domingo, fevereiro 1

A VERDADEIRA PÁSCOA I

Ex. 12:3 a 11, 21, 27, 41 e 48 - "Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família. Mas se a família for pequena para um cordeiro, então tome um só com seu vizinho perto de sua casa, conforme o número das almas; cada um conforme ao seu comer, fareis a conta conforme ao cordeiro. O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão. Não comereis dele cru, nem cozido em água, senão assado no fogo, a sua cabeça com os seus pés e com a sua fressura. E nada dele deixareis até amanhã; mas o que dele ficar até amanhã, queimareis no fogo. Assim pois o comereis: os vossos lombos cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão; e o comereis apressadamente; esta é a páscoa do Senhor. Chamou pois Moisés a todos os anciãos de Israel, e disse-lhes: escolhei e tomai vós cordeiros para vossas famílias, e sacrificai a páscoa. Então direis: este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou. Disse mais o Senhor a Moisés e a Arão: esta é a ordenança da páscoa: nenhum filho do estrangeiro comerá dela. Porém se algum estrangeiro se hospedar contigo e quiser celebrar a páscoa ao Senhor, seja-lhe circuncidado todo o homem, e então chegará a celebrá-la, e será como o natural da terra; mas nenhum incircunciso comerá dela."
Estes textos veterotestamentários indicam a instituição e a prescrição da verdadeira Páscoa entre os hebreus do cativeiro egípcio. As Escrituras foram escritas em linguagem literal e em linguagem figurada, por isso, são repletas de tipos, símiles e símbolos, dos quais Deus lança mão para mostrar as aos homens as realidades espirituais. Os tipos representam uma indicação por algumas semelhanças em relação a pessoa ou coisa tipificada. Um tipo possui sempre um antítipo, e, uma vez cumprido, não se repete. Os símbolos, entretanto, não necessitam guardar características em relação a pessoa ou coisa simbolizada e podem se repetir diversas vezes, ou ocorrer apenas uma única vez. Então, o primeiro Adão é um tipo de Cristo, o segundo Adão, enquanto Eva era um tipo da Igreja. Os símbolos podem ser entendidos antes do seu cumprimento, enquanto os tipos só se definem com o cumprimento daquilo que tipificam. O fermento, por exemplo, simboliza o mal, a boa semente simboliza os filhos de Deus, a mulher e o filho varão de Apocalipse representam a Igreja da tribulação. Na linguagem simbólica a ação é sempre literal, somente o sujeito da ação que é simbólico.
No caso do evento da Páscoa foi empregado um símbolo de Cristo, a saber, o cordeiro pascal. Também a Páscoa em si é um símbolo da passagem do mundo da servidão do pecado representado pelo Egito para o mundo da luz e da purificação representado por Canaã, a terra prometida. A própria palavra Páscoa, que provém do hebraico "Pêssach" significa passagem ou travessia. 
O contexto da Páscoa é a ação monérgica de Deus movendo o seu braço para retirar o povo de Israel da escravidão no Egito. Neste sentido é que o Egito significa o domínio do homem no pecado que o torna escravo conforme Jo. 8: 34 - "Respondeu-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado." No processo monérgico, a ação é exclusivamente de Deus, sendo o homem apenas o beneficiado e o que a ele compete fazer é por vias de consequência. Moisés era a pessoa menos indicada para liderar a retirada e a passagem do povo hebreu, porque embora hebreu, foi criado na corte de Faraó, sendo educado como egípcio. É neste sentido que a ação monérgica toma proporções sobrenaturais, pois na impossibilidade humana é que reside o poder de Deus.
O símbolo do cordeiro ou cabrito, macho, de um ano e sem mancha representa Cristo. O sangue do cordeiro sacrificado espargido nos umbrais das casas representa a justificação do pecador que não pode salvar-se a si mesmo, mas depende de um substituto perfeito. Por isso é declarado que Abel era justo e Caim do maligno, pois este apresentou sacrifício de esforço próprio, enquanto aquele apresentou-se a Deus por meio do substituto. Esta é, portanto, a diferença entre viver da lei e viver da fé; entre esforço de justiça própria e justiça da graça; entre dependência plena e autossuficiência.
A lição da Páscoa é que é Deus quem age, a escravidão do pecado só se desfaz por graça e misericódia d'Ele mesmo.

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