quinta-feira, agosto 4

E, RELIGIÃO, O QUE É? III

 

Tg. 1: 26 e 27 - "Se alguém cuida ser religioso e não refreia a sua língua, mas engana o seu coração, a sua religião é vã. A religião pura e imaculada diante de nosso Deus e Pai é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e guardar-se isento da corrupção do mundo."
Já se sabe que religião é um artifício humano por meio do qual tenta-se aproximação com o sobrenatural. Por sobrenatural entende-se qualquer suposta divindade ou ente do domínio invisível. Não, necessariamente, tal aproximação é com o Deus Soberano, Único, Onisciente e Onipotente. Justamente, porque, tal aproximação com este Deus, só é possível após o novo nascimento por meio de Jesus, o Cristo conforme Cl. 1:22 - "... agora contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis ..." É nestas condições que o homem pecador, porém, gerado de novo em Cristo, pode ser apresentado diante de Deus. Estes qualificativos espirituais não são próprias do pecador regenerado, mas, de Cristo que o reveste da sua própria santidade. Portanto, quando Deus olha para os eleitos e regenerados, Ele não os vê, mas vê a justiça de Cristo que os reveste. Eles não são justos em si e por si mesmos, mas são justificados em Cristo. Este é o mistério que a maioria das pessoas não conhece.
Religião é uma palavra que pouco aparece nas Escrituras, especialmente, no Novo Testamento. A palavra grega do texto neotestamentário para religião é [θρησκεία] que, transliterada é [threskeia]. Este vocábulo, pouco ou nada tem a ver com religião no sentido atual. No texto de Tiago 1, versos 26 e 27, este vocábulo significa, realmente, adoração, culto, temor e tremor. É proveniente de um substantivo feminino, o qual significa em grego koinê, 'adoração, aquilo que consiste de cerimônias, disciplina religiosa em si'. Portanto, o que o apóstolo estava tratando, em sua epístola, era de aspectos espirituais de adoração e culto a Deus. Não se tratando, portanto, de religião institucional ou de denominação religiosa. A questão se circunscreve na esfera da pobreza das traduções para a lingua portuguesa e não de respaldo bíblico à religião.
Em At. 25:19 - "... tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo." A palavra do texto grego koinê que foi traduzida como religião neste versículo é [δεισιδαιμονίας] que, transliterada, é [deisidaimonias]. Tal vocábulo significa, de fato, superstição e não religião.  Logo, a palavra possui sentido místico e de crendice. Já em At. 26:5 - "... pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu." É utilizada a mesma palavra grega koinê de Tg. 1: 26 e 27. A qual também foi traduzida como religião. Todavia, traz significação de culto e adoração no judaísmo.
Por uma questão de honestidade, nem mesmo a palavra Cristianismo deveria ser entendida como a designação de uma religião. O termo cristão só foi utilizado pela primeira vez em Antioquia, na passagem do século I para o séuclo II da Era Comum, conforme At. 11:26 - "... e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos." E, ainda assim, o setido da palavra cristão, neste texto, é o de que os discípulos agiam e ensinavam semelhante a Cristo. Não se tratando, portanto, de um aspecto religioso institucional.
Desta forma, nem Deus, nem Jesus, o Cristo, fundou qualquer religião. Os discípulos, chamaram a doutrina de Cristo de "O Caminho." Isto está registrado em At. 19 e At. 24. Logo, o verdadeiro evangelho, nada tem a ver com religião humana. Outrossim, tem a ver com o ensino procedente de Deus e revelado aos Cristo. Este, por seu turno, o ensinou aos discípulos, os quais vieram a se tornar apóstolos após as suas conversões.
Soli Deo Gloria!

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