II Tm. 4: 3 e 4 - "Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo grande desejo de ouvir coisas agradáveis, ajuntarão para si mestres segundo os seus próprios desejos, e não só desviarão os ouvidos da verdade, mas se voltarão às fábulas."
Uma doutrina se define, genericamente, por ser um conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas, ensinadas, e recebidas. Tal ensino, no sentido bíblico será saudável, quando for transmitido e ensinado dentro dos liames das Escrituras. Esta exigência lógica parte do pressuposto que as Escrituras, não apenas contêm alguma verdade, mas que elas mesmas são a verdade. Entretanto, se alguém, ou um sistema teológico, não tem as Escrituras como verdade, a doutrina deste não poderá ser sã. A saúde da doutrina está diretamente relacionada no que fundamentam as Escrituras, e não no que concebem os homens em seus sistemas religiosos. Por isso, há muita mentira ensinada como verdade, e muita verdade ensinada como se mentira fosse. Cada um faz a exegese e a hermenêutica que lhe convém de acordo com o que concebe como verdade, ainda que isto esteja em arrepio à própria verdade. Neste ponto são produzidas verdades particulares parametrizadas pelo que os homens decaídos decidem que é o ideal, o certo e o desejável. Por isso, a grande quantidade de religiões que, em nada, melhoram o homem, a sociedade e a realidade. Irão todos para o inferno com toda a sua religião de segunda mão, enganadora e enganada.
Verdade é um termo relativamente conflitante se considerarmos como referência, a ciência, a filosofia e a fé: em ciência será verdade aquilo que é conforme a realidade e que pode ser demonstrado, evidenciado e comprovado por hipóteses até se constituir em leis; filosoficamente haverá verdade quando houver correspondência, adequação ou harmonia passível de ser estabelecida, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva; em matéria de fé, a verdade não é uma concepção, mas uma pessoa, a saber, Cristo. Ele mesmo se autodefine como sendo a verdade em Jo. 14:6. Muitos imaginam que Ele tem algumas verdades a serem ensinadas aos homens. Todavia, Ele mesmo é a verdade! Apreendê-Lo é apreender a verdade!
Algo ou alguém não suporta alguma coisa, quando esta lhe é oposta, não lhe comunica nenhuma significação, ou lhe ofende a moral e a integridade. O homem não suporta o calor, ou o frio em demasia, porque estes lhe agridem a constituição física. Desta forma, os homens não suportam a doutrina saudável, porque esta não lhes consulta os interesses conforme demonstrado por Cristo perante os líderes religiosos do seu tempo em Jo. 5:39 a 41 - "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim; mas não quereis vir a mim para terdes vida! Eu não recebo glória da parte dos homens." Eles lançavam mão das Escrituras apenas com vistas a obter delas algum benefício em conformidade com a base do seus sistema de crença. Estas mesmas Escrituras indicavam claramente que Jesus era o Messias esperado por eles, mas o julgamento deles era estereotipado em seus preconceitos religiosos. Eles não poderiam ver em um simples carpinteiro, o grande rei libertador, o Filho de Deus. Eles davam e esperavam apenas glória humana, o Cristo oferecia libertação espiritual. São realidades opostas e oponentes em suas naturezas principiológicas. A sã doutrina de Jesus não consultava os interesses das glórias efêmeras dos homens, mas a Glória imarcescível do Pai, no estabelecimento do Reino.
A sã doutrina é realmente insuportável ao homem natural, porque este quer fazer que a verdade se curvar a ele. A sã doutrina exige honestidade para reconhecer-se pecador e imerecedor de qualquer coisa, seja espiritual, ou material. A sã doutrina é linear em suas causas e em suas consequências, porque soberana. Ela não se curva aos interesses contaminados pela natureza pecaminosa residente no homem. Ela não estende um tapete persa para o pecador andar sobre ele com o seu pecado, mas antes o conduz nu, cego, pobre e desgraçado até a cruz, onde o velho homem é destronado para dar lugar a uma nova criatura em Cristo Jesus na ressurreição pela fé. A este processo, o homem natural não está habilitado, senão pela misericórdia e a graça de Deus.
Em Cristo.
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