Mt. 16: 24 e 25 e Mt.10:38 - "Então disse Jesus aos seus discípulos: se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me; pois, quem quiser salvar a sua vida por amor de mim perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim."
A cruz é o único lugar em todo o universo onde o homem decaído é reconciliado com Deus. Portanto, ela não é apenas um emblema, um símbolo, um conceito. É, antes, um lugar e um caminho concreto e muito real. Entretanto, a religião dita cristã foi suprimindo gradativamente o ensino da cruz, até que dela, não se fala quase mais nada, a não ser de modo puramente ilustrativo, simbólico ou retórico.
A cruz do grego "tau", e do latim "crux", é uma figura geométrica formada por duas linhas ou barras que se cruzam em um ângulo de 90°, dividindo uma das linhas, ou ambas, ao meio. As linhas normalmente se apresentam na horizontal e na vertical. A cruz é tida como um dos símbolos mais utilizados na religião mesmo antes da crucificação de Jesus. A Nova Enciclopédia Britânica chama a cruz de, “o principal símbolo da religião cristã”. A palavra grega traduzida por "cruz" em muitas versões modernas da Bíblia é "staurós", traduzida como "estaca de tortura". No grego clássico, esta palavra significa meramente uma "estaca reta", ou "poste". Mais tarde, veio também a ser usada como uma objeto de execução com uma peça transversal chamada patíbulo. Porém alguns historiadores argumentam que "staurós" também significa empalação, enforcamento e estrangulamento, portanto o sentido de "estaca" não significa que Cristo teria sido morto em uma estaca simples. Pode ser que a ela tenham acrescentado um braço ou patíbulo para formar uma cruz. A palavra grega 'staurós' pode também significar crucificação como um ato, e não apenas, como o objeto cruz.
O "The Imperial Bible Dictionary" também diz: "A palavra grega para cruz, 'staurós', devidamente traduzida significa uma estaca, um poste reto, ou pedaço de ripa, em que algo podia ser pendurado, ou que poderia ser usado para estaquear, ou cercar um pedaço de terreno." Entre os romanos a palavra "crux", da qual deriva a palavra portuguesa "cruz", parece ter sido originalmente um poste reto" - Editado por P.Fairbairn, Londres, 1874, Vol. I, p. 376. É fundamental também entender que o texto do Novo Testamento foi escrito em grego koiné, ou seja, grego popular e não o grego clássico.
A aversão à cruz é tão forte que houve diversas tentativas de eliminá-la, inclusive, a de persuadir Jesus a desistir da sua morte de cruz conforme Mt. 27:39 e 40 - "E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz." era um deboche e uma crítica ao que Jesus havia declarado aos seus discípulos sobre a sua morte e ressurreição ao terceiro dia. O homem natural interpreta tudo à luz da sua cegueira espiritual, pois Jesus não estava propriamente falando do templo de Jerusalém, mas do seu próprio corpo. Também em Mt. 27:41 a 44 - "De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: a outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele; confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: sou Filho de Deus. O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados." Neste texto aparecem diversas categorias de pessoas: religiosos, idosos, salteadores. Todos não conseguiam ver a cruz como um lugar inevitável ao Filho de Deus e a todos quantos forem eleitos e pré-ordenados para a vida eterna. Viam-na como a prova de que Jesus era um falsário a ser executado.
Durante o primeiro século da era cristã não se utilizava a cruz como símbolo conforme a obra "History of the Christian Church" de J.F.Hurst, Vol.I, p. 366 Ed. Nova Iorque, 1897. A partir do segundo século desta mesma era, a cruz começou a ser utilizada, como indicado nos argumentos anti-cristãos citados por Octavius, capítulos IX e XXIX, escrito no final do mesmo século, ou no início do próximo. Até o início do terceiro século, a cruz havia se tornado tão estreitamente associada a Cristo, que, Clemente de Alexandria, o qual morreu entre 211 e 216, usou a ambiguidade da frase 'τὸ κυριακὸν σημεῖον', "o sinal do Senhor" para significar cruz. A Enciclopédia Judaica diz: "a cruz como um símbolo cristão (...) entrou em uso pelo menos no segundo século e a marcação de uma cruz na testa e sobre o tórax foi considerado como um talismã contra os demônios." Esta questão de evitar o uso da cruz, no primeiro século, se justifica pela implacável perseguição aos cristãos pelo império romano. Ela foi substituída por um peixe como modo de identificar os cristãos, porque a palavra peixe em grego é 'Ichthys', o que dá um acróstico, significando "Jesus Cristo, Filho de Deus e Salvador."
Então, não há dúvidas que se fala da cruz, predominantemente como um símbolo, e não como um lugar e um caminho. A preocupação da religião é em obter algum benefício sobrenatural de Deus por meio de apetrechos, símbolos e emblemas.
Solo Christus!
Solo Christus!
Nenhum comentário:
Postar um comentário