Por inimigos da cruz de Cristo, têm-se os que se inserem no contexto da seguinte escritura II Tm. 3: 1 a 5 - "Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses." Quando o foco está no homem e suas carências e necessidades decaídas da graça, eles invariavelmente se tornam amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes, ingratos, ímpios, desprovidos de afeto natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que de Deus, etc.
É fundamental que, nestes inimigos da cruz, se percebe claramente uma sutil aparência de piedade, mas suas ações, ideias e pensamentos exteriorizam a negação desta mesma piedade. A piedade que procede de Deus é serena, resignada e conformada às Escrituras; a piedade que procede de uma alma não regenerada é oscilante, sendo serena quando todos concordam com ela, e reativa, quando há discordâncias. Estas pessoas oscilam em conformidade às circunstâncias.
Os inimigos da cruz de Cristo necessitam se proteger à sombra da árvore frondosa da religião, para tanto, buscam dar um certo ar de legitimidade às suas crenças, inserindo textos bíblicos em contextos preconcebidos por reengenharia de doutrinas e tradições de homens. Negam, portanto, os textos escriturísticos que desautorizam o seu frágil sistema de fé humana. Eles partem de uma eixegese, ao invés de fazer a correta exegese bíblica. A hermenêutica que os tais aplicam está, realmente, mais para as hilariantes mitologias do deus Hermes, mensageiro de mentiras míticas. Eles não creem no que pregam, e pregam o que não creem por contingencialidade de seus olhos se acharem encobertos por escamas da incredulidade, e os seus ouvidos se acharem entupidos pela cera da religião herdada de Adão, Caim, Jó, Pelágio, Jacobus Armínius, Charles Finney, entre outros.
Gl.6:12 - "Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo." Os inimigos da cruz de Cristo, buscam apenas aparências e, portanto, fazem dos seus discípulos presas suas e ingênuos úteis. Mantêm-nos sob obrigatoriedade a diversas normas, regras e preceitos a fim de lhes sugar a mente, a alma e o espírito. Do contrário, eles começariam a pensar e buscar a verdade por conta própria, escapando-lhes ao controle. Por isso, os envolvem nos rituais religiosos, nos esforços e projetos malversados que lhes consomem energias, recursos e tempo. É a praxis do "panis et circenses" religioso, produzindo por resultado uma efervescência triunfalista, evangelicalista e avivalista que só existe nos seus ideários corrompidos pela mentira religiosa. Na prática tais ativismos não produzem almas regeneradas, pois esta honra e esta glória cabe apenas a Cristo.
No fundo, os inimigos da cruz de Cristo, não querem assumir que a cruz é também deles, visto que há, de fato nela, uma substituição por Jesus fisicamente, e uma inclusão espiritualmente por Cristo. Como não conseguem discernir estas verdades, porque o que é espiritual só se discerne espiritualmente, preferem viver ao lado da cruz, atrás da cruz ou arranhando a cruz com suas orações que mais se assemelham a lamentos de quem não vê e não entra no reino de Deus pela graça mediante a fé.
Os inimigos da cruz "aceitam" a cruz apenas como símbolo emblemático, mas não como um princípio interiorizado pela genuína fé de acordo com Hb. 11:1 - "ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem." Eles vêem apenas o lado substitutivo da cruz, porque isto lhes confere alguma participação ativa no processo redentivo, e com isso, o foco permanece no homem decaído e destituído da glória de Deus. Negam, portanto, a Soberania de Deus e diluem a Sua Graça em barganha, esforço, justiça própria e méritos. Este é o projeto de Satanás desde o Éden! Fazer que o homem busque ser semelhante a Deus, por suas próprias expensas. Nisto, ele tem sido muito bem sucedido na religião de Caim que hoje se vê espalhada pelo mundo.
A fé verdadeira é primeiramente dada ao homem de uma vez para sempre e entregue aos santificados em Cristo para que conheçam e prossigam conhecendo ao Senhor. Portanto, só se pode crer que o pecador foi realmente atraído a Cristo na cruz por fé concedida gratuitamente por Deus. Isto só os conhecidos de antemão, eleitos, chamados, justificados e glorificados recebem.
"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." [Jo. 12: 32 e 33] Os inimigos da cruz negam a piedade que há no ato redentor de Cristo na cruz, por desconhecer a todo-suficiência da morte substitucionária e inclusiva do pecador por meio da fé. Eles tomam o texto retromencionado, apenas até onde lhes interessa, fechando o filtro ao verso 33 e seus correlatos. Ora, sabe-se que Cristo foi levantado da Terra, três vezes: na crucificação, na ressurreição e na ascensão, e, em todas elas, foi para glorificar ao Pai e redimir o homem. Se a crucificação foi o modo profetizado para a morte de Cristo, e se Ele atraiu o pecador a Si, na crucificação, onde, então está este pecador atraído? Fora ou na mesma cruz em Cristo? Salvo se o pecador é daqueles que creem que Jesus estava tendo um "transe delirante", não há outro ponto no Universo onde um pecador deva estar, a fim de perder a sua natureza degenerada e decaída no pecado.
Cristo teria blefado ao afirmar Mc. 8: 34 e 35 - "...e chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á." O que é negar-se a si mesmo, senão reconhecer que se perde a vida almática na cruz, para ganhar a vida de Cristo na ressurreição juntamente com Ele? No verdadeiro ensino bíblico, sem substituição e inclusão, não pode haver salvação. É o único caso contábil, em que perde quando acha, e ganha quando perde. O pecador perde a sua vida da alma contaminada pela natureza degenerada, mas ganha a vida de Cristo na ressurreição. Tudo pela fé que um dia o eleito recebeu gratuitamente.
Os inimigos da cruz de Cristo têm contra si, além da arrogância típica da natureza que lhes é por centralidade, também a cegueira que lhes é por conseqüência. Negam que a salvação é pela graça mediante a fé, porque isto lhes retira o tapete vermelho da autossuficiência apostatada de Cristo. Basta olhar o texto de Ef. 2:8 e 9 - "...porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie." Nem se faz necessária uma exegese, bastando apenas compreender a função gramatical do pronome 'isto', que tem por objeto, tanto a graça, como a fé. O tolo, que prefere rasgar a Bíblia, quando esta lhe é por oposição de idéias, insiste em afirmar que a salvação é por meio do sangue de Cristo. Isto é o que se chama de óbvio ululante! Portanto, a graça de Deus é que levou Cristo a descer do lugar santo e assumir a forma de homem a fim de derramar o Seu precioso sangue redentor. O homem incrédulo só consegue apropriar-se desta verdade, mediante a fé concedida igualmente por Deus. Como poderia um destituído da glória de Deus crer sem a misericórdia e a graça?
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