Judas 10 a 16 - "Estes, porém, blasfemam de tudo o que não entendem; e, naquilo que compreendem de modo natural, como os seres irracionais, mesmo nisso se corrompem. Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré. Estes são os escolhidos em vossos ágapes, quando se banqueteiam convosco, pastores que se apascentam a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos; são árvores sem folhas nem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas furiosas do mar, espumando as suas próprias torpezas, estrelas errantes, para as quais tem sido reservado para sempre o negrume das trevas. Para estes também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: eis que vem o Senhor com os seus milhares de santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram. Estes são murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências; e a sua boca diz coisas muito arrogantes, adulando pessoas por causa do interesse."
O homem que não recebeu a graça para crer e experimentar o nascimento do alto, comete blasfêmia ao pregar o que não conhece. Trata-se de uma apropriação indébita à semelhança de Lúcifer que almejou apropriar-se de um lugar elevado, acima das estrelas mais altas e lá estabelecer um trono de governo. O texto mostra que, quando se possui apenas um conhecimento natural, isto é, baseado tão somente na percepção dos sentidos naturais pela lógica, ocorre a corrupção da verdade. Isto acontece, porque é o resultado de uma ação puramente sinérgica a partir da natureza contaminada pelo pecado original. É como alguém já ilustrou: "o homem que, caindo em uma latrina, ao sair, toma um bocado de pão contaminado por suas mãos sujas e o oferece aos outros."
A natureza decaída produz padrões de comportamento moral típicos, como por exemplo, o caso de Caim que imaginou levar vantagem diante de Deus, acreditando na superioridade da sua oferta, resultante do seu esforço e da sua competência; o caso de Balaão, que não proferiu maldição contra Israel, porém instruiu Balaque a tentar destruir o povo por meio de infiltração dissimulada; e o caso de Coré que se afirmou em sua rebelião contra a autoridade conferida a Moisés pelo próprio Deus.
Verifica-se que são estes tipos os preferidos e admirados nas festas e agregações dos homens. Entretanto, sobre os tais é declarado que são como nuvens sem água conduzidas para onde se lhes ofereçam maiores vantagens; são árvores sem folhas e sem fruto, portanto, mortas, posto que sem raízes; são ondas bravias do mar cujas espumas indicam as suas naturezas inquietas; são estrelas sim, porém errantes, as quais perderão eternamente até mesmo a luz natural. A estes rejeitados, está reservado o juízo do grande dia, quando o Grande Rei retornar a fim de apropriar-se eternamente do Seu reino sempiterno. Todos os que foram em Cristo santificados retornarão para viver em graça e perfeição eternamente com Ele.
As características básicas dos degenerados, os quais vivem de suas próprias naturezas são: murmuradores queixosos, ou seja, reclamam por tudo e de tudo, nunca estão felizes, porque não são felizes, pois projetam a felicidade em si, em coisas e nos outros; andam apenas com base nos seus desejos almáticos e nunca recebem com mansidão a porção que lhes fora reservada pelo soberano Senhor; abrem suas bocas para dizer e afirmar coisas arrogantes, além de viverem bajulando pessoas que lhes possam causar algum tipo de benefício imediatista a fim de lhes satisfazer as vontades fora da natureza de Cristo.
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