIÃO, O QUE É? I

Tg. 1:26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Etimologicamente, religião provém dos seguintes verbos em latim: 'religare', 'religatio' e 'relicare'. Todos trazem, na essência, a ideia de religação. Em síntese, o latim tomou os substantivos derivados 'religìo' e 'religiónis' com significação de 'culto religioso, práticas religiosas'. Portanto, trata-se apenas de esforço humano em busca de se religar a Deus. Todavia, isto se dá no sentido oposto à ordem espiritual da redenção, isto é, de baixo para cima. No campo espiritual, a ação é sempre de cima para baixo, ou seja, de Deus para o homem. Tal busca expressa a necessidade humana, como consequência do desligamento espiritual entre a criatura e o Criador após a queda. A queda foi a consequência da incredulidade no que Deus afirmara. Imaginando encontrar autonomia, os ancestrais humanos acharam a natureza pecaminosa. Tornaram-se escravos, e, quem é escravo do pecado, não é livre conforme Jo. 8:34 - "Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." O pecado a que alude o texto, não é uma referência aos atos morais falhos, mas à incredulidade de acordo com Jo. 16:9 - "... do pecado, porque não crêem em mim." No texto grego neotestamentário, a mesma palavra "hamartiós" é utilizada para estes dois últimos textos com significado do pecado como incredulidade. Isto indica que o pecado separou o homem de Deus e o fez morrer espiritualmente, isto é, morrer para Deus. É este desligamento que o homem tenta reestabelecer por meio do esforço religioso.
Conceitualmente, pode-se dizer que religião é: "crença na existência de um poder ou princípio superior, sobrenatural, do qual depende o destino do ser humano e ao qual se deve respeito e obediência." Pelo próprio teor do conceito se vê que não é uma ação que parte de Deus em direção ao homem. Portanto, confirma-se o fato que religião é uma mera tentativa humana de alcançar Deus espiritualmente. Ainda, conceitualmente, qualquer tipo de crendice pode ser definida como religião. Deus nada tem a ver com religiões. Elas são absolutamente humanas. Deus não oferece religião, mas, unicamente o seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos.
Nas Escrituras a palavra religião é citada apenas 2 vezes, sendo que, dependendo da versão da Bíblia, pode ainda aparecer uma vez mais. Jesus, o Cristo nunca fez menção à palavra religião. O primeiro texto a se referir à religião é o de Tiago 1: 26 constante da abertura deste estudo; o segundo encontra-se em em At. 25:19 - "...tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo." Ve-se, no entanto, que é uma terceira pessoa quem menciona a palavra religião como sendo relacionada ao apóstolo Paulo. Porém, no texto original o que, eventualmente, é traduzido como religião, é de fato, superstição. A palavra no grego original é "deisidaimonia", a qual é um substantivo feminino. Trata-se de uma citação pejorativa a que judeus e romanos concebiam sobre a fé cristã. Não portava qualquer peso como uma prática aceita. E, ainda se refere a Jesus, o Cristo ressurrecto como defunto. Ou seja, não criam que Jesus era Deus, e, muito menos que houvera ressuscitado e ascendido aos céus.
At. 26:5 - "...pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu." Neste texto, o próprio apóstolo Paulo faz referência ao judaísmo farisaico como uma seita da sua religião. 
Por fim, o texto que abre este estudo deixa clara a posição cristã do primeiro século sobre religião. Reduz a prática religiosa ao mero exercício de caridade e de recato moral. Não estabelece qualquer relação espiritual capaz de justificar o homem decaído e portador da natureza pecaminosa. Por outras letras, não possui poder redentivo ou salvífico.
Sola Fide!

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