julho 31, 2008

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA I

Comumente as pessoas em geral, e, por excelência, os religiosos tendem a tomar por graça de Deus apenas o recebimento de benefícios. Tais benesses  são na verdade vinculadas às necessidades mais prementes e imediatistas que afligem as pessoas no seguimento das suas vidas. É como se Deus os atendesse por força apenas das suas súplicas, dos seus esforços, do fato de terem realizado algum tipo de caridade, e, até mesmo, por força de terem eles acumulado serviços para o Reino de Deus. Medem a graça de Deus pela quantidade de feitos originados nas suas ações sinérgicas. Imaginam em suas mentes não regeneradas que o fato de alguém pertencer a uma determinada igreja, ter sido batizado, por cumprir regras, preceitos e normas deve ser favorecido pela bondade de Deus. Desejam forçar Deus a se curvar a eles em função dos seus feitos. Enquanto o ensino claro é o que consta em Sl. 51:17 - "O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus."
Outros ainda, imaginam que Deus lhes é gracioso, porque Ele é amor, e, porque também, faz promessas irrevogáveis em Sua Palavra. Por isso grassa por aí a fora, a famigerada pseudoteologia da determinação. Por ela, alguns dizem que o cristão deve ordenar a Deus que faça valer as Suas promessas, visto que Ele deve ser fiel a elas.
Foi Phillip Yancey quem melhor definiu o que é a graça para um entendimento na dimensão humana. Ele afirma que "graça é Deus fazendo tudo por quem nada merece." Assim, a questão meritória fica eliminada e absolutamente descartada, pois se houver qualquer merecimento, já não é mais graça, mas recompensa ou prêmio. Por estes erros é que se instalou nos arraiais religiosos o culto à barganha com Deus. Entretanto, Ele não se deixa apanhar por estas artimanhas. O que conseguem e atribuem como vitória espiritual, nada mais é que o exercício da carnalidade e feitiçarias dos poderes latentes da alma.
Lc. 1:30 - "Disse-lhe então o anjo: não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus." A anunciação do anjo à Maria, quando do cumprimento da promessa de trazer à luz o Messias é uma clara verdade sobre a natureza da graça. Veja que o texto diz que Maria achou a graça diante de Deus. Ela a achou, e não a desenvolveu, ou fez por merecê-la. Deus não achou a graça em Maria, como se pretende impingir na religião institucionalizada, mas ela a achou diante d'Ele. Isto é muito significativo, quando colocado corretamente, isto é, com o foco na dimensão e na pessoa certa, a saber em Deus. Deus concedeu a sua graça a Maria e não a retribuiu por qualquer feito seu.
A graça é uma ação invariavelmente oriunda em Deus e se direciona ao homem desgraçado, com base apenas na Sua infinita misericórdia. Sendo misericórdia definida também por Phillip Yancey como: "Deus não dando ao pecador, o que de fato ele merece." Ora, como as Escrituras adiantam, o pecador merece apenas o inferno, pois o salário do pecado é a morte, isto é, a separação eterna de Deus. Neste sentido e por força da fidelidade das Escrituras, o próprio Cristo foi objeto dessa graça imarcescível de Deus conforme Lc. 2: 40 e 52 - "E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens."

julho 24, 2008

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO X

Há dois modos de uma pessoa se tornar cristã: um é pela auto-intitulação ou rotulação de si mesma como cristão. Neste caso, fica evidente que se trata de uma construção por tradição, por religião, por herança cultural ou histórica. É o típico caso do cristão nominal, denominacional ou institucional. O outro modo é resultante da misericórdia e da graça de Deus, operando no pecador a vivificação por meio da sua inclusão na morte de Cristo, e na Sua consequente ressurreição dentre os mortos. No primeiro caso, o "cristão" é apenas um religioso. No segundo caso o cristão é uma nova geração ou um novo nascido conforme Jo. 1: 12 e 13 - "Mas, a todos quantos o receberam, aos que creem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus." Vê-se que o correto é receber a Jesus, o Cristo e não aceitá-lo como dizem por aí nos arraiais religiosos. Também, os regenerados são feitos filhos de Deus e não se fazem filhos d'Ele por conta própria. E ainda o processo do novo nascimento não é por hereditariedade, por herança étnica ou pela vontade almática. Apenas a vontade soberana de Deus pode operar o novo nascimento. Para haver novo nascimento deve ter havido antes a morte por inclusão na morte de Cristo conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer."
Quando o cristão é o subproduto de uma mera ação sinérgica, ou seja, focada nos esforços, conhecimentos e atitudes centradas no homem, ele será invariavelmente uma pessoa chata, amarga, inquieta, instável, maledicente,  legalista e infeliz consigo mesma e com os outros. Só sentirá paz, alegria e bem-estar se estiver no comando, no centro das atenções e recebendo reconhecimento e gratificação para a sua alma. Tudo o que esta classe de cristão deseja é a satisfação de desejos, auto-realização, auto-estima e aplausos dos homens e de Deus. Está sempre às voltas com conceitos, idéias e concepções, que, fundamentalmente, o coloca no centro das decisões, vontades e desejos. Fala muito de amor, de justiça, de retidão, de bondade, de obras e realizações para a glória de Deus, mas busca mesmo é a própria glorificação. Projeta o seu eu em forma de imagens daquilo que idealiza e busca para si mesmo. É exigente, perfeccionista, muito prestativo e solícito em tudo. São, geralmente, pessoas das quais se tem uma boa impressão a prima facie. Interiormente são altamente insatisfeitos e amargurados.
O cristão autêntico é o resultado de uma profunda transformação do seu ego e de suas características próprias. Ele é o que restou após a sua morte na cruz com Cristo e da sua ressurreição juntamente com Ele. É a pessoa que se vê e age como se nada fosse, que não reivindica nada para si mesma, que não aspira nada além do que Deus lhe proporciona. Ela não se construiu, mas com muitas dores passou e continua passando pelo deserto a fim de perder toda a vida da alma. É o subproduto da ação monérgica, isto é, da ação única e exclusiva de Deus em Sua soberana vontade. É a pessoa que não foi a Cristo por méritos e justiças próprias, mas Deus mesmo a conduziu conforme Jo. 6: 44 e 65 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. E continuou: por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido."
O cristão verdadeiro é verdadeiro, não em si mesmo, mas porque Cristo doou-se a Si mesmo a ele, sendo-lhe por verdade. Ele deixou de ser apenas alma vivente, para se tornar espírito vivificado em e por Cristo. Ele é o resultado da misericordiosa graça de Deus e não de seus esforços próprios. Ele foi eleito antes da fundação do mundo, sem que houvesse feito, o bem, ou o mal. Deus mesmo o conheceu de antemão, o predestinou, o chamou, o justificou e o glorificou. Sem mérito, sem justiça própria ele ganha a herança, pois se houvesse qualquer mérito, não seria herança, mas recompensa e direito.
O cristão genuíno em nada é melhor do que qualquer outra pessoa, mas nele, Cristo é tudo, e, portanto, o novo nascido é o nada de Deus. Não lhe resta nada que não seja Cristo, pois "Porque morrestes, e a vossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então vós também sereis manifestos com Ele, em glória." Cl. 3: 3 e 4.
Cl. 1: 16 a 20 - "... porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele. Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas; também ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio, o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque aprouve a Deus que nele habitasse toda a plenitude, e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus."
Cristo não é uma das dádivas de Deus aos eleitos, Ele é o único dom de Deus aos seus eleitos. Tendo Cristo tem-se tudo!!!
Amém

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO IX

O Cristo da religião é um construtor de dependências por meio de soluções de problemas e cogitações das coisas do homem. Ele é cultuado e adorado não de modo ressurreto, mas a partir da vida da alma, visto que o homem antes do nascimento do alto é controlado apenas pela alma e pela carnalidade. Por isso, o homem decaído busca, neste falso Cristo, constituído por ele mesmo, apenas satisfação dos seus anseios, dos seus medos, das suas taras, dos seus desejos e ambições. Uns anseiam por poder, outros por bens, outros por fama, outros por beleza, outros por amor, outros por admiração, outros ainda por reconhecimento e aplausos. Em tudo isto, o Cristo do evangelho não está, e nem mesmo poderia estar, porque são somente coisas, interesses, desejos almáticos. Há até religiosos que buscam no Cristo da religião a salvação, mas desde que seja ela por ele conduzida e não pelo Salvador.
O Cristo do evangelho, contrariamente, após o nascimento do alto dá início a um severo e profundo processo de desconstrução do homem adâmico, do velho homem ou da natureza pecaminosa. II Co. 5:17 - "Por isso daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne; e, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo. Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo." A reconstrução é tão profunda que, até mesmo, a forma de ver as outras pessoas se altera. A identificação e a relação com as pessoas deixa de ser puramente carnal, para se tornar uma relação espiritual. O conhecimento de Deus, de si mesmo e do outro passa a ser por meio das lentes do espírito do homem guiado pelo Espírito Santo. Os interesses mudam o foco, porque se trata de uma nova criatura, na qual, tudo se fez novo e o velho foi crucificado. Aquilo que está morto não tem mais vontade, não tem mais direitos, cessam todos os pleitos.
Comumente, o homem religioso imagina em seu coração que após a conversão, Deus opera uma transformação, retirando tudo o que é ruim apenas. Os vícios, os medos, as angústias, os pensamentos inadequados, as doenças, os comportamentos duvidosos são extirpados e a pessoa passa por uma profunda reforma moral. Este tipo de operação se dá apenas quando a pessoa se converteu de uma crença à outra, de uma religião à outra, ou mesmo de um modo de vida à outro. Todavia, as Escrituras mostram abundantemente que nenhum pecador pode "se converter". Ou ele é convertido e se torna uma nova geração em Cristo, ou passou apenas por uma nova experiência religiosa, porque, se alguém pudesse se converter, Cristo e sua morte de cruz seria absolutamente desnecessário e até mesmo ridículo.
Rm. 3: 10 a 12 - "... como está escrito: não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda; não há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só." Não havendo nenhum homem que seja justo em si mesmo, que não tenha entendimento das coisas espirituais, que não busque a Deus, que se extravia e se faz inútil, como se pode admitir que este homem, em condições que tais, possa de algum modo ser o produtor de sua própria conversão ou mesmo da sua própria salvação?
O Cristo do evangelho é quem opera no homem regenerado uma total desconstrução, não só das coisas considerados ruins ou errôneas, mas também de todas as coisas consideradas virtuosas, valorosas e boas. Isto porque, todas elas foram desenvolvidas por uma alma decaída. Agora na nova geração em Cristo, todas as coisas velhas não existem mais, tudo se fez novo. Enquanto, o homem não recebe graça para crer e receber isto como verdade, nada aconteceu de fato em sua fé.   Estará apenas na esfera da religião e não do evangelho da verdade. Cristo não tem parte nestas coisas, sejam boas, sejam ruins.

julho 23, 2008

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO VIII

O Cristo subproduto da religião cria no homem uma imensa noção de "minha justiça" e de "minha santidade". Precisamente, porque em circunstâncias que tais, o religioso, presume ser ele mesmo o promotor de justos procedimentos e da separação em relação aos valores profanos. Neste caso, e, lamentavelmente, estão enganados e enganam-se a si mesmos, pois se a justiça e a santidade de qualquer homem estiver relacionada a ele mesmo e a sua conduta moral, Cristo não tem parte nele. Enquanto o homem, qualquer que seja, não recebe misericórdia e graça para crer e entender que a sua justiça e a sua santidade é Cristo, porque Ele é tudo isto, de nada valem estas virtudes. Elas não passarão de justiça própria e de esforço humano. Produzem efeitos apenas sociológicos e psicológicos, mas de nada servem à salvação. Por isso, Jesus afirma: "Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus." - Mt. 5:20. A justiça dos escribas e fariseus estava fundamentada na lei cerimonial e na religião herdada dos ancestrais. Cristo não era a justiça deles, e nem poderia ser mesmo, visto que Ele veio para os seus, mas os seus não o receberam. Assim, a justiça e a santidade que garantem a abertura dos umbrais celestes aos eleitos é a de Cristo e não a praticada horizontalmente neste mundo. Esta apenas confere aceitação social, embora, Deus a valorize apenas para o efeito de preservação da paz e da harmonia na Terra.
Se a justiça e a santidade de alguém é o Senhor Jesus, esta pessoa não só possui justiça, como também está justificada, visto que a sua justiça é uma pessoa e não uma concepção filosófica, jurídica ou axiológica. Se alguém se gloria na sua própria justiça e na sua própria santidade, estará glorificando-se a si mesmo. Entretanto, se alguém glorifica a justiça e a santidade de Cristo em si, estará glorificando ao Senhor de toda a glória. Este é o propósito supremo de Deus!
O homem, nascido de Deus ou não, deverá invariavelmente louvar e glorificar a Cristo e não suas atitudes e sua conduta moral. Por isso, pessoas que professam ser nascidas de Deus, caem em desgraça, contradição e em pecado. Porque elas ainda possuem veladamente muita justiça e santidade próprias. Não possuem a justiça e a santidade de Cristo. Logo, nada possuem, e nada podem possuir, a não ser um amontoado de coisas e virtudes que não as conduzem a Cristo. São princípios oposotos: um é apenas coisas, o outro, contrariamente, é uma pessoa sublime e perfeita. A Ele, pois honra, glória, majestade e poder eternamente.

julho 22, 2008

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO VII

O Cristo construído na religião é apresentado como um reformador moral do homem. Ele é visto apenas como Aquele que tira o viciado das drogas, a prostituta das ruas, o ladrão do roubo, o bêbado do alcoolismo, o criminoso do homicídio, etc. É um Cristo barganhista que exige dinheiro para multiplicar as benesses nas vidas dos atribulados, ou dos gananciosos frequentadores de igrejas. É um Cristo que se inclina às carências humanas, sem tratar do pecado como pecado. Este Cristo desfocado funciona apenas como uma projeção espectral das necessidades dos religiosos. É um Cristo subserviente e fraco que recebe ordens de homens dissolutos que trocam a simplicidade do evangelho pela mentira religiosa. 
O homem apenas religioso, por mais íntegro que seja, ainda convive com uma espécie de duplicidade:  professa ter fé em Cristo, entretanto muitas coisas, interesses, obras, serviços e esforços ocupam o lugar d'Ele. Há uma sorrateira inversão dos fatos, de modo a se colocarem coisas e circunstâncias no lugar de Cristo, ainda que em nome d'Ele mesmo. A religião é uma atividade no domínio da alma e não do espírito vivificado em Cristo. O efeito da religião na vida do homem é o desenvolvimento de atitudes conformes à lei e não conformes à graça. Gl. 5: 4 e 5 - "Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça decaístes. Nós, entretanto, pelo espírito aguardamos a esperança da justiça que provém da fé." Andar corretamente, cumprir preceitos e normas, realizar obras e pregar o evangelho em função de obter algo de Deus é estar debaixo do jugo da lei. Entretanto, os que estão no espírito e são guiados pelo Espírito, realizam apenas a vontade de Deus, segundo a Sua soberania. As obras são dos homens, mas as boas obras são exclusivamente de Deus. Ele as realiza com ou sem o homem! Deus não altera o Seu "supremo propósito", o qual Ele firmou em Seu Santo Conselho antes dos tempos pretéritos. A operação de obras de justiça não é o meio para chegar-se a Deus, mas é consequência dos que foram achados na graça d'Ele.
Jó. 41: 11 - "Quem primeiro me deu a mim, para que eu haja de retribuir-lhe? Pois tudo quanto existe debaixo de todo céu é meu." Neste texto Deus está desafiando a Jó a responder-Lhe algumas indagações acerca do Leviatã, entre outras coisas. Neste enunciado, o Senhor de toda glória, indaga quem Lhe deu algo, para que Ele o possa retribuir. Concluiu por afirmar que tudo quanto há debaixo do céu é d'Ele, logo, o que resta ao homem? Assim, o Cristo da religião é falseado como um servo que vive a fim de satisfazer a vontade corrompida de homens inchados em seus pressupostos e arrogância. Homens que usam dos textos bíblicos e dos dogmas por eles mesmos criados, a fim de produzir um "deus" à sua própria imagem e à sua própria semelhança.
O Cristo do evangelho é absolutamente independente de quaisquer qualidades ou defeitos do homem. Ele é, existe e subsiste por Si mesmo sempre e eternamente. Nada se pode acrescentar ao que Ele é, a fim de obter algo, ou perder algo a mais. Ele simplesmente é o Senhor absoluto e soberano em todo o Universo.

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO VI

Cristo é a pessoa mais simples, verdadeira e importante que já andou sobre a face da Terra, entretanto, e a despeito disto, é a pessoa menos conhecida no mundo. Muitos são capazes de escrever inumeráveis volumes acerca d'Ele. Outros, ainda, são capazes de proferir longos e eloquentes discursos sobre Ele. Estas realidades acontecem porque o Cristo apresentado ao mundo é Aquele representado na religião humanista e desvinculada das Escrituras. Assim, o homem transforma a figura sublime de Cristo em um mero espectro, reduzindo-o a um revolucionário, humanista, pacificador, curandeiro, solucionador de problemas, comunista, mestre. Em todas estas coisas, Cristo não está, porque Ele é anterior a todas as coisas e todas elas foram criadas por Ele e para Ele eternamente.
Os eleitos recebem de Deus, o Pai, por meio de Jesus, o Cristo toda sabedoria e revelação da verdade conforme Ef. 1:17 - "... para que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê o espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento dele." Assim, o Cristo do evangelho é revelado e não explicado, visto que a verdade é colocada diante dos eleitos a fim de que eles creiam-na. As realidades espirituais não são sensoreáveis  mas são cridas e a fé é também dom de Deus.
I Co. 1: 27 a 31 - "Pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus. Mas vós sois dele, em Cristo Jesus, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: aquele que se gloria, glorie-se no Senhor." A ação de Deus é invariavelmente oposta aos interesses dos homens em seus sistemas de crenças. Ao contrário, do senso comum, o qual busca poder, fama e notoriedade, os nascidos de Deus são conduzidos pela sabedoria, justiça, santificação, e redenção em Cristo. Todas estas virtudes são atribuídas apenas a Ele, nunca ao homem. Toda a glória é dada e rendida a Cristo, de eternidade em eternidade. A única glória cabível aos eleitos é render-se em glória diante do trono do Senhor de toda glória, a saber Jesus, o Cristo de Deus.
Cristo não apenas é justo, e tem justiça, mas Ele mesmo é a justiça de Deus contra o pecado do homem. Ele é o Cordeiro imolado antes dos tempos eternos para justificação de pecadores. A sua morte de cruz foi para fazer valer a sentença de Deus contra o pecado: "certamente morrerás". De sorte que, ou o homem morre em seus delitos e pecados, ou o homem morre em Cristo, por inclusão na Sua morte a fim de ter o corpo do pecado destruído segundo o registro de Rm. 6: 1 a 7 - "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado."
O Cristo da religião é uma espécie de mestre das ilusões para preencher as carências dos homens mortos em seus delitos e pecados. Ele serve apenas como uma válvula de escape às necessidades horizontalizadas dos homens, os quais mantêm as suas naturezas decaídas subjacentes sob a capa da justiça própria, dos méritos e das obras do esforço humano.
O Cristo do evangelho é tudo e é o tudo de Deus. A Ele, pois, glória e majestade!

julho 21, 2008

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO V

O Cristo apresentado e cultuado na religião é apenas um meio para se conseguir determinados fins. Buscam-no para obter vitória sobre doenças, libertação do mal, para obter ganhos e progressos materiais e, até mesmo, buscar a salvação. Entretanto, o Cristo do evangelho é tanto o fim como o meio de Deus para redimir o homem a quem ele elegeu antes da fundação do mundo e preordenou para a vida. Isto porque, o Cristo apresentado pelas Escrituras é o tudo de Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, para Ele e sem Ele, nada do que foi feito se fez. Todas as coisas convergem para Cristo e, finalmente, o próprio Deus entregará o Universo nas mãos do Seu Filho Unigênito e Primogênito.
O rei Davi viu isso com muita clareza no Sl. 27:1 - "O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei?" Para Davi, Cristo é a luz e não um feixe de luz jogado sobre ele; Cristo é a sua salvação e não apenas um livramento; Cristo é a fortaleza da vida e não das circunstâncias da vida. Isto implica em que a vida do regenerado é propriedade de Cristo, ou seja, é a própria vida d'Ele. Cristo não concede força e vigor para o homem viver muitos dias com saúde, felicidade, abundância de riqueza. Ele mesmo é o doador e a doação da vida eterna e abundante.
Todas as coisas pertencem ao Senhor Jesus Cristo de fato e de direito, entretanto, todas elas só terão real sentido e função, quando a vida d'Ele habitar nelas. Assim, quando Cristo for tudo em todos, o que restará fora d'Ele? Nada, absolutamente nada!
Aos olhos de Deus existe apenas Cristo, e, n'Ele, todas as coisas estão contidas. Isto torna os assuntos, os interesses e as questões que ocupam o ideário do homem, absolutamente fora do propósito de Deus. A nossa lente natural captura e nos induz a buscar muitas coisas neste mundo, entretanto, nenhuma delas possui a vida de Cristo. Sendo assim, nenhuma delas está no real foco de Deus. São apenas toleradas por sua misericórdia e graça até que tudo venha a convergir para Cristo. Na restauração final, tudo será de Cristo, estará em Cristo e pertencerá a Cristo conforme Rm. 11:36 - "Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém."
Enquanto Satanás cogita das coisas dos homens que estão fora da cruz, Deus nos faz compreender que Cristo é tudo em todos. Por isso, há tanta infelicidade, desentendimentos, confusões, animosidade entre pessoas, mesmo nos arraiais da religião. Elas estão buscando coisas e não Cristo, pois só se pode buscá-Lo, quando fomos achados pela graça. Enquanto uma pessoa sente necessidade de ser feliz, de realizar grandes conquistas, ser livre, independente, conquistar coisas, posições e pessoas para se completar, nada da vida de Cristo estará nela. Terá apenas um assentimento intelectual acerca de Cristo e Seu Reino Sempiterno, mas não o tem. Para ter Cristo que é o tudo de Deus, necessário é que o homem não seja nada. Por isto, o ensino de João, o batista: "importa que ele cresça e que eu diminua."
Por esta razão, é que muitos são os chamados, porém poucos os escolhidos. A pregação do evangelho é para todos as tribos, povos e nações, mas a salvação é obra da exclusiva soberania de Deus apenas para os eleitos. Não depende de quem corre, de quem quer, ou de quem chega primeiro, mas de usar Deus de misericórdia.
Jo. 6:44, 45 e 65 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia. Está escrito nos profetas: e serão todos ensinados por Deus. Portanto, todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim. E continuou: por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido." Este é o ponto: enquanto a religião reproduz um Cristo inclinado aos desejos humanos, o evangelho mostra o Cristo justificador incluindo o homem pecador na Sua morte de cruz, a fim de ressuscitá-lo juntamente com Ele para a vida. É Deus quem conduz o pecador a Cristo, para n'Ele, ganhar a vida eterna.

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO IV

Na religião, o Cristo é tido e considerado como um facilitador, isto é, uma espécie de "quebra-galhos" entre o pecador e Deus. Entretanto, Ele é o único advogado que defende o pecador diante da reta justiça do Pai. Entretanto, este fato é restrito apenas àqueles para os quais Cristo morreu. Esta é uma questão de cunho espiritual e não como se Ele fora uma espécie de rábula obrigado por ofício a defender a todos os homens, sob todas as circunstâncias e desejos. No evangelho da verdade, o Cristo é a propiciação pelos pecados de muitos; É o justificador perfeito que torna os eleitos justificados e apresentáveis diante de Deus. Ele é o remidor e o pagador do escrito de dívida que o pecado criou para o homem perante Deus. Em todos estes aspectos Cristo é tanto o ator, quanto o portador da ação. Por isto, Ele é o autor e o consumador da fé cristã. É o doador e a doação da graça.
Jo. 1:29 - "No dia seguinte, viu João a Jesus que vinha para ele, e disse: eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo." A expressão "Cordeiro de Deus" é a maneira de expressar a real função de Cristo como o substituto do homem pecador na cruz. Ele é o cordeiro pascal profetizado desde os tempos imemoriais como o justificador. Todavia, Cristo não só é o Cordeiro de Deus, mas sobretudo Ele é o único que tem poder para retirar o pecado do mundo. Neste sentido, mundo, não representa todas as pessoas do mundo, mas tão somente que Ele tira o pecado dos eleitos que estão no mundo. O senso comum, indica que se Cristo retirasse o pecado do mundo como um todo, logo, a Terra voltaria a ser o paraíso antes do retorno d'Ele para purificação e restauração final.
Acrescenta-se que o texto afirma que Cristo tira o pecado e não os pecados. Isto quer dizer que a obra d'Ele na cruz foi para destruir a natureza pecaminosa, natureza adâmica, o velho homem ou o pecado original. A palavra pecado neste texto é 'hamartian', indicando que se trata do pecado original, isto é, a natureza pecaminosa inoculada por Satanás. Neste sentido, é assim mesmo, pois do contrário ter-se-ia de admitir que a obra de Cristo não teve eficiência e, muito menos, eficácia. Também ter-se-ia de admitir que o Diabo teria sido mais eficiente em manter o pecado no homem. Então a obra justificadora estaria absolutamente danificada e prejudicada eternamente. É necessário enfatizar isto, porque os religiosos incrédulos insistem em dizer que este ensino é a pregação da impecabilidade. Como não conseguem ver além da letra, tentam desqualificar a verdade.
Rm. 5:1 - "Justificados, pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e gloriemo-nos na esperança da glória de Deus. E não somente isso, mas também gloriemo-nos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a experiência, e a experiência a esperança; e a esperança não desaponta, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado."
O resultado da ação do Cristo do evangelho é justificação, paz, acesso à graça e à esperança verdadeira da redenção. Tudo isto por meio d'Ele, que, até mesmo nas tribulações, cuja finalidade é produzir experiência e esperança, produz o amor de Deus derramado nos corações dos eleitos.

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO III

O Cristo da religião é visto tão somente como um reformador moral, um auxiliador nos momentos de dor e angústia, um proponente da paz, ou mesmo, um promotor do progresso material dos homens. Esta visão é centrada no homem e seus pressupostos, sendo, portanto, horizontal e utilitarista. As pessoas buscam um Cristo que se curve a elas na resolução dos seus problemas e assim que se veem servidas, o deixam de lado. Quando muito se apegam a Ele por medo de não ser atendidas quando o infortúnio lhes bater à porta. Assim, imaginam em seus sistemas pseudo-teológicos, que, o fato de alguém ser curado, deixar as drogas, deixar a violência, o roubo, o crime, a prostituição lhes garante a salvação. É a visão do Cristo utilitário, recaindo em uma visão maniqueísta de Deus, de si mesmos e dos outros. A isto dá-se o nome de religião ou crendices.
Enquanto as Escrituras afirmam e reafirmam que o mundo vai de mal a pior, os religiosos constroem suas bases sobre montes de areias movediças. Buscam melhorar a sociedade e reformar o homem, porém com a sua natureza pecaminosa e decaída inclusa, residente e persistente. Por isso, se vê tanto desatino, facções, sectarismo, disputas, escândalos dentro das igrejas institucionais. Cristo não está neste negócio, porque Ele não é apenas um doador de coisas e, muito menos, um solucionador de problemas que se inclina aos ditames de pecadores inchados em seus dogmatismos e arrogância.
O Cristo do evangelho é o tudo de Deus. Ele mesmo é a cura, a libertação, a verdade, o caminho, a ternura, o amor, a vida, a disciplina e a correção. A vida, a qual Cristo afirma ser, como de fato é, não é apenas a vida biológica ou psíquica, mas é a vida eterna, imanente e permanente, posto que subsiste em si mesma desde os tempos eternos e é doada aos eleitos e regenerados.
Jo. 6: 35 - "Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede." Cristo não pode ser visto e recebido apenas como doador, mas sobretudo como o dom de Deus para o homem. Assim, Ele doa a vida eterna como o pão doa a vitalidade. Entretanto, Cristo não dá apenas o pão aos famintos, mas Ele mesmo é este pão. Por isso, Ele declara que é o pão da vida. Isto foi afirmado diante de pessoas em Cafarnaum, pois as tais o procuravam a fim de que Ele as alimentasse. Neste sentido, ainda hoje há muitos religiosos que buscam em Cristo apenas uma doação que lhes satisfaça as necessidades básicas. Elas não buscam o doador, mas apenas a doação.
O sentido de pão nas Escrituras é aquilo que produz ou dá satisfação, visto que elas empregam, no contraponto, a fome como a insatisfação humana em diferentes e diversas instâncias. A satisfação dos anseios humanos só serão resolvidos se conhecerem e experimentarem o próprio Cristo e não apenas as suas dádivas. Cristo é, portanto, aquele que dá a vida e o que a sustenta plena e cabalmente. Quando isto é recebido pela ação monérgica, o eleito de Deus consegue descansar. Acabam todas as expectativas e angústias, buscas, medos, inseguranças, infelicidade, desamor. Por outro lado, enquanto não se recebe esta verdade, continuam os temores, os deslizes, as feridas, as mágoas, as derrotas, as transferências afetivas e suas carências que tanto trazem sofrimento a todos.
Jo. 8:12 - "De novo lhes falava Jesus, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas, pelo contrário terá a luz da vida." Enquanto o pão traz e produz satisfação, a luz traz e produz visão. A luz proporciona segurança no trilhar o caminho posto diante dos eleitos. Sob a luz, podemos caminhar tendo a visão correta de Deus, de si mesmo e dos outros. Isto não quer dizer que os filhos de Deus sejam perfeitos, ou melhores  que as outras pessoas. Quer dizer apenas que são guiados pelo caminho, no qual estão sendo alimentados e tratados em seus atos pecaminosos até atingirem a estatura de varão perfeito à semelhança de Cristo. A luz não é do homem, Cristo é a própria luz da vida. Este é o Cristo do evangelho da verdade e não o Cristo fabricado pelas vontades contaminadas pela natureza pecaminosa dos homens.

julho 20, 2008

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO II

Já foi tratado no artigo anterior que não se pode tomar coisas como sendo o caminho, a verdade e a vida. Cristo é o caminho, a verdade e a vida e não coisas. Ele é o Filho de Deus e o redentor qualificado para justificar o pecador e conceder-lhe plena salvação. Cristo é uma realidade divina pré-existente, enquanto Jesus é o homem histórico, no qual o Filho de Deus habitou corporalmente para se fazer homem a fim de redimir o homem pecador. Porém, não são duas pessoas distintas! Este ensino errôneo se constitui em uma heresia chamada Modalismo, ou Adocionismo. No Adocionismo, desenvolvido no cristianismo primitivo, Jesus nasceu humano e tornou-se divino no batismo, isto é, filho de Deus por adoção. O Modalismo, por seu turno, trata Deus e Jesus como dois modos do mesmo sujeito. Jesus é considerado filho de Deus pela graça e pela natureza, mas, como homem foi feito filho de Deus apenas por adoção e graça no batismo.
Obviamente que este ensino nada tem a ver com a sã doutrina bíblica. São apenas conjecturas humanas cujo fim é a torção da verdade e a diluição da graça. Isto é o resultado de um conhecimento falso acerca de Deus e do Seu Filho Unigênito. O Cristo apresentado pela religião sempre permite adulterações da verdade, mas o Cristo revelado por Deus em Sua Palavra não dá qualquer margem a desvios da sã doutrina. Religiões são subproduto do homem e não criações de Deus.
Jo. 11:25 - "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida." Mais uma vez Cristo se afirma como sendo a ressurreição e a vida. Não foi nenhum apóstolo ou discípulo que o afirmou, mas Ele mesmo. Então, não se trata de uma mera opinião acerca d'Ele. Para que Cristo se identifique como sendo a ressurreição, há primeiramente, a necessidade de que Ele admita a Sua morte. Também, Ele não diz que tem o poder de dar ressurreição a alguém, mas Ele mesmo é a ressurreição! Ainda afirma que Ele mesmo é a vida. Cristo não possui porções de vida para conceder a quem quer que seja, mas Ele é a própria vida. Isto implica em algo eterno, irrevogável e permanente, pois Aquele que é a vida, o é eternamente. Ele não está com a vida, Ele é a vida. Para muitos religiosos incrédulos, suas práticas se assemelham àqueles joguinhos, que, quando se vai enfraquecendo, vão em alguma fonte e ganham vida para continuar a luta. A verdade do evangelho nada tem a ver com este tipo de crença e prática religiosa.
Jesus havia ressuscitado a Lazaro, mas não foi simplesmente por dar a ele vida, mas porque Ele mesmo é a vida. Ele não disse "eu ressuscito os mortos", mas disse: "eu sou a ressurreição."
Os religiosos gostam muito de demonstrações de poder por parte de Deus ou daqueles que se dizem seus servos. Então, quando eles propõem ou afirmam terem determinados poderes, todos ficam admirados. Entretanto, o Cristo do evangelho não age assim. Ele não trata o homem com base no que Ele pode fazer, mas com base no que Ele é. O homem religioso prefere ver pelas lentes do que Deus pode fazer, porque isto faz que o foco fique no mérito e na justiça própria humana. Entretanto, Deus age com base no que Ele é, e não no que o homem imagina que Ele seja. Deus é, Ele não apenas existe!
Cristo não é capaz apenas de preservar a vida, mas Ele mesmo é a vida. Ele é o doador e a doação ao mesmo tempo. Isto só é perceptível no verdadeiro evangelho!
Devemos ver pelas lentes de Deus e não pelas possibilidades do homem, ainda que reto, íntegro, temente e se desvie do mal. Cristo é o tudo de Deus para o homem, pois é Ele que Deus tem nos dado e não as coisas que Ele é capaz de nos fazer. Ver Deus apenas com base no que Ele é capaz de fazer é uma visão contorcida acerca de Deus, do Seu Filho e da verdade.
Jesus não foi apenas o ressuscitador de Lázaro, mas Ele mesmo é a ressurreição de Lázaro. Desta forma é que se deve ver Deus e Seu Filho Unigênito ao qual foram subordinadas todas as coisas no Universo. Porque Jesus foi a ressurreição de Lázaro, por isso Lázaro foi ressuscitado. Nunca o contrário!
Este é o princípio espiritual que conduz o homem às coisas espirituais.

O CRISTO DA RELIGIÃO x O CRISTO DO EVANGELHO I

Jo. 14:6 - "Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim." Estas palavras foram proferidas pelo próprio Cristo ante ao questionamento duvidoso de Tomé. É um enunciado inconfundível do que Ele é. Não é uma mera opinião acerca do que Ele supõe ser, ou mesmo, do que alguém supostamente afirmava sobre Ele. O verbo ser está no presente do indicativo e os artigos definidos indicam inequivocamente o que Cristo é de fato e de direito. Assim, cai por terra qualquer afirmação humana acerca de Cristo, posto que Ele mesmo se revela e se faz revelado por Suas palavras e ações.
O homem é informado que Cristo é o caminho, isto é, o método de Deus para reconduzir os eleitos e regenerados de volta a Ele. Igualmente Cristo é a verdade que o homem deve conhecer. Também, Cristo é a única vida que Deus tem para o homem morto em seu pecado e que foi conhecido de antemão por Ele conforme Rm. 8:29 e 30 - "Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos; e aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também glorificou." Então, fica evidente que Deus, em Cristo, não tem coisas, dogmas, verdades, virtudes, vitórias, qualidades morais, valores para dar aos seus eleitos. Deus tem somente Cristo para dar aos que escolheu antes da fundação do mundo. Quem ganha Cristo como o caminho, a verdade e a vida, ganha tudo o que Deus tem para conceder aos seus eleitos.
Na religião, comumente, as pessoas procuram métodos eficientes de se livrar das doenças, evitar as derrotas para o pecado, barrar a fúria de Satanás, satisfazer seus desejos, obter sucesso financeiro. Todas estas buscas se tornam vazias, porque desprovidas de Cristo, ainda que realizadas em nome d'Ele. Pode ser que muitos saibam que Cristo é o único caminho, ou seja, o único método de Deus para salvação. Entretanto, saber intelectualmente acerca desta verdade não salva ninguém. Se alguém não conhecer a pessoa de Cristo, de nada adianta conhecer acerca de métodos, verdades teológicas e vida saudável e de prestígio social, porque ninguém vai ao Pai senão por meio de Cristo. Esta verdade encerra em si mesma o fato que é por inclusão na morte d'Ele que o homem tem o corpo do pecado destruído para retirar-lhe a culpa e a condenação. Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Este texto por seu próprio contexto e teor, mostra com clareza a inclusão do pecador atraído à morte de cruz em Cristo. Estes todos, são apenas os todos, os quais foram conhecidos de antemão, predestinados, chamados, justificados e glorificados. Do contrário, todos os homens forçosamente teriam de ser salvos.
Rm. 6: 1 a 7 - "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado." Então, quando se conhece Cristo como o único método, a única verdade e a única vida, significa que este homem já morreu para a natureza pecaminosa. Ele foi batizado, isto é, foi imergido na morte de Cristo, e com Ele já ressuscitou, ganhando a Sua vida. Foi o velho homem que morreu, ou seja, foi a natureza herdada de Adão que foi destruída na morte de Cristo para ganhar a Sua vida, e vida abundante na ressurreição juntamente com Ele.
Quando o homem tem apenas religião vive a cata de ensinos, métodos, verdades, regras, normas, preceitos e restaurações a fim de aliviar os padecimentos. Entretanto, nada disso o faz ter o próprio Cristo que é a única dádiva de Deus. Por isso, o religioso é invariavelmente derrotado pelo pecado e manipulado por Satanás por meio da sua alma. Ele possui apenas conceitos acerca de Cristo. Se tudo o que alguém acha é um caminho, isto é, um método, uma verdade ou uma promessa de vida, certamente continuará sofrendo derrotas e dissabores. Isto porque achou coisas, e não Cristo mesmo.
Assim, um é o Cristo apresentado e banalizado pela religião humana, outro é o Cristo revelado por Deus aos seus eleitos no santo evangelho.

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL VI

Gl. 5: 19 a 21 - "Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Mas não useis da liberdade para dar ocasião à carne, antes pelo amor servi-vos uns aos outros. Pois toda a lei se cumpre numa só palavra, a saber: amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais uns aos outros. Digo, porém: andai pelo espírito, e não haveis de cumprir a cobiça da carne. Porque a carne luta contra o espírito, e o espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Ora, as obras da carne são manifestas, as quais são: a prostituição, a impureza, a lascívia, a idolatria, a feitiçaria, as inimizades, as contendas, os ciúmes, as iras, as facções, as dissensões, os partidos, as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus."
Uma das questões mais cruciais no conhecimento da verdade é a possível confusão entre liberdade plena e gratificação da carne, ou libertinagem. O nascido de Deus está liberto do pecado que o condenava diante de Deus, mas não está ainda total e plenamente liberto dos atos pecaminosos produzidos pela carnalidade. Estes são tratados ao longo da vida na produção da santidade de Cristo nele. Há uma permanente e incessante luta entre o espírito liberto para adorar e a alma sensorial que deseja adoração. O sentido de levar o morrer diário de Cristo é no aspecto em que se deve considerar a sensorialidade da alma como morta. Do contrário ela ludibria os sentidos, por meio das carências afetivas e das falhas de caráter para nos induzir à sua gratificação e não a gratificação a Cristo. Obviamente que ninguém é capaz de mortificar-se por seus próprios esforços. E, mesmo que consiga, terá valor apenas legalista, Cristo não está nisto. A diferença consiste em que o indivíduo que consegue se conter e controlar certos instintos e desejos, o faz na força da alma e não pela ação do Espírito Santo. Assim, o seu auto-sacrifício tenta produzir gratificação a si mesmo e adquirir méritos à revelia de Cristo.
O amor de Cristo no nascido de Deus é o arbítrio e o divisor de águas nesta luta titânica entre carnalidade e espírito justificado. Em um determinado momento na experiência de nascimento do alto, a pessoa chega a conclusão que não é a promotora da sua santificação, visto ser este processo resultante da ação monérgica, misericordiosa, graciosa e soberana de Deus. A partir desse ponto a sua alma o seduz e o induz a dar-lhe ocasião para satisfazer os desejos. Todavia, o espírito busca as coisas do Espírito, mas a carne busca as coisas da alma e, neste aparte, a pessoa se deixa seduzir pelo desejo, cometendo torpeza contra si, contra Deus e contra os outros.
O texto em seu contexto deixa claro que, as obras da carne não podem prevalecer a pretexto da incompetência humana para vencê-las. Elas só permanecem naqueles que não foram ordenados para a vida, visto que o texto afirma: "... e coisas semelhantes a estas, contra as quais vos previno, como já antes vos preveni, que os que tais coisas praticam não herdarão o reino de Deus." A questão, então, se circunscreve à esfera da manutenção dos comportamentos morais subjacentes à natureza decaída como princípios e não ao cometimento de eventuais atos falhos por decorrência dos processos de tratamento dispensados por Deus aos que são seus filhos por adoção.
É a prática da carnalidade e o prazer em mantê-la que determina a ausência do DNA dos nascidos do alto, isto é, a divina semente que permanece neles. Não havendo experiência os desvios permanecerão, havendo experiência, os desvios não acham pouso, pois, "ou pensais que em vão diz a escritura: o Espírito que ele fez habitar em nós anseia por nós até o ciúme?"

julho 13, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL V

Judas 10 a 16 - "Estes, porém, blasfemam de tudo o que não entendem; e, naquilo que compreendem de modo natural, como os seres irracionais, mesmo nisso se corrompem. Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro se atiraram ao erro de Balaão, e pereceram na rebelião de Coré. Estes são os escolhidos em vossos ágapes, quando se banqueteiam convosco, pastores que se apascentam a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos; são árvores sem folhas nem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas furiosas do mar, espumando as suas próprias torpezas, estrelas errantes, para as quais tem sido reservado para sempre o negrume das trevas. Para estes também profetizou Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: eis que vem o Senhor com os seus milhares de santos, para executar juízo sobre todos e convencer a todos os ímpios de todas as obras de impiedade, que impiamente cometeram, e de todas as duras palavras que ímpios pecadores contra ele proferiram. Estes são murmuradores, queixosos, andando segundo as suas concupiscências; e a sua boca diz coisas muito arrogantes, adulando pessoas por causa do interesse."
O homem que não recebeu a graça para crer e experimentar o nascimento do alto, comete blasfêmia ao pregar o que não conhece. Trata-se de uma apropriação indébita  à semelhança de Lúcifer que almejou apropriar-se de um lugar elevado, acima das estrelas mais altas e lá estabelecer um trono de governo. O texto mostra que, quando se possui apenas um conhecimento natural, isto é, baseado tão somente na percepção dos sentidos naturais pela lógica, ocorre a corrupção da verdade. Isto acontece, porque é o resultado de uma ação puramente sinérgica a partir da natureza contaminada pelo pecado original. É como alguém já ilustrou: "o homem que, caindo em uma latrina, ao sair, toma um bocado de pão contaminado por suas mãos sujas e o oferece aos outros."
A natureza decaída produz padrões de comportamento moral típicos, como por exemplo, o caso de Caim que imaginou levar vantagem diante de Deus, acreditando na superioridade da sua oferta, resultante do seu esforço e da sua competência; o caso de Balaão, que não proferiu maldição contra Israel, porém instruiu Balaque a tentar destruir o povo por meio de infiltração dissimulada; e o caso de Coré que se afirmou em sua rebelião contra a autoridade conferida a Moisés pelo próprio Deus.
Verifica-se que são estes tipos os preferidos e admirados nas festas e agregações dos homens. Entretanto, sobre os tais é declarado que são como nuvens sem água conduzidas para onde se lhes ofereçam maiores vantagens; são árvores sem folhas e sem fruto, portanto, mortas, posto que sem raízes; são ondas bravias do mar cujas espumas indicam as suas naturezas inquietas; são estrelas sim, porém errantes, as quais perderão eternamente até mesmo a luz natural. A estes rejeitados, está reservado o juízo do grande dia, quando o Grande Rei retornar a fim de apropriar-se eternamente do Seu reino sempiterno. Todos os que foram em Cristo santificados retornarão para viver em graça e perfeição eternamente com Ele.
As características básicas dos degenerados, os quais vivem de suas próprias naturezas são: murmuradores queixosos, ou seja, reclamam por tudo e de tudo, nunca estão felizes, porque não são felizes, pois projetam a felicidade em si, em coisas e nos outros; andam apenas com base nos seus desejos almáticos e nunca recebem com mansidão a porção que lhes fora reservada pelo soberano Senhor; abrem suas bocas para dizer e afirmar coisas arrogantes, além de viverem bajulando pessoas que lhes possam causar algum tipo de benefício imediatista a fim de lhes satisfazer as vontades fora da natureza de Cristo.

julho 12, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL IV

Jr. 13: 22 a 26 - "Se disseres no teu coração: por que me sobrevieram estas coisas? Pela multidão das tuas iniquidades se descobriram as tuas fraldas, e os teus calcanhares sofrem violência. Pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas malhas? Então podereis também vós fazer o bem, habituados que estais a fazer o mal. Pelo que os espalharei como o restolho que passa arrebatado pelo vento do deserto. Esta é a tua sorte, a porção que te é medida por mim, diz o Senhor; porque te esqueceste de mim, e confiaste em mentiras. Assim também eu levantarei as tuas fraldas sobre o teu rosto, e aparecerá a tua ignominia." O texto, sem prejuízo do seu contexto mostra com muita propriedade, que, o fator determinante dos atos pecaminosos é a natureza pecaminosa, a qual leva à contínua inclinação e ao hábito pecaminoso resultante. É ainda, por conseguinte, uma relação de causa e consequência aplicável a qualquer homem debaixo do Sol!
Da mesma forma que um etíope não pode mudar a cor da sua pele negra e o leopardo não pode modificar as listras ou rajas dos seus pelos, semelhantemente a natureza pecaminosa residente e persistente no homem natural, não pode ser alterada por ele mesmo. Nenhum sistema religioso, filosófico ou científico pode destruir o DNA do pecado original. Esta verdade não é ensinada nas Escrituras para trazer desesperança, mas para mostrar que verdade é verdade e mentira é mentira. Deus é soberano, tanto para mudar a cor da pele do etíope, como as rajas do pelo do leopardo, assim como, apenas Ele pode extirpar o pecado no homem. Tanto é verdade que, o primeiro regenerado em Cristo foi um malfeitor e não um religioso praticante da lei e suas relações cerimoniais. A referência é ao malfeitor que estava crucificado ao lado de Cristo e que confessou o seu pecado e  pediu a graça de Deus. O outro malfeitor permaneceu na sua incredulidade e insultos ao Senhor Jesus, o Cristo.
Deus, em nenhuma instância promete fingir que não vê o pecado, Ele não protege o homem, ignorando a sua condição decaída. Ao contrário, Ele deixa claro que o Seu reto juízo é exercido de qualquer maneira. Fica evidente que a mentira religiosa é uma abominação que determina a execução da justiça de Deus. Entretanto, grandiosa coisa é se render diante da misericórdia e da graça de Deus desarmado de qualquer direito, mérito ou justiça própria. Um coração contrito nunca passará despercebido e/ou desapercebido diante do Senhor de toda a glória. Nisto não há nenhuma dogmatização sobre convencer Deus a conceder salvação, mas tão somente, que, Ele será benigno para com o contrito e, isto, já é muita coisa dada a condição do pecador diante d'Ele. Outrossim, Deus resiste ao soberbo e arrogante!
Rm. 6: 1 a 7 - "Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que abunde a graça? De modo nenhum. Nós, que já morremos para o pecado, como viveremos ainda nele? Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso velho homem foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado." Este texto mostra o modo como Deus opera na destruição da natureza pecaminosa no homem decaído. Quando se refere ao homem decaído, inclui todos os homens e não apenas os que não possuem religião, ou que praticam atos imorais, ou ainda os que se dizem ateus. A questão, como se afirma repetidamente, não é moral, mas de natureza herdada de Adão. Admitindo-se que de fato o velho homem, qual seja, a velha natureza adâmica ou o pecado original foi destruído na cruz pela inclusão na morte em Cristo, não há como o nascido do alto permanecer no pecado, ainda que permanece habitando um corpo carnal inclinado aos atos pecaminosos. Entretanto, tais atos pecaminosos vão sendo tratados até o fim da vida dos eleitos e regenerados. As Escrituras ensinam, que, ainda que o justo caia sete vezes, sete vezes Deus o levantará. Acrescenta-se ainda que os eleitos não sentem prazer no pecado, ainda que possam eventualmente cometê-los até mesmo por razões alheias à sua vontade.
O texto de Romanos 6 propõe a solução final ao pecado, além de dar garantias que é impossível viver em servidão à natureza pecaminosa após experimentar o nascimento do alto. A solução é a morte da morte do homem, na morte de Cristo, a saber a sua natureza morta em delitos e pecados é destruída na morte compartilhada em Cristo. Neste sentido o pecado original é aniquilado conforme o texto de Hb. 9:26.

julho 08, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL III

Ap. 22: 11 a 15 - "Quem é injusto, faça injustiça ainda: e quem está sujo, suje-se ainda; e quem é justo, faça justiça ainda; e quem é santo, santifique-se ainda. Eis que cedo venho e está comigo a minha recompensa, para retribuir a cada um segundo a sua obra. Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro, o princípio e o fim. Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro para que tenham direito à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. Ficarão de fora os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira." O direito líquido e certo à vida de Cristo é o ter sido justificado no sangue d'Ele. Tal justificação nada tem a ver com misticismo, mas indica o processo da regeneração, ou seja, da geração de uma nova criatura n'Ele. A este processo dá-se o nome de regeneração ou nascimento do alto. Tal processo é descrito por Cristo em Jo. 3: 3 e 5 - "Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer do alto, não pode ver o reino de Deus. Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus." Sem tal processo, não vê e não entra no reino de Deus.
Mais uma vez se vê com clareza meridiana a questão principiológica da natureza dominante e da moral resultante. Quem é injusto? Aquele que não recebeu a justiça de Cristo na justificação na morte compartilhada na cruz. Por outras letras, não foi atraído à cruz, para, ali, perder a vida natural ou almática e ganhar a vida verdadeira de Cristo na ressurreição. A consequência de não ter sido justificado é o desenvolvimento da injustiça inata e persistente. Ninguém se torna injusto, já nasce injusto por princípio. Quem é o sujo? O que mantêm oculta a natureza impura do pecado, ainda que tenha aparência de santidade, retidão, temor, integridade e desvio do que parece mal aos olhos da sociedade. Todos os homens são, por natureza, mestres nestes disfarces. Por esta razão é que Jesus, o Cristo denominou os religiosos do seu tempo de "sepulcros caiados". Eram bem ornamentados por fora, mas podres e imundos por dentro.
Contrariamente, os que são justificados, produzem como resultante a justiça de Cristo; os que são santificados em Cristo, manifestam a Sua santidade, porque não é possível acender uma lâmpada e escondê-la debaixo de um alqueire. A luz se manifesta e faz que tudo seja manifesto igualmente, para bem ou para mal.
A bem aventurança consiste, não em aparência de piedade produzida por atos e atitudes de justiça própria, mas na piedade de Cristo no eleito e regenerado apesar dele e de suas muitas mazelas. Estes bem aventurados, foram purificados no sangue do Cordeiro que tira o pecado do mundo. Entrarão pelas portas da cidade santa na qual Jesus, o Cristo foi preparar morada para todos os seus. Estes foram alimentados da seiva da árvore da vida e não da árvore do conhecimento do bem e do mal. Por isso, as suas naturezas foram cambiadas e, neles, agora permanece a graça e não ira de Deus. Serão tratados dos atos pecaminosos até o último dia de vida terrestre. A isto dá-se o nome de revestir-se da santidade de Cristo. Acrescenta-se que tudo isto não os torna melhores que ninguém neste mundo.
Ficarão de fora, os cães, animal que simboliza a impureza natural na cultura semítica, visto que o cão faz sexo com a própria mãe e com qualquer outra fêmea, come o seu próprio vômito, demarca o seu território com os seus excrementos, ataca sem piedade e covardemente as suas vítimas. Também ficarão ao longe os feiticeiros, ou seja, os que desenvolvem toda a sua teologia em seus sentimentos, desejos e decisões apostatadas da vida de Cristo. Os adúlteros são uma classe que apoderam da verdade para justificar os seus atos obscuros, diluindo, assim, a graça de Deus. O termo é muito abrangente, podendo significar desde o adultério moral em si, mas também qualquer forma de alteração da verdade nas mentes naturais para dar ocasião ao pecado e, assim, cometerem torpeza em seus corpos. Os homicidas são todos os que atuam por palavras ou por ações contra o semelhante. Por isso, Jesus declara aos religiosos do seu tempo que os tais tinham por pai o Diabo, visto que procuravam tirar-Lhe a vida. Afirma, ainda, que o Diabo era homicida desde o princípio. Os idólatras formam uma categoria de homem que coloca todas as suas expectativas em coisas e não na vida de Cristo. Eles buscam a gratificação e o reconhecimento dos seus desejos e ambições em nome do amor, da alegria, da beleza estética, da felicidade e da auto realização. Finalmente, os mentirosos são todos aqueles que se firmam naquilo que não é a verdade. Porém sabe-se que a verdade não se resume em um mero conceito, mas ela é uma pessoa, a saber, Cristo, a esperança da glória. O próprio Jesus, o Cristo se declara como sendo Ele mesmo a verdade em Jo. 14:6.
A questão moral é subjacente à questão da natureza, de maneira que se obtém uma moralidade adequada, quando esta é homologada à natureza de Cristo. Entretanto, o homem dissimulado, coloca a moral como condicionada a uma natureza santificada à revelia do santificador que é Jesus, o Cristo.

julho 07, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL II

A natureza humana é sempre o reflexo do madeiro no qual está fixada. No Éden, o Senhor colocou duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. A árvore da vida, simbolizando a vida eterna em Cristo Jesus. A árvore do conhecimento do bem e do mal, simbolizando a auto-suficiência apostatada de Cristo, ou seja, o homem pelo próprio homem. Ao homem foi dito, que, de toda árvore poderia comer livremente, exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Foi acrescentado, que, no dia em que do seu fruto comesse, certamente morreria. Esta morte, como aparece no texto hebraico, é uma alusão não apenas à morte física ou biológica, mas sobretudo à morte espiritual. Tal morte espiritual é a separação do espírito do homem em relação ao Espírito de Deus. Antes da queda pelo pecado, o homem era revestido pelo esplendor e a glória do espírito em comunhão com Deus. Após a sua queda o seu espírito ficou corrompido, rompeu-se o elo com o Espírito de Deus, e foi recolhido ao interior do homem. Desta condição de "morto" para Deus, só sai quando é vivificado pela graça mediante a fé por meio da inclusão na morte de Cristo. A isto dá-se o nome de justificação, redenção, regeneração, novo nascimento, nascimento do alto ou salvação.
Como a Palavra de Deus não volta vazia, se cumpriu exatamente a sentença: "certamente morrerás", quando o homem ouviu e deu crédito à pregação de Satanás: "é certo que não morrereis." A partir deste fato, a saber, quando descreu na palavra de Deus, o homem passou a sobreviver da natureza adquirida na árvore do conhecimento do bem e do mal. Esta, inclusive, é uma das características dos não regenerados: estão sempre buscando o conhecimento, ou seja, a luz própria com base no que os seus sentidos captam pelas lentes almáticas. O homem em tal condição, busca invariavelmente gratificar a sua alma no perfeccionismo, no realizar obras, nos esforços, nos resultados,  no bom desempenho, no receber recompensa e reconhecimento dos outros homens. Transforma este amontoado de coisas, virtudes e valores, chamando-os de felicidade, amor, justiça, satisfação e paz. Vai construindo a sua verdade horizontalizada sobre estas bases, dizendo que são a expressão da vontade e da bênção de Deus. Lança mão dos clichês aprendidos da religião e do senso comum como muletas para afirmar que são de origem divina, o que de fato é de origem humana e almática. Assim, prosseguem em seu programa religioso e na falsa teologia do esforço e da justiça própria. Quando os fatos e as vicissitudes da vida lhes surpreendem, se revoltam por achar que teriam mais méritos que os outros. Por esta razão o religioso tem grande dificuldade de receber que a salvação é pela graça e não por méritos. 
O homem que foi regenerado por graça e misericórdia se alimenta de outra árvore. Esta árvore é Cristo, o qual, o Pai predestinou antes da fundação do mundo para que fosse pendurado no madeiro, a fim de destruir o pecado e na ressurreição comunicar a Sua vida eterna aos eleitos. Jo. 12:32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Esta atração produz no eleito a regeneração e a nova natureza, agora adquirida na árvore correta, ou seja, na árvore da vida.
Estas asseverações não criam, na esfera humana, uma dicotomia entre os homens. Não significa dizer que os eleitos são bonzinhos e perfeitos e os não eleitos são maus e terríveis. Ao contrário, a própria Bíblia afirma que os filhos das trevas são mais eficientes em suas gerações conforme Lc. 16:8 - "E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz." Entretanto, tal sagacidade, esperteza ou eficiência para nada aproveita em termos de salvação. A natureza desta sagacidade nos filhos das trevas possui pendor apenas para as coisas do mundo, enquanto os filhos da luz são trabalhados pela operação do querer e do efetuar de Deus, para Deus e em Deus por meio de Cristo. Nada são, e nada pleiteiam para si! Apenas creem que a salvação vem de Deus por meio de Cristo, por graça e não por obras. As obras que por ventura praticam, praticam-nas porque elas foram preparadas por Deus de antemão para que andem nelas. Não fazem barganhas com Deus! 
Mt. 12: 33 a 35 - "Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore. Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más." Eis a questão principiológica, sobrepujando à questão da moral humana. Alguém produz o que lhe é próprio em sua natureza persistente, nunca o contrário. De maneira que, somos o que produzimos e produzimos o que somos. Assim, aparece o diferencial único, entre os eleitos e regenerados e os não eleitos e naturais; entre o primeiro homem e o segundo homem; entre o primeiro Adão e o último Adão; entre os descendentes da serpente e o descendente da mulher que vive nos nascidos de Deus.
É uma questão de natureza, pois aos não eleitos, em suas degenerescências não se lhes envia o arrependimento e a retratação conforme Hb. 12:17 - "Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas." É como aquela mulher de Pv. 30:20 - "Tal é o caminho da mulher adúltera: ela come, e limpa a sua boca, e diz: não pratiquei iniquidade." O homem natural não se vê como natural, mas como a espiritual, o espiritual não se põe na perspectiva de espiritual, mas de um frágil vaso nas mãos do Oleiro Eterno. E, nada disto lhe confere qualquer mérito! É Deus que o justifica em Cristo e não as suas próprias justiças.

julho 06, 2008

A QUESTÃO É DE NATUREZA E NÃO DE MORAL I

O homem em seu estado natural vê invariavelmente pelas lentes deformadas da religião. Ele está sempre ás voltas na elaboração de uma teologia esdrúxula que lhe gratifique a alma e justifique sua permanência no anátema. Assim foi no Éden, quando o primeiro casal elaborou a "Teologia da Auto-justificação" fora da cruz. Eles montaram uma arrazoado defensivo com base apenas na transferência da culpa, enquanto o pecado lhes era o único fato real, de fato. Eles estavam preocupados em ressalvar as suas moralidades diante do reto Juiz, abrigando-se em meio aos arbustos da justiça própria e cobriram com frágeis folhas figueiras a nudez espiritual agora a descoberto. A religião que domina o homem não regenerado em Cristo é uma fraude na sua essência, visto que provém da própria interpretação da realidade captada pelos sentidos naturais. Toma por base as experiências sensoriais, ou seja, o que ele sente e deseja é o que importa. Super valoriza a aparência da verdade, mas não verdade em si. Neste aspecto, estará sempre à cata da felicidade, da justiça própria, do reconhecimento, dos merecimentos e dos aplausos dos outros homens. Com este amontoado de coisas, ou mesmo, de virtudes, monta um esquema almático para afirmar a si mesmo que está em paz e que Deus está no controle de tudo isto. A religião, fruto da reelaboração dissimulada pelo pecado cria a seguinte tese: "o Diabo aposta contra o homem, Deus aposta a favor do homem, mas ao homem compete decidir a que senhor quer servir." Isto se verifica pelos atos e não tanto por palavras. É a mais grosseira evidência do desprezo que o homem decaído alimenta por Deus, comparando-o ao Diabo e colocando o poder de decidir em si mesmo. Isto está apoiado na falsa doutrina do livre arbítrio que é de origem gnóstica e largamente difundida pelo espiritismo. Falsa, porque quem é escravo do pecado, nem é livre,e, muito menos, poderá arbitrar qualquer coisa.
Ef. 5: 1 a 14 - "Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. Mas a prostituição, e toda sorte de impureza ou cobiça, nem sequer se nomeie entre vós, como convém a santos, nem baixeza, nem conversa tola, nem gracejos indecentes, coisas essas que não convêm; mas antes ações de graças. Porque bem sabeis isto: que nenhum devasso, ou impuro, ou avarento, o qual é idólatra, tem herança no reino de Cristo e de Deus. Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. Portanto não sejais participantes com eles; pois outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor; andai como filhos da luz (pois o fruto da luz está em toda a bondade, e justiça e verdade), provando o que é agradável ao Senhor; e não vos associeis às obras infrutuosas das trevas, antes, porém, condenai-as; porque as coisas feitas por eles em oculto, até o dizê-las é vergonhoso. Mas todas estas coisas, sendo condenadas, se manifestam pela luz, pois tudo o que se manifesta é luz. Pelo que diz: desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará."
No texto que vem de ser lido, fica evidente que a natureza determina o que é essencial e o que é assessório. Os filhos de Deus imitam as obras de Deus; amam como Cristo amou e, isto, não implica em ser condescendentes com o erro de qualquer natureza; substituem as coisas vis pela ação de graça; não agem com devassidão, impureza e avareza, porque tudo isto é idolatria; não são enganados com palavras vãs e suaves dos filhos das trevas; possuem um falar reto e não vacilante, ora dizendo uma coisa, ora dizendo outra contrária; não participam das confrarias com os filhos das trevas; não deve condenar os filhos das trevas, mas devem condenar as obras deles. Não devem se achar melhores que ninguém, mas devem creditar tudo a Cristo.
Portanto, se a natureza que reina é a de Cristo, todas estas coisas serão manifestas, porque a verdadeira luz as coloca à lume. Neste sentido é que provam a fé pelas obras, visto que uma sem a outra é morta pela pena do apóstolo Tiago.