sexta-feira, agosto 1

A DETURPAÇÃO DA GRAÇA II

Normalmente após uma preleção, pregação ou homilia que aborda a graça do ponto de vista do homem, as pessoas expressam profundo sentimento de gratidão e alegria por ter ouvido a mensagem. Isto acontece, porque ela vem de encontro às carências próprias das almas viventes. A alma é a dimensão humana que controla as emoções, os desejos e as decisões. Ela encanta e seduz o homem por meio de experiências sensoriais, criando um ambiente falsamente espiritual. Na verdade, o espírito do homem que não nasceu do alto está morto, qual seja, desligado da comunhão com Deus. Quando se aborda este assunto de modo direto assim, os religiosos imediatamente se excluem do grupo em questão, por julgarem que sua religiosidade, seus méritos, seus feitos, suas experiências, suas vitórias nas lutas, seus anos de igreja, os faz espirituais e nascidos do alto. Entretanto, ninguém pode se auto-intitular nascido do alto, de Deus, ou de novo, por conta e risco da sua retidão, integridade, temor a Deus e à Sua Palavra, por desviar-se de coisas malévolas. Estas coisas são necessárias e exigidas de todos os homens. É uma questão moral e ética, não uma questão espiritual. O novo nascimento de acordo com a Bíblia não é produzido pela vontade do homem, nem pelo sangue, e, muito menos, pela vontade da carne. É um ato monérgico e sobrenatural que não depende do agir do homem. É ato soberano de Deus conforme Jo. 6:44 - "Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia." Vê-se que não é uma questão de vontade, mas de poder. O homem decaído não pode produzir seu novo nascimento.
Então, não é pelo fato de alguém sentir algo diferente da normalidade física que implica em espiritualidade. O nascimento do alto é resultante, primeiramente de outra experiência, a saber, da morte com Cristo conforme Cl. 3:3 - "... porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus." Ora, os cristãos de Colossos não estavam mortos, fisicamente, mas tinham recebido a sua inclusão na morte de Cristo por fé e como verdade evangélica. Logo, eles haviam ganhado a vida de Cristo por terem recebido a verdade da inclusão deles na cruz, bem como, a ressurreição juntamente com Cristo. Tudo isto é por fé e não por atos, atitudes e posturas religiosas.
Assim, a maioria das pessoas, toma por experiência espiritual aquela, que, de fato, é experiência almática e contaminada pela natureza pecaminosa residente e imanente. É uma questão de bom senso, pois só poderá ter nascido de novo, alguém que já tenha morrido. Em Jo. 12:32 e 33 é dado o modo pelo qual o pecador decaído é incluído na morte de Cristo, para, na Sua ressurreição ganhar d'Ele a vida eterna - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Este texto não é retórico, não é simbólico, não é parabólico! É literal e faz um enunciado claro acerca da inclusão do pecador na morte de Cristo, afim de que, aquele perca a sua morte para Deus e ganhe a vida verdadeira na ressurreição juntamente com Este. Sabe-se que Cristo foi levantado da Terra três vezes, na sua crucificação, na sua ressurreição e na sua assunção ao Pai. Em todas estas vezes o fato esteve relacionado à justificação, à vivificação e à glorificação dos eleitos e preordenados para a vida.
Lc. 4: 18 a 28 - "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e para proclamar o ano aceitável do Senhor. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos. E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José? Disse-lhes Jesus: sem dúvida me direis este provérbio: médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra. E prosseguiu: em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na sua terra. Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra; e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta de Sidom. Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio. Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira."
O texto que vem de ser exposto mostra, que, a despeito de emanar dos lábios de Jesus palavras de graça, ele mostrou aos religiosos que seus conceitos sobre ele eram falsos. Se ele tivesse elogiado o culto e a lei cerimonial, afirmando que a verdade só era conhecida e recebida em Israel, teria fica tudo bem. Ele seria exaltado e recebido como grande profeta pelos líderes do seu tempo. Contrariamente, Jesus mostra que a graça é exatamente o oposto do que o homem pode oferecer, fazer e operar em seus sistema de crenças. Ela é estendida a quem Deus conheceu de antemão, predestinou, chamou, justificou e glorificou.

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