Jó 1: 1 a 5 - "Havia um homem na terra de Uz, cujo nome era Jó; e era este homem íntegro, reto e temente a Deus e desviava-se do mal. E nasceram-lhe sete filhos e três filhas. E o seu gado era de sete mil ovelhas, três mil camelos, quinhentas juntas de bois e quinhentas jumentas; eram também muitíssimos os servos a seu serviço, de maneira que este homem era maior do que todos os do oriente. E iam seus filhos à casa uns dos outros e faziam banquetes cada um por sua vez; e mandavam convidar as suas três irmãs a comerem e beberem com eles. Sucedia, pois, que, decorrido o turno de dias de seus banquetes, enviava Jó, e os santificava, e se levantava de madrugada, e oferecia holocaustos segundo o número de todos eles; porque dizia Jó: talvez pecaram meus filhos, e amaldiçoaram a Deus no seu coração. Assim fazia Jó continuamente."
Jó cujo nome significa, "voltado sempre para Deus", era um semita da terra de Uz, o que hoje corresponde à Arábia Saudita. Há frágeis indícios de que Jó tenha vivido entre os séculos XVII e XVI a. C. Era possuidor de um perfil socialmente aceitável, pois dele se diz que era reto, íntegro, temente e evitava o mal. Tinha dez filhos, milhares de cabeças de gado e muitos empregados estava a seu serviço. Em termos materiais e morais era tido como maior entre todos os homens do Oriente.
Verifica-se pelo texto, que Jó era profundamente religioso, pois antes mesmo de os filhos se reunirem para banquetear e celebrar, se preocupava em sacrificar a Deus preventivamente. Jó entendia que se poderia obter uma sentença favorável, ajuizando uma medida cautelar, no caso de os seus filhos cometerem algum pecado. Queria uma proteção sobrenatural sobre a sua prole, ainda que para tanto, isto lhe custasse sacrifícios de holocaustos noturnos de contínuo. Neste ponto, Jó almejava ser mais justo que o Justo Juiz.
Jó é um tipo, a saber, uma tipificação do homem decaído que supõe poder conduzir Deus à realização da sua vontade. Ainda que politicamente correto, o homem não pode positivar, validar e normatizar a vontade de Deus. Salvo, quando Deus solicita e determina alguma ação humana na Terra, o homem não Lhe pode mover ou demover em nada.
À ação isolada ou coletiva do homem na direção e no sentido de mover e comover Deus dá-se o nome de religião. É uma luta inglória de chegar a Deus por meio de suas próprias expensas. A religião é uma ação sinergística, pois envolve o esforço do homem em suposta cooperação com a ação monergística de Deus. Neste sentido, uma anula a outra, pois se há duas forças atuando em sentidos opostos, uma prevalecerá sobre a outra. Elas são conjuntas apenas na aparência e no desejo do homem. Porém, em sua natureza são opostas, porque Deus é Santo, Justo e Puro, enquanto o homem é pecador, injusto e impuro. É esta condição que o qualifica como decaído e depravado, portanto, carente da graça redentora, não sendo o seu autor e promotor.
O braço de Deus é movido, tão somente quando Ele concede o dom da fé ao homem e o vivifica para crer. Conforme ensinam as Escrituras, tanto a graça, como a fé são dons de Deus, logo o homem não é o autor da ação resultante destes dons.
Na suposição de agradar a Deus em seu coração, o homem pecador cria um maior abismo entre si e o Criador. Isto fica claro em Is. 1:13 - "Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembleias; não posso suportar iniquidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer." A questão fundamental é que o homem religioso se preocupa com o continente e não com o conteúdo; se importa com o culto e não como o cultuado; se importa com a forma e não com a essência. A questão posta no texto acima é que toda a solenidade do culto era contaminada pelas iniquidades. Os religiosos buscam objetivos no culto e não objetividade do Deus cultuado. Restando, por isso, apenas adoração sem o adorado!
Soli Deo Gloria!
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