Hb. 10:26 a 31 - "Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma expectação terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários. Havendo alguém rejeitado a lei de Moisés, morre sem misericórdia, pela palavra de duas ou três testemunhas; de quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do pacto, com que foi santificado, e ultrajar ao Espírito da graça? Pois conhecemos aquele que disse: minha é a vingança, eu retribuirei. E outra vez: o Senhor julgará o seu povo. Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus vivo."
Um dos riscos de se tomar a liberdade da graça por libertinagem é o que vem de ser tratado e retratado no texto acima. Assim, se após ter pleno conhecimento da verdade revelada nas Escrituras, houver permanência por escolha moral na prática contínua do pecado, não houve validação da justiça de Cristo na cruz. Isto equivale dizer que, ao invés de aniquilação do pecado pelo novo pacto, ocorreu, de fato, anulação da graça pela lei. Tal situação é a certeza de condenação, visto que se desprezou a justificação pela graça de Cristo, por causa da manutenção do pecado pelas obras da carne. Houve, neste caso, profanação do sangue do novo pacto na cruz e, isto, implica forçosamente no ultraje ao Espírito da graça. É o que o Espírito Santo doutrina, por instrumentação do apóstolo Paulo aos gálatas: "... da graça decaístes." O mero conhecimento do que é a graça, sem a consequente regeneração, a que ela se destina, de nada adianta. Não passa de flatus vocis! Neste abismo, muitos têm afundado! Por isso, as Escrituras dizem: "... corríeis bem, quem vos fascinou ..."
Deus sempre age por princípios e não por circunstâncias, assim, o princípio prevalecente é o da graça, ou seja, Ele age soberana e monergisticamente no processo da justificação e da redenção do pecador. O que está em jogo do lado de Deus não é o que o homem faz, mas o que ele é. O que o homem faz é consequência do que ele é, e não, o oposto. A deturpação da graça nestes termos ocorre, precisamente, quando o pecador, não só possui volição natural para o pecado, como também despreza e abomina conscientemente a graça de Deus manifesta em Cristo Jesus. O texto diz que Deus não poupa tal desprezo aos que pisam o Seu Filho, além de afirmar que é coisa horrenda cair em Suas mãos para ser corrigido.
A pessoa que, conhecendo qual seja a verdade, sente prazer no pecado, está fadada a trilhar um caminho tortuoso, e por vezes, sem volta conforme o texto de Hb. 12: 15 a 17 - "... tendo cuidado de que ninguém se prive da graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem; e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que, querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas." A privação da graça de Deus é um processo, no qual, o homem tendo-a prefere seguir os ditames do seu coração que, aliás, é enganoso e desesperadamente corrupto. A amargura traz perturbação, ou seja, oscilação entre a verdade e a mentira. A contaminação por tais atos pecaminosos faz que o homem se torne um imediatista se vendendo por qualquer preço, contanto que consiga alguma migalha de amor profano, satisfação sensual, reconhecimento e aplausos.
O resultado disto tudo é que, mesmo tendo arrependimento, não se pode herdar a bênção da graça, pois o seu arrependimento é, de fato, remorso. Arrependimento é resultante da graça e não dos sentimentos do homem.
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