domingo, março 9

A HISTÓRIA OMITIDA OU DESCONHECIDA II

Na Confissão de Fé Batista de Londres de 1677 em seu preâmbulo acham-se as seguintes afirmações: "Diante de Deus, dos anjos e dos homens, declarando nossa sincera concordância com eles [presbiterianos e congregacionais] nesta sã doutrina protestante que, com tão claras evidências das Escrituras, eles afirmaram." Durante a dinastia dos Tudors, na Inglaterra, o protestantismo puritano e reformado cresceu e se tornou uma das bases do poder político, da moral social e do progresso econômico. A despeito de todos os esforços para uma unificação religiosa em torno do anglicanismo ou do catolicismo, a fé reformada era uma realidade consolidada. Entretanto, quando os Tudors foram sucedidos pelos Stuarts, a situação do protestantismo se complicou bastante, devido as muitas pressões a fim de tornar o anglicanismo unanimidade. As posições contrárias ao rei James I, por parte dos protestantes acabaram gerando grande perseguição a estes. A dinastia Stuart era déspota e a Inglaterra estava fora deste padrão de governo, visto que o Parlamento Inglês era o poder centralizador das decisões, por isso, havia paz e progresso, com reduzidos gastos militares.
Nestes tempos de confronto entre o rei James I e os protestantes de fé reformada ocorreram a "Revolução Puritana", "O Protetorado de Cromwell" e a "Revolução Gloriosa". Nestas condições, os puritanos, cuja base era a fé reformada, em muito contribuíram para o aprimoramento do protestantismo inglês em bases puramente bíblicas. Mas, se por um lado os puritanos foram apoiados pelas forças políticas, em um primeiro momento, por outro lado estas mesmas forças lhes foram por oposição em outro momento sob a dinastia Stuart. Assim, os puritanos buscavam com o apoio político e militar reafirmar a fé evangélica verdadeira na Inglaterra com base na reforma calvinista e luterana.
A grande oposição aos puritanos, no reinado de James I - "Conspiração da Pólvora" - provocou um grande êxodo destes para as Américas e para o continente europeu. No reinado de Chales I houve grande perseguição aos puritanos ingleses e aos presbiterianos escoceses, com a nomeação de William Laud, arcebispo de Canterbury, para uniformizar a igreja.
Da oposição entre a monarquia Stuart e os puritanos, surgiu a "Guerra Civil", colocando de um lado, os "Cavaleiros do Rei" e, do outro lado, os puritanos ou "Cabeças Redondas". O conflito durou de 1642 a 1645, com a vitória dos puritanos liderados por Oliver Cromwell. Após a vitória e a decapitação do rei James I, verificou-se uma verdadeira depuração no parlamento e na estrutura do exército. A ascensão aos postos mais elevados passou a ser por mérito e não por nascimento. É iniciado o período conhecido como "Ditadura de Cromwell" ou o domínio do "Lord Protetor", permanecendo no governo até 1658.
Após a morte de Oliver Cromwell, e por meio de muitas astúcias e intricados arranjos, a dinastia Stuart retornou ao poder em 1660. Com a denominada "Restauração", o rei Charles II põe novamente o sistema episcopal anglicano no controle, por meio de um conjunto de leis denominado de "Código de Clarendon". As reuniões dos puritanos foram proibidas e os cargos da igreja e do Estado foram colocados nas mãos de anglicanos.
Em 1662 houve o "Ato de Uniformidade" que exigia a total submissão dos protestantes ao "Livro de Orações" dos anglicanos. Isto provocou a rejeição de cerca de dois mil ministros presbiterianos independentes e de muitos batistas - "A Grande Ejeção" - Os puritanos, presbiterianos e batistas se tornaram um grupo denominado de não conformistas da Inglaterra. Em 1673, o Parlamento aprovou o "Ato do Teste", pelo qual os não conformistas foram banidos das repartições militares e civis. Nesta época John Bunyan, batista, foi preso por 12 anos, quando escreveu "O Peregrino", uma alegoria que retrata a perseguição religiosa.
Com o rei James II, católico, pretendeu-se atrair o apoio dos não conformistas para restaurar a religião católica como oficial por meio do "Ato de Tolerância". Ao contrário, os não conformistas (puritanos, presbiterianos e batistas) não apoiaram o rei, que acabou fugindo para a França.
Os ingleses que se rebelaram contra o rei James II, convidaram o príncipe de Orange, William e sua esposa Mary, para governarem a Inglaterra. Estes aportaram em solo inglês em 1688, dando início a uma nova era. O Estado foi organizado em bases constitucionais e o Parlamento voltou a ter supremacia de decisões. O anglicanismo voltou a ser a religião dominante, porém os não conformistas foram protegidos pelo "Ato de Tolerância".
A partir de então verificou-se uma profunda secularização da fé, que só foi modificada no "Grande Despertamento" no século XVIII.
É deste contexto de idas e vindas, conflitos e resistências que se pode verificar a história de presbiterianos, puritanos e batistas, concordando, ora com a doutrina reformada, ora discordando dos reis católicos e do anglicanismo.
Pergunta-se então, porque batistas e muitos presbiterianos abandonaram a fé reformada e abraçaram ensinos, confissões e declarações humanistas? Esta é uma parte obscura a qual alguns omitem ou não conhecem.

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