sexta-feira, fevereiro 9

JESUS, O CRISTO VERDADEIRO E ÚNICO PACIFICADOR

 

Rm. 5: 1 a 9 - "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira."

A palavra paz sugere inúmeros sentidos em todas as línguas. Mas, especificamente, em língua portuguesa, traz os seguintes significados, enquanto substantivo feminino: "relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia; relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência; situação de uma nação ou de um Estado que não está em guerra; cessação total de hostilidades entre Estados, mediante celebração de tratado; armistício; estado de espírito de uma pessoa que não é perturbada por conflitos ou inquietações." Verifica-se que, todos os significados estão centrados em situações assessórias ao homem e não em situação essencial a ele. O essencial ao homem é obter a paz espiritiual e não a paz circunstancial e dependente de uma frágil confiança. Por esta razão as pessoas e as nações celebram acordos de paz, mas preparam-se para o conflito e a guerra. 
Jesus, o Cristo faz uma afirmação essencial sobre a origem da paz em Jo. 14:27 - "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." Portanto, a paz não tem origem no homem natural, mas em Cristo. É ele quem dá a paz ao homem. Entretanto, a natureza da paz que ele dá não é da mesma categoria de paz que o mundo dá. As principais consequências daquele que foi pacificado por Cristo é que não terá um coração turbado e não terá temor do conjunto circunstancial que o cerca. 
O mundo dá uma natureza de paz garantida pela força das armas, da posição social, econômica e política dos indivíduos. A paz que procede de Cristo não vem de fora para dentro do homem, mas é procedente do seu coração para o exterior. 
O mundo nunca esteve tão ávido pela paz quanto nos últimos tempos. A própria ciência e progresso humano trazem consigo dúvidas, medos e incertezas quanto à segurança da saúde, da oferta de alimentos, da salubridade do ar, das águas e dos solos. O anúncio de conflitos assimétricos e as manifestações reivindicatórias com requinte de violência tornou-se mais e mais frequêntes. Vive-se em uma sociedade em que multiplicam-se as leis e os direitos e diminuem-se as obrigações. As novas gerações são mimadas e com mania de empoderamento. Quando isto lhes é negado, se revoltam.
O texto que abre este estudo demonstra, inequivocamente, que a paz autêntica e definitiva provém da justificação. Entendendo que tal justificação é no campo espiritual, retiram-se todos os determinantes e componentes humanos da paz. Justificado é uma forma verbal que permite concluir que alguém injusto foi tornado justo. Entretanto, tal justiça é a de Cristo e não de qualquer mérito ou esforço próprio do homem. O verbo está flexionado no particípio passado e não no condicional.
A paz que procede da justificação que provém da fé, a qual é dom de Deus, reestabelece a reconciliação entre o pecador regenerado e Deus santo e perfeito. O mediador deste processo é Jesus, o Cristo e não os feitos humanos.
Além da profundidade do processo de pacificação estabelecido por Cristo, a paz produz no homem justificado, a esperança no mundo vindouro e restaurado pela justiça dele mesmo. Também, este verdadeiro estado de paz cria no homem gerado em Cristo, a capacidade de perserverar até mesmo em meio as tribulações. E, no texto, vê-se que as tribulações são dadas ao regenerado, precisamente, para que seja nele desenvolvida a esperança por meio da paciência. É um processo ao qual denomina-se de "deserto" do novo nascido. 
Portanto, o processo da justificação e da pacificação reconcilia o pecador regenerado com Deus no espírito. Porém, a sua alma é tratada ao longo do "deserto" até a restauração final. Isto permite manter a viva lembrança que foi o sacrifício substitucionário e inclusivo de Cristo que pacificou o homem decaído. A justificação pela libação do sangue de Cristo é o fator que produz a firme convicção da restauração final para não ser partícipe da ira de Deus no juízo final contra o Diabo, seus anjos caídos e o mundo não regenerado.
Solo Christus!

quarta-feira, janeiro 3

CAMINHOS, PORTAS E DESCONHECIMENTO

 
Mt. 7: 13 a 23 - "Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela; e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram. Guardai-vos dos falsos profetas, que veem a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade."
Todos os ensinamentos, a saber, a doutrina de Cristo tem por objeto a questão da natureza no homem. Tal natureza, é, por origem, pecaminosa. E, consequentemente, é a natureza pecaminosa que determina os atos pecaminosos. Tais atos pecaminosos sao os erros, deslizes, fraquezas e delitos cometidos por todos em todos os tempos e lugares.
O pecado denominado por Santo Agostinho de "pecado original", foi o que tomou lugar no primeiro homem, o qual deu origem a todos os demais homens. Como a matriz veio a decair-se, tudo o que dela derivou, desenvolveu a síndrome da corrupção adquirida.
Foi este pecado por natureza que Jesus, o Cristo veio retirar do mundo conforme Jo. 1:29 - "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." Quanto aos atos pecaminosos derivados, são objeto de constante cura almática realizada por Cristo ao longo da jornada.
A cristandade nominal, a saber, apenas religiosa insiste em ensinamentos de homens, os quais passam ao largo dos ensinos bíblicos. Muitos creem que o pecado de Adão foi a desobediência, o orgulho, o desejo etc. Todavia, estes foram apenas atos pecaminosos causados pelo pecado da incredulidade. Foi dito a Adão que não comesse do fruto do conhecimento do bem e do mal, pois certamente isto lhe traria a morte. Porém, o Diabo incorporado na serpente, fez uma segunda pregação, a qual afirmava que, com certeza, ambos, homem e mulher, não morreriam. O primeiro homem creu na segunda pregação e não na primeira. Ora, isto caracterizou-se como incredulidade ao que Deus lho houvera predicado. Com efeito, isto é confirmado em Jo. 16:7 a 9 _"Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim." O pecado que separou o homem de Deus foi a incredulidade. Tudo o que decorre por causa da incredulidade, são os atos pecaminosos consequenciais.
Ditas estas coisas, pode-se afirmar que a natureza humana é inclinada naturalmente à incredulidade, mesmo quando afirma-se em uma fé autoproclamada. Isto conduz o homem, invariavelmente, às escolhas executadas com base no que se pode ver, tocar e experimentar. É a fé em si mesmo e não no que diz a Palavra de Deus.
O texto de abertura fala sobre dois caminhos e duas portas: uns largo e espaçoso e outros apertado e estreito. Obviamente, a maioria segue o caminho espaçoso e entram pela porta larga, porquanto isto satisfaz suas naturezas decaídas. Todavia, o caminho apertado e a porta estreita são destinados  àqueles cujas naturezas decaídas foram aniquiladas na cruz por meio da inclusão na morte e na ressurreição com Cristo. Este ensino é fundamentado em Hb. 9:26 - "[...] doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Ato contínuo, o texto prossegue alertando sobre os falsos pregadores e suas falsas doutrinas. Jesus, o Cristo pede aos eleitos e regenerados cautela sobre tais doutrinas. Isto porque não se deve perder tempo e energia com tais ensinos de homens. Não se abandona a fonte de água limpa para beber água suja.
A forma de identificação do que é falsificado e do que é verdadeiro são os frutos: se o fruto é bom, a árvore é boa; se o fruto é mau, a árvore é má. Portanto, é uma clara conotação à natureza dominante em uma pessoa. É uma relação de causa e efeito. O efeito é o que a fonte que lhe dá origem é.
Jesus, o Cristo afirma que apenas aqueles que fazem a vontade de Deus, entrarão no Reino Eterno. Ora, a vontade de Deus é externada em Jo. 6:29 - "Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou." Portanto, a vontade ou a obra de Deus, consiste não em oferecer sacrifícios de méritos e de justiça própria, mas de ganhar a fé. E o que é fé senão confiar apenas no que diz a Palavra de Deus?
O texto termina expondo um caso concreto. Aqueles os quais requererão para si os atos religiosos, como, pregação, exorcização de demônios e realização de milagres. Entretanto, Jesus, o Cristo lhes afirma, peremptoriamente, que nunca os conheceu. Veja, o verbo está no passado. Isto indica que eles não foram arrolados no Livro da Vida do Cordeiro conforme Ap. 13.8. Como o Deus Onisciente não conheceria qualquer criatura? Por que Ele se referiu ao conhecimento espiritual e não ao conhecimento intelectual ou natural. Este ensino é encontrado em Jo. 10:14 - "Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem."
Então, acautelai-vos daqueles que falsificam o Evangelho e se disfarçam apresentando-se com aparência de verdade, sendo mentirosos. O caminho proposto e a porta que dão passagem à Vida Eterna foram preordenado antes dos tempos eternos aos eleitos e regenerados conforme a presciência de Deus por meio de Jesus, o Cristo.
Sola Scriptura!

sábado, julho 29

O PECADO IMPERDOÁVEL

 Mt. 12: 31 - "Portanto vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada."
O conceito de pecado é um dos mais controversos e rejeitados na sociedade moderna. Entretano, a realidade dada e os resultados do mal moral no mundo mostram que o pecado é real e concreto. A maioria prefere acreditar que o pecado é uma construção da religião ou das classes dominantes para manter controle social. Porém, basta olhar para si mesmo e para a sociedade para constatar seus efeitos.
Pouco importa o que a sociedade ou o homem em particular pensa ou afirma sobre o pecado. Importa, de fato, o que é doutrinado nas Escrituras sobre ele. 
Muitos religiosos vivem atormentados por temer que cometem o pecado imperdoável. Geralmente, atribuem como pecado imperdoável ao que se pode chamar de atos pecaminosos, tais como: matar, furtar, roubar, prostituir, adulterar, mentir etc. Nenhum desses atos pecaminosos podem levar o homem à condenação eterna. Estes são, em realidade, apenas consequências naturais do pecado imperdoável. Não é o assessório que arrasta o essencial, mas o essencial é que arrasta o assessório. Ou seja, não são os atos pecaminosos que determinam a natureza pecaminosa, mas ela os determina como via consequencial. Jesus, o Cristo ensina isto quando fala da árvore má e seus frutos e da árvora boa e seus frutos. É uma relação de causa e consequência! Sendo assim, o homem é condenado eternamente pelo que é em natureza, não necessariamente, pelo que faz por atos. Todavia, após ter sua natureza pecaminosa substituída pela natureza divina de Cristo, os atos pecaminosos vão sendo curados pela misericórdia e graça de Deus.
Mt. 12:22 a 28 - "Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via. E toda a multidão, maravilhada, dizia: é este, porventura, o Filho de Davi? Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino? E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes. Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus." Este texto fornece as pistas sobre a questão do pecado imperdoável. Os religiosos acusavam Jesus, o Cristo de fazer milagres pelo poder de Satanás. Jesus, o Cristo lhes evoca juízo sobre si mesmos ao dizer que, o Diabo não pode expulsar o próprio Diabo, portanto, a afirmação dos religiosos era falsa. Cristo lhes mostra que se a sua obra era pelo poder de Deus, logo, a revelação divina havia chegado a eles. Poranto, recebê-la ou rejeitá-la revelava as suas naturezas regeneradas ou incrédulas. Isto é como jogar xadrez! Dado o cheque mate, nada mais poderá fazer o derrotado.
O texto acima mostra, sem mencionar o Espírito Santo, que o pecado imperdoável é a rejeição à obra de Cristo como operada pelo Espírito Santo. Visto que é ele quem convence o homem do pecado, da justiça e do juízo conforme Jo. 16:9
A evidência irrefutável de que Jesus, o Cristo operava seus milagres pelo poder de Deus é o versículo 29 de Mateus capítulo 12 - "Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa." Isto é, como poderia ele expulsar os demônios pelo poder do Diabo? É como entrar na casa do Diabo, expulsar os demônios seus subordinados e o Diabo não fazer nada.
Mt. 12: 32 - "Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro." Este verseto indica que não será perdoado o pecado de negar que a obra de Cristo era realizada pelo Espírito Santo. Qualquer outra blasfêmia contra Jesus, o Cristo pode ser perdoada, mas negar que é o Espírito Santo quem convence o homem do seu próprio pecado não será perdoado, nem agora, nem na eternidade. Tal negação, em última instância, recai em incredulidade, ficando isto esclarecido no verso 9 de João capítulo 16. 
Rm. 4: 7 e 8 - "Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado." Sabe-se pelo texto sacro que a iniquidade é o desequilíbrio da corrupção do homem pelo pecado original. Sabe-se que o sangue de Jesus, o Cristo derramado na cruz foi a expiação pelo pecado conforme I Jo. 1:7 - "...e o sangue de Jesus seu Filho nos purifica de todo pecado." E, por fim, sabe-se que é pela fé que Deus imputa a justificação conforme Rm. 4:3 - "Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça." Portanto, a salvação é pela graça e o meio é a fé conforme Ef. 2:8 - "Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus."
Sola Gratia!
Sola Fide!
Solus Christo!

quarta-feira, julho 26

O QUE É O INFERNO? III

 Tg. 3:6 - "A língua também é um fogo; sim, a língua, qual mundo de iniquidade, colocada entre os nossos membros, contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, sendo por sua vez inflamada pelo geena."
A grande dificuldade de alguns que se dedicam à exegese bíblica é não diferenciar liguagem literal de linguagem figurada e vice-versa. Quando se toma o que é figurado por literal as coisas não batem, porque são naturezas diferentes de significantes e significados. Alteram-se os sentidos conotativo e denotativo dos significantes. As palavras inferno, seol e hades podem, dependendo do contexto, serem apenas figurações ou terem sentido literal. Entretanto, o senso comum está tão arraigado na mente das pessoas que, estas, tomam sempre a palavra inferno como o lugar de tormento eterno. Não percebem que, o inferno ou hades é um lugar intermediário entre a vida e a ressurreição final. Aqueles que lá estão, são atormentados, não por que o lugar é de tormentos eternos, mas pelo estado de consciência almática que os levou para lá. A alma é a sede das emoções, das volições e das decisões, portanto o tormento é pessoal. Para piorar estas realidades todas, o tradutor do grego neotestamentário simplesmente traduziu sheol, hades e geena como inferno, desconsiderando o contexto. Como a ideia de inferno foi deformada pela religião nominal, eles a tomam por lugar de tormento eterno. É muito comum, na cultura ocidental, ouvir alguém mandando os desafetos para o inferno. Ora, neste caso, estará desejando que o tal desafeto morra e vá para o lugar dos mortos e não para o lugar de tormento eterno.
Por exemplo, no texto que abre este estudo o apóstolo Tiago está tratando da questão de malediscência, logo, ele se refere à língua como membro do corpo. Então, afirma: "a língua também é um fogo." Qualquer pessoa, razoavelmente lúcida, percebe que fogo é figurado, pois a língua é um órgão humano de tecido epitelial pavimentoso, não de fogo. Quando afirma que "a língua qual mundo de iniquidade..." está dizendo que, aquilo que ela profere são iniquidades. Mas, a iniquidade está na língua, ou no coração? A língua não é a iniquidade em si, mas o meio pelo qual o homem externaliza a iniquidade do coração. Tiago também ensina que a língua "contamina todo o corpo, inflama o curso da natureza." Ora, não é a língua que inflama a natureza, mas apenas o que ela é capaz de afirmar que traz confusão e discórdia entre todos e em tudo. Finalmente, o apóstolo afirma que a língua "será inflamada pelo geena." Porém, o tradutor trocou geena por inferno. Na verdade, o apóstolo Tiago está dizendo que as pessoas malediscentes causam mal a todos e ao mundo e que, de resto, pagarão por isso nos tormentos da condenação eterna. Geena sempre é utilizado quando o tormento é eterno e inflingidos pelo lugar, ou seja, é a segunda morte no lago de fogo e enxofre. Então, o Gehinom é apenas uma figura do lago de fogo e enxofre.
Ap. 1:18 - "Eu sou o que vivo; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre! e tenho as chaves da morte e do hades." O texto grego koinê correspondente a este versículo é:[καὶ ὁ Ζῶν καὶ ἐγενόμην νεκρὸς καὶ ἰδοὺ ζῶν εἰμι εἰς τοὺς αἰῶνας τῶν αἰώνων καὶ ἔχω τὰς κλεῖς τοῦ θανάτου καὶ τοῦ ᾅδου]. Vê-se que a última palavra é hades. O que Jesus, o Cristo está afirmando é que ele detém o controle do lugar onde estão os mortos aguardando o juízo final. Eles estão nos lugares inferiores ou nos abismos em estado intermediário entre a vida e a ressurreição aguardando suas sentenças. É precisamente este o sentido de inferno. Porém, é um estado de tormento, visto que as almas lá residentes têm consciência de que não terão mais a chance de justificação de acordo com Hb. 9:27 - "E, como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo..."
At. 2:27 e 31 - "...pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; ... prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a corrupção." O autor do livro de Atos dos Apótolos faz referência à ressurreição dos justificados em Cristo. As suas almas não ficam no inferno da mesma forma que Deus não deixou Jesus, o Cristo no inferno. Também o ressuscitou em corpo glorificado ou incorruptível. Nestes dois versetos é utilizado o vocábulo hades. Isto é, o mundo dos mortos não pôde reter a alma de Jesus, o Cristo, e, por similitude de natureza, não pode reter as almas dos eleitos e regenerados. Não que estes sejam merecedores ou justos em si mesmos, mas porque foram justificados pela inclusão na morte e na ressurreição com Cristo conforme Cl. 3:3 - "... porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." Portanto, àqueles que defendem o estado intermediário dos regenerados no inferno, não há qualquer sentido. Este mesmo fato é reforçado em Rm. 6: 8 a 10 - "Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus."
Há profunda resistência do homem decaído quanto à necessidade de crer na sua morte e ressurreição com Cristo. Muitos até declaram isso por hábito ou para se sentir engajado entre os que pregam o evangelho da cruz. Todavia, estão no íntimo das suas almas agarrados aos rudimentos da religião nominal. Procuram sempre achar nas Escrituras subsídios para fundamentar sua incredulidade. Este é um perigo mortal, pois, para quem quer cultuar a mentira é perfeitamente possível elaborá-la, inclusive, usando a Bíblia. 
Sola Fide!

segunda-feira, julho 24

O QUE É O INFERNO? II

 

Mt. 10:28 - "E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no geena, tanto a alma quanto o corpo."
No estudo anterior tratou-se de esclarecimentos etimológicos e semânticos sobre as diferenças entre inferno, hades, sheol ou seol e gehenna. Lembrando-se que inferno, hades e sheol são termos equivalentes e se referem ao lugar onde as almas dos mortos, sem reconciliação com Deus, aguardam o Juízo Final. Vimos ainda que o Tártaro é um lugar de grandes profundezas onde estão aprisionados alguns anjos caídos ou demônios que, no passado, fizeram muito mal à humanidade. E, por fim, sabemos que Gehenna ou Geena não é o mesmo que inferno. Gehenna era uma propriedade ao sul da cidade de Jerusalém onde havia a incineração do lixo da cidade até ao tempo de Jesus, o Cristo. Por esta razão e por associação de ideia, Jesus fez referência a este lugar como figura de lugar de tormentos eternos aos que são condenados. Infelizmente, e, por força da predominância do senso comum e das tradições da religião nominal, traduziu-se para o português, Gehenna, como correspondente a Inferno. Isto causa muito mal, pois, de um lado é usado pelas religiões para meter medo nas almas ignorantes quanto à verdade, e, por outro lado, impede alguns eleitos de desfrutar a plena graça que dá o total descanso e a perseverança dos santos.
Mt. 11:23 - "E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o inferno descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje." Neste texto, por exemplo, Jesus, o Cristo, não utilizou a palavra hades, seol ou inferno, mas uma expressão [ἕως Ἅιδου καταβήσῃ] que é "descer às profundezas", mas, possui o sentido de descer ao Hades. A tradução como inferno não tem problema, pois o texto está afirmando que os habitantes da cidade de Cafarnaum iriam para o mundo dos mortos por causa da sua incredulidade.
Mt. 16:18 - "Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela." Neste texto, a expressão [καὶ πύλαι Ἅιδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς] significa: "... e as portas do Hades não prevalecerão contra ela." Mais uma vez Hades foi traduzido por Inferno, e, neste caso, não há qualquer problema, pois são termos equivalentes. A ideia geral do texto é que o mundo dos mortos ou dos demônios não teria qualquer força contra a verdadeira Igreja. Lembrando-se que, igreja no sentido neotestamentário não é um templo ou uma denominação religiosa, mas o conjunto dos pecadores eleitos e regenerados em todos os tempos e lugares. Estes são aqueles que creem na sua inclusão na morte de Cristo, bem como na sua ressurreição juntamente com  ele. Esta é uma operação monérgica, isto é, executada pela soberania de Deus conforme Jo. 6:44.
 Lc. 16:23 - "No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio." Este verseto foi retirado do contexto da parábola do rico e Lázaro. Enfoca o rico no Hades ou Inferno, como o lugar dos mortos [τῷ ᾅδῃ]. O rico estava em tormentos e não sendo atormentado. É óbvio que, quem morre sem a reconciliação ou justificação em Cristo, tem consciência plena que está apenas aguardando o seu julgamento final. Neste sentido é que o inferno ou hades é um lugar de tormentos para todos que estão lá. Não é o lugar que os atormenta, mas eles têm suas consciências atormentadas pela certeza da condenação. Neste sentido, quantas pessoas são atormentadas ainda em vida?
I Pd. 2: 18 e 19 - "Porque também Cristo morreu uma só vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; sendo, na verdade, morto na carne, mas vivificado no espírito; no qual também foi, e proclamou aos espíritos em prisão." Deve-se lembrar que, o próprio Jesus, o Cristo, nos três dias após a sua morte e sepultamento, foi ao Tártaro e proclamou aos anjos caídos ou demônios. Portanto, até mesmo os demônios presos receberam a comunicação que ele é o Salvador que havia de vir para justificar os pecadores eleitos e regenerados. Verifique, no texto acima que, Jesus, o Cristo não evangelizou [ευαγγελιζειν], no Hades, mas apenas proclamou [κήρυξεν] que ele é o Redentor e Justificador dos eleitos. Esta é a vitória de Cristo sobre o Diabo e seus demônios. Vê-se ainda que o Tártaro é o lugar de prisão de espíritos e não de almas de homens. 
Sola Scriptura!
Sola Gratia! 

O QUE É O INFERNO? I

 

Mt. 25:41 - "Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos."
Sempre houve grande confusão conceitual quando se trata de céu e inferno. Tal dicotomia é proveniente da visão medieval criada pela igreja dominante para manter os "fieis" pelo medo. A situação piorou bastante após a publicação da obra de Dante Alighieri - A Divina Comédia - que foi, e, em grande parte, continua sendo mal compreendida. Entretanto, esta questão não será tratada neste estudo.
Etimologicamente a palavra inferno, em língua portuguesa, provém do latim eclesial [Infernum], significando, "profundezas da Terra." No grego koinê, a língua do Novo Testamento, utiliza-se do termo correspondente a inferno, isto é, [Hades] com significação de profundezas, abismos. Era, de fato, o nome de uma entidade mitológica, irmão de Zeus, condenado a viver no submundo, porque se rebelou contra Cronos. Também, no grego, traz a mesma ideia de lugar onde habitam os mortos. 
Nos dicionários, o verbete "inferno", apresenta diversas rubricas, porém duas são as principais para este estudo: 1. "para os cristãos, lugar em que as almas pecadoras se encontram após a morte, submetidas a penas eternas"; e,  2. "local subterrâneo habitado pelos mortos (tb. us. no pl.)." Cristãos, nascidos de novo, não creem conforme o verbete 1. Ora, todas as almas dos vivos ou dos mortos são pecadoras por natureza, por pensamentos e por atos. Portanto, há algo de estranho nessa definição dicionaresca, demonstrando o nível de influência do senso comum na cultura ocidental.
Portanto, é necessário estabelecer uma dicotomia temporal sobre o significado da palavra "inferno." A primeira significação é anterior ao Cristianismo, portanto, pré-existente nas crenças das religiões ditas pagãs. No latim, tal termo é "inferus" ou "infernus", significando "lugares baixos" ou "lugares inferiores." O uso do termo em latim é proveniente da tradução do Novo Testamento por São Jerônimo, a qual deu origem à Bíblia Vulgata. Esta forma compatibiliza-se com o termo "hades" do grego koinê, pois ambos significam abismos, profundezas, lugares inferiores e o mundo dos mortos. 
No hebraico, o correspondente a "inferno" é [Sheol] significando, o mundo dos mortos, e aparece 62 vezes no Velho Testamento. Portanto, tanto no hebraico antigo, quanto no moderno, traz a ideia de sepultura ou o lugar silencioso do corpo morto ou o mundo dos mortos.
Outro termo importante a ser mencionado é [Tártaro], porque, também refere-se ao mundo inferior, às profundezas ou aos abismos. Entretanto, é o lugar onde foram encerradas determinadas categorias de anjos caídos até serem soltos no tempo do fim. A mitologia grega reforça a ideia, pois, nesta referência, o Tártaro era um lugar mais profundo que o Hades. Era destinado à prisão de deuses inferiores que foram rebeldes ou cometeram determinados crimes. No Novo Testamento, o apóstolo Pedro é o único que utiliza esta palavra conforme II Pd. 2:4 - "Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no tártaro, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo." Desta forma, fica claro o porquê de o apóstolo Pedro utilizar Tártaro e não Hades. Algumas traduções bíblicas trazem inferno no lugar de tártaro. Porém, no texto grego koinê é utilizada a palavra Tártaro e não Hades. Isto se explica pelo fato de ser um lugar de prisão de anjos caídos ou demônios e não de almas humanas.
Finalmente, um outro termo utilizado com conotação de lugar de tormento é [Gehenna]. Esta palavra, em grego koinê, foi transliterada do termo hebraico [Ge’hinnom] o qual significa o Vale de Hinom. Esta localidade fica ao sul de Jerusalém e pertencia a um tal de Hinom e depois ao seu filho herdeiro. No tempo de Jesus, o Cristo, era o local onde se incinerava o lixo de Jerusalém, e, portanto, estava sempre em chamas. Também era o local onde reis ímpios, tais como Acaz e Manasses, ofereceram seus filhos em sacrifício ao "deus" Moloque conforme 2 Cr. 28:3 e 33:6 - "Também queimava incenso no vale do filho de Hinom, e queimou seus filhos no fogo, conforme as abominações das nações que o senhor expulsara de diante dos filhos de Israel..." Além disso queimou seus filhos como sacrifício no vale do filho de Hinom; e usou de augúrios e de encantamentos, e dava-se a artes mágicas, e instituiu adivinhos e feiticeiros; sim, fez muito mal aos olhos do Senhor, para o provocar à ira." O Geena é citado em Mt. 5:22, 29 e 30 - "Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: tolo, será réu do fogo do geena. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no geena. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o geena." A ideia da palavra nestes e em outros textos correlatos no Novo Testamento é que pessoas perversas e não nascidas de novo irão para um lugar de tormento eterno por fogo. O tradutor da Bíblia para língua portuguesa traduziu Gehenna por Inferno. Isto é absolutamente errado e fruto da prevalescência do senso comum sobre a semântica. 
A ideia de inferno como lugar de tormento e não como um lugar provisório em que os mortos aguardam o dia do Juízo Final, foi introduzida na Idade Média para fazer  as pessoas permanecerem na igreja dominante pelo medo do tormento eterno. 
A expressão, "fogo eterno", que aparece no texto de abertura é o lugar de tormento eterno, isto é, o "lago de fogo e enxofre" citado no Apocalipse. Nada tem a ver com inferno, hades, sheol ou tártaro. 
Sola Scriptura!

quinta-feira, julho 13

OS PECADOS PELOS QUAIS SE PODE ORAR, NÃO SÃO PARA A MORTE.

 I Jo. 5: 16 a 20 - "Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda injustiça é pecado; e há pecado que não é para a morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno. Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
No outro estudo tecemos uma sequência de exposição bíblica e verbalização de conceitos, geralmente, ensinados de modo muito reducionista em igrejas nominais. O objetivo era demonstrar que há categorias de pecados na Bíblia e que, um deles é o que determinou a queda do homem. Muitos líderes religiosos gostam muito de utilizar este tipo de texto para meter medo e segurar as pessoas presas a um sistema a que foram submetidas por tradição ou por desespero.
É claro que não existe hirarquia ou escalonamento de pecados. Qualquer ato pecaminoso é derivado da natureza pecaminosa. Portanto, enquanto o pecado que é para a morte não for aniquilado em Cristo, os atos pecaminosos prevalecerão nas almas decaídas das pessoas. Por mais que elas sintam remorsos e busque conciliação em determinados mecanismos de culto, como por exemplo, confessar, comungar, pediir perdão, reconciliar-se com Deus em cultos elaborados para apelar ao emocionl, dar ofertas alçadas para ajudar a obra do evangelho. Isto é uma mera tentativa de retirar o pecado [harmatía] por justiça prória e por méritos. Isto não procede da obra monérgia e definitiva de Deus, em Cristo. Pode ter grande valor psicológico e social, mas não espiritual e redentivo.
Neste estudo enumerar-se-ão as outras palavras usadas no texto grego em que foi escrito o Novo Testamento:
[παραβασιs] que transliterado é [parabasis] e significa: erro, falha, transgressão, infração ou ir além do limite estabelicido na lei. Mt. 15: 2 - "Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem." A palavra grifada tem a sua origem no termo "parabasis."
[ἀδικίαις] que transliterado é [adikiais], significando injustiças ou iniquidades. Está registrada em Hb. 8:12 - "Porque serei misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados não me lembrarei mais." Observe que, no texto é dito que Deus será misericordioso com as iniquidades e não se lembrará mais dos pecados. É, claro! O pecado foi aniquilado na morte com Cristo e as injustiças e iniquidades fora curdas da alma por misericórdia e graça.
[ἀνομία] que transliterado é [anomia], a qual significa ausência de cumprimento ou desrespeito às leis, normas e regras. Há um registro em Mt. 24:12 - "...e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará." Apenas no Evangelho de Mateus a palavra anomia é equivalente a iniquidade. Traz a ideia de total desprezo ou desobediência à lei de Deus. Porém, também traz sentido de anarquia em política e direito humano. Lembrando que 'iniquidade' entende-se por falta de equidade ou equanimidade. Enfim, falta de equilíbrio.
[πορνεία] que transliterado é [porneia], e significa práticas sexuais ilícitas ou erradas. São exemplos: adultério, lascívia, prostituição, homossexualidade, bestialidade, incesto e qualquer perversão sexual. É desta palavra que provém o vocábulo pornografia. Há um registro em I Ts. 4:3 - "Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição (porneia)."
O texto de abertura afirma: "Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para aqueles que não pecam para a morte." Parece estranho, não? Pois se refere a irmão e não a pecador não nascido de Deus. Todavia, mesmo os eleitos e regenerados podem, embora não devessem, cometer estes atos pecaminosos. Há casos que os cometem incosnscientemente, mas, há casos que os cometem sabendo que estão errados. Isto ocorre, porque após no novo nascimento, vem o processo de descontrução da natureza pecaminosa nas almas dos  regenerados. Isto pode ser rápido em uns, medio em outros e, pior, longo em outros. O problema não está mais no espírito morto para Deus, mas na alma contaminada por atos e atitudes que precisam ser tratadas.
O mesmo texto de abertura também afirma: "sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno." Observe atentamente que, os nascidos de Deus, do alto ou nascidos de novo não vivem pecando. Veja o verbo pecar está no particípio passado e não no contínuo. Isto porque Deus realiza uma obra de purificação. Aquele que nasceu de Deus é Cristo. Portanto, aos que Deus gerou em Cristo que é Seu Filho Unigênito e Primogênito dentre os mortos não permanecem no domínio da natureza pecaminosa. E, por fim, é ensinado que o Diabo sequer pode tocar os eleitos e regenerados. Contrariamente, o mundo inteiro jáz no Malígno, ou seja, tudo o que não foi regenerado ou gerado de novo em Cristo continua sob o  domínio do Diabo até o julgamento final dele e seus seguidores. 
II Co. 5:17 - "Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." Alguém está em Cristo não significa na religião, mas ter sido incluído em sua morte e em sua ressurreição. Não se herda a vida de Cristo por meio de rituais, cultos e sacrifícios de tolo. É este o processo de aniquilação do pecado que matou o homem aos olhos de Deus e é este o processo de regeneração ou nova geração em Cristo. Sem ele, ninguém verá a Glória do Eterno.
Aleluia!

O PECADO PELO QUAL NÃO ADIANTA ORAR, É PARA A MORTE.

I Jo. 5: 11 a 20 - "Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê, mentiroso o faz, porque não crê no testemunho que Deus de seu Filho dá. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna. E esta é a confiança que temos nele, que se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve. e, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos as coisas que lhe temos pedido. Se alguém vir seu irmão cometer um pecado que não é para morte, pedirá, e Deus lhe dará a vida para aqueles que não pecam para a morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore. Toda injustiça é pecado; e há pecado que não é para a morte. Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive pecando; antes o guarda aquele que nasceu de Deus, e o Maligno não lhe toca. Sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno. Sabemos também que já veio o Filho de Deus, e nos deu entendimento para conhecermos aquele que é verdadeiro; e nós estamos naquele que é verdadeiro, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna."
Neste estudo, não se pretende esgotar o assunto, até porque ele não se esgota. Trata-se de um recorte do assunto abordado pela doutrina denominada Hamartiologia. O nome da doutrina é procedente de dois termos no grego koinê: [αμαρτíα] + [λογία] que, transliterados para caracteres latinos são: [hamartía] e [logía], respectivamente, pecado e estudo. Isto posto, simplificadamente, para que se saiba que existe a doutrina teológica que estuda a origem, natureza, causa e consequências do pecado. 
Portanto, este é um assunto permanentemente verificado, estudado, pregado e negligenciado na cristandade nominal e apenas religiosa. 
A primeira questão é, mesmo sendo atentamente estudado, o pecado não é compreendido claramente por pecadores. Obviamente, suas naturezas contaminadas os impedem de compreendê-lo espiritualmente. Compeendem-no apenas intelectualmente ou almaticamente. O intelecto, a partir da capacidade cognitiva de cada um pode estabelecer lógica, ilações, inferências e afirmações muito convincentes. Já a alma permite ao homem, estabelecer apenas uma conclusão emocional, e, por vezes, pacional para o pecado. Em alguns casos afirmando-o, em outros, negando-o, relativizando, assim, suas causas e efeitos. 
A compreensão espiritual e plena sobre o que é o pecado só se completa por revelação. E, revelação é dom espiritual concedido aos eleitos e regenerados, os quais  nasceram de novo. Não que estes sejam mais elevados, perfeitos, ou mais isso ou mais aquilo. Porque a revelação está centrada na Soberania, na Graça e na Misericórdia de Deus. É, portanto, Monérgica! 
É senso comum nas denominações puramente religiosas resistir ao ensino completo do pecado. Quando são demonstradas as diferentes categorias de pecados revelados nas Escrituras, os religiosos, imadiatamente, rechaçam-na dizendo: não existem pecadão, pecado e pecadinho! E completam dizendo: pecado é pecado. É verdade, todos são pecados! Entretanto, existem sim, categorias bíblicas. Este é um problema da língua portuguesa, a qual possui uma única palavra para o vocábulo pecado. Entretanto, existem 5 vocábulos diferentes para pecado no grego neotestamentário. Todos com funções semânticas e gramaticais diferentes. Também, pela mesma razão, o texto de abertura esclarece que há pecado para morte e pecado que não é para morte. Portanto, são estabelecidas categorias!
Todavia, apenas uma dessas categorias se enquadra no pecado que separa o homem de Deus conforme Is. 59: 1 e 2 - "Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem surdo o seu ouvido, para que não possa ouvir; mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." Veja, são os pecados dos homens que fazem a separação. A separação é entre os pecadores e Deus, não o contrário. 
No texto de abertura, verso 16, reza no greto koinê que se alguém ver o irmão cometendo pecado que não é para a morte, deve orar para que seja perdoado e curado espiritualmente. O interessante é que, tanto a palavra pecado, quanto a palavra morte, são na língua do novo testamento: [ἁμαρτίαν] = [hamartían] e [θάνατον] = [thanaton]. Ou seja, é pecado no sentido de natureza pecaminosa que separa o homem de Deus; e, morte no sentido de separação eterna de Deus. Não se tratando, portanto, de morte biológica.
Foi exatamente esta categoria de pecada que Jesus, o Cristo veio tirar do mundo conforme Jo. 1:29 - "No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." É usada no registro do apóstolo João, o mesmo termo grego "amartían" para designar o objeto final da obra de Cristo na cruz. É esta a única categoria de pecado que foi aniquilado na morte de Jesus, o Cristo, na cruz de acordo com Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." A mesma categoria de pecado foi utilizado pelo autor do livro de Hebreus neste texto.
É, exatamente, esta mesma categoria de pecado que deu origem à queda do homem. Isto fica, perfeitamente claro no texto de Jo. 16:9 a 11 - "E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo: do pecado, porque não crêem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais, e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado." A ênfase está no verso 9, o qual mostra com clareza que esta categoria de pecado é a incredulidade. Não se trata aqui de os judeus não aceitarem Jesus como o Messias esperado. Mas, de não crerem em Jesus, como Deus. Acaso, não foi o mesmo que aconteceu no Éden, com o casal ancestral? Eles foram incrédulos ao que Deus ordenara. E o pior, foram crédulos ao que Satanás sugerira. Portanto, o pecado que separa o homem de Deus e que o conduz à separação ou morte eterna é a incredulidade. É não crer na Palavra de Deus. Ele e a Sua Palavra se resumem na mesma essecialidade espiritual.
As demais categorias de pecados são os atos pecaminosos, os quais são consequências da natureza pecaminosa residente e persistente no homem decaído. É isso que o religioso normatizado pela religião padrão e apassivado pelo erro, não consegue receber como verdade. Esta não é a verdade de homens, mas toda ela revelada nas Escrituras. Por que, então, não pode ser enxergada e crida? Porque, para tanto é necessário nascer de novo. Esta questão está doutrinada por Cristo em Jo. 3.
Lembre-se, a fé não é uma mera declaração, uma concepção filosófica ou uma sentença teológica. A fé que liberta o homem pecador da condição de condenação eterna é, ver o invisível, tocar no que não é materialmente concreto e confiar que a Palavra de Deus é a verdade. Esta obra é monérgica, isto é, concedida por Graça e Misercórdia de Deus. Não é uma virtude humana conforme fica bem explicado em Ef. 2: 8 a 10.
Sola Scriptura!

domingo, junho 11

FERIR E FALAR À ROCHA, UMA SUTIL DIFERENÇA

 

Dt. 32: 49 a 52 - "Sobe a este monte de Abarim, ao monte Nebo, que está na terra de Moabe, defronte de Jericó, e vê a terra de Canaã, que eu dou aos filhos de Israel por possessão; e morre no monte a que vais subir, e recolhe-te ao teu povo; assim como Arão, teu irmão, morreu no monte Hor, e se recolheu ao seu povo; porquanto pecastes contra mim no meio dos filhos de Israel, junto às águas de Meribá de Cades, no deserto de Zim, pois não me santificastes no meio dos filhos de Israel. Pelo que verás a terra diante de ti, porém lá não entrarás, na terra que eu dou aos filhos de Israel."

O texto que abre este estudo tem causado, em diversos cristãos, uma sensação de desconforto com requinte de injustiça ou, no mínimo, de enorme severidade da parte de Deus em relação a Moisés. Isto acontece, porque o homem natural tem a tendência de julgar Deus com base no próprio senso de justiça humana. Ou seja, o homem sempre pensa em justiça das seguntes formas: justiça retributiva e justiça distributiva. Enquanto a justiça retributiva se firma na aplicação  dos rigores da lei contra o erro, a justiça distributiva se apoia no constructo de como as pessoas avaliam a distribuição de bens e direitos, ou seja, a cada um retribui-se conforme seu esforço ou mérito. Desta forma, a maioria julga que Deus deveria ter sido mais justo ou mais brando com Moisés em função da sua extensa folha de serviços prestados ao longo da travessia do Egito a Canaã. Porém, a questão é bem mais profunda que epidérmica como supõe a maioria a qual vê apenas pelas lentes da alma e não pela profundidade da Palavra de Deus.
As Escrituras utilizam símbolos e tipos para apontar para Cristo e seu sacrifício vicário na cruz. Enquanto os símbolos acontecem uma única vez e guardam maior similitude com o que é simbolizado; o tipo ocorre diversas vezes e guarda menor similitude com o seu antítipo. Nos textos que rezam sobre a ação de Moisés para obter água para o povo, o termo utilizado é sempre rocha e não pedra. Isto porque é utilizado o vocábulo rocha em hebraico antigo [צּוּר] "TSUR". Esta rocha simboliza Cristo.
Ex. 17:4 a 6 - "Pelo que Moisés, clamando ao Senhor, disse: que hei de fazer a este povo? daqui a pouco me apedrejará. Então disse o Senhor a Moisés: passa adiante do povo, e leva contigo alguns dos anciãos de Israel; toma na mão a tua vara, com que feriste o rio, e vai-te. Eis que eu estarei ali diante de ti sobre a rocha, em Horebe; ferirás a rocha, e dela sairá água para que o povo possa beber. Assim, pois fez Moisés à vista dos anciãos de Israel." Neste primeiro episódio, diante da murmuração do povo, Moisés busca a orientação de Deus para saber como proceder e fornecer água. Deus, então, ordena a Moisés que leve alguns homens mais velhos e a vara com a qual já havia produzido milagres. A ordem era para que Moisés ferisse a rocha. Assim procedeu Moisés e a rocha jorrou água. Sabe-se que a rocha, neste caso, é um tipo de Cristo ferido e moido pelos pecados dos eleitos e regenerados. 
São diversos textos veterotestamentários que fazem referência a Cristo como a rocha. Um exemplo é o que consta em Hc. 1:12 - "Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, meu santo? Nós não morreremos. Ó Senhor, para juízo puseste este povo; e tu, ó Rocha, o estabeleceste para correção."
Nm. 20: 7 a 11 - "E o Senhor disse a Moisés: toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha perante os seus olhos, que ela dê as suas águas. Assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. Moisés, pois, tomou a vara de diante do senhor, como este lhe ordenou. Moisés e Arão reuniram a assembléia diante da rocha, e Moisés disse-lhes: Ouvi agora, rebeldes! Porventura tiraremos água desta rocha para vós? Então Moisés levantou a mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu água copiosamente, e a congregação bebeu, e os seus animais." Neste segundo momento, Deus orienta a Moisés que vá com Arão, seu irmão, e a congregação de Israel, e que apenas falasse à rocha para que esta jorrasse água. Entretanto, Moisés feriu a rocha por duas vezes. 
Foi neste segundo episódio que Moisés gerou a sua própria punição. Visto que, no primeiro momento, a ordem era para que se ferisse a rocha, porque a mesma simbolizava a morte de Cristo para justificação de pecadores. No segundo momento, a ordem era que Moisés falasse à rocha, porque agora não mais simbolizava o sacrifício inclusivo e substitutivo de Cristo. Agora Cristo já havia justificado os pecadores eleitos e, portanto, não poderia mais morrer para justificá-los. Falar à rocha, neste caso, traz o sentido de graça e de uma relação reconciliada do pecador justificado com o seu justificador. É na oração que os filhos de Deus têm a liberdade de falar e expor suas dores e demandas ao Pai por meio de Cristo. 
A situação de Moisés se agravou, porque feriu a rocha, na segunda vez, por duas vezes, não crendo na palavra de Deus. Paulo ensina sobre o fato de a morte de Jesus, o Cristo ser apenas uma única vez conforme Hb. 9: 24 a 26 - "Pois Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, mas no próprio céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; nem também para se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote de ano em ano entra no santo lugar com sangue alheio; doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Alguns fazem objeções a este ensino, porque afirmam que os fatos ocorreram em lugares diferentes, e as rochas eram diferentes. Todavia, pode-se afirmar que  os lugares diferentes indicam o Cristo como justificador em sua morte de cruz e o Cristo intercessor que ouve os seus eleitos e apresenta suas orações ao Pai. Quanto a rocha, era a mesma, pois sabe-se que, durante a travessia de Israel do Egito para Canaã, a nuvem representou o Pai, a coluna de fogo representou o Espírito Santo e a Rocha representa o Filho, a saber Jesus, o Cristo. Isto é ensinado por Paulo em I Co. 10:1 a 4 - "Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos foram batizados em Moisés, e todos comeram do mesmo alimento espiritual; e beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da rocha espiritual que os acompanhava; e a rocha era Cristo."
Sola Scriptura!

sexta-feira, agosto 5

O SEU VELHO HOMEM FOI CRUCIFICADO?

 

Rm. 6: 11 a 16 - "Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como redivivos dentre os mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça. Pois o pecado não terá domínio sobre vós, porquanto não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Pois quê? Havemos de pecar porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum. Não sabeis que daquele a quem vos apresentais como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?"
A expressão velho homem é utilizada pelo apóstolo Paulo no capítulo 6 de Romanos, no verso 6 - "...sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." Não se trata da crucificação de um homem idoso, como fazem nas Filipinas, na semana chamada santa. Não é homem velho, mas velho homem. Isto indica que se trata da velha natureza adâmica contaminada pelo pecado original, a saber, a incredulidade. O significado do ensino deste versículo 6 é que, os eleitos foram incluídos na morte com Cristo. Esta verdade se apropria por fé, pois ninguém, dos tempos atuais, estava lá. Os que presenciaram a crucificação também não foram fisicamente crucificados, exceto, os dois malfeitores. Um deles creu, enquanto o outro desafiou e proferiu impropérios típicos da mente incrédula. A finalidade da pregação do evangelho é apenas esta: despertar os eleitos para crer que foram incluídos na morte com Cristo, bem como, na sua ressurreição. 
O verso 11 do texto de abertura reza que o eleito e regenerado deve crer, considerando que morreu com Cristo, e, que, n'Ele foi vivificado para Deus. A vivificação só se faz real, quando alguém foi morto. Atualmente, e por porfia, muitos passaram a falar sobre 'novo nascimento.' Todavia, como se pode pregar sobre nascer de novo, se não podem pregar sobre a inclusão na morte com Cristo? Tolo é o religioso que possui a crendice que Jesus foi crucificado apenas para substituí-lo na cruz. Ora, ele não tinha natureza pecaminosa, e, portanto, a sua morte sem pecado, não aniquilaria o pecado inexistente. Ele morreu, incluindo todos os eleitos e predestinados para matar as suas natureza mortas para Deus conforme Jo. 12: 32 e 33. Com este ato de Justiça perfeita, aniquilou o pecado de muitos conforme Hb. 9:26 - "...doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo." 
Quando o texto que abre esta instância afirma: "não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências; nem tampouco apresenteis os vossos membros ao pecado como instrumentos de iniquidade." Não é uma sugestão ou imposição legal para que os eleitos se esforcem para não cometer erros ou atos pecaminosos. O texto trata de uma questão de natureza. Ou seja, os que morreram com Cristo e com Ele ressuscitaram, não possuem mais a natureza para servir continuamente aos desejos carnais. Eles não têm mais natureza para se sentir felizes na natureza pecaminosa. É como a diferença entre a largarta e a borboleta. Quando era apenas a lagarta possuía natureza devoradora, e, dependendo da espécie, liberava ácido altamente venenoso. Porém, quando metamorfoseou-se em borboleta, tal inclinação desapareceu. Agora se alimenta apenas do nectar das flores e se transformou em uma criatura leve, suave e dócil.
Portanto, o texto não está autorizando legalismos, méritos, ou lei do esforço e da justiça própria para alcançar a redenção. Ensina, outrossim, que o pecador eleito, agora regenerado, está disponibilizado para que suas potencialidades, habilitades e competências sejam usadas pelo Espírito de Cristo. Não estão mais a serviço da carne e de interesses mundanos e fúteis. Aqueles que, não podem crer e vivem oferecendo seus membros à natureza pecaminosa, sentem-se felizes com isso, óbvio, não são nascidos de novo. Devem, sim, aproveitar e se deleitar no que os faz felizes, pois sua alegria será apenas esta e apenas neste mundo. Não terão partipação no mundo vindouro.
Afinal, a serviço de quem estão os seus membros e os seus desejos? Pois, àquele a quem servirem, do mesmo serão servos ou escravos.
Sola Gratia!