dezembro 24, 2016

REVESTIR-SE DE CRISTO

Gl. 3: 24 a 27 - "De modo que a lei se tornou nosso aio, para nos conduzir a Cristo, a fim de que pela fé fôssemos justificados. Mas, depois que veio a fé, já não estamos debaixo de aio. Pois todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo."
Há nos círculos religiosos, notadamente, entre os que se dizem cristãos uma forte tendência à mitificação e à mistificação da realidade bíblica. Tomam as verdades espirituais e as transformam em crendices humanas para adaptá-las às suas realidades decaídas e corrompidas pela natureza pecaminosa não regenerada. Parece estranho afirmar tal coisa, porque no ideário dominante imaginam que a redenção está na igreja, na prática de ritos e rituais, no estilo de vida reprimido por serem obrigados a fazer ou deixar de fazer determinadas coisas. Entretanto, é bom saber que as Escrituras não se alteram em função das necessidades adaptativas dos homens, por mais bem intencionadas que sejam. Deus não muda conforme Ml. 3:6 - "Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos." Estes fatos se verificam pelo comportamento e, por vezes, enfrentamentos entre pessoas de práticas religiosas diferentes. Cada um cultiva uma série de preceitos, regras e normas, julgando serem as tais a única verdade. Por isso, não aceitam as práticas uns dos outros, o que anula qualquer possibilidade de verdade. Há profundos conflitos, mesmo entre membros de uma mesma igreja.
I Pd. 3: 3 a 6 - "O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de jóias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranqüilo, que és, para que permaneçam as coisas Porque assim se adornavam antigamente também as santas mulheres que esperavam em Deus, e estavam submissas a seus maridos; como Sara obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, se fazeis o bem e não temeis nenhum espanto." Contrariamente ao que ensinam as Escrituras, muitos religiosos se apegam exatamente aos comportamentos exteriores como evidência de verdade e fé. Transformam usos e costumes em doutrina. O interior, a saber, a alma e o espírito estão absolutamente entregues a sentimentos anti-cristãos, quando não, pagãos. A proposta do ensino petrino é que os eleitos e regenerados se revistam de um traje de espírito manso e tranquilo. Tal espírito é obrigatoriamente aquele que foi reconciliado com Deus por meio do novo nascimento. O novo nascimento só acontece por eleição antes dos tempos eternos e se concretiza historicamente pelo recebimento da Graça de Deus em Jesus, o Cristo. Este fato é realizado concretamente na fé que o pecador eleito foi incluído na morte com Cristo, e, consequentemente, em sua ressurreição. O apóstolo Pedro está ensinando neste texto, não que a mulher seja uma nulidade, mas que sejam guiadas pelo espírito regenerado. Não é uma questão dos trajes exteriores, mas do espírito vivificado.
Rm. 13: 13 e 14 - "Andemos honestamente, como de dia: não em glutonarias e bebedeiras, não em impudicícias e dissoluções, não em contendas e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo; e não tenhais cuidado da carne em suas concupiscências." Vê-se que o andar dos eleitos e regenerados deve ser às claras e pautado por uma auto-disciplina natural e consequente de um pleno revestimento de Cristo. Ora, quantas brigas, dissoluções e divisões se veem em muitas igrejas por disputar cargos, opiniões, controle. Tudo por causa da natureza pecaminosa não regenerada, mas apenas encoberta por palavras e religião exterior. O revestimento de Cristo não é uma decisão moral e cerimonial, mas uma mudança de mente nos termos da metanoia ensinada por Paulo em II Tm. 2:25 - "...na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento para conhecerem plenamente a verdade..." Revestir-se, pois, do Senhor Jesus, o Cristo não é apenas uma mudança de comportamentos exteriores. Os comportamentos morais e exteriores mudam como consequência de uma mente renovada, não como causa de tal renovação. Mudam as práticas, porque o espírito foi vivificado. Mudam os comportamentos, porque a alma está sendo purificada dos atos pecaminosos herança da velha natureza pecaminosa. Não são as práticas religiosas exteriores que mudam o velho homem adâmico, mas a experiência de novo nascimento que mudam as velhas práticas e comportamentos.
Cl. 3: 12 a 14 - "Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de coração compassivo, de benignidade, humildade, mansidão, longanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também. E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição." A primeira evidência exterior de uma mente renovada pelo novo nascimento é a capacidade de suportar e perdoar aos outros. Os eleitos e regenerados são pecadores cuja natureza pecaminosa foi aniquilada na cruz conforme Hb. 9:26 - "...mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." Veja que, a manifestação de Cristo na pessoa histórica de Jesus, foi de ".. uma vez por todas..." Não é uma manifestação esporádica ao sabor dos humores e desejos dos corações corrompidos dos homens. Foi apenas uma vez, sendo esta suficiente e eficiente para sempre. Muitos religiosos sofrem da "síndrome da pipoca", a saber, sobem e descem ao sabor da efervescência e dos acontecimentos. Quando as coisas estão favoráveis e satisfazendo seus anseios e desejos são os mais "espirituais"; quando os eventos e fatos lhes são desfavoráveis, são os mais frios e incrédulos. Ora, só se pode falar em espiritualidade aqueles cujos espíritos foram vivificados em Cristo conforme I Co. 15:45 - "Assim também está escrito: o primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último Adão, espírito vivificante." Veja, Adão, era apenas alma vivente, mas Cristo, o último Adão, espírito vivificante. Jesus, o Cristo tipificou o último da raça decaída descendente do primeiro Adão. O seu espírito tornou-se morto para Deus, por isso, Cristo se manifestou em Jesus para matar a raça decaída do primeiro Adão e reconciliá-lo novamente. Apenas o revestimento da justiça de Cristo pode reconduzir o espírito, antes corrompido e decaído do homem, novamente a Deus pela inclusão na morte e na ressurreição. Este é o sentido de revestir-se de Cristo. O revestimento de Cristo não é um conjunto de comportamentos morais e rituais, ainda que sejam bons socialmente, não salvam.
Sola Scriptura!

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