Gl. 1:6 a 8 - "Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema."
Os tempos que transcorrem são muito complexos e assimétricos em tudo. Não bastassem as questões de ordem político-ideológica, econômicas, demográficas, ambientais, sociais, também a complexidade e superficialidade ocorre na esfera espiritual. Sempre houve tais dificuldades e paradoxos, entretanto, elas se avolumam, e se aceleram vertiginosamente.
Há inumeráveis evangelhos sendo pregados pelo mundo afora. Muitos deles sequer poderiam ser chamados de evangelho, pois nada têm de 'boas', e, muito menos, de 'novas'. Visto que a palavra evangelho provém do grego neotestamentário 'ευαγγέλιο' e quer dizer apenas "boas novas", porém, boa parte dos evangelhos pregados por aí são antigos e não são nada bons. Em que consistem as boa novas, neste caso? Em que a salvação, redenção ou justificação do pecador é pela graça, e não por esforços, méritos, e justiças próprias. Esta graça consiste na ação monérgica de Deus, conduzindo o pecador até Cristo conforme Jo. 6:44a - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer..." A questão é tão grave, que não se trata do pecador querer, mas dele não poder. O homem decaído não possui qualquer inclinação para ir até Cristo, pois sua natureza pecaminosa o matou espiritualmente. Pode até ter inclinação para religião, misticismo, ocultismo, mas não para ir conscientemente a Cristo. É igualmente boa nova a verdade que é Cristo quem atrai o pecador à cruz, para nela, matar a sua morte espiritual, incluindo-o na Sua própria morte conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." E, finalmente, é também boa nova a ressurreição do regenerado juntamente com Cristo conforme Ef. 2:6 - "...e nos ressuscitou juntamente com ele..." Genericamente, o evangelho da verdade denomina este processo de nascimento do alto, ou como alguns preferem, novo nascimento. Logo, se alguém nasce de novo, obrigatoriamente deve ter morrido antes. Tais processos são apropriados pela fé, a saber, aqueles que são tocados pelas boas novas creem que a morte de Cristo os incluiu e os substituiu, e que a Sua ressurreição os trouxe de volta à vida espiritual reconciliada. É uma questão de fé e não de aniquilação do eu, porém, fé é dom de Deus!
Qualquer pregação que vá além dos ensinos revelados nas Escrituras é outro evangelho, e não o evangelho da verdade. Alguns chegaram ao ponto de mutilar o verdadeiro evangelho, extraindo-lhe apenas aquilo, que contorcidamente, lhes favorece. Compilam um evangelho híbrido, a saber, se apropriam indevidamente de algumas coisas que acham legais, nas Escrituras, e, a elas, acrescentam suas opiniões místicas, gnósticas e espiritualizantes. Alguns colecionam uma série de dogmas repetitivos e vazios de significação, porque apenas ritualísticos, e chamam isso de evangelho. Outros ainda, transformam em evangelho as suas próprias práticas humanistas e filosofias de vida.
O ensino paulino constante da abertura deste artigo afirma que ainda que um anjo do céu apareça materializado e pregue um outro evangelho, seja considerado maldito. Anátema é um substantivo masculino que quer dizer maldição, repreensão enérgica, reprovação, condenação, execração. Paulo estava admirado da rapidez com que os gálatas estavam indo atrás de uma mensagem substitutiva, alternativa, e mais atraente. De fato, as coisas verdadeiras são muito massantes, chatas, e pouco atraentes aos que não possuem natureza inclinada para elas. O erro, o engano, e a mentira são bem mais atraentes, porque massageiam o ego contaminado pela mania de querer ser "deus". Este outro evangelho oferece uma grande variedade de possibilidades, oferece facilidades, afirma o que o homem pecador quer ouvir, e satisfaz a sua natureza enganosa, enganadora e enganada. Assim, eles cumprem o que está escrito em II Tm. 4: 3 e 4 - "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas."
Hoje se vê grande corrida às fábulas, especialmente, as que se referem a vidas passadas. Percebe-se, inclusive, que todos querem se identificar com antigos reis, rainhas, princesas, príncipes, guerreiros, pessoas famosas. Ninguém quer ser a reencarnação do mendigo Lázaro que jazia à porta do rico, se alimentando das migalhas que lhe sobejavam. Ninguém quer a reencarnação de Jack, o Estripador. Ninguém quer ser a reencarnação do malfeitor que negou e criticou Jesus na cruz. Estes anátemas são subproduto da própria natureza humana contaminada pelo pecado e alimentada pelo Diabo que inoculou tal natureza no homem. Porém, o cego e morto espiritual prefere dizer que Diabo é uma invenção, que Adão e Eva são seres lendários, que talvez Jesus nunca existiu. Até aí, normal, pois suas visões foram cegadas e suas mentes cauterizadas para estas coisas.
Sola Gratia!
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