
Olhando para o texto de Mc. 2: 5 a 9 verifica-se como o processo do engano engendrado pela alma na carnalidade, captura a lei da mente e engana o homem para que não sirva a Deus na lei do espírito da vida em Cristo Jesus. "Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: filho, os teus pecados estão perdoados. Mas alguns dos escribas estavam assentados ali e arrazoavam em seu coração: por que fala ele desse modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus? E Jesus, percebendo logo por seu espírito que eles assim arrazoavam, disse-lhes: por que arrazoais sobre estas coisas em vosso coração?Qual é mais fácil? Dizer ao paralítico: estão perdoados os teus pecados, ou dizer: levanta-te, toma o teu leito e anda?"
Há neste texto, uma profunda diferença entre a percepção espiritual de Jesus e o raciocínio carnal dos escribas. Os escribas raciocinaram em seus corações, portanto, em suas almas, visto que os seus espíritos eram mortos para Deus. Jesus, ao contrário, percebeu em seu espírito como o próprio texto afirma. A única fonte do conhecimento dos escribas eram as informações recebidas pelo conhecimento chegado às suas mentes pelos sentidos naturais ou almáticos.
A palavra grega para raciocínio neste texto é 'dialogizomai', sendo ela formada por dois vocábulos: 'dià' que é uma preposição significando o canal pelo qual se realiza um ato. Enquanto, 'logizomai' é um verbo cujo significado é 'avaliar', 'concluir', 'raciocinar', 'considerar', 'supor', ou 'calcular'. É deste verbo que sai a palavra portuguesa 'lógica', isto é, raciocinar e calcular na mente pela lógica. Assim, 'dialogizomai' é a capacidade de tirar conclusões avaliativas com base apenas na apreensão da realidade exterior pela mente humana. A mente considera os prós e os contras e chega a um veredito que, via de regra, é falso do ponto de vista espiritual. Assim, o homem torna-se produtor de suas próprias verdades relativizadas e não absolutas.
Por outro lado a palavra grega traduzida no mesmo texto para 'perceber' é 'epiginosko'. Esta palavra é formada igualmente por dois vocábulos: 'epi' que é uma preposição que indica 'sobreposição de' e 'ginosko' que é o verbo 'saber', 'estar consciente de', ou 'conhecer'. Neste caso a ideia central é conhecer por revelação, uma vez que a verdade é sobreposta à mente humana. A conclusão não é proveniente da apreensão do homem, mas da revelação espiritual divina. É uma relação monérgica e vertical!
Então, enquanto os escribas 'dialogizomai' acerca dos atos de Jesus em suas mentes carnais, Jesus 'epiginosko' no seu espírito sobre a questão do paralítico, e também, sobre o que os religiosos estavam arrazoando sobre Ele. Assim, o conhecimento revelado e procedente de Deus é sobreposto ao espírito, enquanto verdades lógicas e relativas do homem são originadas da mente humana contaminada pelo pecado. Por isso, o Senhor Jesus afirma que, se a luz que há no homem é a sua luz própria, quão grandes trevas são. A luz humana, aos olhos de Deus são trevas e não luz!
Logo, o regenerado que está na lei do espírito da vida em Cristo Jesus tira conclusões verdadeiras sobre Deus, sobre si mesmo e sobre os outros homens. Enquanto, o homem que está na lei do pecado e da morte, conclui mal, porque com base em sua própria percepção carnal de Deus, de si mesmo e dos outros homens.
Muitos religiosos agem como os escribas, concluindo e julgando mal os outros como hereges, incrédulos e blasfemadores, enquanto eles é que o são.
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