Rm. 5: 1 a 9 - "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado. Pois, quando ainda éramos fracos, Cristo morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque dificilmente haverá quem morra por um justo; pois poderá ser que pelo homem bondoso alguém ouse morrer. Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós. Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira."
A palavra paz sugere inúmeros sentidos em todas as línguas. Mas, especificamente, em língua portuguesa, traz os seguintes significados, enquanto substantivo feminino: "relação entre pessoas que não estão em conflito; acordo, concórdia; relação tranquila entre cidadãos; ausência de problemas, de violência; situação de uma nação ou de um Estado que não está em guerra; cessação total de hostilidades entre Estados, mediante celebração de tratado; armistício; estado de espírito de uma pessoa que não é perturbada por conflitos ou inquietações." Verifica-se que, todos os significados estão centrados em situações assessórias ao homem e não em situação essencial a ele. O essencial ao homem é obter a paz espiritiual e não a paz circunstancial e dependente de uma frágil confiança. Por esta razão as pessoas e as nações celebram acordos de paz, mas preparam-se para o conflito e a guerra.
Jesus, o Cristo faz uma afirmação essencial sobre a origem da paz em Jo. 14:27 - "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize." Portanto, a paz não tem origem no homem natural, mas em Cristo. É ele quem dá a paz ao homem. Entretanto, a natureza da paz que ele dá não é da mesma categoria de paz que o mundo dá. As principais consequências daquele que foi pacificado por Cristo é que não terá um coração turbado e não terá temor do conjunto circunstancial que o cerca.
O mundo dá uma natureza de paz garantida pela força das armas, da posição social, econômica e política dos indivíduos. A paz que procede de Cristo não vem de fora para dentro do homem, mas é procedente do seu coração para o exterior.
O mundo nunca esteve tão ávido pela paz quanto nos últimos tempos. A própria ciência e progresso humano trazem consigo dúvidas, medos e incertezas quanto à segurança da saúde, da oferta de alimentos, da salubridade do ar, das águas e dos solos. O anúncio de conflitos assimétricos e as manifestações reivindicatórias com requinte de violência tornou-se mais e mais frequêntes. Vive-se em uma sociedade em que multiplicam-se as leis e os direitos e diminuem-se as obrigações. As novas gerações são mimadas e com mania de empoderamento. Quando isto lhes é negado, se revoltam.
O texto que abre este estudo demonstra, inequivocamente, que a paz autêntica e definitiva provém da justificação. Entendendo que tal justificação é no campo espiritual, retiram-se todos os determinantes e componentes humanos da paz. Justificado é uma forma verbal que permite concluir que alguém injusto foi tornado justo. Entretanto, tal justiça é a de Cristo e não de qualquer mérito ou esforço próprio do homem. O verbo está flexionado no particípio passado e não no condicional.
A paz que procede da justificação que provém da fé, a qual é dom de Deus, reestabelece a reconciliação entre o pecador regenerado e Deus santo e perfeito. O mediador deste processo é Jesus, o Cristo e não os feitos humanos.
Além da profundidade do processo de pacificação estabelecido por Cristo, a paz produz no homem justificado, a esperança no mundo vindouro e restaurado pela justiça dele mesmo. Também, este verdadeiro estado de paz cria no homem gerado em Cristo, a capacidade de perserverar até mesmo em meio as tribulações. E, no texto, vê-se que as tribulações são dadas ao regenerado, precisamente, para que seja nele desenvolvida a esperança por meio da paciência. É um processo ao qual denomina-se de "deserto" do novo nascido.
Portanto, o processo da justificação e da pacificação reconcilia o pecador regenerado com Deus no espírito. Porém, a sua alma é tratada ao longo do "deserto" até a restauração final. Isto permite manter a viva lembrança que foi o sacrifício substitucionário e inclusivo de Cristo que pacificou o homem decaído. A justificação pela libação do sangue de Cristo é o fator que produz a firme convicção da restauração final para não ser partícipe da ira de Deus no juízo final contra o Diabo, seus anjos caídos e o mundo não regenerado.
Solo Christus!
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