Jó 11:1 a 11 - "Então respondeu Zofar, o naamatita, e disse: porventura não se dará resposta à multidão de palavras? E o homem falador será justificado? Às tuas mentiras se hão de calar os homens? E zombarás tu sem que ninguém te envergonhe? Pois dizes: a minha doutrina é pura, e limpo sou aos teus olhos. Mas na verdade, quem dera que Deus falasse e abrisse os seus lábios contra ti! E te fizesse saber os segredos da sabedoria, que é multíplice em eficácia; sabe, pois, que Deus exige de ti menos do que merece a tua iniquidade. Porventura alcançarás os caminhos de Deus, ou chegarás à perfeição do Todo-Poderoso? Como as alturas dos céus é a sua sabedoria; que poderás tu fazer? É mais profunda do que o inferno, que poderás tu saber? Mais comprida é a sua medida do que a Terra, e mais larga do que o mar. Se ele passar, aprisionar, ou chamar a juízo, quem o impedirá? Porque ele conhece aos homens vãos, e vê o vício; e não o terá em consideração?" Zofar é a tipificação do religioso legalista. Ele sai na defesa de Deus, sem que o mesmo tenha dele isto requerido. Deus não necessita de advogados, porque Ele mesmo é o Justo Juiz e se basta a si mesmo. Zofar é o tipo do amigo que está mais interessado em condenar e estabelecer julgamentos sem conhecimento de causa, do que necessariamente confortar e consolar na hora da dor.
Realmente tudo o quanto Zofar disse a Jó no capítulo 11 é verdadeiro no tocante ao reconhecimento do que é o homem e de quem Deus é. Entretanto, Deus não lhe delegou poderes para atribuir a Jó qualquer juízo.
Zofar acusa Jó de ser um falador, tagarela, paroleiro, mentiroso e zombeteiro. Realmente se vê que religiosos gostam muito de falar, porém não têm a mesma disposição para ouvir. Em muitas dessas igrejas institucionais observa-se que a maioria é animada na hora do ruidoso "louvor", mas quando começa a pregação, estes perdem imediatamente o entusiasmo.
Zofar de certa forma vaticina o que Deus realmente irá fazer a Jó, porque de fato Ele o levará ao pleno conhecimento dos segredos e da sabedoria. Também Deus purificará a Jó e perdoará a sua iniquidade, pois é este o sentido da graça e da misericórdia d'Ele. Zofar mostra que o mais sábio dos homens é estúpido como o asno montês. Esta espécie de asinino não podia ser domada conforme fica claro em Jó 39: 5 a 8 - "Quem despediu livre o jumento montês, e quem soltou as prisões ao jumento bravo, ao qual dei o ermo por casa, e a terra salgada por morada? Ri-se do ruído da cidade; não ouve os muitos gritos do condutor. A região montanhosa é o seu pasto, e anda buscando tudo que está verde."
Zofar indica a Jó que ele necessita render-se a Deus, limpar as suas mãos lançar fora a sua iniquidade para estar em condições de manter comunhão com Ele. Isto implica em arrependimento de pecados e mudança de foco de si mesmo, para Deus. Todavia, faltou a Zofar o conhecimento e o reconhecimento de que tudo isso se processa monergisticamente e não com a cooperação do pecador. Esta é a questão mais penosa para um religioso: conhecer e reconhecer o seu estado pecaminoso, mesmo que não cometa muitos atos pecaminosos. O homem sem a graça não consegue compreender a realidade da natureza pecaminosa, pois vê apenas os atos pecaminosos. Por isso, julga que, ao não cometer muitas falhas, deslizes e atos imorais, logo conclui que não tem do que se arrepender. Entretanto, Deus quer é rasgar o escrito de dívida, ou seja, a culpa do pecado original. Logo, o homem é pecador, porque é portador de uma natureza geradora dos pecados. Não é pecador apenas porque comete pecados, mas porque a tal natureza adâmica o leva a cometê-los. A justificação por inclusão na morte e na ressurreição com Cristo é que elimina a natureza pecaminosa retirando a culpa do pecado. E, com o processo de produção da semelhança de Cristo, os atos pecaminosos vão desaparecendo até o dia da restauração final.
Sola Gratia!
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