domingo, fevereiro 6

OS QUE BUSCAM LUZ PRÓPRIA ENCONTRAM TREVAS

 

Mt. 6: 22 e 23 - "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
O mundo atual caracteriza-se pela falsa autonomia. Por autonomia, entende-se como uma inclinação a que se apega o homem natural de buscar capacidade própria para estabelecer, reger e executar suas próprias regras, normas e leis. Independententemente da idade e do status social, todos buscam, exaustivamente, por algum tipo de independência ou autonomia. Vê-se esta inclinação desde o princípio com os ancestrais comuns no Éden, quando desejaram "serem como Deus, conhecedores do bem e do mal." Entretanto, com o afrouxamento dos limites morais e éticos,e, com a natureza decaída, os homens vão se tornando mais audaciosos até mesmo para expressar e executar os seus mais ocultos e sórdidos desejos. É comum ouvir, atualmente, a expressão "fulano de tal é empoderado." Por empoderamento subentende-se a capacidade de dizer e fazer o que bem parecer a uma pessoa, não importando as consequências resultantes. Mesmo que o tal exercício não produza os resultados práticos ao suposto empoderado, ele continuará nesta posição falsa. Para os, supostamente, donos de si mesmos, o mais importante é a afirmação em si, ou seja, como um fim em si mesma. Esta falsa autonomia é a expressão da natureza pecaminosa inoculada no coração do homem pelo Diabo. Na essência, o empoderamento é a expressão prática da queda e da pseudo autonomia inoculada na alma. Visto que o espírito só pode ser reconciliado com Deus e pela vontade soberana do próprio Deus, então, sobra a alma como a sede das volições, desejos e decisões falsamente autônomas. O homem só pode ser renascido e regenerado por ato monérgico de Deus, nunca por ritos religiosos.
A palavra luz no grego neotestamentário, na maior parte dos textos, nada tem a ver com o fenômeno ótico ou luminoso natural. Tem a ver com conhecimento da verdade de Deus. Tal conhecimento se dá apenas por meio da revelação monérgica, e, esta é dada por meio da Palavra de Cristo conforme Rm. 10:17 - "Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo." Portanto, só se ganha o conhecimento pela fé, e, esta, não é uma virtude humana, mas um dom exclusivo de Deus, o qual denomina-se Graça.
Jo. 8:12 - "Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida." Jesus, o Cristo se autoproclamou como a luz do mundo e o doador da luz da vida. Isto porque é o único que conhece plena e totalmente a Deus e este o revelou ao mundo para trazer luz, a saber, conhecimento d'Ele. A vida de Cristo não é um mero estilo de vida que se expressa por uma espécie de terminologia religiosa, músicas, cultos, modo de se vestir, por comportamento moral ou pelo exercício de preceitos sobre preceitos. Estas coisas são enunciadas e impostas pelas religiões como meios de se conseguir luz. Entretanto, estas práticas são atitudes próprias e resultantes da falsa autonomia do homem, acreditando poder dobrar Deus para que lhe seja favorável. A pretença liberdade ou autonomia é falsa, porque todo aquele que possui natureza pecaminosa é escravo do pecado. Logo, como poderia ser livre?
No texto que abre este estudo, vê-se com meridiana clareza, que, o que leva o homem ao pleno conhecimento da verdade é ver o Reino de Deus pela ótica por Ele mesmo revelada. Em Jo. 3:3 é dito: "respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus." Tais palavras são ditas a Nicodemos, porque este tentou aproximar-se de Cristo com base em sua própria luz, a saber, com base apenas em sinais exteriores que viu. A expressão traduzida por "nascer de novo" em língua portuguesa, é, de fato, no grego do novo testamento, "nascer do alto", indicando que é uma ação sobrenatural e monérgica. Ver o Reino de Deus é atingir o conhecimento que do alto vem, por meio da fé, ainda que circunstaciado pelas vicissitudes deste mundo.
Quando o homem vê por seus próprios olhos, produz trevas, a saber, confiança e arrogância humana. Por esta razão, o Cristo disse que o corpo deste será tenebroso. Isto se deve ao fato de o homem estar espiritualmente morto para Deus, ainda que eticamente e moralmente correto. Pois, todas as ações realizadas com base na justiaça e no esforço próprios são procedentes do homem que não foi justificado e reconciliado na Justiça de Cristo na cruz. A religião, por si só, não é capaz de produzir o nascimento do alto, justamente, porque este é do alto e não do homem. Então, alguém poderia perguntar: de nada adianta ser correto, ético e bondoso neste mundo? A resposta é: adianta sim. Porém, apenas para o convívio social pacífico e para a sobrevivência. Isto nada tem a ver com redenção espiritual, a qual é, unicamente, pela Graça.
Trevas é, no texto de abertura, um tipo de conhecimento sobre Deus, sobre Cristo, sobre religião, porém produzido apenas pelo esforço humano. É neste sentido que o Cristo termina o texto afirmando que a luz produzida por conta própria são grandes trevas, a saber, ausência de conhecimento verdadeiro, monérgico, pela Graça mediante a fé conforme Ef. 2: 8 a 10 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas." É a graça e não a fé que salva. A fé é o meio metodológico e sobrenatural, o qual Deus, usa para fazer o homem saber de sua própria condição pecaminosa. Tanto a graça, quanto a fé são procedentes de Deus e não do desempenho humano. E, por fim, até as boas obras foram preparadas por Deus para que os seus eleitos e regenerados andem nelas.
Sola Scriptura.