Percebe-se nestes tempos que transcorrem, muita superficialidade nas ações e reações do homem. Quase tudo é substituível, descartável e cambiável. A sociedade é fortemente influída pela ética circunstancial e pela moral imediatista. Basicamente, não há um segmento da vida, o qual não seja sujeito às tais variabilidades da insustentabilidade da leveza do ser que, preferencialmente é trocada pela concretude do ter. O homem, como o ator protagonista dessa peça, se coloca como o plenipotenciário agente da sua vontade e das vontades dos outros. Manipula os meios e altera os fins, contanto que, disto, retire a autossatisfação. Já no movimento renascentista foi assumido que o homem era a medida de todas as coisas. No iluminismo, o homem busca a luz interior e própria para romper com a ordem e o estado de coisas até então vigentes. Esta luz se traduz como conhecimento e não como mística.
Assim também tem sido ao longo da história do Cristianismo: multiplicam-se os credos, confissões e declarações de fé. A cada época tais afirmações foram sendo suprimidos e substituídos por outros, os quais colocam, cada vez mais, o homem como o centro de tudo e cada vez menos de Cristo e sua justiça.
Assim também tem sido ao longo da história do Cristianismo: multiplicam-se os credos, confissões e declarações de fé. A cada época tais afirmações foram sendo suprimidos e substituídos por outros, os quais colocam, cada vez mais, o homem como o centro de tudo e cada vez menos de Cristo e sua justiça.
Nestes dias, e com a vantagem de se colocar do alto de quase 2000 anos, se pode prescrutar e verificar a profundidade do desvio da fé bíblica e apostólica com mais acuidade. A filosofia dominante em determinados momentos afeta e modifica a prática de quase todas as coisas. Entretanto, era de se esperar que, no tocante à fé, nada se alterasse, porque esta deveria seguir um arquétipo, um modelo e um padrão esculpido no próprio Cristo e menos no cristianismo histórico. Os códices e os cânones veem servindo de pasto aos mais diversificados, diferentes e divergentes interesses. Cada um produz e reproduz a "fé" que julga ser a verdadeira, desde que, conveniente e interveniente.
Assumindo que a fé é, em princípio, externa ao homem, e portanto, um dom e não algo inato. E que, verdade não é um mero conceito, mas um princípio subjacente a uma pessoa, a saber o próprio Cristo. Então, o homem ganha a fé para receber a verdade e, assim, andar em retidão diante de Deus, de si mesmo e dos outros por meio da vida de Cristo.
A fé não é um exercício de cunho mítico e, muito menos, místico. É, antes, uma dádiva graciosa, portanto, imerecida. Ela é chancelada pela razão, e não, pela emoção. Fé não é algo sensoreável Ou se ganha e se tem, ou simplesmente não se tem, posto que é adquirida por outorga do doador e não por mérito do recebedor. Assim, o culto racional passa obrigatoriamente por um modelo causador e determinante dos padrões aceitáveis e desenvolvíveis pela razão. O homem não pode racionalizar a fé, porque ela chega a ele por graça, mas, a sua razão possui razões suficientes para crivá-la e abalizá-la como verdadeira e divina. A fé não é sensoreável mas racional, ainda que não racionalizável.
Acontece, entretanto, que o homem substituiu e vem substituindo os padrões contidos na verdade evangélica, por seus próprios padrões humanistas e horizontalizados. Por isto, desenvolve-se um tipo de fé e de verdade que, por suas próprias expensas foram racionalizadas. Neste sentido, e por extensão, este padrão de fé é desenvolvido, racionalizado e apregoado a partir da sensorialidade humana, não procede de Deus.
Por todas estas razões é que se tem inumeráveis "fés", crenças, verdades, religiões, seitas, denominações e "igrejas". Isto foge ao determinado na epístola aos efésios, quando ali se estabelece que há um só Deus e Pai, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, uma só esperança, etc. Neste ponto, chega-se à conclusão que a institucionalização da fé, transformou a verdade em mentira e comunhão dos santificados em Cristo, em uma mera agregação. Tais "igrejas" se prestam mais à satisfação das carências humanas, do que à evangelização no sentido estrito do termo. São como clubes de confrarias, muitas vezes, em nome de um Jesus que nunca foi conhecido e reconhecido.
É deste contexto mítico e místico que surge a história de um cristianismo puramente nominal. Neste sistema, a maior parte dos cristãos não conhece as suas próprias origens, preceitos e ritos. Agem como cegos, guiados por outros cegos. Quando um cai na vala comum da contingencialidade humana decaída, o outro também caiu conjuntamente.
Há muitos inchados e soberbos religiosos, vivendo na suposição de salvação com base apenas neste sistema teológico inventado e desenvolvido à luz da própria luz humana. Entretanto, o Senhor Jesus afirma: "vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas."
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