segunda-feira, agosto 2

A CRUZ COMO UM LUGAR E COMO UM CAMINHO II


Ef. 2:15 – “...e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um só corpo, tendo por ela matado a inimizade.” No artigo precedente discorreu-se um pouco sobre a cruz em suas significações etimológicas, simbológicas e culturais. Enquanto lugar, a cruz foi e continua sendo um ponto de referência na economia eterna, pois Deus decidiu que a única forma de reconciliar o homem pecador a si era por meio da morte. Como o homem contaminado pela natureza pecaminosa não estava apto a produzir a sua própria justificação e redenção, ficou acordado que o Filho de Deus viria, e se encarnaria como homem para assumir a morte deste em Sua morte e, assim, produzir a absoluta e cabal libertação do pecado. Lembrando-se que a palavra morte, tanto no hebraico, como no grego, significa, entre outras coisas, separação. Assim, o pecado separou o espírito do homem do Espírito de Deus. A este processo dá-se o nome de morte ou separação espiritual.
A inimizade contra Deus é o pecado conforme Rm. 8: 3 a 7 - "Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado. para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem em verdade o pode ser; e os que estão na carne não podem agradar a Deus." A lei se resume em um conjunto de preceitos, regras e normas morais e cerimoniais estatuídas por Moisés a fim de preservar o povo hebreu ao longo da sua formação como nação organizada. Entretanto, a carnalidade, isto é, a natureza miserável causada pelo pecado, não permite que nenhum homem cumpra totalmente a lei. Neste sentido, ela serviu apenas como processo pedagógico, a fim de evidenciar o quanto o pecado é tremendo e destrutivo. A inclinação permanente do homem depois da queda é para o que é mau, causando-lhe, não apenas a morte física, mas também a morte espiritual. A lei mostrou a existência de uma crise entre a criatura pecaminosa e o Criador Santo. De sorte que as duas naturezas se tornaram opostas, antagônicas e inimigas por princípio. O homem pecador não pode agradar a Deus, e nem Deus se agrada do homem pecador. Como solucionar? Deus já havia decidido a solução antes mesmo da existência do próprio mundo.
A reconciliação se dá tão somente pela cruz, lugar e ponto de convergência do pecado, primeiramente em Cristo e, secundariamente no próprio pecador que à cruz foi atraído conforme Jo. 12: 32 e 33 - "E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer." Jesus, o Cristo foi levantado da Terra por três vezes: na crucificação, na ressurreição e na assunção ao céu. Em todas estas vezes se relacionava ao processo de reconciliação do pecador com Deus. Ora, como Cristo não tinha pecado, a cruz não era originalmente d'Ele, mas Ele a assumiu em concerto eterno conforme II Tm. 1: 9 e 10 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos, e que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo evangelho..." A morte que foi destruída na morte de Cristo na cruz foi o pecado, ou a natureza pecaminosa, pois com o pecado o homem ficou morto para Deus. Na ressurreição, Cristo trouxe a vida eterna aos que foram atraídos em sua morte de cruz. Assim, quando Ele foi crucificado os pecadores eleitos foram atraídos a Ele para terem as suas naturezas pecaminosas destruídas em sua morte; quando Ele ressuscitou ao terceiro dia, os trouxe de volta e lhes comunicou a Sua própria vida que é eterna. Neste sentido é que a cruz é um lugar real e concreto e não apenas um símbolo tosco e de mau gosto estético como pretendem passar nas crenças religiosas.
A destruição da natureza pecaminosa, pecado original, natureza adâmica, ou o velho homem é esclarecida em Rm. 6: 2 a 11 - "Ou, porventura, ignorais que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se temos sido unidos a ele na semelhança da sua morte, certamente também o seremos na semelhança da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao pecado. Pois quem está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos, abendo que, tendo Cristo ressurgido dentre os mortos, já não morre mais; a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus. Assim também vós considerai-vos como mortos para o pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus."
Sola Scriptura!

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