domingo, março 23

Os Inimigos da Cruz X


Há uma enorme verossimilhança entre os inimigos da cruz de Cristo e os seguidores do religioso Caim. Este teve o semblante decaído e, posteriormente, se enfureceu contra o próprio irmão, matando-o, porque o seu sacrifício de justiça própria fora rejeitado por Deus. A ele pareceu injusto que o Senhor houvera se agradado da oferta de Abel, seu irmão. Afinal, o inerte Abel apenas tomou do que o próprio Deus fizera nascer e crescer livremente nos prados. Enquanto, ele, Caim, havia suado e se esforçado afim de lavrar a Terra, e, dela retirar as primícias para Deus. Afinal, era o fruto do esforço próprio e o resultado de grande dedicação. Sempre os religiosos presumem agradar a Deus com "o seu melhor". Todavia, o melhor do homem, aos olhos do Altíssimo, é como os trapos de imundícias de que fala Is. 64:6. A única coisa que o pecador sabe fazer de melhor é pecar, porque é da sua natureza. Por isso, a sua parte é fugir da verdade e a parte da Graça misericordiosa de Deus é correr atrás do pecador para lhe conceder perdão em Cristo por meio do convencimento do Espírito Santo.
Assim tem sido ao longo da história da humanidade decaída: os que são do esforço odeiam os que dependem da graça. Realmente, a graça é muito desconcertante, porque retira qualquer possibilidade de o homem se aproximar de Deus por sua natureza contaminada pelo pecado original. É uma graça sem graça, porque o engraçado, é o homem decaído querer parecer "deus". Os religiosos tentam envolver Deus em uma trama sórdida, a qual presumem agradá-Lo a partir de ações sinérgicas e desfocadas da verdade, que é Cristo mesmo.
Os que são predestinados à dependência plena da graça, em nada superam os da religião em natureza pecaminosa. Não são melhores ou mais santos, porque só há um que é Bom e Santo, a saber Deus. A única diferença reside, não neles, mas na ação monergística e soberana de Deus. Por misericórdia e graça os eleitos percebem logo que não podem agradar a Deus com o suor dos seus rostos, portanto, suas ofertas são por meio do substituto perfeito, sem mancha e sem defeito. Na oferta da ovelha obtida sem esforço próprio, Abel se declarou e se confessou incompetente a aproximar-se de Deus com base em qualquer ato de justiça própria. Isto agradou ao Senhor, não por ter sido uma percepção de Abel, mas porque ele se declarou, por ato, inadequado e carente da misericórdia de Deus. Foi uma perspectiva de dependência e não de livre agência apostatada. A oferta de Abel era um memorial do que seria a oferta perfeita em Cristo, de uma vez para sempre, afim de produzir redenção eterna aos eleitos.
Os inimigos da cruz, os quais não podem ver e não podem entrar no reino de Deus, excluem-na dos seus cultos, porque esta lhes desconcertam perante si mesmos. Não se fala aqui da cruz meramente como um emblema ou símbolo, mas do que ela representa efetivamene na esfera da fé. Então, como Caim, eliminam o que os impede de continuar oferecendo-se a si mesmos como libação ao invés de se oferecem por meio do Cordeiro de Deus imolado antes da fundação do mundo. Por isso, Deus joga luz à Caim no verso 7 de Gn. 4 - "Porventura se procederes bem, não se há de levantar o teu semblante? e se não procederes bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo; mas sobre ele tu deves dominar." Isto equivale dizer a partir de expressões idiomáticas hebraicas: "se em ti reside o bem, não deverias estar em paz? Porém, se em ti não há o bem conforme o reto direito, não está ofertado o substituto diante de ti? Então, levanta-te e agarra-te a Ele para que teu pecado seja perdoado." Deus em amor mostra a Caim que a questão era de eliminar o seu pecado por meio da oferta posta diante dele pela graça e não pelo esforço. Mostra que a única forma de dominar o pecado é por meio do substituto e não por legalismo, ativismo e méritos de justiça própria.
Deus não trata do pecado por meio da religião exterior, mas por princípios fundamentados em seus decretos eternos. A senteça contra o pecado é uma só: "certamente morrerás." Não há nada que o homem possa fazer em si, de si e para si mesmo que altere esta norma divina. Por saber que o homem não poderia mesmo cumprir a lei e escapar da sentença, Deus providenciou o substituto perfeito, suficiente e eficiente em Seu próprio Filho. Assim, Ele pune o pecado ralizando e satisfazendo plenamente a exigência da lei. Executa a justiça, cumprindo a norma e eliminando o pecado, matando-o na cruz conforme Rm. 6: 2 a 7 - "... de modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado."
Assim, os que são da fé, como Abel, crêem que morreram no substituto, Cristo, enquanto os inimigos da cruz, preferem continuar focados em suas próprias ações de justiça. Mas, como se pode obter coisa pura daquilo que é de natrueza imunda? Como o texto mostra, por fé, cremos que fomos sepultados com o Cordeiro substituto em Sua morte de cruz, para com ele ressuscitar ganhando a Sua vida de santidade. Semelhantemente, Abel creu que ao ofertar das primícias das ovelhas, estava se aproximando de Deus pela própria ação de Deus e não em si mesmo. Ele se sepultou no substituto para poder chegar à presença de Deus, pelo sangue deste substituto. A ovelha oferefcida por Abel era o tipo do Cordeiro de Deus imolado antes da fundação do mundo. Então, Abel creu no invisível e esperou no substituto, ao invés de apresentar-se a si, por meio das suas obras de justiça e esforço.
Quando então os eleitos de Deus foram unidos a Cristo na semelhança da Sua morte? Quando crêem que foram atraídos à cruz, para nela, perderem a vida da alma, e ganharem a vida de Cristo na ressurreição. Como os da religião de Caim não podem crer isto, matam a verdade pela mentira, diluindo a graça em esforço e obras de justiça próprias.
O corpo do pecado é a carnalidade resultante da queda e da depravação total produzida por ela. Esta velha natureza herdada de Adão e refletida em Caim só pode ser destituída na cruz, quando o sangue do Cordeiro de Deus retira a culpa do pecado de uma vez para sempre. Depois, os eleitos são tratados à luz da Palavra, sendo libertos da influência do pecado que persiste no mundo que jaz inteiramente no maligo. Depois, e, finalmente, serão libertos da presença do pecado, quando ganharem os corpos incorruptíveis na restauração final.
Jo. 15: 16 a 19 afirma com propriedade: "vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia." Quando Cristo afirma que não é o homem que O escolhe, mas Ele mesmo faz essa escolha, os inimigos da cruz entram em transe mitológico e místico a fim de encontrar subsídios para desviar esta verdade. Eles podem, por exemplo, alegar que esta palavra é uma eleição específica para uma função específica. Entretanto, basta estabelecer a perícope, delimitá-la, extender o assunto aos textos correlatos e paralelos, observar o estilo e o fundo doutrinário a que alude o Senhor Jesus, para notar a verdade eletiva na revelação.
O texto mostra sem rodeios, o porquê de os inimigos da cruz odiarem os da eleição da graça. Eles possuem a natureza homóloga à que está no mundo. Por isso, tentam ingloriamente resolver o problema do pecado à luz da luz que há no mundo. Porém, foi o próprio Cristo quem afirmou, se a luz do homem são trevas, logo a sua própria luz, são grandes trevas.
Ainda se pode evocar o princípio da dupla referência, visto que Paulo afirma em Rm. 15:14, que - "Porquanto, tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito." Este princípio permance até os dias de hoje no tocante à revelação compendiada.

Sola Christo et Sola Gratia.


Os Inimigos da Cruz IX


Os inimigos da cruz de Cristo sempre existiram. Desde o Éden até os dias de hoje, eles agem e reagem sempre e invariavelmente da mesma forma. Isto porque suas naturezas são feitas da mesma matéria, a saber do pecado. Esta natureza pecaminosa, resultante da picada da serpente, os faz agir à revelia de Deus e do Seu Unigênito, porque há uma inimizade natural deles contra Deus e Seu Filho. Em Jo. 10: 24 a 29 diz: "Rodearam-no, pois, os judeus e lhe perguntavam: Até quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai." Verifica-se que o religioso e inimigo da cruz quer saber, procura inquirir e exige respostas, não porque se importa com a verdade, mas para abalizar a sua posição. Estão sempre a procura de produzir provas, contra-arguentos, doutrinas, preceitos, regras sobre regras. Para tanto, necessitam da aprovação dos homens, porque tudo o que fazem está centrado no homem e não em Cristo. Embora se utilizem das Escrituras e do nome de Jesus, o Cristo, não Lhe dão o crédito em confissão e em submissão. Eles buscam sobrepor à verdade, as suas próprias concepções acerca da verdade. O que alguém declara acerca da verdade, pode não ser a própria verdade, visto que a verdade não é uma concepção.
A verdade, segundo Cristo, no texto retromencionado, é dita por palavras e também por atos. Todavia, os religiosos da seita do fruto do conhecimento do bem e do mal, não vêem e não entram nas profundidades da riqueza de Cristo. Só os nascidos do alto vêem e entram no reino de Deus de acordo com Jo. 3: 3 e 5. Os religisos inimigos de Cristo vivem na epiderme de uma verdade artificializada por doutrinas de homens compostas segundo tradições recebidas e de seus predecessores desde o Éden. Cada geração corrompe a verdade, dando-lhe uma tintura própria!
O problema do inimigo da cruz de Cristo é que ele não pode crer.Não é uma questão de querer, mas de poder. Não adianta dizer-lhe a verdade ou prová-la por atos, como fez Jesus aos seus contemporâneos e algozes. Eles não podem crer, porque não possuem naturezas homólogas a d'Ele. Para tanto, necessário é que percam as suas naturezas contaminadas pela serpente e ganhem a vida de Cristo.
Os serpentários de hoje estão repletos desse tipo de "crente". Sabem muito acerca de Jesus, da Bíblia, da religião, das igrejas, da obra e de Deus. Entretanto, negam-Lhe a soberania, a graça e a Todo-suficiência. Estes tais "religiosamente corretos", quando muito, são mencionados em Mt. 7: 18 a 23, nos seguintes termos: "uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade." O princípio divino no texto não é o do querer, mas o do poder. Uma árvore frutífera que produz frutos bons e comestíveis, não pode produzir frutos ruins e venenosos!
Veja, eles fazem coisas religisosamente corretas: profetizam, expulsam demônios e curam tudo em nome de Jesus. Entretanto, o Senhor lhes afirma que os seus frutos não são bons. Os frutos destas árvores são os frutos do conhecimento do bem e do mal, porque produzidos fora de Cristo. Eles não são dos ramos da videira verdadeira, por isso, os seus frutos são estranhos a ela. Apresentam fogo estranho sobre o altar da santidade de Cristo. Ele não os reconhece pelos seus frutos, pelos seus feitos, pelas suas obras, mas pelas suas naturezas. Cristo verifica na natureza do homem se há nela a Sua própria natureza. Quando não encontra uma natureza homóloga à d'Ele, então verifica-se a iniqüuidade. Está posto o machado à raiz da árvore!
O Senhor não os conheceu de antemão, não os elegeu, não os chamou, não os justificou e não os glorificou. Por isso, são estanhos à Sua santidade. Por esta razão é que são e estão inimigos da cruz de Cristo, porque ela é o divisor de águas. É nela que se perde a vida almática para ganhar a vida de Cristo, e isto, nada tem a ver com teorias superficiais de uma espécie de "Cristo residente". Cristo não tem residência no homem, mas o Seu Espírito está naqueles a quem Ele regenerou, porque Sua Palavra não pode ser anulada: "vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele. Ora, se Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito vive por causa da justiça." Não se trata de uma experiência mística ou mítica, mas de fé e de epiritualidade de Cristo no homem. Isto só pode ser conhecido pelos que receberam a graça e bondade de Deus em Cristo.
Até mesmo os que antecederam a revelação de Cristo no tempo e no espaço criam por graça do Espírito de Cristo que neles estava conforme I Pd. 1:11 - "... indagando qual o tempo ou qual a ocasião que o Espírito de Cristo que estava neles indicava, ao predizer os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir."
A questão fundamental é: Cristo conhece as suas ovelhas, elas ouvem a sua voz e O seguem. Não há crise! Estes da religião de Caim entram em crises e debates, porque não são das ovelhas de Cristo. Têm-se a si mesmos como mestres, visto que amam mais a glória dos homens do que a glória de Deus. Acerca destes já falava João, o batista: amaram mais as trevas do que a verdadeira luz que alumia a todo o homem. Veja, esta luz, não ilumina a todos os homens, mas o homem como um todo.
Tudo nas Escrituras se resume a uma questão principiológica, sendo os princípios iniciados na exclusiva soberana vontade de Deus. Não adianta ao homem, por melhor que seja, conjecturar e produzir verdades. Deus não move o seu braço pelo que imagina o coração do homem, mas pelo que já estabeleceu em Seus decretos eternos antes dos tempos imemoriáveis, antes da fundação do mundo, antes que alguém pudesse vir à lume.

Soli Deo Gloria!

Os Inimigos da Cruz VIII


Romanos 8, dos versos 29 a 35 nos fala de como Deus conheceu, predestinou, chamou, justificou e glorificou os eleitos: "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; Quem os condenará? Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós; quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada?"
Ainda no mesmo texto, considerando a perícope interna, percebe-se o inteiro teor da soberana vontade de Deus ao escolher os que desejou ter como família eterna. Estes eleitos não são em nada melhores que qulaquer outro homem pecador. A única diferença é que Deus os conheceu de antemão, isto é, antes que eles viessem à existência, e que fizessem o bem ou o mal moral. No mesmo texto é indagado quem poderá questionar isto!
No texto em tela, o verbo conhecer é 'proginoskô', isto é, conheço antes, sei de antemão, envolvendo mais do que a presciência. Segundo Thayer e Mayer, conhecer, neste caso, significa predestinar ou designar de antemão para uma posição ou função. É uma categoria de conhecimento que envolve soberania plena, isto é, simplesmente Deus escolhe por desejar e querer escolher. Não houve nada nos escolhidos que O obrigasse ou O movesse em Sua escolha a não ser a Sua própria vontade. De fato, não poderia ser diferente, visto que não há nenhum homem digno diante de Deus conforme o registro de Ec. 7:20 "Pois não há homem justo sobre a terra, que faça o bem, e nunca peque." Justamente porque a situação do homem é irremediável, que Deus fez a Sua escolha com base na sobranaia e não nos méritos humanos ou apenas na Sua presciência. Do contrário, ninguém seria redimido, e isto, não tornaria Deus injusto, porque o salário do pecado é a morte, ou seja, a separação eterna de Deus. Todos pecaram e estão destituídos da glória d'Ele. Injusto é o pecador imaginar que Deus seria injusto ao usar da Sua soberanaia para escolher a quem quer. Pode o barro questionar o oleiro? Pode os inimigos da cruz intentar acusação contra os eleitos de Deus? Podem os da religião de Caim condenar os escolhidos de Deus?
O texto mostra a razão clara da eleição: "para serem conforme a imagem do Seu Filho..." A finalidade última é que Cristo seja o primogênito entre diversos regenerados que foram feitos filhos de Deus por adoção. Então, Deus quis separar um grupo para formar uma família para Ele! O texto mostra a soberana determinação de Deus, não só para querer, mas para realizar o seu desígnio. Conheceu, elegeu, chamou, justificou e glorificou tudo de antemão, pois Ele não está sujeito à relação espaço-tempo.
Cumprindo regras da exegese podemos lançar mão de inúmeros textos paralelos cujas perícopes são as mesmas. Por economia de espaço toma-se, neste momento, o texto de Ef. 1: 3 a 8: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestes em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para o louvor da glória da sua graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos delitos, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência..." Este paralelismo é progressivo e sintético em significado e conteúdo. Guarda o mesmo teor do texto de Rm. 8, isto é, aponta para a mesma verdade!
A expressão: "para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" de Rm. 8 forma o que se chama em exegese bíblica de quiasmo com a expressão: "como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para sermos filhos de adoção por Jesus Cristo" de Ef. 1.
A exposição anterior não tem por objetivo o pedantismo, mas porque os inimigos da cruz de Cristo costumam, por falta de conteúdo, desqualificar as afirmações que não sejam afinadas às suas pseudo-teologias. Eles fazem uma espécie de eisegese, isto é, introduzem no texto sagrado as suas idéias, conjecturas e mitos, como é o caso do famingerado "livre arbitrio." Eles acrescentam conteúdos humanistas e gnósticos aos textos para disso fazerem suas doutrinas. O exegeta, ao contrário, deve imergir no texto, para do seu contexto, emergir com a verdade ali revelada.
As indagações paulinas têm um peso estritamente didático, visto que ele conhecia as respostas de antemão. Assim, ele coloca: "que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como não nos dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica; Quem os condenará?" A resposta é retirada do próprio texto, sem prejuízo do seu contexto, pois a inspiração é de Deus, o atuor é o mesmo, o fundo histórico é o mesmo, o estilo é o mesmo, o livro é o mesmo, a verdade e una e não múltipla. Paulo, responde com serenidade: "é Deus quem os justifica"! E ajunta o fundamento: "Cristo Jesus é quem morreu, ou antes quem ressurgiu dentre os mortos." Fala de morte e de ressurreição em Cristo como o fundamento da impossibilidade de acusação e de condenação contra os eleitos de Deus. No contexto responde que nada e ninguém poderá separar os eleitos tornados filhos adotivos de Aba. Isto é viver da graça maravilhosa de Deus e não de religiosidade barata.
Os inimigos da cruz de Cristo, que são da turma do Caim, detestam a expsição da verdade pelas lentes das Escrituras, justamente porque isto lhes expõe à verdade. Por medo de não estarem conformados à semelhança de Cristo pela inclusão em sua morte de cruz, como também pela ressurreição juntamente com Ele, preferem fazer o papel de Satanás, isto é, acusar os eleitos e tentar levá-los à mesma condenação que lhes está posta por natureza. Como não têm argumentos, preferem lançar mão do reducionismo e classificar os que lhes são por "desafetos" espirituais, como antinomistas, perfeccionistas, heréticos e sectários.
Que continuem rasgando as suas desconhecidas e mal interpretadas bíblias, porque a Palavra de Deus permanece para sempre!
Sola scriptura!










sábado, março 22

Os Inimigos da Cruz VII

Os da religião de Caim, que, por natureza, posição e relação são inimigos da cruz de Cristo, atacam os eleitos de Deus, já que não podem atacar as Escrituras. Eles se apegam a determinadas filigranas circunstanciais e superficiais para justificar o seu ataque afim de desviar a atenção das suas reais motivações decaídas. Mesmo quando falam em nome da doutrina, da denominação, da Bíblia, de Jesus, da Igreja e da verdade, invariavelmente entram em contradição. No fundo, e com alguma razão, eles se sentem inferiorizados, porque não podem alcançar a profundidade da riqueza de que fala Paulo aos Romanos, por isso, sobrevivem à superfície de concepções próprias acerca de Deus, de Cristo, da verdade e dos outros. Aprendem sempre, mas nunca chegam ao pleno conhecimento da verdade, porque crêem em suas próprias verdades. A verdade espiritual não é uma concepção particular, mas de fato é uma pessoa, a saber o próprio Cristo conforme Ele mesmo se define.
A questão fundamental aos da religião de Caim, que por extensão de sentido, são também arminianos e pelagianos, é que buscam um "deus" que se curve aos seus ditames, preceitos, regras, normas e deleites. Não podendo se aproximar de Deus por meio do substituto, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, preferem chamuscar a verdade com seus conceitos pseudo-teológicos. É como reza aquela fábula, atribuída a La Fontaine, das uvas verdes. Como a raposa não poderia subir na parreira para tomar das uvas maduras, preferiu acreditar e afirmar que as tais uvas estavam verdes.
Por exemplo, impingir alguém ou alguma doutrina de heresia é uma atitude, no mínimo, temerária, porque ao longo da hsitória do cristianismo, muitos que hoje acusam, repudiam e criticam outros religosos, foram igualmente chamados de sectários ou heréticos. Os reformadores em geral foram apelidados de protestantes em sentido perjorativo. Muitos deles foram considerados hereges, porque pregavam a slavação apenaa pela fé, "sola fidei." Hoje muitos incrédulos laçam mão dessa afirmação para justificar suas posições descompromissadas com os princípios pelos quais milhões de pessoas morreram na reforma. Outros lançam mão do "sola scriptura", quando na verdade não crêem nelas! Outros ainda pronunciam o "soli Deo gloria" aos quatro ventos, quando, na verdade, buscam a própria glória pessoal. Há também os que dizem: "sola Christo", quando cultuam a própria personalidade, como se fossem grandes virtuoses neste mundo. E de resto, outros ainda afirmam: "sola gratia", quando não vivem da graça de Deus, mas de buscar reconhecimento e aprovação dos homens em detrimento da verdade.
A graça é outro fator que divide e causa espécie entre os arminianos da religião de Caim. Como eles não a podem receber como dom de Deus, preferem afirmar que aqueles que vivem dela são libertinos e desobedientes à lei. Eles desconhecem que os eleitos de Deus e regenerados em Cristo, vivem da graça, e, portanto, suas vidas são totalmente subordinadas à vontade de Deus. Os regenerados não se pertencem mais, são de Deus. Mas os diluidores da graça em esforço, medo, cargas cerimoniais e morais, não têm paz e até a paz que arvoram ter, têm-na em angústia e apenas como "flatus vocis". A graça a qual as Escrituras ensinam, ao contrário, coloca o regenerado como alguém que confia na todo-suficência de Cristo, visto que não crê em escolhas morais sob o estigma do pecado como se fora "livre arbítrio". Portanto, os eleitos dependem exclusivamente da ação monérgica de Deus. Esta ação é irresistível e, mesmo que o regenerado, não tenha consciência dela, o Senhor a cumpre em suas vidas. Ele é soberano para realizar o que quer, onde quer, com quem quer, como quer e quando quer. Logo, qual é mais superficial? Viver da graça e, absolutamente dependente da soberana vontade de Deus? Ou viver de escolhas morais subordinadas à natureza pecaminosa e morta para Deus? A lei moral é outorgada por Deus a fim de manter o equilíbrio no universo e não para determinar quem será ou não será salvo.
Foi De Vern Fromke quem afirmou, quando alguém lhe disse: "a vida cristão é muto dificil", então respondeu: "não, ela não é difícil, é impossível". De fato viver o padrão que as Escrituras exigem, não é possível ao homem, salvo se este ganhar a misericórida e a graça de Deus para vivenciá-la. Apenas levando o morrer diário de Cristo se pode viver o padrão exigido pela santidade de Deus. Só a misericordiosa graça d'Ele permite que os seus eleitos vivam à Sua sombra.
A dependência da graça é um agravante no caso dos inimigos da cruz, pois tetando viver uma vida exigida pelo padrão moral e espiritual das Escrituras, acabam, nem crendo à verdade, nem vivendo o que afirmam crer. Por isso, pesquisas recentes apontam que 80% dos que necessitm procurar psicanalistas são "crentes". Certamente é muito dificil tentar viver de modo santificado, não possuindo natureza homóloga à santidade de Cristo. A pessoa que assim tenta viver é um ser dualista: uma realidade que ele almeja e afirma e outra que ele inventa e finge até mesmo em nome de Jesus.
Ouvi de um membro do poder judiciário local uma história estarrecedora. Conta ele que um colega de ofício, oriundo do interior do país, onde era promotor, quando queria a condeção de um determinado acusado, bastava convocar para compor o juri popular, uma maioria de componentes crentes. Ajuntou ele, eles são implacáveis e impiedosos, porque são legalistas. São mesmo! Foi Tozzer quem afirmou que "os cristãos são os únicos, que, na guerra atiram contra os seus própios soldados e não voltam para socorrer os feridos."
Em Hb. 4:11 diz: "ora, à vista disso, procuremos diligentemente entrar naquele descanso, para que ninguém caia no mesmo exemplo de desobediência." O inimigo da cruz faz a sua eisegese, ao invés de fazer exegese. Por isso, ele isola textos do seus contextos, neste caso em tela, o texto fala exatamente do descanso e da dependência plena da graça de Deus em Cristo. Afirmam a falácia pseudo-teológica da necessidade de esforçar e obedecer. Obviamente, todo aquele que é nascido de Deus aplica força e obedece, porque é portador da divina semente. Isto é o obvio ululante! Mas, no contexto geral, nada tem a ver com o cumprimento da lei, pois esta, Cristo cumpriu cabalmente na cruz. Neste texto, ao contrário, o autor da epístola aos hebreus está comparando a desobediência à lei, com o descanso dos que vivem da graça de Deus em Cristo.
O conhecido antes da fundação do mundo, o predestinado, o chamado, o justificdo e o glorificado em Cristo, cumpre a lei, porque ela já foi cumprida em Cristo. Não necessita assumir aquilo que foi posto diante do homem, justamente para mostrar que este não é capaz de cumprir. Houvesse a possibilidade de alguém cumprir totalmetne a lei, não necessitaria de Deus providenciar uma nova aliança no sangue de Cristo. A lei seria suficiente para redimir o pecador, pois neste caso, ele teria condições de cumpri-la por sua própria "livre agência" e esforço. Bastaria obedecer regras, preceitos e rituais cerimonialísticos. Neste sentido dar-se-ia o caso de a nova aliança já surgir caduca, mas, graças a Deus que a lei caducou na cruz onde foi satisfeita plenamente em Cristo, o Senhor da Glória. A Ele, pois toda honra, e toda glória eternamente.

Os Inimigos da Cruz VI

As Escrituras afirmam que há na carne uma inimizade contra Deus: "porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus." Assim, o pecado produziu no homem uma inclinação para as coisas da carne. O termo "carne" no texto original neotestamentário pode assumir três formas: 'sarkós', 'sarkinós' e 'sarkikós'. No primeiro caso, pode siginificar apenas carne no sentido físico-biológico e toda a sua contingencialidade. No segundo e terceiro carsos, significa a natureza, as impurezas, os desejos e apetites da natureza decaída do homem. Souter afirma que 'sarkikós' é a matéria de que é feito o homem, enquanto 'sarkinós' é de cunho ético ou comportamental. Em latim, 'sarkikós' é 'carneus' (matéria), enquanto 'sarkinós' é 'carnalis' (natureza ética). O fato é que, seja no sentido físico-biológico da natureza humana e suas contingências limitadas e alteradas pelo pecado, seja simplesmente no sentido comportamental, o homem está invariavelmente em oposição à natureza divina.
O pecado o corrompeu total e absolutamente, não foi uma queda parcial como pretendem os pelagianos e os arminianos. Por esta razão é que os religiosos, que por natureza são arminianos, não podem crer na convergência total e absoluta da lei para a cruz, onde Cristo a cumpriu pelo pecador e com o pecador, visto que, também, o incluiu n'Ele conforme Jo. 12: 32 e 33. Ainda que os inimigos da cruz de Cristo queiram ir só até o verso 32, a Palavra continua mostrando a revelação completa no verso 33. Porém, só podem vê-la por completo os que tiveram as escamas dos olhos retiradas e a cera dos ovidos removidas conforme Sl. 40:6. Todos os caminhos exegéticos, chegam a uma única verdade: a carne é a natureza humana, incluindo-se nela, o corpo, a alma, a natureza terrena, as escolhas morais apartadas da natureza de Deus. Segundo Thayer, a carne é "a inteira natureza do homem, sensibilidade e razão, sem o Espírito Santo." Ainda, segundo Melanchthon, a carne envolve "espírito, alma, corpo e coração." Então, não sobrou nada no homem que possa reconduzi-lo à verdade ou à Deus fora da cruz. Do contrário, o Espírito Santo não teria inspirado Paulo a escrever "como está escrito: não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." O Senhor Jesus foi mais enfático, quando afirmou: "o espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita..."
O texto que faz a abertura deste artigo mostra, ainda, que a inclinação natural para as coisas carnais conduz o homem à morte. Morte, neste texto é 'thanatos', isto é, morte não apenas física, mas também eterna e espiritual. Tal afirmação indica que, ao morrer fisicamente, sem ter resgatada a vida espiritual ou eterna, em Cristo, o pecador permanecerá separado de Deus eternamente. O mesmo texto afirma que a carne não pode estar sujeita à lei de Deus, justamente porque são naturezas diferentes, diferenciadas e opostas. Deus é luz, vida e verdade, a carne são trevas, morte e mentira, visto que segue os ditames da natureza humana apostatada d'Ele. Não há ponto de conciliação entre a carnalidade e a natureza pura, santa e perfeita de Deus. Por isso, há necessidade de regeneração que, em língua grega neotestamentária é 'nova geração' conforme o texto de II Co. 5:17. Qualquer pessoa simples e desprovida de ranço religioso pode ver e reconhecer que nova geração é gerar de novo algo ou alguém. Para gerar alguma coisa ou alguém de novo há de se destruir o velho, o anterior, o antigo. O ensino da destituição ou destruição do velho homem, velha natureza ou natureza adâmica, está muito claro no contexto de Rm. 6:6 - "... sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado." O texto não autoriza os inimigos da cruz, afirmar a velha lorota da aniquilação do eu, como supõem por incredulidade. Ao contrário, pois, se fosse questão de aniquilação, o texto falaria em "homem velho" e não "velho homem". Em tudo, o Espírito Santo cuidou para que a verdade prevaleça sobre a mentira ainda que os mentirosos não a creiam. Estas verdades se apropriam por fé, e esta, é dom de Deus e não uma virtude natural do homem decaído. Como não podem ganhar a graça para crer, preferem desfigurá-la com discursos vazios de conteúdo bíblico. Quando se fala em conteúdo bíblico, obviamente, não se refere ao uso indevido ou indébto dos textos para justificar doutrinas religiosas afim de tentar produzir leigitmidade às mesmas. Deve-se, neste caso, deixar que as Escrituras falem por si mesmas.
Como não podem compreender e crer no ensino da verdade estritamente bíblica, os inimigos da cruz de Cristo batem, rebatem e combatem os eleitos de Deus. Aqueles afirmam em seus discursos sofismáticos e falaciosos que os nascidos do alto negam a necessidade de esforço e de obediência no cumprimento da vontade de Deus. De fato, os eleitos não estão preocupados em se esforçar para adquirir a salvação e a santificação, porque as Escrituras ensinam fartamente que esta obra é da estrita competência soberana de Deus. Ele começa a boa obra e, Ele mesmo a completará de acordo com o registro de Fl. 1:6. Todavia, os eleitos confiam com corações cheios de gratidão, que, o que os faz obedecer não é a submissão a penosas normas, regras, preceitos e ritos, mas a vida verdadeira herdada em Cristo. Então, estes não obedecem para serem aceitos, mas são aceitos para obedecer. Não estão preocupados em impressionar e pressionar o Senhor de toda Glória com as boas obras, porqe Ele mesmo as preparou de antemão para que estes andassem nelas conforme o registro de Ef. 2: 8 a 10. Assim, não são os regenerados e salvos que seguem as boas obras para serem aceitos, mas as boas obras de Deus os seguem, porque foram aceitos em Cristo. Os que morrem em Cristo, serão seguidos por suas obras e não seguem-nas para chegar-se a Cristo conforme o texto de Ap. 14:13b: "bem-aventurados os mortos que desde agora morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, pois as suas obras os acompanham." O que significa "os mortos que desde agora morrem no Senhor"? Ainda que esteja no contexto escatológico, todos os que morrem em Cristo são os que crêem que foram n'Ele atraídos e incluídos em Sua morte de cruz por fé. Repito, por fé! É uma questão de cunho espiritual e não mística como pregam os inimigos da cruz de Cristo. Só eles acreditam e apregoam esses transes místicos por aí. Seus atos refletem as suas próprias palavras e vice-versa.
Os nascidos de Deus não precisam de negar ou afirmar nada sobre obrigatoriedade de fazer ou deixar de fazer qualquer coisa para honra e glória d'Ele, pois suas naturezas foram justificadas em Cristo. Por isso, eles simplesmente se põem disponíveis à vontade soberana de Deus. Desta forma a graça pela qual vivem, não os obriga a realizar obras de justiça própria, mas não lhes dispensa de realizar as boas obras, as quais Deus preparou para que andassem nelas antes dos tempos eternos. Assim, quem afirma ou nega qualquer coisa desta natureza são os inimigos da cruz de Cristo, que, não tendo o que crer, pregam suas religiões de esforço à semelhança de Caim. Os eleitos são da fé, porque agem como Abel, que, não se baseando em seu próprio esforço, ofereceu o substituto; Caim, ao contrário, sendo religioso, ofereceu o fruto do seu esforço como justiça própria. O resultado se vê até o dia de hoje, os caimitas perseguem os eleitos e odeiam a cruz, porque ela lhes retira o tapete vermelho da justiça própria e dos méritos.
A vida santificada se dá porque Cristo a concede ao novo nascido. Não é o pecador que deixa, ou não deixa santificá-lo, Ele doa a Sua santidade. Não é o pecador que aceita Jesus, mas este é aceito por Ele em amor. Não é o pecador que vai a Jesus, mas é Deus que o conduz a Cristo conforme Jo. 6: 44, 47 e 65. É Cristo que, na cruz destrói a natureza pecamionosa do homem, concedendo-lhe um coração de carne em lugar do coração de pedra e lhe dá um espírito novo, em lugar do espírito morto e separado da vida de Deus. É Cristo, somente Cristo que torna o pecador aceitável perante a face santa e pura de Deus. O que passa disso é anátema!

segunda-feira, março 17

Os Inimigos da Cruz V


Os inimigos da cruz de Cristo, sempre lançam mão dos argumentos de terceiros para justificar suas posições, justamente, porque não possuem um argumento próprio. Eles sobrevivem à sombra do que dizem as outras pessoas, quer para mal, quer para bem, porque não têm revelação na Palavra. Assim, retiram uma frase aqui, outra ali, deste ou daquele autor aceito pela maioria a fim de legitimar suas posições. Deslocam as afirmações usurpadas sem conhecer o pensamento total do autor, a fim de passar alguma espécie de conhecimento. Todavia, tal conhecimento é meramente intelectual, terreno, natural e diabólico conforme ensinam as Escrituras.
Transcrevo parte de um artigo publicado sobre as afirmações de John Charles Ryle, um bispo anglicano da chamada Baixa Igreja ou Igreja Episcopal Reformada da Inglaterra, no século XIX. Morreu aos 83 anos, após profícuo ministério compromissado com a verdade estritamente bíblica. Não foi um oportunista, visto ter sido filho de um rico banqueiro inglês, porém, ao ser tocado pelo belo texo de Efésios 2, estranhamente rejeitado pelos da religião de Caim, Ryle, simplesmente abriu mão de tudo e se rendeu a Cristo. Ao contrário, muitos hoje, que, não tendo o de que abrir mão, sugam e extorquem as igrejas sem nada lhes oferecer de alimento espiritual. Ryle teria uma proeminente carreira política, mas preferiu dedicar-se com esmero e zelo do Senhor, à sã doutrina reformada. Eis o texto de J. C. Ryle sobre o que ele concecebeu como verdadeira Igreja.
"Deixe-me então mostrar-lhe, em primeiro lugar, qual é a verdadeira Igreja fora da qual ninguém pode salvar-se.
Há, realmente, uma igreja fora da qual não há salvação, uma igreja a que o homem deve pertencer se não quiser perder-se por toda a eternidade. Exponho-lhe isto sem hesitação ou reserva. Digo-o com tanta confiança e certeza, como o mais forte defensor da igreja romana o pode fazer. Mas, qual é esta Igreja? Onde está ela? Por que sinais esta igreja deve ser conhecida? Eis uma grande questão!
A verdadeira Igreja está bem descrita no serviço de comunhão da Igreja da Inglaterra, "como o corpo místico de Cristo, que é a companhia bendita de todo o povo fiel". É composta de todos os crentes em Jesus Cristo. É formada por todos os eleitos de Deus, por todos os homens e mulheres convertidos - por todos os verdadeiros cristãos nos quais podemos distinguir a eleição de Deus, o Pai, a purificação pelo sangue de Deus, o Filho, e a santificação de Deus, o Espírito. Em tais pessoas podemos ver os membros da verdadeira Igreja de Cristo. É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito Santo. Todos devem ter "arrependimento para com Deus , fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação". Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus... todos com o coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicerce; todos tiram a sua religião do mesmo único livro; todos se reúnem no mesmo centro - que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem responder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém". É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o evangelho. A vida espiritual de seus membros não depende do fato de se filiarem a uma igreja, nem depende do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem grande valor a estes Sacramentos cada vez que são celebrados. Mas esta Igreja tem um Cabeça principal, um Pastor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Espírito, admite os membros desta Igreja, ainda que são os ministros que mostram a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la; nem bispos, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se membro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: o batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, pode privá-lo disto. Ele pode, por injustiça, ser excluído por aqueles que são ordenados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem exclui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de vestimentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que deveriam ser seus amigos. Mas a sua existência não depende de coisa alguma, além da presença de Cristo e de seu Espírito e, enquanto estes nela permanecerem, a Igreja não pode deixar de existir."
É uma Igreja em que todos os membros têm os mesmos sinais. São todos renascidos do Espírito Santo. Todos devem ter "arrependimento para com Deus , fé em nosso Senhor Jesus Cristo e santidade de vida e de conversação". Todos odeiam o pecado e amam a Cristo. Adoram a Deus... todos com o coração igualmente sincero. São todos guiados pelo mesmo Espírito; todos edificam sobre o mesmo alicerce; todos tiram a sua religião do mesmo único livro; todos se reúnem no mesmo centro - que é Cristo! Todos podem, mesmo já, dizer: Aleluia! E podem responder com um coração igualmente crente e uma voz unânime: "Amém, amém".
É uma Igreja que não depende dos ministros cá da terra, ainda que aprecie muito aqueles que pregam o evangelho. A vida espiritual de seus membros não depende do fato de se filiarem a uma igreja, nem depende do Batismo e Ceia do Senhor, não obstante darem grande valor a estes Sacramentos cada vez que são celebrados.
Mas esta Igreja tem um Cabeça principal, um Pastor, um Bispo, que é Jesus Cristo. Só Ele, pelo seu Espírito, admite os membros desta Igreja, ainda que são os ministros que mostram a porta. Enquanto Ele não abrir a porta, ninguém aqui no mundo pode abri-la; nem bispos, nem presbíteros, nem reuniões, nem sínodos e nem concílios. Quando o homem se arrepende e crê no Evangelho, nesse mesmo momento torna-se membro desta Igreja. Como o ladrão arrependido, pode não ter ocasião de ser batizado, mas tem aquilo que é muito melhor do que o batismo da água: o batismo do Espírito Santo. Talvez não possa receber o pão e o vinho na Ceia do Senhor, mas pode, por meio da fé, alimentar-se de Cristo todos os dias de sua vida, e nenhum ministro, na terra, pode privá-lo disto. Ele pode, por injustiça, ser excluído por aqueles que são ordenados, e privado dos privilégios da Igreja. Porém, nem todos os sacerdotes do mundo inteiro podem exclui-lo da verdadeira Igreja. A existência desta Igreja não depende de formas nem de cerimônias, de catedrais ou templos, de púlpitos ou pias batismais, de vestimentas ou órgãos, de dotes, dinheiro, reis, governos, magistrados, de ato ou favor, qualquer que seja, da mão do homem. Ela sempre permaneceu, quando tudo isto lhe foi tirado. Foi muitas vezes lançada no deserto ou em covas e cavernas da terra, por aqueles que deveriam ser seus amigos. Mas a sua existência não depende de coisa alguma, além da presença de Cristo e de seu Espírito e, enquanto estes nela permanecerem, a Igreja não pode deixar de existir. Esta é a Igreja a que especialmente pertencem, por direito, as honras e privilégios presentes e as promessas da glória futura. Este é o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, o Rebanho de Cristo, os domésticos da fé e a família de Deus. Esta que é o edifício de Deus, a fundação de Deus e o Templo do Espírito Santo. Esta é a Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu. Ela é a "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido"; é a luz o mundo, o sal e o pão da terra. Esta é a Santa Igreja Católica (universal) de que fala o Credo dos Apóstolos. Esta é única Igreja católica e apostólica do Credo de Nicéia. Foi a esta igreja que Cristo fez a promessa de que as "portas do inferno" não prevaleceriam contra ela. Foi a ela também que Ele disse: "Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos". Esta é a única Igreja que possui a verdadeira união. Seus membros estão perfeitamente de acordo com os pontos mais importantes da religião, porque são todos ensinados pelo mesmo Espírito a respeito de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do pecado e de seus corações. O mesmo Espírito os ensina a respeito da fé, do arrependimento, da necessidade de santificação, do valor da Bíblia, da importância da oração, da ressurreição e do julgamento futuro. Eles compreendem todos estes pontos do mesmo modo. Convidai três ou quatro deles, dos países mais remotos da terra, completamente estranhos uns aos outros, e examinai-os separadamente sobre estes pontos, e achá-los-eis todos de perfeito acordo. Esta é a única Igreja que possui verdadeira santidade. Seus membros são todos santos. Santos não meramente por terem professado a religião, ou santos no nome, ou no sentido de exercerem a caridade. Mas santos em ações e obras, em vida, realidade e verdade. São todos, mais ou menos, semelhantes ao grade Chefe."
Esta é a Igreja a que especialmente pertencem, por direito, as honras e privilégios presentes e as promessas da glória futura. Este é o Corpo de Cristo, a Esposa do Cordeiro, o Rebanho de Cristo, os domésticos da fé e a família de Deus. Esta que é o edifício de Deus, a fundação de Deus e o Templo do Espírito Santo. Esta é a Igreja dos primogênitos cujos nomes estão escritos no céu. Ela é a "a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido"; é a luz o mundo, o sal e o pão da terra. Esta é a Santa Igreja Católica (universal) de que fala o Credo dos Apóstolos. Esta é única Igreja católica e apostólica do Credo de Nicéia.
Foi a esta igreja que Cristo fez a promessa de que as "portas do inferno" não prevaleceriam contra ela. Foi a ela também que Ele disse: "Eis que estarei convosco todos os dias até a consumação dos séculos". Esta é a única Igreja que possui a verdadeira união. Seus membros estão perfeitamente de acordo com os pontos mais importantes da religião, porque são todos ensinados pelo mesmo Espírito a respeito de Deus, de Cristo, do Espírito Santo, do pecado e de seus corações. O mesmo Espírito os ensina a respeito da fé, do arrependimento, da necessidade de santificação, do valor da Bíblia, da importância da oração, da ressurreição e do julgamento futuro. Eles compreendem todos estes pontos do mesmo modo. Convidai três ou quatro deles, dos países mais remotos da terra, completamente estranhos uns aos outros, e examinai-os separadamente sobre estes pontos, e achá-los-eis todos de perfeito acordo.
Esta é a única Igreja que possui verdadeira santidade. Seus membros são todos santos. Santos não meramente por terem professado a religião, ou santos no nome, ou no sentido de exercerem a caridade. Mas santos em ações e obras, em vida, realidade e verdade. São todos, mais ou menos, semelhantes ao grade Chefe. Esta é a única Igreja verdadeiramente católica. Não a Igreja de uma certa nação ou povo. Seus membros encontram-se por toda a parte, no mundo onde o Evangelho é recebido e crido. Não se encerra dentro dos limites de qualquer país, em formas particulares ou em regras de governo. Nesta Igreja não há diferença entre judeu e grego, preto e branco, episcopal e presbiteriano, mas a fé em Jesus Cristo é que é tudo. Seus membros virão reunir-se do norte, do sul, do oriente e do ocidente, no último dia e serão de todas as nações, nomes e reinos, povos e línguas, mas todos serão um em Jesus Cristo. Esta é a única Igreja verdadeiramente apostólica, pois foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e guarda a doutrina que eles pregaram. Os dois grandes pontos que seus membros conservam sempre diante dos olhos, são a fé apostólica e a prática apostólica. E a todo homem que fala em seguir os apóstolos, sem possuir estas duas coisas, consideram eles como o metal que soa ou o sino que tine. Esta e a única Igreja que, certamente, há de existir até o fim. Coisa alguma poderá arruiná-la ou destruí-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos, encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se extinguirá. Sai de suas aflições, e vive como que através do fogo e da água. Quando esmagada numa terra, floresce noutra. Os faraós, os Herodes, os Neros, os Julianos, os Dioclecianos, Maria - a sanguinária, Carlos IX, em fim, todos trabalharam em vão para destruí-la. Mataram milhares, mas também eles desapareceram da face da terra. A verdadeira Igreja, no entanto, sobreviveu. Assistiu ao sepultamento de cada um deles. É, na verdade, uma bigorna que tem quebrado muitos martelos neste mundo. É uma sarça que arde e, contudo, não se consome."
Esta é a única Igreja verdadeiramente católica. Não a Igreja de uma certa nação ou povo. Seus membros encontram-se por toda a parte, no mundo onde o Evangelho é recebido e crido. Não se encerra dentro dos limites de qualquer país, em formas particulares ou em regras de governo.
Nesta Igreja não há diferença entre judeu e grego, preto e branco, episcopal e presbiteriano, mas a fé em Jesus Cristo é que é tudo. Seus membros virão reunir-se do norte, do sul, do oriente e do ocidente, no último dia e serão de todas as nações, nomes e reinos, povos e línguas, mas todos serão um em Jesus Cristo.
Esta é a única Igreja verdadeiramente apostólica, pois foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e guarda a doutrina que eles pregaram. Os dois grandes pontos que seus membros conservam sempre diante dos olhos, são a fé apostólica e a prática apostólica. E a todo homem que fala em seguir os apóstolos, sem possuir estas duas coisas, consideram eles como o metal que soa ou o sino que tine.
Esta e a única Igreja que, certamente, há de existir até o fim. Coisa alguma poderá arruiná-la ou destruí-la. Seus membros podem ser perseguidos, oprimidos, encarcerados, açoitados, degolados ou queimados, mas a verdadeira Igreja nunca se extinguirá. Sai de suas aflições, e vive como que através do fogo e da água. Quando esmagada numa terra, floresce noutra. Os faraós, os Herodes, os Neros, os Julianos, os Dioclecianos, Maria - a sanguinária, Carlos IX, em fim, todos trabalharam em vão para destruí-la. Mataram milhares, mas também eles desapareceram da face da terra. A verdadeira Igreja, no entanto, sobreviveu. Assistiu ao sepultamento de cada um deles. É, na verdade, uma bigorna que tem quebrado muitos martelos neste mundo. É uma sarça que arde e, contudo, não se consome. Esta é a única Igreja da qual nenhum membro pode perecer. Os pecadores alistados no rol desta Igreja serão eternamente salvos e nunca serão lançados fora. A eleição de Deus, o Pai; a contínua intercessão de Deus, o Filho; a diária renovação e santificação de Deus, o Espírito Santo, cercam e guardam os salvos como num jardim fechado. Nem um só osso do Corpo Místico de Cristo será quebrado. Nem um só cordeiro do rebanho de Cristo será arrancado de Suas mãos. Esta é a Igreja que continua a obra de Deus sobre a terra. Seus membros são um pequeno rebanho, pouco em número, comparativamente com o povo do mundo: um ou dois aqui; dois ou três ali; uns nesta paróquia; outros naquela além. Mas são estes que abalam o Universo. São estes que removem reinos com suas orações. São estes os membros ativos que espalham o conhecimento da religião pura e sem mácula. Eles que são a conservação do país - o escudo, a defesa, o esteio e a segurança da nação a que pertencem! Esta é a Igreja que há de ser verdadeiramente gloriosa no último dia. Quando todas as glórias terrestres desaparecerem, então esta Igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus, Pai. Tronos, principados, poderes da terra, tudo será desfeito. Dignidades, empregos e riquezas desaparecerão. Mas a Igreja do Primogênito brilhará no último dia como as estrelas, e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia em que Cristo aparecer. Quando as jóias do Senhor forem reunidas e tiver lugar a manifestação dos filhos de Deus, não se falará nem em episcopais, nem presbiterianos. Uma única Igreja será nomeada: A Igreja dos Eleitos!É para esta Igreja que o verdadeiro ministro do Evangelho de Jesus Cristo principalmente trabalha. De que serve ao verdadeiro ministro que se encha a casa onde ele prega? De que serve a ele ver crescer o número de comungantes ou aumentar a congregação? Tudo isto é nada! O que ele deseja é ver homens e mulheres renascidos, almas convertidas e sujeitas a Cristo! O que ele quer, é ver uns aqui, outros ali, retirando-se do mundo, tomando a sua cruz e seguindo a Cristo e, desta forma, aumentando o número de membros da verdadeira Igreja."
Esta é a única Igreja da qual nenhum membro pode perecer. Os pecadores alistados no rol desta Igreja serão eternamente salvos e nunca serão lançados fora.
A eleição de Deus, o Pai; a contínua intercessão de Deus, o Filho; a diária renovação e santificação de Deus, o Espírito Santo, cercam e guardam os salvos como num jardim fechado. Nem um só osso do Corpo Místico de Cristo será quebrado. Nem um só cordeiro do rebanho de Cristo será arrancado de Suas mãos. Esta é a Igreja que continua a obra de Deus sobre a terra. Seus membros são um pequeno rebanho, pouco em número, comparativamente com o povo do mundo: um ou dois aqui; dois ou três ali; uns nesta paróquia; outros naquela além. Mas são estes que abalam o Universo. São estes que removem reinos com suas orações. São estes os membros ativos que espalham o conhecimento da religião pura e sem mácula. Eles que são a conservação do país - o escudo, a defesa, o esteio e a segurança da nação a que pertencem!
Esta é a Igreja que há de ser verdadeiramente gloriosa no último dia. Quando todas as glórias terrestres desaparecerem, então esta Igreja será apresentada sem mácula diante do trono de Deus, Pai. Tronos, principados, poderes da terra, tudo será desfeito. Dignidades, empregos e riquezas desaparecerão. Mas a Igreja do Primogênito brilhará no último dia como as estrelas, e será apresentada com júbilo diante do trono do Pai, no dia em que Cristo aparecer. Quando as jóias do Senhor forem reunidas e tiver lugar a manifestação dos filhos de Deus, não se falará nem em episcopais, nem presbiterianos. Uma única Igreja será nomeada: A Igreja dos Eleitos!
É para esta Igreja que o verdadeiro ministro do Evangelho de Jesus Cristo principalmente trabalha. De que serve ao verdadeiro ministro que se encha a casa onde ele prega? De que serve a ele ver crescer o número de comungantes ou aumentar a congregação? Tudo isto é nada! O que ele deseja é ver homens e mulheres renascidos, almas convertidas e sujeitas a Cristo! O que ele quer, é ver uns aqui, outros ali, retirando-se do mundo, tomando a sua cruz e seguindo a Cristo e, desta forma, aumentando o número de membros da verdadeira Igreja. Leitor, esta é a Igreja a que o homem deve pertencer, se quer ser salvo. Enquanto você não pertencer a esta Igreja, não será mais do que uma alma perdida. Você poderá ter a aparência de religioso, isto é, poderá ser religioso na casca, na pele e, contudo, não ter obtido a substância da vida. Sim! Você poderá Ter inumeráveis privilégios, poderá gozar dos benefícios da luz e do conhecimento, poderá ter grandes oportunidades! Mas, se não pertencer de fato ao Corpo de Cristo, nada disto o salvará! Ai de nós, por causa da ignorância que existe sobre este ponto! O homem imagina que pertencendo a esta ou àquela igreja - e tornando-se comungante em qualquer delas, observando certas fórmulas -, tudo estará bem com relação a sua alma. Isto é uma total ilusão e grande erro! Nem todos os que tinham o nome de Israel eram israelitas; nem todos os que professam ser cristãos, são membros do Corpo de Cristo! Preste atenção: Você pode ser um firme episcopal, presbiteriano, independente, batista e, contudo, não pertencer à verdadeira Igreja. Se é assim, seria melhor que você nunca houvesse nascido!"
"Nota sobre o autor: J.C. Ryle, foi um bispo anglicano contemporâneo ao grande pregador Charles Haddom Spurgeon e que desponta como um dos mais eminentes representantes da fé genuína no século passado com pregações bíblicas e estudos reconhecidos por todo o mundo onde se encontra a verdadeira Igreja de Cristo. "Em sua época ele era famoso, notável e amado como campeão e expositor da reformada fé evangélica. O bispo Ryle fartou-se profundamente das fontes dos grandes escritores puritanos clássicos do século XVII. De fato, seria apenas falar com precisão se disséssemos que seus livros destilam a verdadeira teologia puritana, apresentada sob uma forma moderna e de fácil leitura" Pergunta-se, pode alguém que não crê em eleição, soberania, etc invocar os argumentos de um homem como John Charles Ryle para justificar qualquer coisa? Pergunta-se ainda, onde se pode encontrar este tipo de Igreja descrita por Ryle, em pleno século XXI?

Inimigos da Cruz IV


Com efeito, foi dito, que o religioso é um antinomista por natureza, posição e relação. O que mais o irrita é a salvação pela graça e a soberana vontade de Deus, ao conhecer e eleger de antemão os que escolheu para viver com Ele eternamente. Isto lhe causa espécie, porque a alma decaída e totalmente depravada por natureza herdada da serpente, quer ser, como Deus, conhecedora do bem e do mal. De fato, ela possui esse conhecimento, mas o tal está circunscrito à vala do pecado e da apostasia em relação a natureza de Deus. Para corrigir este desvio ou mudança do alvo, é necessário morrer em Cristo. Os inimigos da cruz sempre se apropriam da verdade bíblica apenas até o ponto que lhes convém. Assim, eles falam em novo nascimento, cruz, regeneração, graça, fé, tão somente pelas suas próprias lentes. Não conhecem a profundidade das riequezas a que Paulo alude numa das cartas aos coríntios.
Phillip Yancey afiram que, "graça é Deus fazendo tudo por quem nada merece". Não há definiçõa mais completa e coerente com o ensino bíblico do que esta. A verdade é que, se o homem destituído da glória de Deus, por alguma razão, pudesse merecer qualquer coisa, a graça seria ridícula e desnecesária. O mesmo autor define misericórdia como: "Deus não dando ao pecador, aquilo que de fato ele merece, o inferno." Também é um enunciado coerente e verdadeiro de acordo com o padrão bíblico. Por estas verdades que se apreendem por bondade de Deus, é que os inimigos da cruz rangem os dentes, retinem os ouvidos e rasgam suas bíblias. Preferem fazer acordos com as forças gnósticas, porque estas lhes são mais afinadas as suas naturezas portadoras da peçonha da serpente.
Como os inimigos da cruz de Cristo, não podem alcançar a verdade, preferem borrifar os que crêem-na, com suas setas que voam de noite. Eles inventam doutrinas de homens e buscam consistência a estas nas Escrituras, forcejando os textos. É o caso de: "Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!" [Mt.23:37]. Eles utilizam este versículo, para justificar o famigerado conceito de "livre arbítrio" que não existe nas Escrituras, nem poderia ser comportado a elas, visto ser sofismático e falacioso. Nem mesmo na filosofia se consegue chegar a um consenso acerca de liberdade e juízo arbitrário. Considerar o homem como livre, significa dizer que nada e ninguém exerce sobre ele qualquer causação. Ele seria uma espécie de efeito sem causa, ou mesmo o efeito como a própria causa. Logo, Deus seria reduzido a uma nulidade, enquanto o homem seia elevado a categoria de um ser autônomo e absolutamente auto-determinante de sua própria existência. Só um louco pode afimar isto! Também, admitindo-se que o homem poussi arbítrio, admitir-se-á, então, que o mesmo pode estabelecer juízo, de si, para si e sobre tudo o que há no universo. Tais asseverações negam, primeiramente, a temporalidade do homem, além de restringir Deus a um mero expectador de Sua própria criatura. Esta posição é denominada de "teologia relacional". O texto de Mt. 23, anteriormente mencionado, nada tem a ver com "livre arbítrio", esta é uma invencionice pelagiana, erasmiana e arminiana. A expressão final "não o quiseste" é, em grego koiné, 'ouk ethelésate', isto quer dizer que Jesus não lhes está requerendo uma resposta afirmativa, ou cobrando uma reação positiva. Significa apenas, uma cláusula afirmativa e reafirmativa do que de fato é a natureza humana. O homem decaído não possui vontade livre e, muito menos, inclinação para Deus, por isso, ele invariavelmente não O quer. O desejo do homem contaminado pela natureza pecaminosa é invariavelmente inimigo de Deus e focado em si mesmo. Jesus estava lhes afirmando, que, apesar de tudo o que Ele disse e fez, eles continuaram em suas naturezas incrédulas. Os cegos confundem busca religiosa com desejo e vontade livre para voltar-se para Deus. Uma coisa nada tem a ver com a outra! A expressão grega de Mt. 23: 37 pode significar: desejo, querer e excusa, nada disso é determinante ou atuo-determinante. Aliás, foi pelo desejo que a mlher se deixou enganar pela serpente. O desejo do homem é o que lhe condena, justamente porque parte de uma natureza contaminada pelo pecado. Como poderia alguém ser, ao mesmo tempo, escravo do pecado e livre o suficiente para ser juíz?
O homem pecador, porque possui uma natureza pecaminosa, tem uma natural inimizade contra Deus, refletida no ódio e na rejeição à sua inclusão na cruz para perder sua via almática e ganhar a vida de Cristo. Se Deus, por misericórdia e graça não lhe conceder a fé para se voltar para Ele, nada acontece. Permanecerá como os habitantes de Jerusalém.
Os inimigos de Cristo desconhecem que é Deus quem conduz a vontade decaída do pecador e o leva à Cristo: "ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia."[Jo.6:45] Observa-se que o texto afirma que é uma questão de poder e não de querer. O homem pecador até deseja e busca coisas acerca de Deus, mas apenas dentro da esfera da religião e das suas lentes próprias com base no mérito e na justiça humana. Eles confundem escolhas morais e cerimoniais com o que chamam de livre arbítrio...
Por esta razão o Senhor Jesus assevera: "vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça...Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia."[Jo. 15: 16 e 19] Não são os eleitos que escolhem ao Senhor, senão dar-se-ia que a eleição seria uma mentira, pois escolher quem escolhe é desnecessário e absurdo. O Senhor é quem escolhe, designa, faz produzir fruto e o fruto é permanente. O Senhor escolhe os eleitos do mundo, mas não escolhe o mundo, pois senão a eleição seria igualmente dispensável. O mundo está na contramão da natureza de Deus, por isso, os inimigos da cruz de Cristo se incomodam tanto com os que são d'Ele. Há uma grande diferença entre escolher todos os eleitos dentre os todos que estão no mundo, e escolher todos os que estão no mundo. Isto só se percebe pelas lentes da misericórda e da graça dadas por Deus aos seus eleitos.
O que os inimigos de Cristo desconhecem, porque suas naturezas são guiadas por uma falsa autonomia entre os trilhos controlados pelo pecado, é que Deus não escolheu os seus com base na Sua presciência, mas com base na Sua Soberana vontade. Daí porque, eles também odeiam o conceito e a idéia de soberania. Suas naturezas religiosas estão apenas conformadas a este mundo que funciona às custas de uma lógica decaída e apostatada da verdade que é Cristo. São blindados dentro das paredes das suas próprias naturezas corrompidas, buscando reencontrar as portas do Paraíso perdido às suas próprias expensas.

OS INIMIGOS DA CRUZ III


Por inimigos da cruz de Cristo, têm-se os que se inserem no contexto da seguinte escritura II Tm. 3: 1 a 5 - "Sabe, porém, isto, que nos últimos dias sobrevirão tempos penosos; pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a seus pais, ingratos, ímpios, sem afeição natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder. Afasta-te também desses." Quando o foco está no homem e suas carências e necessidades decaídas da graça, eles invariavelmente se tornam amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes, ingratos, ímpios, desprovidos de afeto natural, implacáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que de Deus, etc.
É fundamental que, nestes inimigos da cruz, se percebe claramente uma sutil aparência de piedade, mas suas ações, ideias e pensamentos exteriorizam a negação desta mesma piedade. A piedade que procede de Deus é serena, resignada e conformada às Escrituras; a piedade que procede de uma alma não regenerada é oscilante, sendo serena quando todos concordam com ela, e reativa, quando há discordâncias. Estas pessoas oscilam em conformidade às circunstâncias. 
Os inimigos da cruz de Cristo necessitam se proteger à sombra da árvore frondosa da religião, para tanto, buscam dar um certo ar de legitimidade às suas crenças, inserindo textos bíblicos em contextos preconcebidos por reengenharia de doutrinas e tradições de homens. Negam, portanto, os textos escriturísticos que desautorizam o seu frágil sistema de fé humana. Eles partem de uma eixegese, ao invés de fazer a correta exegese bíblica. A hermenêutica que os tais aplicam está, realmente, mais para as hilariantes mitologias do deus Hermes, mensageiro de mentiras míticas. Eles não creem no que pregam, e pregam o que não creem por contingencialidade de seus olhos se acharem encobertos por escamas da incredulidade, e os seus ouvidos se acharem entupidos pela cera da religião herdada de Adão, Caim, Jó, Pelágio, Jacobus Armínius, Charles Finney, entre outros.
Gl.6:12"Todos os que querem ostentar boa aparência na carne, esses vos obrigam a circuncidar-vos, somente para não serem perseguidos por causa da cruz de Cristo."  Os inimigos da cruz de Cristo, buscam apenas aparências e, portanto, fazem dos seus discípulos presas suas e ingênuos úteis. Mantêm-nos sob obrigatoriedade a diversas normas, regras e preceitos a fim de lhes sugar a mente, a alma e o espírito. Do contrário, eles começariam a pensar e buscar a verdade por conta própria, escapando-lhes ao controle. Por isso, os envolvem nos rituais religiosos, nos esforços e projetos malversados que lhes consomem energias, recursos e tempo. É a praxis do "panis et circenses" religioso, produzindo por resultado uma efervescência triunfalista, evangelicalista e avivalista que só existe nos seus ideários corrompidos pela mentira religiosa. Na prática tais ativismos não produzem almas regeneradas, pois esta honra e esta glória cabe apenas a Cristo.
No fundo, os inimigos da cruz de Cristo, não querem assumir que a cruz é também deles, visto que há, de fato nela, uma substituição por Jesus fisicamente, e uma inclusão espiritualmente por Cristo. Como não conseguem discernir estas verdades, porque o que é espiritual só se discerne espiritualmente, preferem viver ao lado da cruz, atrás da cruz ou arranhando a cruz com suas orações que mais se assemelham a lamentos de quem não vê e não entra no reino de Deus pela graça mediante a fé.
Os inimigos da cruz "aceitam" a cruz apenas como símbolo emblemático, mas não como um princípio interiorizado pela genuína fé de acordo com Hb. 11:1 - "ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que não se vêem." Eles vêem apenas o lado substitutivo da cruz, porque isto lhes confere alguma participação ativa no processo redentivo, e com isso, o foco permanece no homem decaído e destituído da glória de Deus. Negam, portanto, a Soberania de Deus e diluem a Sua Graça em barganha, esforço, justiça própria e méritos. Este é o projeto de Satanás desde o Éden! Fazer que o homem busque ser semelhante a Deus, por suas próprias expensas. Nisto, ele tem sido muito bem sucedido na religião de Caim que hoje se vê espalhada pelo mundo.
A fé verdadeira é primeiramente dada ao homem de uma vez para sempre e entregue aos santificados em Cristo para que conheçam e prossigam conhecendo ao Senhor. Portanto, só se pode crer que o pecador foi realmente atraído a Cristo na cruz por fé concedida gratuitamente por Deus. Isto só os conhecidos de antemão, eleitos, chamados, justificados e glorificados recebem.
"E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." [Jo. 12: 32 e 33] Os inimigos da cruz negam a piedade que há no ato redentor de Cristo na cruz, por desconhecer a todo-suficiência da morte substitucionária e inclusiva do pecador por meio da fé. Eles tomam o texto retromencionado, apenas até onde lhes interessa, fechando o filtro ao verso 33 e seus correlatos. Ora, sabe-se que Cristo foi levantado da Terra, três vezes: na crucificação, na ressurreição e na ascensão, e, em todas elas, foi para glorificar ao Pai e redimir o homem. Se a crucificação foi o modo profetizado para a morte de Cristo, e se Ele atraiu o pecador a Si, na crucificação, onde, então está este pecador atraído? Fora ou na mesma cruz em Cristo? Salvo se o pecador é daqueles que creem que Jesus estava tendo um "transe delirante", não há outro ponto no Universo onde um pecador deva estar, a fim de perder a sua natureza degenerada e decaída no pecado.
Cristo teria blefado ao afirmar Mc. 8: 34 e 35 - "...e chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á." O que é negar-se a si mesmo, senão reconhecer que se perde a vida almática na cruz, para ganhar a vida de Cristo na ressurreição juntamente com Ele? No verdadeiro ensino bíblico, sem substituição e inclusão, não pode haver salvação. É o único caso contábil, em que perde quando acha, e ganha quando perde. O pecador perde a sua vida da alma contaminada pela natureza degenerada, mas ganha a vida de Cristo na ressurreição. Tudo pela fé que um dia o eleito recebeu gratuitamente.
Os inimigos da cruz de Cristo têm contra si, além da arrogância típica da natureza que lhes é por centralidade, também a cegueira que lhes é por conseqüência. Negam que a salvação é pela graça mediante a fé, porque isto lhes retira o tapete vermelho da autossuficiência apostatada de Cristo. Basta olhar o texto de Ef. 2:8 e 9 - "...porque pela graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie." Nem se faz necessária uma exegese, bastando apenas compreender a função gramatical do pronome 'isto', que tem por objeto, tanto a graça, como a fé. O tolo, que prefere rasgar a Bíblia, quando esta lhe é por oposição de idéias, insiste em afirmar que a salvação é por meio do sangue de Cristo. Isto é o que se chama de óbvio ululante! Portanto, a graça de Deus é que levou Cristo a descer do lugar santo e assumir a forma de homem a fim de derramar o Seu precioso sangue redentor. O homem incrédulo só consegue apropriar-se desta verdade, mediante a fé concedida igualmente por Deus. Como poderia um destituído da glória de Deus crer sem a misericórdia e a graça?

domingo, março 16

OS INIMIGOS DA CRUZ II


É típico do homem decaído transferir a sua culpa à alguém ou à algo. Assim foi no Éden, quando Deus inquiriu Adão acerca da sua desobediência, por consequência da incredulidade, sendo esta o pecado original conforme Jo. 16:9 - "...do pecado, porque não creem em mim." A resposta do nosso ancestral comum foi direta e curta Gn. 3:12 - "...a mulher que me deste por companheira deu-me da árvore, e eu comi". Na resposta estava implícita, além da transferência da culpabilidade, a nefasta tentativa de imputar responsabilidade a Deus, pela errônea escolha. À Eva, fora feita igual indagação, tendo semelhante resposta, visto que ela transferiu a sua culpa à serpente. Da serpente, ventriloqua de Satanás, não se sabe até o dia de hoje se acusou alguém, todavia permaneceu ali para receber o seu veredito, consequência da sua empreitada antinomista e religiosa. Estes fatos produziram no homem uma imensa fobia à lei primeira implícita na sentença "certamente morrerás". Também criou no homem, agora decaído, a primeira manifestação religiosa ao coser tangas de folhas de figueira e ao se esconder por entre os arbustos do jardim. Desde o Paraíso que o homem se esconde em seus sistemas religiosos simbolizados nos arbustos e nas vestes frágeis das folhas da árvore do conhecimento do bem e do mal.
Os inimigos da cruz de Cristo, buscam desesperadamente nos textos bíblicos, algum alento, a fim de justificar suas posições religiosas, culpando ou transferindo a responsabilidade dos seus erros, ineficiências e ineficácias aos que creem segundo as Escrituras. Como não podem crer, porque não ganharam a fé bíblica, preferem encobrir os seus fracassos e a falta de projeto verdadeiros, lançando sobre aqueles, dos quais discordam gratuitamente, suas falácias e sofismas. Que rasguem suas bíblias, mas o Senhor Jesus assevera que nem um jota, e nem um til se omitirá da Sua Palavra. O homem e as suas religiões passam, mas a Palavra do Senhor permanece para sempre. Uma semente o servirá de geração em geração, porque Ele mesmo reservou joelhos que não se dobram a Baal. Seja ao Baal da vaidade, seja ao Baal da incredulidade, seja ao Baal da arrogância, seja ao Baal denominacional, seja ao Baal das espertezas, seja ao Baal dos acordos escusos e obscuros com as forças gnósticas oriundas da religião dominante e predominante. Estes religiosos são apenas igrejificados e engessados em seus sistemas humanistas disfarçados de religião. São blindados por seus discípulos, massa de manobra, os quais enganam e são igualmente enganados.
Como estes líderes e seus seguidores interesseiros, não podem encarar a vida com dignidade e verdade, porque estas não são virtudes dos que permanecem na velha natureza, preferem atirar dardos inflamados aos que buscam a simplicidade de Cristo no evangelho da verdade. É sempre mais fácil atacar o pregador ao invés da mensagem verdadeira.
Acusar alguém de infidelidade, deslealdade a denominações, declaração de princípios, ou alguma confissão produzida para satisfazer interesses religiosos, é uma atitude, no mínimo tola. Desde os tempos da Reforma chamada protestante, que os reformadores foram acusados pelo romanismo de serem antinomistas. Eles, tão somente consideraram, à luz das Escrituras, que a lei houvera sido cumprida em Cristo, exatamente para satisfazer a exigência da própria lei estabelecida como padrão moral para o homem. Qualquer incrédulo ao ler as Escrituras sabe que a lei serviu apenas como aio, isto é, como professor, ou como guia ao homem. Visava evidenciar a sordidez do pecado, a fim de, em tempos posteriores, pudesse mostrar a superabundante graça de Deus. Se algum homem pudesse viver estritamente dentro dos liames morais da lei por si mesmo, Jesus, o Cristo seria absolutamente desnecessário e a cruz seria uma negreganda peça de mau gosto.
Rm. 10:4 - "Pois Cristo é o fim da lei para justificar a todo aquele que crê." A palavra 'fim" no texto retromencionado é 'telos' no grego neotestamentário. Ela significa 'fim', não como finalidade, mas como término de fato e de direito. Ora, Segundo Thayer, Cristo terminou a lei, assim como a morte termina a vida terrena. A ideia subjacente é que é o último de uma série de cumprimentos, ou seja, em Cristo toda a lei foi acabada e concluída por decurso de prazo e por satisfação legal da exigência do requerente, a saber, Deus. Lc. 22:37 - "... porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: e com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento." 'Telos' significa 'finalmente' ou 'cumprimento'. Pode, também significar "alvo", ou "propósito", como em I Tm. 1:5 - "...mas o fim desta admoestação é o amor que procede de um coração puro, de uma boa consciência, e de uma fé não fingida..."
Assim, não é antinomismo crer como as Escrituras ensinam claramente. Todavia, os regenerados, porque nascidos da vontade de Deus, e não da vontade do homem, de religiosos, de denominações, de soberbos que acusam afim de manterem intactas as suas posições vantajosas, prosseguem ficando apenas com as Escrituras. Como disse o hagiógrafo At. 5:29 - "respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: importa antes obedecer a Deus que aos homens."
Afinal, se se considerar antinomismo, qualquer violação da lei moral e cerimonial, os religiosos arminianos, os quais leem nas Escrituras que se deve guardar o sábado são todos antinomistas. Proponho a eles, sequiosos por usar a fé dos outros como escudo, a que cumpram a lei prescrita conforme Ex. 20: 8 a 11 - "lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho; mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus. Nesse dia não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Porque em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou; por isso o Senhor abençoou o dia do sábado, e o santificou." 
Porque os arminianos que são antinomistas por origem, prática e natureza, não tentam cumprir os dez mandamentos? Os regenerados e lavados no sangue do Cordeiro não necessitam cumprir a lei, porque estão conscientes de que não podem, e porque confiam na todo-suficiente obra de Cristo que os incluiu na cruz a fim de destruir o corpo do pecado, isto é, a natureza pecaminosa herdada de Adão conforme: "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, sabendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus."
Eles, os antinomistas, arminianos, incrédulos e religiosos permanecem em suas naturezas inimigas da cruz, porque não se consideram como mortos em Cristo. Por isso, não creem, e não admitem que alguém creia. São como os religiosos do tempo de Jesus, não entravam, e não deixava ninguém entrar.
Finalmente, se o próprio Cristo foi acusado de antinomista, pelos fariseus, quando curou e fez a obra do Pai no sábado, quão grande glória é ser acusado de qualquer coisa por amor a Cristo!

sábado, março 15

OS INIMIGOS DA CRUZ I


At. 4:1 a 4 - "Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus, doendo-se muito de que eles ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos, deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já tarde. Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram, e se elevou o número dos homens a quase cinco mil." 
Há um princípio que diz: "quando alguém, por qualquer razão, advoga uma determinada causa, é porque se acha atraído ou subordinado a esta causa". Parece ser verdadeira esta postulação. Quando aplicada aos religiosos do sistema da mentira, tal posição serve de cortina de fumaça para encobrir a real situação do acusador que, por natureza, é um juiz de si e dos outros.
No livro dos Atos dos Apóstolos se viu este fato claramente: na medida em que os primeiros discípulos pregavam o evangelho, os religiosos, sem projetos e escravizados a um sistema que lhes garantia o sustento, se viram ameaçados e, condoendo-se muito, deitaram mão neles e os encerraram em prisões. Hoje, não mudaram muito as coisas! Todas as vezes que alguém ou algum grupo, ainda que numericamente minoritário, toma da Palavra para anunciar o evangelho da graça e da regeneração genuína, os religiosos os combatem com as forças que podem e até com as que não podem. Por pouco, não os arremessam às prisões. Não o fazem, porque a legislação atual não os permite assim proceder. Todavia, o ódio e a veemência em fazer acusações desprovidas da verdade bíblica são os mesmos de 2.000 anos atrás.
O religioso, que é um arminiano por natureza, posição e relação, age sempre e invariavelmente da mesma forma, porque é uma questão de natureza decaída e inimiga da cruz. A questão da discordância não é apenas doutrinária, mas de natureza, pois a inclinação da carne é inimizade contra Deus. Visto que não podem discernir as coisas espirituais, espiritualmente, usam das armas do argumento da força, ao invés de utilizar a força do argumento bíblico. É notório que, os líderes religiosos de Atos 4 tenham lançado os discípulos na prisão, porque estes ensinavam ao povo. O grande problema é que os falsos, não desejam que o povo incauto e desavisado pela mentira religiosa, lhes fuja ao controle. Se, o povo, massa de manobra e formado por ingênuos úteis for esclarecido, seus lobos devoradores perdem o ganha pão. Assim, em nome de uma suposta propriedade da verdade doutrinária atribuem ao ensino da verdade evangélica, a alcunha de "vento de doutrina" a fim de manter o status quo e continuarem no poder e no controle das multidões cegas e conduzidas por cegos.
Os líderes judeus se doeram muito, porque o ensino dos discípulos era "em Jesus, pregassem a ressurreição". Claro! Só se pode pregar a ressurreição, quando a morte já é fato consumado e consolidado. O texto apocalíptico afirma, com propriedade e revelação, que o Cordeiro de Deus foi imolado antes da fundação do mundo, e, no seu livro estão escritos os nomes dos eleitos. No cristianismo bíblico, não se pode falar do novo nascimento em Cristo, sem antes ter admitido que os eleitos de Deus morreram com Ele na cruz. O doer-se dos religiosos se dá, porque estes se apropriam do ensino, sem ter por ele passado ou nele crido pela ação monérgica de Deus. Eles se apropriam como usurpadores da verdade, porém sem dela participar em natureza. A verdade não se captura por intelecto, mas por misericórdia e graça de Deus por meio da fé. A verdade não é uma concepção filosófica ou científica.
Sabendo que a verdade não é um conceito, mas uma pessoa conforme Jo. 14:6 - "respondeu-lhe Jesus: eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." O texto sagrado diz que "ninguém vem ao Pai, senão por mim" é uma sentença clara acerca da inclusividade do pecador na morte de Cristo. Não foi atoa que o próprio Jesus afirmou Mt. 16:24 - "se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me." Se a cruz é própria do homem, e ainda, se o próprio Filho Unigênito de Deus se fez homem e a tomou, os eleitos vão após Ele para a mesma cruz. Isto não é um "transe cristológico", como pretendem os arminianos enganados e enganadores, mas é uma questão de fé. Qualquer incrédulo sabe que as verdades do evangelho são apropriadas pela fé e, esta, não é uma questão de misticismo ou e esoterismo cristão. É uma dádiva de Deus, ou seja, é concedida por Deus aos que Ele conheceu de antemão, elegeu, chamou, justificou e glorificou em Cristo. Estes pseudo-teólogos, leem as Escrituras pelas lentes das suas almas decaídas e não pelas lentes de Cristo. Eles não podem crer, porque fé é dom de Deus. Não crendo, preferem condoerem-se pelo fato de outros receberam graça para crer. Não podendo acessar a graça, por seus méritos e justiças próprias, preferem perseguir a cruz, como soe acontece aos inimigos dela Fl. 3:18 - "porque muitos há, dos quais repetidas vezes vos disse, e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo."
Na epístola aos Romanos, Paulo afirma que muitos dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. É verdade! A sabedoria do homem, que presume ser até mesmo doutor em divindade, o torna cada vez mais decadente. Visto que coloca os holofotes e o foco da luz em si mesmo e não em Cristo. As Escrituras, Cristo e o nome de Deus são apenas invocados e evocados para dar uma certa legitimidade ao que de fato pretendem. Em muitos casos são compromissados com forças humanistas, terrenas e diabólicas. São membros ocultos dos Iluminati, estão em certos casos a serviço do universalismo e do gnosticismo.
Estes sábios aos seus próprios olhos acusam os filhos de Deus de serem aquilo que eles mesmos o são. Tudo o que eles não creem passa a ser visto como "vento de doutrinas" e heresias. Entretanto, o próprio cristianismo em seu nascedouro foi chamado de herético. Nem por isso, o Cristo, os apóstolos e os discípulos posteriores desistiram do desideratum deles. Se alguém considera a fé no que afirmam as Escrituras, como "vento de doutrinas", não há nada que se possa fazer por esta pessoa. Já está condenada em suas próprias afirmações. Quando Lutero, Calvino e os demais reformadores enfrentaram a religião dominante, igualmente foram acusados de hereges, rebeldes, espalhadores de doutrinas, etc. Hoje muitos dos que conheceram as Escrituras graças aos reformadores, repetem os mesmos erros dos perseguidores da fé reformada.
Os arminianos religiosos e legalistas querem magnificar o seu sistema sofismático a fim de reduzir a verdade escriturística em mentira e, assim, permanecerem no controle do sistema. Toda vez que alguém parte para uma teologia estritamente bíblica, ou para uma hermenêutica igualmente bíblia, eles apontam os dedos envenenados para o antinomismo, sabelianismo, e outras heresias. Neste sentido se tornam legalistas ao pretender que são os únicos donos de uma categoria de verdade.
O puritano Walter Marshall, afirma que "o legalismo é a pior forma de antinomismo". O legalista presume sempre passar a ideia que honra à lei de Deus. Porém, não honra a lei moral, mas a desonra, posto que suas ações, os denunciam. Pois, a lei exige justiça perfeita, e isto é satisfeito pela absoluta e incondicional obediência de Jesus Cristo à lei. O legalista religioso sofre do mal do reducionismo, quando presume comprimir a lei para a sua própria estatura moral. Isto é o que os religiosos do tempo de Jesus faziam com perfeito esmero. Ao tentar reduzir a lei para a sua diminuta estatura, de fato anulam a lei mediante suas tradições, dogmas, doutrinas de homens, etc. Por outro lado, Jesus magnificou a lei em sua mais alta significação, porque Deus o fez pecado para justificar o pecador. À luz de Sua exaltação da lei, devemos saber que somente n'Ele há justiça com a qual a lei é satisfeita. Por esta razão Jesus, o Cristo é o fim da lei.
O que de fato, a doutrina da graça e da inclusão do pecador na morte de Cristo por fé, indica? Primeiramente, a graça de Deus justifica o pecador com base nos fundamentos da justiça perfeita de Jesus, o Cristo Rm. 5: 18 e 19 -  "Portanto, assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação e vida. Porque, assim como pela desobediência de um só homem muitos foram constituídos pecadores, assim também pela obediência de um muitos serão constituídos justos." Esta justiça consiste na obediência de Cristo à lei de Deus a favor do homem decaído e incapaz de obedecer a lei moral. Aí está o fundamento! O regenerado não despreza a lei, porque ela foi cumprida em Cristo para benefício seu. Ao contrário, justamente porque ele não poderia arcar com a lei é que Cristo a cumpriu. Logo, só Cristo poderia satisfazer plena e cabalmente a exigência da justiça de Deus contra a injustiça do pecado. Por isso, o regenerado e eleito de Deus antes dos tempos eternos, cumpriu a lei, sendo incluído na morte de Cristo, para tornar-se apresentável a Deus. Cristo é quem o habilita, porque antes ou depois de ter sido justificado, não teria, de qualquer forma, condições de cumprir a lei por conta própria. É isso que os incrédulos religiosos não podem ver, porque isto só se vê pela misericórdia e pela graça do Pai.
Cristo cumpriu todos os preceitos da lei, e por Sua morte Ele satisfez toda penalidade a favor dos que form eleitos para crer n'Ele, por terem sido pré-ordenados para a vida eterna. Deus não salva nenhum homem por se aproximar das exigências da lei ou por desprezar a lei, já que a mesma é impossível de ser obedecida pela natureza decaída e inimiga de Deus. Ele não enviou Seu Filho para enfraquecer sua força ou criar um padrão menor que a lei. John Flavell disse: "nunca a lei de Deus foi mais honrada do que quando o Filho de Deus permaneceu diante do tribunal de justiça para fazer reparações pelo dano realizado."
Também, o pecador eleito e preordenado para a vida é pessoalmente justificado quando Deus lhe imputa a obediência perfeita de Cristo à lei. Só por misericórdia e graça que o Pai reveste o homem decaído de glória em Cristo Jesus. A justificação é em si e por si mesma um termo legal. Disto depreende que, o homem decaído nem poderia ser salvo pela lei, às suas próprias expensas, nem necessita tentar cumprir a lei depois de ser regenerado, porque já foi justificado. Entretanto, a lei se cumpre nele, porque Cristo o capacita a viver pela graça e obedecer a vontade do Pai. De maneira que não é antinomismo viver da graça, com a graça e na graça que há em Cristo Jesus. Antinomismo é querer imputar ao religioso a necessidade de viver na lei para agradar a Deus. Isto é desprezar o amor de Deus em Cristo, substituindo a justificação pela fé, pela justiça própria com base na lei.
A justificação significa que o pecador conhecido de antemão, eleito, chamado, justificado e glorificado em Cristo, satisfaz todos os requerimentos da lei. A salvação não é somente salvação do pecado, mas salvação para santidade. Embora nenhum homem seja salvo por sua santidade, também certa é a sua salvação para a santidade. Ninguém é salvo por guardar os mandamentos de Deus, mas todos salvos são salvos para a nova vida que guarda estes mandamentos de Deus. É impossível ser justificado e não santificado. Santidade não é ativismo e evangelicalismo barato que tenta vender Cristo nos pegue-pagues do mundo, a saber, nas falsas igrejas.
O que os antinomistas arminianos e inimigos da cruz não podem ver é que a salvação é pela graça mediante a fé e não por viver escravizados por um sistema falseado em uma teologia sistematizada, horizontal e humanista.