outubro 11, 2009

A SÍNDROME DE JÓ VI


Jó 10: 1 a 9 - "A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma. Direi a Deus: não me condenes; faze-me saber por que contendes comigo. Parece-te bem que me oprimas, que rejeites o trabalho das tuas mãos e resplandeças sobre o conselho dos ímpios? Tens tu porventura olhos de carne? Vês tu como vê o homem? São os teus dias como os dias do homem? Ou são os teus anos como os anos de um homem, para te informares da minha iniquidade, e averiguares o meu pecado? Bem sabes tu que eu não sou iníquo; todavia ninguém há que me livre da tua mão. As tuas mãos me fizeram e me formaram completamente; contudo me consomes. Peço-te que te lembres de que como barro me formaste e me farás voltar ao pó." Jó está decidido a continuar se queixando de Deus, e isto, o conduzirá a uma situação da qual terá de expor o pecado oculto em seu coração. Quando isto acontecer Deus agirá e o regenerará. Não é pelo desafio ou pela lisonja que Deus se inclina ao pecador. É sempre e invariavelmente por misericórdia e graça. Toda a tese de Jó se restringe a si mesmo quando levanta a questão do tédio da sua alma pela sua própria vida. A alma é a parte constitutiva do homem que possui a vida animada, os sentimentos, os desejos e as vontades. A vida está no sangue e este é que expia pela alma conforme Lv. 17:11 - "Porque a vida da carne está no sangue; pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas; porquanto é o sangue que fará expiação pela alma." Por esta razão é que Cristo teve de ser sacrificado na cruz para purificação do pecado.
Jó apela ao Oleiro Eterno tentando lembrá-Lo da profundidade e da beleza de Sua obra ao formá-lo com tanta ciência. Por isso, Jó não podia entender o objetivo de Deus ao atingi-lo com perdas, doenças e insultos dos amigos. Até então ele permanecia centralizado em si e no seu drama. Quando a percepção da realidade fica restrita apenas ao homem e suas dificuldades permanecerá apenas na periferia das impossibilidades humanas e não na totalidade da possibilidade de Deus conforme Mt. 19:26 - "E Jesus, olhando para eles, disse-lhes: aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível." A fé, dom de Deus, torna qualquer impossibilidade em possibilidade conforme Mc. 9:23 - "E Jesus disse-lhe: se tu podes crer, tudo é possível ao que crê."
Jó acusa Deus de ser extremamente rigoroso com os mais leves pecados e se coloca na perspectiva de uma criatura inocente e vitimada pelo rigor d'Ele. Ocorre, no entanto, que Deus vê o pecado, ou seja, a natureza determinadora dos atos pecaminosos. Esta fonte é que é o alvo da justiça de Deus na cruz. A justificação do pecador sempre foi por meio da morte em Cristo na cruz.
Por não compreender e não receber o mal que lhe fora destinado, Jó sente que já fora condenado à desgraça. Entretanto, a graça é justamente para os que se sentem desgraçados. A misericórdia é exatamente Deus não nos dando o que de fato merecemos como pecadores. Assim, Deus está conduzindo Jó a um processo de reconhecimento da sua natureza pecaminosa para usar para com ele de misericórdia e graça.
Solo Christus!

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