sexta-feira, dezembro 17

ELEITOS E PREDESTINADOS

 

Rm. 8: 29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou."
A doutrina bíblica da eleição é, talvez, a mais evitada pela maioria daqueles que se autoproclamam cristãos. Obviamente, cada denominação ou sistema religioso  que a refuta, procura apropriar-se de textos também bíblicos. Todavia, o fato de alguém ou algum sistema de crenças buscar apoio nas Escrituras não torna a sua posição legitimada, pois, na maioria dos casos, o tal apoio resulta de artíficios manipulados a fim de protegê-los de si mesmos e da falta de revelação na Palavra. Satanás também valeu-se das Escrituras quando tentou Jesus no deserto. Estse é um típico caso maquiaveliano de os fins justificarem os meios.
As religiões, geralmente, constroem uma estrutura elaborada de tal forma que, descontruí-la, torna-se impossível ao religioso sem a interveniência de Deus. Desconhecem a força da verdade contida em Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." É Deus quem conduz o pecador eleito à Cristo para ser incluído em sua morte na cruz e, consequentemente, o traz à vida na sua ressurreição. Não é o pecador quem decide se quer ou não quer ser redimido, como é pregado por aí. Esta é a mais crassa heresia desde a Igreja Primitiva, o famigerado livre arbítrio. Nem é livre, nem é arbítrio! Ao contrário, é uma doutrina Gnóstica e Espiritista.
Alguns alegam que a salvação, redenção ou justificação é Universal com base em alguns versetos, como por exemplo, Jo. 3:16 - "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." É evidente que Deus amou e ama o mundo, porque é obra das mãos d'Ele. A redenção envolve todo o Cosmo e não apenas homens. A restauração final, no retorno do Grande Rei, será plena e todo o mal será anulado para sempre. Entretanto, o texto trata do mundo, como a criação de Deus que foi afetada pelo pecado. Obviamente, também retrata o homem e impõe a condição para a redenção absoluta e plenamente, qual seja, a fé. A salvação é "para todo aquele que crê..." e não para todos. Sabendo-se que a fé não é virtude humana, mas dom de Deus, conclui-se que nem todos recebem o dom da fé para crer que Jesus, o Cristo é Deus e Justificador. Ele mesmo demonstra isto aos religiosos judeus em Jo. 5: 39 e 40 - "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida!" Vê-se que o 'querer' deles não era inclinado para a fé. É a corrupção pela natureza pecaminosa que define a incredulidade que separa o homem pecador de Deus e não, necessariamente, os seus atos pecaminosos. Estes são consequências daquela e não o contrário.
Outros ainda, resgatam o texto de Tt. 2:11 - "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens [...]" Mais uma vez lançam mão de um único texto, para contestar algo que é múltiplo e frequente em toda a Escritura. É óbvio que a salvação foi manifestada ao mundo todo na pessoa de Jesus, o Cristo. Porém, o texto não afirma que todos os homens foram ou serão salvos. Ao utilizar-se destes textos, a ideia a qual desejam passar, equivocadamente, é a salavação universal. É muito simples! Basta imaginar que, se Deus desejou redimir todos os homens, logo, todos os homens seriam redimidos, porque a vontade d'Ele não pode ser contrafeita por ninugém. Logo, se nem todos os homens são salvos, conclui-se que a salvação não é para todos. Então, o que Tito ensina é que a graça de Deus foi evidenciada a todos, mas o que se vê é que não são todos eleitos para a graça. Até porque, a eleição é pela graça conforme Rm. 11:5 - "Assim, pois, também no tempo presente ficou um remanescente segundo a eleição da graça." Este remanescente é um grupo específico e não todos os homens ou todos os judeus, considerando o contexto. A graça não é uma propositura ou ação humana, mas sobrenatural e divina. O maior erro doutrinário da religião é inferir que a Graça de Deus é diretamente proporcional às boas ações dos homens. Primeiramente, nenhum homem é bom, mas apenas Deus é bom.
Eleição é um substantivo feminino que possui as seguintes significações: 'escolha preferencial', 'primazia' e 'predileção.' Ora, não tem Deus vontade própria para querer ou deixar de querer alguma coisa? Alguns alegam que isto seria injustiça da parte d'Ele. Porém, julgam assim, com base na noção de justiça forense e não com base na soberania absoluta de Deus. A eleição sozinha não completa o projeto eterno de Deus. Ela necessida de outro ato executivo da parte do Eterno. Trata-se, portanto, da predestinação cuja significação é: 'destinação antecipada à salvação', ou do 'destino de algo ou alguém.' Desta forma, Deus não apenas escolheu ou elegeu alguns pecadores de antemão, como também, os predestinou para serem chamados, justificados e glorificados de acordo com o texto de abertura. 
A doutrina da eleição e da predestinação não pode ser entendida, erronemante, como Deus tendo se interessado por alguns pecadores e os escolhido para viver eternamente sem executar a Sua Justiça para justificá-los. A sentença contra o pecado foi executada em Jesus, o Cristo. Os eleitos e predestinados foram incluídos em sua morte para terem suas naturezas pecaminosas extirpadas conforme o registro de Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." O aniquilamento da natureza pecaminosa significa que, a culpa do pecado dos eleitos e regenerados foi anulada plena e completamente diante de Deus. Isto não os torna perfeitos e melhores do que qualquer outra pessoa aqui na vida terrena. Tal glória será manifestada apenas na restauração final. Isto é largamente ensinado por Paulo sobre a glorificação dos eleitos.
Alguns religiosos que auto-intitulam-se de crentes ou cristãos reivindicam que Deus escolheu apenas aqueles aos quais ele previu que o escolheria. Isto com base no versículo de I Pd. 1:2 - "Eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas." Apegam-se à palavra 'presciência', apenas no sentido que lhes interessa, para justificar esta aberração pseudo-teológica. Ora, neste caso, a graça de Deus é totalmente desqualificada e anulada, pois se Ele escolhe aqueles que sabia que o escolheria, qual o sentido de enviar Cristo para morrer em uma cruz por eles? Morrer por quem já se sabia que seria salvo é uma contradição teológica pior que permanecer na incredulidade. Além do mais, segundo Rm. 3:10 e 11, nenhum homem pecador é capaz de optar, por livre vontade, a se inclinar para Deus. Esta turma das teológias esdrúxulas foi contaminada pela doutrina filosófica que penetrou a Igreja Primitiva, chamada Gnosticismo. Acreditam eles, com base neste ensino de homens, que o homem decaído possui lívre arbítrio. Confundem escolhas naturais e mecânicas com escolhas espirituais.
Ora, Deus escolheu àqueles que quiz, porque quiz e quando quiz conforme Rm. 9:11 a 13 - "(pois não tendo os gêmeos ainda nascido, nem tendo praticado bem ou mal, para que o propósito de Deus segundo a eleição permanecesse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama), foi-lhe dito: o maior servirá o menor. Como está escrito: amei a Jacó, e aborreci a Esaú." Então, foi o propósito de Deus que escolheu Jacó e não as excelsas qualidades dele ao se inclinar para o Altíssimo. Aliás, dependesse da moral de Jacó, este estaria absolutamente condenado à perdição, pois era trapaceiro de primeira marca. O original grego do texto acima diz que Deus amou a Jacó e odiou a Esaú. Os tradutores querem poupar Deus da Sua Soberania e traduzem como: "amou menos." Isto é mentira teológica!
Ef. 1: 3 a 6 - "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado."
II Tm. 1:9 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
Sola Scriptura!

domingo, dezembro 5

CONTRA OS NICOLAÍTAS DESTA ERA

 

Ap. 2: 14 e 16 - "Entretanto, algumas coisas tenho contra ti; porque tens aí os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, introduzindo-os a comerem das coisas sacrificadas a ídolos e a se prostituírem. Assim tens também alguns que de igual modo seguem a doutrina dos nicolaítas. Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca."
A porção acima, que abre esta instância, é parte do contexto geral das Cartas às Igrejas em Apocalipse. Especificamente, a Carta ao Anjo da Igreja que está em Pérgamo. O Senhor Jesus, o Cristo inicia a sua missiva se identificando como Aquele que tem a espada afiada de dois gumes. Isto é indicativo de que é Ele o detentor da Palavra como 'Logos' [Λόγος] e como 'Rhema' [ρήμα]. Trata-se da figura da Palavra de Cristo como espada que corta dos dois lados. Ou seja, é uma palavra que pode abrir os ouvidos para a fé, como também, pode abrir a consciência da perdição eterna. É a referência ao evangelho que julga com retidão e justiça plena. 
Ao mensageiro da Igreja em Pérgamo é dito: "sei onde habitas, que é onde está o trono de Satanás; mas reténs o meu nome e não negaste a minha fé, mesmo nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita." Portanto, é revelado que Satanás tinha um trono e que ele habitava aquela cidade. Entretanto, é dito ao pregador daquela Igreja, que, apesar de todos os transtornos, ele retinha o nome do Senhor e não negava a fé. Reter o nome do Senhor Jesus e não negar a fé são as marcas daqueles que nasceram do alto. É uma situação irreversível! 
O texto de abertura deste estudo menciona que, na Igreja em Pérgamo, havia duas categorias de religiosos que manchavam a congregação: os seguidores dos ensinos de Balaão e os nicolaítas. Este estudo ocupar-se-á dos nicolaítas. 
Há duas vertentes interpretativas sobre os tais nicolaítas: uma afirma que eram seguidores dos ensinos de um homem chamado Nicolau; outra afirma que eram membros da Igreja que adotavam estratégias semelhantes às do referido Nicolau, mas não eram, por ele, comandados.
Nicolau foi um prosélito de Antioquia e diácono na Igreja de Jerusalém conforme o registro de At. 6:5 e 6 - "O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia, e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos." Pelo texto, o tal Nicolau foi escolhido e consagrado diácono. O fato de pessoas orarem e cansagrarem outros dentro de uma Igreja não é evidência ou prova de novo nascimento. Acerca de Nicolau, escreveram, queixosamente, Irineu e Hipólito nos séculos II e III d. C. O nome Nicolau deriva da língua grega e pode ser interpretado como: "ele conquista pessoas." Isto indica aspecto do caráter deste homem, como sendo alguém com forte poder de oratória e persuasão. Na antiguidade, os nomes denotavam traços da personalidade das pessoas.
Os registros extra-bíblicos indicam que Nicolau foi um religioso que aderiu à Igreja, porém, vivia de estratégias para dominação e controle clerical da Igreja. Sugere-se que o mesmo estava mais interessado em criar e influenciar uma organização a que disseminar o Evangelho. De igual modo, muitas nicolaítas se têm levantado nas religiões modernas. Valorizam mais a denominação ou o templo a que o Senhor da Igreja.
Bem, pelo texto de Apocalipse se percebe que estas pessoas infiltradas na Igreja visavam corromper o evangelho, e, consequentemente, a Igreja; objetivavam perverter o culto, eram pedra de tropeço. Tais práticas tomou corpo de seita gnóstica por meio da técnica da infiltração. Divulgavam ideias e ensinos de falsos mestres e falsos profeltas. Isto é evidenciado no versículo 14 - "... doutrina de Balaão." Tal doutrina consistia em minar as bases da verdadeira fé, sobrepondo novas bases e acrescentando lenta e gradativamente mudanças que alteravam a simplicidade do Evangelho de Cristo. Foi o que o profeta Balaão ensinou a Balaque para corromper os filhos de Israel. 
Desta forma, os nicolaítas já existiam desde a Igreja Primitiva e continuam existindo até os dias de hoje. Talvez, até predominem hoje na maioria das igrejas nominais. Nicolaíta é um termo que provém de NICO (vencedor ou conquistador) e LAITANES ou LAOS (laico ou governo do povo). Logo, esta categoria de religioso se caracteriza por estar dentro das igrejas, porém, pouco ou nada sabem sobre nascer do alto conforme Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." A tradução portuguesa do primeiro versículo é "nascer de novo", mas no grego koiné é "nascer do alto." Nascer da água significa ouvir a Palavra de Cristo e ser despertado por ela à fé verdadeira. Nascer do Espírito é receber o selo do Espírito Santo como garantia da vida de Cristo. Desta maneira, quem não nascer do alto, não vê e não entra no Reino de Deus. Tudo o que passa disto é mera religião humana, nicolaísmo e gnosticismo.
Tomando-se os significados e os comportamentos, percebe-se que há muitos nicolaítas às soltas pervertendo o Evangelho de Cristo dentro da Igreja. Igreja, neste sentido, não são templos de quatro paredes com pompas e circunstâncias, mas a reunião dos verdadeiros adoradores que adoram em Espírito e em Verdade. A Igreja de Cristo é a soma dos que foram tocados para crer na sua inclusão na morte com Cristo e, consequentemente, na ressurreição juntamente com Ele.
Solus Christus.