julho 20, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL VI

Gl. 5: 19 a 21 - "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. Digo, porém: andai pelo espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o espírito, e o espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus."
Uma das questões mais cruciais no conhecimento da verdade é a possível confusão entre liberdade plena e gratificação da carne, ou libertinagem. O nascido de Deus está liberto do pecado que o condenava diante de Deus, mas não está ainda total e plenamente liberto dos atos pecaminosos produzidos pela carnalidade. Estes são tratados ao longo da vida na produção da santidade de Cristo nele. Há uma permanente e incessante luta entre o espírito liberto para adorar e a alma sensorial que deseja adoração. O sentido de levar o morrer diário de Cristo é no aspecto em que se deve considerar a sensorialidade da alma como morta. Do contrário ela ludibria os sentidos, por meio das carências afetivas e das falhas de caráter para nos induzir à sua gratificação e não a gratificação a Cristo. Obviamente que ninguém é capaz de mortificar-se por seus próprios esforços. E, mesmo que consiga, terá valor apenas legalista, Cristo não está nisto. A diferença consiste em que o indivíduo que consegue se conter e controlar certos instintos e desejos, o faz na força da alma e não pela ação do Espírito Santo. Assim, o seu auto-sacrifício tenta produzir gratificação a si mesmo e adquirir méritos à revelia de Cristo.
O amor de Cristo no nascido de Deus é o arbítrio e o divisor de águas nesta luta titânica entre carnalidade e espírito justificado. Em um determinado momento na experiência de nascimento do alto, a pessoa chega a conclusão que não é a promotora da sua santificação, visto ser este processo resultante da ação monérgica, misericordiosa, graciosa e soberana de Deus. A partir desse ponto a sua alma o seduz e o induz a dar-lhe ocasião para satisfazer os desejos. Todavia, o espírito busca as coisas do Espírito, mas a carne busca as coisas da alma e, neste aparte, a pessoa se deixa seduzir pelo desejo, cometendo torpeza contra si, contra Deus e contra os outros.
O texto em seu contexto deixa claro que, as obras da carne não podem prevalecer a pretexto da incompetência humana para vencê-las. Elas só permanecem naqueles que não foram ordenados para a vida, visto que o texto afirma: "... e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." A questão, então, se circunscreve à esfera da manutenção dos comportamentos morais subjacentes à natureza decaída como princípios e não ao cometimento de eventuais atos falhos por decorrência dos processos de tratamento dispensados por Deus aos que são seus filhos por adoção.
É a prática da carnalidade e o prazer em mantê-la que determina a ausência do DNA dos nascidos do alto, isto é, a divina semente que permanece neles. Não havendo experiência os desvios permanecerão, havendo experiência, os desvios não acham pouso, pois, "ou pensais que em vão diz a escritura: o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?"

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