O que acontece ao nascido de Deus é que no espírito quer sempre fazer a vontade d'Ele, mas a sua carne deseja sempre gratificar-se a si mesma. Por isso há uma luta entre o espírito e a carne por meio da lei do espírito da vida em Cristo Jesus e a lei do pecado e da morte. O espírito domina nas áreas espirituais, mas a carne domina esfera da alma. Santo Augustinho afirma que antes de cair, o homem tinha duas condições: poderia pecar ou não pecar; após a queda ele passou a ter apenas uma condição: apenas pecar. Alguém alega, com base nisso, que após o nascimento do alto, o homem volta a ter as duas condições iniciais. Entretanto, as Escrituras não ensinam dessa forma, pois o pecado que Cristo veio retirar,e, de fato, retirou, pois do contrário ter-se-ia de admitir que Ele falhou. O que permanece é apenas a possibilidade de o regenerado cometer atos pecaminosos por meio da carne.
O apóstolo Paulo afirma que não há necessidade de o homem regenerado querer viver sob o domínio da carne conforme Rm. 6:12 a 14 - "Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões; nem ofereçais cada um os membros do seu corpo ao pecado, como instrumentos de iniquidade, mas oferecei-vos a Deus, como ressurretos dentre os mortos, e os vossos membros, a Deus, como instrumentos de justiça. Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça." O apóstolo não dá simplesmente uma ordem, mas mostra o porquê de o pecado não precisar reinar na vida dos regenerados. O texto mostra com clareza uma relação de causa e efeito entre a lei e o pecado, sendo assim, quando se está debaixo da lei o pecado reina, mas quando debaixo da graça ele não tem domínio sobre o regenerado. Entendendo que domínio é um permanente estado e não momentos ou fases críticas.
Rm. 4:14 afirma que andar com base na lei, anula a fé e impede o regenerado de andar no espírito - "Pois, se os que são da lei são herdeiros, logo a fé é vã e a promessa é anulada." Isto é corroborado em Gl. 5:4 - "De Cristo vos desligastes, vós que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes." Sabe-se que o poder do pecado está na lei, pois ela é letra, mas a graça é que produz vida justificada n'Aquele que é a própria vida, a saber Cristo. Na graça, o pecado perde a força e a vida de Cristo se manifesta e se revela.
Porque o poder do pecado está na lei, se acerca dela foi declarado por Paulo que ela é santa e boa? A lei atua para gerar a morte, no sentido em que foi dada por Deus para evidenciar o quanto o pecado é real e mau. Assim, o homem é enganado pelo pecado, porque imagina em sua mente que pode cumprir a lei e justificar-se a si mesmo por meio de ritos cerimoniais, sacrifícios, obras, preceitos, regras. Isto ocorre porque Satanás não possui poder real, visto que poder é um atributo exclusivo de Deus. Logo, ele necessita do engano que o pecado gera para levar cativo o homem. Como ele perdeu o controle do espírito dos que foram regenerados, tenta agora desenvolver a lei do pecado e da morte nos membros mortais do nascido de Deus por meio da alma.
Em conformidade com Rm. 7: 22 e 23, Satanás arma um embuste, envolvendo a alma e a letra da lei para iludir o homem no sentido em que ele é capaz de produzir justiça por si mesmo. "Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei guerreando contra a lei do meu entendimento, e me levando cativo à lei do pecado, que está nos meus membros." Por isso, a lei é pura e santa, quando vista pela dimensão do espírito regenerado, entretanto é uma armadilha para a carne, visto que esta é ludibriada pela lei do pecado e da morte. Parece confuso, mas é simples: há a lei de Deus, a qual o espírito regenerado está submisso; há a lei do pecado e da morte que domina a carne por meio da alma; e finalmente há a lei da mente que é capturada e enganada pela alma, levando o regenerado a dar ocasião aos pecados. Sendo que a lei de Deus é a vida de Cristo com a qual o espírito dos eleitos já foi reconciliado na cruz. Isto é irreversível e não foi produzido pelo próprio homem, mas pela soberana vontade de Deus em Cristo Jesus.
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