Mt. 6: 1 a 8 - "Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita; para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes."
O verbo orar provém do latim 'orare', significando sempre proferir ou dirigir um discurso a alguém. Este verbo possui conotação espiritual apenas quando observa-se a sua transitividade.
Orar, enquanto verbo intransitivo, implica em fazer oração, discursar em público e falar em tom oratório. Porém, como verbo transitivo indireto significa dirigir oração ou suplicar em oração. Quando o verbo orar for transitivo direto, implica em pedir, suplicar, rogar e fazer prece. Finalmente, como verbo transitivo direto e indireto traz também o significado de pedir, suplicar e rogar. Desta forma vê-se que orar é sempre uma ação de uma ou mais pessoas dirigida a uma ou diversas pessoas. Lembrando-se que Deus é um ser pessoal e não uma energia cósmica ou uma ideia metafísica.
A maioria dos religiosos faz orações seguindo modelos apreendidos da religião a que pertencem ou por imitação de terceiros. Percebem-se tais modelos quando, ao orar, fecha os olhos, entrelaçam-se os dedos das mãos, levantam as mãos ao alto ou as coloca abertas em forma de receptáculo diante de si. Muitas pessoas, ao orar, entram em verdadeiras catarses, imaginando que, pelo muito esforçar-se, convencerão a Deus. Porém, as Escrituras não estabelecem qualquer formato, modelo ou layout de oração em termos de postura física. Ao contrário, diz que deve ser feita em secreto, pois Deus que está em secreto a ouvirá conforme Mt. 6:6 - "Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará."
Jesus, quando orava erguia os olhos ao céu e falava com o Pai de forma muito simples, direta e confiante. Um desses registros está em Mt. 14:19 - "... tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou." No velho testamento acha-se um profeta orando de olhos abertos conforme Nm. 24:15 - "... fala Balaão, filho de Beor; fala o homem que tem os olhos abertos." Então, orar não é um exercício mental, meditativo ou psicológico originado da astúcia almática do homem. O texto bíblico afirma três coisas importantes: a) Deus não ouve a pecadores conforme Jo. 9:31 - "...sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve." b) quem intercede interpretando a oração é o Espírito Santo conforme Rm. 8:26 - "Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis." E, c) Não sabemos orar conforme Lc. 11: 1 - "... Senhor, ensina-nos a orar..."
O texto que abre esta instância inicia-se dizendo que, aqueles que são eleitos e regenerados devem guardar-se de fazer boas obras diante dos homens para chamar-lhes atenção sobre si próprios. A oração é uma dessas boas obras! Em muitos casos o religioso se propõe a orar por alguém para demonstra alto nível de amizade ou consideração à outra pessoa. Em muitos casos julga que, se houver uma resposta positiva, ganhará pontos ou méritos aos olhos de outras pessoas ou perante o sistema religioso ao qual é servo. Isto poderá render-lhe fama, prestígio e privilégios. Sabe-se disto, pela forma e o conteúdo da oração do que assim procede. Não se trata de julgar aquele que ora, porém, o texto de abertura indica o caminho: "E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens." Orar movido pelo Espírito de Deus é uma coisa, orar para satisfazer preceitos, ritos e crendices é outra coisa.
O mesmo texto de abertura encerra dizendo uma verdade que muitos não conseguem compreender: as vãs repetições! A maioria entende, por conta própria, que tal erro se aplica às outras religiões as quais fazem rezas ou mantras repetitivas. Entretanto, o sentido vai muito além disto, pois, quando alguém se dirige a Deus em oração, seja para si próprio, seja para outra pessoa, basta uma única vez. O contrário disso é falta de confiança. A confiança é o resultado da pessoa que recebeu graça para crer na Soberania, Onipotência, Onipresença e Onisciência de Deus. Enquanto esta confiança não se manifesta no coração é porque ainda não ganhou fé que possa ser imputada por justiça ao molde de Abraão.
Sola Scriptura!
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