Ef. 2: 1 a 10 - "Ele vos vivificou, estando vós mortos nos vossos delitos e pecados, nos quais outrora andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos de desobediência, entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como também os demais. Mas Deus, sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente com Cristo, pela graça sois salvos, e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, pela sua bondade para conosco em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus antes preparou para que andássemos nelas."
Graça é um substantivo feminino com diversos sentidos. Todavia, nesta instância cabe apenas um sentido: dom que Deus concede aos homens e que os torna capazes de alcançar a salvação. Estes homens, objeto desta natureza da graça, não possuem nenhum mérito, e suas justiças próprias para nada aproveitam espiritualmente. As justiças humanas têm grande valor forense, político, ético, e sociológico, mas nada podem fazer pelo homem portador da natureza pecaminosa conforme Is. 59:2 - "... mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados esconderam o seu rosto de vós, de modo que não vos ouça." É fundamental que se estabeleçam tais fundamentos com clareza, porque nas religiões humanistas, há forte tendência à centralidade do foco no homem a qualquer custo. Os que defendem tais posições sinergísticas, insistem que o homem é possuidor do poder de decidir, sobre questões espirituais, sem o concurso da graça. Muitos creem mesmo, que, a própria graça de Deus dispensada ao homem pecador resulta das suas boas ações. Entretanto, isto não é o ensino bíblico, uma vez que a natureza pecaminosa separou o homem de Deus, e, portanto, ele está morto espiritualmente. Nenhuma justiça própria pode retirar a sua culpa espiritual e restabelecer a sua comunhão. Para esta obra foi preparado um caminho mais sobre-excelente por meio da morte de Cristo. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
É notório que a maior parte dos religiosos veem a graça apenas como o recebimento de algum benefício material da parte de Deus. Muitos há que, errônemante, julgam a graça como uma consequência dos seus atos de bondade. Por esta razão Phillip Yancey define, que, "graça é Deus fazendo tudo por quem nada merece." De fato isto coloca as coisas no seu devido lugar, pois se a graça fosse o resultado das justiças próprias e méritos, não poderia ser chamada de graça, mas de pagamento. Deus não faz barganhas com o pecado!
O texto de abertura mostra que os homens, mortos em suas naturezas delituosas e pecaminosas, foram vivificados. Todos, antes do 'novo nascimento', estão numa mesma situação: mortos. O sentido de morte neste contexto é de separado da vida de Deus conforme Ef. 4: 17b e 18a - "...na verdade da sua mente, entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles..." Nestas condições, todos os homens estão sob a influência direta do pecado, fazem a vontade do maligno, servem aos interesses da carnalidade, e são filhos da ira. O que difere o evangelho da graça dos "evangelhos" humanistas nas religiões predominantes, é que, naquele, a ação é inexoravelmente monérgica e parte invariavelmente de Deus. O pecador é objeto da graça, porque a sua natureza pecaminosa não o inclina ao que é verdadeiro, portanto, entra em cena a misericórdia de Deus. Misericórdia provém do latim 'misericordiae', ou seja, a miséria do coração. Isto implica em uma ação concreta da parte de Deus, não dando ao homem aquilo que de fato é merecedor, a saber, a condenação eterna. Ele vê a miséria do coração humano e se inclina a ele com o perdão por meio de Cristo.
O homem pecador é vivificado, ou seja, recebe a vida eterna juntamente com Cristo em Sua ressurreição. Por isto, o evangelho da graça mostra com clareza que a redenção do pecador é essencialmente pela graça e não por méritos. A graça é o primeiro ato monérgico de Deus abrindo os ouvidos do pecador para ouvir o verdadeiro evangelho. Ato contínuo, Deus inclui o homem na morte de Cristo, para nela, destruir a sua natureza morta e separada d'Ele. Em seguida o homem é vivificado juntamente com Cristo em sua ressurreição. Tudo isto se dá por meio da fé que é a única forma de agradar a Deus conforme Hb. 11:6 - "Ora, sem fé é impossível agradar a Deus..." O texto de Efésios 2 mostra, entre outras verdades, que, tanto a graça, como a fé são dons de Deus. O homem não entra com absolutamente nada, justamente para que ninguém reclame para si qualquer glória no processo de redenção.
Finalmente, o texto efesino mostra que os eleitos e regenerados são obra da graça de Deus para que pratiquem boas obras que foram de antemão preparadas. Não realizam boas obras, tendo naturezas iníquas, mas perdem a natureza iníqua original, para andar no caminho das boas obras que foram preparadas por Deus. Comumente, nas religiões humanistas se faz uma inversão destas verdades para colocar o foco meritório no homem.
O processo salvífico põe o homem pecador como um ser passivo, pois a ele cabe apenas receber a graça de Deus, por meio da fé que também é dom d'Ele. Então, neste processo Deus é ativo, e age monergisticamente, enquanto o homem é passivo, recebendo a revelação da verdade para crer. Porém, após ser gerado em Cristo como nova criatura, anda nas boas obras de Deus, porque recebe uma nova disposição.
Sola Gratia!
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