janeiro 16, 2012

OUVIR CANÇÕES DE NINAR

Ez. 33: 30 a 33 - "Quanto a ti, ó filho do homem, os filhos do teu povo falam de ti junto às paredes e nas portas das casas; e fala um com o outro, cada qual a seu irmão, dizendo: vinde, peço-vos, e ouvi qual seja a palavra que procede do Senhor. E eles vêm a ti, como o povo costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo, e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra; pois com a sua boca professam muito amor, mas o seu coração vai após o lucro. E eis que tu és para eles como uma canção de amores, canção de quem tem voz suave, e que bem tange; porque ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra. Quando suceder isso, e há de suceder, saberão que houve no meio deles um profeta."
O contexto do capítulo trinta e três do livro da profecia de Ezequiel é avassalador contra a rebeldia e a obstinação idólatra do povo de Israel. Deus constituiu o profeta Ezequiel como atalaia, a saber, aquele que serve de sentinela, vigia e observa para evitar um ataque surpresa. Deus determinou que Ezequiel avisasse ao povo dos riscos a que estavam sujeitos, caso não se voltasse às práticas corretas perante a Sua face. Exigia-se deles o retorno aos princípios monoteístas e o seguimento da Lei, como condições para preparar a vinda do Messias, o Cristo. Mas, eles davam de ombros aos avisos e continuavam na religião dúbia e voltada para a satisfação apenas dos seus desejos naturais. Então, Deus disse ao profeta para pregar e avisar sobre o perigo iminente: se ele pregasse e o ímpio viesse a morrer na sua impiedade, nada lhe seria cobrado, mas se ao contrário, não lhes fosse avisado nada, das mãos do profeta seria requerido o sangue do ímpio que morreu na sua impiedade. 
Muitos religiosos arminianos gostam deste texto ezequeliano, porque, a pretexto usam-no fora do seu contexto para justificar suas posições pseudo-teológicas. A bem da verdade, Deus estabelece claramente a diferença entre os atos de justiça humana e os decretos eternos da justiça divina. O verso 12 afirma: "Portanto tu, filho do homem, dize aos filhos do teu povo: a justiça do justo não o livrará no dia da sua transgressão; e, quanto à impiedade do ímpio, por ela não cairá ele no dia em que se converter da sua impiedade; nem o justo pela justiça poderá viver no dia em que pecar." Filho do homem é uma expressão destinada ao profeta Ezequiel que é o arquétipo de Cristo neste texto. Mostra que os padrões das justiças humanas não servem de moeda de troca, quando houver transgressão em pecado. Também a impiedade do injusto não determinará a sua condenação, quando este for convertido. A justiça de caráter humano não serve como parâmetro para a salvação, mas é exigido que o pecador seja convertido das suas impiedades. A impiedade é inata e não uma mera opção, prática momentânea, ou desvio comportamental passageiro. Os atos de iniquidade são derivados da natureza iníqua residente e persistente no homem. A vida eterna é definida como: "e a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste." - Jo. 17:3.
Pois bem, o profeta procedeu diligentemente a tudo quanto o Senhor Deus lhe ordenara. Entretanto, o povo comentava sobre a sua pregação, junto as paredes, às portas das suas casas, nos pontos de maior aglomeração de gente. Eles se convidavam mutuamente a que fossem ouvir o profeta pregar a Palavra de Deus. Todavia, ouviam a pregação, as admoestações, e revelações de Ezequiel, mas estas lhes pareciam apenas canções de ninar. Ouviam sempre, de bom grado, mas não possuíam natureza para colocá-las em prática. Eles declaravam que amavam muito as pregações e que tudo estavam muito certo, mas o objetivo prático deles era lucrar. 
Assim tem sido em muitas religiões institucionais e humanistas. Declaram crer fielmente no ministro, no pregador, no líder, no pastor, no padre, etc, mas quando saem dali nada daquilo é observado na vida real. O principal erro, neste caso, é devotar fé nos homens, e não a Deus. O outro erro é confundir declaração com confissão, pois enquanto esta exige fé, aquela é apenas a emissão de voz sem a fé. Dizer que ama a Deus, que está tudo certo doutrinariamente, que tudo procede de Deus, até os demônios podem declarar conforme o registro de Mt. 8:29 - "E eis que gritaram, dizendo: que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?" Confessar é dizer com fé, ou seja, é a união da pregação da verdade à fé verdadeira. 
O mundo está repleto dessa religiãozinha de segunda mão, dos pregadores de mentiras, dos paroleiros que visam o lucro, e dos ouvintes de canções de ninar.
Sola Scriptura!

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