Comumente as pessoas em geral, e, por excelência, os religiosos tendem a tomar por graça de Deus apenas o recebimento de benefícios. Tais benesses são na verdade vinculadas às necessidades mais prementes e imediatistas que afligem as pessoas no seguimento das suas vidas. É como se Deus os atendesse por força apenas das suas súplicas, dos seus esforços, do fato de terem realizado algum tipo de caridade, e, até mesmo, por força de terem eles acumulado serviços para o Reino de Deus. Medem a graça de Deus pela quantidade de feitos originados nas suas ações sinérgicas. Imaginam em suas mentes não regeneradas que o fato de alguém pertencer a uma determinada igreja, ter sido batizado, por cumprir regras, preceitos e normas deve ser favorecido pela bondade de Deus. Desejam forçar Deus a se curvar a eles em função dos seus feitos. Enquanto o ensino claro é o que consta em Sl. 51:17 - "O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus."
Outros ainda, imaginam que Deus lhes é gracioso, porque Ele é amor, e, porque também, faz promessas irrevogáveis em Sua Palavra. Por isso grassa por aí a fora, a famigerada pseudoteologia da determinação. Por ela, alguns dizem que o cristão deve ordenar a Deus que faça valer as Suas promessas, visto que Ele deve ser fiel a elas.
Foi Phillip Yancey quem melhor definiu o que é a graça para um entendimento na dimensão humana. Ele afirma que "graça é Deus fazendo tudo por quem nada merece." Assim, a questão meritória fica eliminada e absolutamente descartada, pois se houver qualquer merecimento, já não é mais graça, mas recompensa ou prêmio. Por estes erros é que se instalou nos arraiais religiosos o culto à barganha com Deus. Entretanto, Ele não se deixa apanhar por estas artimanhas. O que conseguem e atribuem como vitória espiritual, nada mais é que o exercício da carnalidade e feitiçarias dos poderes latentes da alma.
Lc. 1:30 - "Disse-lhe então o anjo: não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus." A anunciação do anjo à Maria, quando do cumprimento da promessa de trazer à luz o Messias é uma clara verdade sobre a natureza da graça. Veja que o texto diz que Maria achou a graça diante de Deus. Ela a achou, e não a desenvolveu, ou fez por merecê-la. Deus não achou a graça em Maria, como se pretende impingir na religião institucionalizada, mas ela a achou diante d'Ele. Isto é muito significativo, quando colocado corretamente, isto é, com o foco na dimensão e na pessoa certa, a saber em Deus. Deus concedeu a sua graça a Maria e não a retribuiu por qualquer feito seu.
A graça é uma ação invariavelmente oriunda em Deus e se direciona ao homem desgraçado, com base apenas na Sua infinita misericórdia. Sendo misericórdia definida também por Phillip Yancey como: "Deus não dando ao pecador, o que de fato ele merece." Ora, como as Escrituras adiantam, o pecador merece apenas o inferno, pois o salário do pecado é a morte, isto é, a separação eterna de Deus. Neste sentido e por força da fidelidade das Escrituras, o próprio Cristo foi objeto dessa graça imarcescível de Deus conforme Lc. 2: 40 e 52 - "E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele. E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens."