dezembro 29, 2018

O ÚLTIMO ENGANO II

Ef. 6:12 - "... pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, conta os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes."
No primeiro estudo foram deixadas diversas pontas desamarradas propositalmente. Serão estas amarradas nos estudos subsequentes. Visto tratar-se de assunto vasto e complexo e por enorme obscurantismo e confusão doutrinária, serão devidamente tratados gradativamente. 
A falta de conhecimento escraviza e destrói a humanidade conforme informa Os. 4: 6 - "O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta o conhecimento. Porquanto rejeitaste o conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos." A destruição a que alude o texto é uma referência ao domínio da iniquidade, da miséria, dos males morais e das enfermidades e doenças que afetam a alma e o corpo. O texto não trata de ausência de conhecimento intelectual e científico, mas do conhecimento de Deus e suas leis universais. Ora, a despeito dos grandes progressos científicos experimentados, notadamente após a Renascença, o Iluminismo e as Revoluções Técnico-Científicas, a humanidade regride espiritual e emocionalmente. Desta forma, e, paradoxalmente, o homem aumenta o conhecimento de si mesmo e das leis naturais, mas reduz o conhecimento de Deus e dos seus Decretos Eternos.
Milan Kundera, o escritor tcheco naturalizado francês afirma: "Percebi com espanto que as coisas concebidas pelo engano são tão reais quanto as coisas concebidas pela razão e pela necessidade." Guardado o sentido que se quis abranger o escritor no contexto em que a citação é posta, resta, no entanto, a mensagem no tocante ao engano espiritual que afeta a humanidade. Na essência, Kundera diz que, não há diferença entre o falso e o verdadeiro no homem. Neste sentido o ensino de Cristo sobre o joio crescendo junto ao trigo toma corpo e significação mais ampla. O engano e a verdade são muito semelhantes quando vislumbrados pela ótica do homem natural.
O último engano vem sendo perpetrado em pequenas doses ao longo da História da humanidade. O primeiro avanço do engano na Terra foi a corrupção do gênero humano conforme Gn. 3: 1 a 5 - "Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais do campo, que o Senhor Deus tinha feito. E esta disse à mulher: é assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim? Respondeu a mulher à serpente: do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: não comereis dele, nem nele tocareis, para que não morrais. Disse a serpente à mulher: certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal." Este tipo de abordagem sempre causa repulsa ao homem natural, porque este está sob o domínio da natureza decaída. A forma de o homem afastar-se do ensino escriturístico é reputando-o como simples mito ou lenda. Comumente, quando alguém julga ter conhecimento intelectual suficiente e já absorveu a cultura posta, então se acha pronto a reproduzir as narrativas humanistas, eximindo-se do debate bíblico. 
Quando o homem não foi eleito antes dos tempos eternos, continuará pensando e agindo à revelia da verdade até a sua morte. Entretanto, o texto de Gênesis  retromencionado vai muito além de uma mera narrativa mitológica. Os mitos eram relatos paralelos produzidos pelas interpretações humanas sobre aquilo que os incomodava por terem perdido o elo com o Divino. Do texto, enfatiza-se o seguinte: "Porque Deus sabe que no dia em que comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis, como Deus, conhecendo o bem e o mal." Esta foi a primeira experiência do engano conspiratório de Satanás. Uma exegese mais ampla indica que, abrir os olhos não é uma referência aos olhos físicos, mas da alma. Isto permitiria ao homem o poder de julgar entre o certo e o errado. Estabelecer juízos e agir, enganosamente, de modo autônomo, a saber, a revelia de Deus. Pronto! O projeto inicial para escravizar a humanidade estava perpetrado e aceito pelo primeiro homem. Por esta razão é que o primeiro Adão deve morrer no último Adão.
O texto de abertura mostra, sem qualquer interpretação, que a luta do homem não é contra coisas ou seres visíveis, mas contra realidades espirituais em rebelião contra Deus. Os principados e as potestades são anjos caídos que habitam o espaço sideral e a própria Terra. Tais hostes espirituais da maldade que habitam as regiões celestiais são exatamente aqueles que foram expulsos por terem caído no primeiro engano do querubim criado em perfeição e que foi afetado pela iniquidade no coração conforme Ez. 28: 15 - "Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade.
O verbete 'iniquidade' traz como significado, o seguinte: 'falta de equidade.' Sabendo-se que equidade se refere a equilíbrio de justiça, logo, a ausência dela resulta em forte inclinação para o desequilíbrio e a injustiça, a ponto de romper com o que é reto, integro e direito. Ou mesmo tomar o certo como errado e o errado como certo.
Esta natureza iníqua foi inoculada na humanidade devido a submissão dos pais ancestrais à incredulidade entre o que Deus lhes dissera e a fácil aceitação do que o Diabo lhes informara. Neste ponto houve a ruptura entre a criatura e o Criador. O homem, agora decaído, transmitiu a natureza desequilibrada a todos os descendentes conforme Rm. 5:12 - "Portanto, assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porquanto todos pecaram." Está no DNA do homem, o DNA da iniquidade adquirida. Isto facilitará o controle e o domínio do mundo por Satanás, por pouco tempo, no engano final.
Sola Gratia!

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