Jo. 3: 1 a 7 - "Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele. Respondeu-lhe Jesus: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Perguntou-lhe Nicodemos: como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu te haver dito: necessário vos é nascer de novo."
Primeiramente é fundamental encarar a realidade das traduções dos textos neotestamentários. A maioria dos tradutores age no seu ofício, a partir da percepção que têm na base das suas crenças. Assim, uma tradução feita ou aceita pelos Adventistas, pelos Testemunhas de Jeová, pelos Batistas, pelos Presbiterianos, pelos Católicos, pelos Pentecostais, pelos Espíritas busca satisfazer as exigências do que consagram como suas verdades. Porém, à margem disto, o códice sacro continua o mesmo, e dizendo a mesma e única verdade. Assim, a tradução da expressão "...nascer de novo" é uma espécie de forcejamento de barra para que haja algum mérito humano no processo da redenção. O correto mesmo é traduzi-la como "nascer do alto", ou mesmo, "nascer de cima" que é como está no original grego koiné [gr. gennetê anôthen]. Isto implica que o processo da regeneração é absolutamente realizado por Deus, monérgico, portanto, e não por qualquer atitude ativa do homem decaído. Semanticamente admite-se também a tradução como "novo nascimento", porém o que se discute é a contextualização do texto em uma hermenêutica espiritualmente correta. Muitos intérpretes optam por uma tradução mais simplificada e mais próxima do entendimento humano, porém as Escrituras não foram deixadas para serem, em primeiro plano, apenas compreendidas intelectualmente, mas para serem cridas. A tradução como "novo nascimento" humaniza o processo, retirando a ação monergistica de Deus, e colocando uma ação sinergística do homem.
Muitas religiões que se auto-denominam cristãs fazem uso da expressão "nascer de novo" indicando a necessidade de uma experiência sobrenatural de regeneração para que alguém seja salvo. Eles fazem uma pregação, geralmente, emotiva ou apelativa e, em seguida, sugestionam o ouvinte a "aceitar" a Jesus como seu salvador. Ato contínuo, tomam esta pessoa que assentiu ao apelo, e lhe informa que agora ele experimentou o "novo nascimento", que é, agora, uma nova criatura, e, que, também, ganhou uma série de vantagens com isto. Completam o processo afirmando que, a partir desse momento, a pessoa não poderá mais fazer determinadas coisas, e que deverá fazer outras tantas coisas para merecer o favor de Deus. Daí começa a longa jornada de engessamento, da cauterização da mente, da canga legalista, e da religiosidade sobre os ombros do neófito. Todavia, tais seitas e religiões se apropriam indevidamente do termo, pois a simples menção ou apropriação da ideia de regeneração como "novo nascimento" requer um fato antecedente. Não há "novo nascimento" sem a morte do "velho homem" que o antecede. Pregar "novo nascimento" sem morte com Cristo é pregar meia verdade. E, meia verdade, pelo crivo das Escrituras é mentira completa. Repita-se para o efeito de raciocínio: "novo nascimento" sem a "morte na cruz" que o antecede é mentira! É meia sola! É recauchutagem! É apenas a tentativa de produzir um cristão sem o Cristo. É como tentar produzir suco de uva, sem uvas. É como levar um cego para um alto monte e lhe mostrar a linda paisagem diante dele.
Jesus, o Cristo foi enfático ao seu notívago interlocutor, o fariseu Nicodemos: "...se alguém não nascer do alto, não pode ver o reino de Deus." A questão é de não poder, e, não, de não querer. É fundamental que se diga isto com base no texto bíblico, porque os religiosos gnósticos e arminianos inventaram a falsa teologia do "livre arbítrio" para dar poder de decisão ao homem absolutamente corrompido e morto nos delitos e pecados. Acontece que o homem decaído nem é livre, e, muito menos, possui capacidade de arbitrar qualquer coisa na esfera espiritual. Jesus, o Cristo confirma isso aos líderes religiosos do seu tempo em Jo. 8:34 - "Replicou-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado." Não se pode confundir capacidade de fazer escolhas naturais e sensoriais com escolhas espirituais.
Em Cristo
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