domingo, janeiro 4

O QUE É E O QUE NÃO É A IGREJA I

Ef. 4:5 - "... um só Senhor, uma só fé, um só batismo." Com estas solenes palavras, o apóstolo Paulo fornece, pela graça de Deus, o principal norte ao discernimento acerca do que é, e do que não é a Igreja do Senhor Jesus, o Cristo. Muito se tem dito, escrito e divulgado nestes quase 2.000 anos da mensagem de Jesus, o Cristo. Muito sangue já se derramou sobre a face da Terra por conta da fé, a qual algumas igrejas julgam serem guardiãs. Muita violação de direitos naturais já se cometeu em nome de Deus, da unidade da igreja e da salvação supostamente comum à cristandade. Muito preconceito e discriminação já se praticou em nome do Cristianismo. 
Cada denominação dita cristã se arvora o ser a dona exclusiva da verdade, da fé e da doutrina genuinamente evangélica. Quanto mais se aferram a esta vã tarefa, mais se subdividem, mais se agridem e mais se enfraquecem como supostas agências de Deus na Terra. Neste sentido, jogam lama na face do Senhor Jesus todos os dias, ao invés de pregar o evangelho da graça ordenado por Ele e pelos apóstolos. Pregam, ao contrário, um evangelho da lei e da escravidão debaixo de normas, regras e preceitos criados pela visão míope do homem religioso. Reproduzem a lei veterotestamentária que veio como aio para evidenciar a força do pecado no homem e não para produzir a real e definitiva redenção deste. É o evangelho sem doutrina, ou mesmo, a doutrina sem o evangelho.
O texto que abre este artigo é singular, singelo e puro de quaisquer exegese e hermenêutica. É o bastante lê-lo com isenção de apropriação indevida da verdade. Ele mostra que há um só Senhor, enquanto as religiões e seitas produzem artificialmente muitos senhores; ele afirma que há uma só fé, a qual nada mais é do que estar firme no único fundamento das realidades que ainda se esperam e na substância daquilo que é invisível; o mesmo texto reza ainda que há um só batismo, enquanto cada seita e religião inventa seus próprios rituais batismais.
Se o Senhor é único, se a fé é única, e, se o batismo é único, segue-se que a verdade é una e única. Não são diferentes, e, muito menos, divergentes verdades que conduzem o homem à salvação como se supõe comumente.
É consenso cada vez maior entre intelectuais e entre indoutos que a violência aumentou na Terra a partir do advento do Cristianismo. Em certo sentido é verdadeira esta percepção, mas não por conta do Cristianismo em si, mas por conta dos que se auto-intitulam de cristãos. Isto porque, no afã de inocular suas verdades apreendidas segundo suas próprias definições do que é a verdade, violaram muitas coisas, sacrificaram muitos povos, se apoderaram de incontáveis riquezas por onde impunham a sua falsa evangelização. Constroem templos suntuosos para adorar, sendo que a adoração é em espírito e em verdade. Criam nomes pomposos, títulos magníficos, cargos clericais e hierárquicos e catecismos medíocres. Cristo nunca esteve em nada destas coisas, visto ser apenas um cristianismo nominal e humanizado.
Criou-se ao longo da história um cristianismo sem Cristo, uma igreja que não é corpo ajustado à Cabeça, e uma pregação sem o evangelho. Não é a doutrina que deriva da Palavra, mas esta deriva daquela consoante o registro de Tt. 1:9 - "Retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes." Então doutrina é o que está no coração de Deus antes dos tempos eternos. É aquilo que Ele decidiu no Seu Supremo Propósito. A partir desta decisão soberana é que vem a Palavra d'Ele aos homens. Isto faz sentido, pois ninguém toma do papel e da caneta para escrever uma carta sem que antes saiba o que escrever. O ensino de Deus se recebe pela pregação das Escrituras.
Ora, se não há unidade acerca do Senhor Jesus, da fé e do batismo, como poderia haver unidade acerca da verdade? Primeiramente, porque a verdade não é uma concepção, mas uma pessoa, a saber o Senhor Jesus, o Cristo conforme suas próprias palavras em Jo. 14:6 - "Disse-lhe Jesus: eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim."
Neste sentido, pode-se dizer que no mundo há apenas dois sistemas: o da verdade que é centrado em Cristo e o da mentira que é centrado no homem.

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