outubro 11, 2009

A SÍNDROME DE JÓ V


Jó 7:1 a 5 - "Porventura não tem o homem guerra sobre a Terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro? Como o cervo que suspira pela sombra, e como o jornaleiro que espera pela sua paga. Assim me deram por herança meses de vaidade; e noites de trabalho me prepararam. Deitando-me a dormir, então digo: quando me levantarei? Mas comprida é a noite, e farto-me de me revolver na cama até à alva. A minha carne se tem vestido de vermes e de torrões de pó; a minha pele está gretada, e se fez abominável." No capítulo 7, Jó continua em sua lamentação diante de Deus, por causa do seu infortúnio. Demonstra a sua escassez de fé genuína, isto é, da fé que procede de Deus. Isto porque, o homem não pode ter fé em Deus, mas apenas ganhar a fé de Deus. É a fé que possui o homem e não o homem que possui a fé. Ela é dom e não habilidade, capacidade ou talento. 
Nos versos 8 a 10, Jó deixa clara a sua desesperança na ressurreição. Toma a morte como ponto final e não considera o poder de Deus para trazer os mortos à vida conforme ensina Rm. 4:17 - "Como está escrito: por pai de muitas nações te constituí, perante aquele no qual creu, a saber, Deus, o qual vivifica os mortos, e chama as coisas que não são como se já fossem."
Nos versos 14 a 21 Jó confronta-se diretamente com Deus. No verso 20 ele chega ao ponto de indagar a Deus em que aspecto o seu pecado fez mal a Ele. Chama Deus de 'Espreitador dos homens', como se Deus se divertisse às custas das desgraças humanas, simplesmente por vê-los sofrer. No verso 21 ele coloca Deus como alguém que brinca de tiro ao alvo com o homem, no caso, ele mesmo, Jó era o alvo.
No capítulo 8, o amigo de Jó, Bildade, o suíta, reafirma a justiça de Deus e se põe a condenar as atitudes e as palavras de Jó. Assim, também agem os religiosos, em geral, quando alguém está passando por dificuldades ou provações. Tornam-se em advogados de Deus, defendem-no sem saber que muitos males na vida do homem são determinados por Ele. Tudo quanto Deus realiza é para um fim útil e grandioso, inclusive, aquilo que reputamos como o mal. É que a religião humanista coloca, invariavelmente, o bem como procedente de Deus e o mal como procedente do Diabo. Ora, Deus é soberano e não há nada que Lhe escape. O que prevalece é a Sua soberania! Até o Diabo está sob o controle de Deus.
No capítulo 9, Jó se declara incompetente para discutir com Deus. Porém, continua se colocando como uma mera vítima da situação. Isto prova e comprova que não basta ao homem saber acerca da grandeza de Deus. O que Deus pretende produzir nos seus eleitos é o conhecimento pleno d'Ele como pai e não apenas como Criador. Nos versos 15 e 16, Jó diz que não responderia e não argumentaria, mesmo que fosse justo. Declara que, mesmo que chamasse e Deus o respondesse, não creria que Ele o ouviria. Jó não confessa Deus, ele simplesmente declara acerca de Deus. Este é o maior problema do homem religioso ou não religioso. Imaginam em seus corações que o simples fato de declarar acerca de Deus o torna conhecedor d'Ele e alvo de bênçãos e méritos. Nem toda a eternidade será suficiente para conhecer plenamente a Deus.
Nos versos 17 a 19, Jó finalmente atribui a culpa de todo o seu sofrimento a Deus. No verso 20, finalmente, Jó se declara quase como um justo. Daí por diante ele afirma que Deus não se importa com a sorte de ninguém e nem da Terra. Acusa Deus de cobrir o rosto e não ver a perversidade dos homens.
Toda a tese de Jó está focada nele mesmo, ainda que faça declarações brilhantes acerca de Deus. A compreensão intelectual de Deus não é muito útil ao homem portador da natureza pecaminosa. Isto mostra que a salvação é ação monérgica de Deus e não resultante do sinergismo humano.
Soli Deo Gloria!

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