sexta-feira, janeiro 6

A ORAÇÃO ENSINADA NAS ESCRITURAS IV

Lc. 18: 10 a 14 - "Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado."
A oração e a adoração são intercambiáveis e complementares, pois só pode orar verdadeiramente aquele que crê. A oração do que não crê é, na verdade, um solilóquio, ou seja, é monólogo de si para consigo mesmo. Esta categoria de oração não passa do teto da casa em que se encontra o orador. Isto porque o homem natural não pode entrar na presença de Cristo, não tem acesso ao Espírito Santo de Deus, e, consequentemente, Deus não o ouve. Os regenerados, por sua vez, Deus os ouve por meio da advogacia de Cristo, e por meio da tradução das suas orações pelo Espírito Santo. Eles foram apenas justificados dos seus pecados originais, a saber, das suas naturezas pecaminosas, mas continuam contidos em uma habitação carnal, e a carne não pode se comunicar com Deus.
Na parábola contada por Jesus, o Cristo que abre este artigo, veem-se dois homens: um fariseu, ou seja, um homem pertencente a uma seita do judaísmo cuja a base era a lei; e um publicano, que, independentemente, da sua crença era tido como a escória da sociedade judaica, porque como tal cobrava os impostos para os invasores romanos. Vê-se que a postura dos dois em relação à oração foi diametralmente oposta: o fariseu de pé, orava consigo mesmo, ou seja, o que ele dizia, dizia-o de suas próprias qualidades e virtudes. Não houve qualquer preocupação em adorar a Deus em oração, exaltá-lo, confessá-lo. Ele se reconhecia merecedor de todas as atenções de Deus, por ser cumpridor de preceitos, mas não reconhecia a Deus como Soberano, Santo, Justo, Puro, e Senhor Absoluto em primeiro lugar. O fariseu apresentou uma enorme lista de justiça própria como moeda de barganha a fim de suas orações serem aceitas por Deus. Assim são muitos religiosos ainda hoje: se acham merecedores, porque praticam uma determinada religião que julgam ser a única dona da verdade, não roubam, não matam, não se prostituem, cumprem todos os deveres como cidadão e como membro de uma família.
O publicano, por sua vez, sequer ousava levantar os olhos reconheceu-se pecador e não merecedor de qualquer coisa. Suplicou a graça e a misericórdia de Deus, pois quando diz "sê propício a mim" fica evidente que está implorando a graça, o favor, e a misericórdia d'Ele. O publicano fica ao longe, bate no peito, abaixa a cabeça e exclama: "ó Deus", reconhecendo que há um Deus acima dele. Assim são os eleitos e regenerados por Cristo, se veem como desprovidos de méritos e não apresentam as suas justiças próprias como credenciais diante de Deus.
Esta é a oração ensinada nas Escrituras: reconhecer a glória de Deus, e reconhecer-se imerecedor. Porém, ora e rende graças, porque esta é a vontade de Deus! É este o sentido do que está registrado em I Ts. 5: 17 e 18 - "Orai sem cessar. Em tudo dai graças; porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco. Orar sem cessar é permanecer convicto que é o que as Escrituras afirmam que Ele é, e que o homem é exatamente o que elas também afirmam que é: injusto, duro, impuro, incompetente para salvar-se a sim mesmo. Logo, orar sem cessar é reconhecer-se inábil e dependente absoluta e totalmente da graça e da misericórdia de Deus. Quando o homem se vê nesta condição, não lhe resta alternativa senão estar sempre confessando e suplicando por tudo, em todo o tempo, e para todas as coisas. É Cristo quem o justifica!
Solo Christus!

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