maio 29, 2016

IGREJA, CONGREGAÇÃO E CORPO DE CRISTO III

Ap. 3: 7 a 11 - "Ao anjo da igreja em Filadélfia escreve: isto diz o que é santo, o que é verdadeiro, o que tem a chave de Davi; o que abre, e ninguém fecha; e fecha, e ninguém abre: conheço as tuas obras (eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, que ninguém pode fechar), que tens pouca força, entretanto guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome. Eis que farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus, e não o são, mas mentem, eis que farei que venham, e adorem prostrados aos teus pés, e saibam que eu te amo. Porquanto guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para pôr à prova os que habitam sobre a terra. Venho sem demora; guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa."
Em todo tipo de análise, especialmente, no tocante à fé e à verdade necessário se faz verificar as vertentes, pois há grande variedade de manifestações tidas como verdades. É muito fácil discernir onde está a verdade e com quem está a fé. Para tanto,  basta consultar a fonte única autorizada da verdade. As Escrituras são esta fonte única e correta para dirimir quaisquer dúvidas. Isto porque, se se depender apenas da livre análise para postulados dogmáticos, ninguém conseguirá chegar a bom termo. Todos os sistemas de crenças se apropriam de verdades particulares para se justificar e se impor perante as mentes humanas. Entretanto, são suas verdades e não a verdade!
É da apropriação correta da fé e da verdade que se pode chegar à compreensão da Igreja como a congregação dos justificados e corpo vivo de Cristo. Não são os anos de história, as lutas e os sofrimentos de um sistema de crença que o torna legítimo perante Deus e os homens. Muitas seitas heréticas e cultos pagãos também sofreram enormes perseguições e destruição ao longo da história. Nem por isso, os tais foram ou são autênticos e verdadeiros perante a face de Deus. 
Vê-se muito nestes tempos que se apresentam grande aceitação das práticas denominadas evangélicas. Tornou-se um clichê, ou mesmo, um estilo de vida dizer-se evangélico. Há espiritistas se auto-proclamando evangélicos; há católicos adotando estilos carismáticos evangélicos; há igrejas históricas, pentecostais e neo-pentecostais se auto-identificando como evangélicas. Qualquer que anuncia algum texto mínimo do evangelho, se coloca na perspectiva de evangélico. Ora, as maiores heresias nos últimos dois mil anos partiram do evangelho para estabelecer seus dogmas e confissões. Entretanto, tal evangelho é segundo suas próprias narrativas e não o texto evangélico por ele mesmo. Desta maneira, não basta usar o evangelho como referência para legitimar uma verdade como sendo cristã. Qualquer um, incluindo-se, ateus pode conhecer intelectualmente o evangelho e, nem por isso, o faz um cristão verdadeiro. Não é o homem que se torna cristão, mas é Cristo que o faz cristão.
A conexão entre o corpo, a Igreja, e a cabeça, Cristo, é demonstrada no ensino do apóstolo Paulo conforme Ef. 4:15 a 18 - "... antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo, do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a justa operação de cada parte, efetua o seu crescimento para edificação de si mesmo em amor. Portanto digo isto, e testifico no Senhor, para que não mais andeis como andam os gentios, na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração..." Jesus, o Cristo é a cabeça da Igreja e, esta, o seu corpo. Tal corpo tem de estar ajustado à cabeça por inteiro e não em partes. Muitas igrejas são denominadas cristãs apenas por causa dos dizeres que as identificam. De fato, as partes que as compõem são absolutamente desajustadas e cada membro segue a vontade das suas mentes. Há brigas verbais, físicas e políticas por cargos e funções. Há disputas pela primazia dos destinos destas agregações, incluindo-se os bens sucessórios. 
Muitos evangélicos chamam as outras pessoas que não professam sua "fé" de mundanos, ímpios e pecadores, mas procedem em suas agregações da mesma forma que os tais aos quais condenam. Elas presumem que saíram do mundo, mas suas práticas cotidianas indicam que o mundo não as abandonou. Eles vão para as igrejas, mas continuam na verdade das suas mentes decaídas e depravadas. O que é pior, uma vez inseridas em um contexto evangélico ou religioso, estas pessoas somam as verdades das suas mentes aos seus dogmas religiosos, dando origem a uma espécie de culto abominável a Deus conforme se vê em Is. 1: 11 a 15 - "De que me serve a mim a multidão de vossos sacrifícios? diz o Senhor. Estou farto dos holocaustos de carneiros, e da gordura de animais cevados; e não me agrado do sangue de novilhos, nem de cordeiros, nem de bodes. Quando vindes para comparecerdes perante mim, quem requereu de vós isto, que viésseis pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação. As luas novas, os sábados, e a convocação de assembleias ... não posso suportar a iniquidade e o ajuntamento solene! As vossas luas novas, e as vossas festas fixas, a minha alma as aborrece; já me são pesadas; estou cansado de as sofrer. Quando estenderdes as vossas mãos, esconderei de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei; porque as vossas mãos estão cheias de sangue."
Uma das marcas mais evidentes de agregações religiosas é a leitura do texto bíblico com aplicação apenas para os que são estranhos ao seus sistemas de crenças. Eles jamais tomam os ensinos bíblicos para si, mas sempre acham que se aplicam apenas aos seus desafetos, aos incrédulos, aos mundanos, aos depravados aos pecadores. Mal sabem, que o texto sagrado fala primeiramente ao que o lê. Aliás, nenhum homem lê o texto sacro, mas é este que o lê e o esquadrinha para revelar Cristo.
A verdadeira Igreja é a reunião dos nascidos do alto, os quais foram atraídos à cruz para morrer na morte de Cristo e, juntamente com ele ressuscitar para a vida eterna. É na cruz que Cristo reconcilia o homem morto espiritualmente para Deus e o concede libertação plena e vida espiritual. Não é na proclamação de um evangelho pela metade que se forma uma Igreja Congregacional e Corpo de Cristo. É na morte da morte do pecado pela inclusão na morte de Cristo que a Igreja foi, é e sempre será forjada. O que passa disto tem procedência do maligno. Estes fatos são evidenciados em Ef. 2: 11 a 16 - "Portanto, lembrai-vos que outrora vós, gentios na carne, chamam circuncisão, feita pela mão dos homens, estáveis naquele tempo sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos aos pactos da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças, para criar, em si mesmo, dos dois um novo homem, assim fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade..."
Sola Gratia!

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