fevereiro 09, 2009

O "EVANGELHO" TRIUNFALISTA x O EVANGELHO DO REINO I

Mc. 1: 1, 14 e 15 - "Princípio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus... E, depois que João foi entregue à prisão, veio Jesus para a Galiléia, pregando o evangelho do reino de Deus, E dizendo: o tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo. Arrependei-vos, e crede no evangelho." A palavra "princípio" que abre a sentença introdutória do Evangelho segundo Marcos, em grego neotestamentário é 'arkhê', isto é, um início que é anterior a qualquer coisa ou fato. Isto quer dizer que o evangelho de Jesus, o Cristo é um acordo eterno e não um mero registro escrito pelo homem. Ele não se principiou apenas nas palavras pronunciadas por Cristo ao longo de Sua existência terrena. É o resultado de um acordo efetivado antes dos tempos eternos conforme I Tm. 1:9 - "... que nos salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos..."
O evangelho é de Cristo, e, este, é o Filho Unigênito de Deus. A questão teleológica do evangelho é que ele visa consolidar definitivamente o reino de Deus. Percebe-se, portanto, que toda ação do evangelho é monérgica, ou seja, é da exclusiva competência de Deus. De fato, não poderia mesmo ser diferente, visto que o homem absolutamente decaído e depravado, não teria como dar início, agir e consolidar algo anterior ao próprio universo. Sendo a noção de tempo embaraçosa ao mais culto dos homens, quanto mais complexo é imaginar que algo fora realizada antes do próprio tempo? Acontece que são categorias diferenciadas de tempos: há um tempo puramente cronológico 'kronos' em decorrência da relativização provocada pelo espaço e pela matéria. Entretanto, há uma categoria de tempo autônomo - o tempo 'kairós' - qual seja, um evento preestabelecido independentemente das variáveis: movimento, matéria e espaço. Este é o tempo de Deus!
A maior parte dos religiosos não têm discernimento de que o evangelho é de Cristo e objetiva a validação do reino de Deus. Eles imaginam que Deus está ao seu dispor para construir um reino de benesses aqui mesmo no mundo, e, tudo isto, sem a destruição da natureza pecaminosa. Baseiam e fundamentam suas crendices em um evangelicalismo triunfalista e horizontalizado, no qual Deus é uma espécie de gênio da lâmpada de Aladin. Isto satisfaz plenamente aos anseios e projetos de Satanás em estabelecer o seu reino neste mundo. Não se faz uma omelete com três ovos, estando um deles estragado e dois bons, sem que toda ela se estrague. É esta a questão fulcral da religião triunfalista: querem o triunfo prometido aos eleitos, porém sem perder o lucro de uma vida bastarda e abastada e sem a inclusão na morte com Cristo. Querem a doação, mas não querem o doador. Coitados morrerão em seus pecados conforme Jo. 8:24 - "Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados." A expressão "eu sou" neste texto quer dizer, que, Cristo é Deus. Assim, enquanto o homem pecador não recebe a graça para crer n'Ele como Deus, suas crenças, méritos e justiças próprias não valem absolutamente nada espiritualmente.
O texto de Paulo a Timóteo, mostra que não é pelas obras, mas pela soberana vontade de Deus expressa em sua salvação, seu chamamento santo pela graça concedida apenas em Cristo. Foi segundo o próprio propósito de Deus e não por qualquer justiça ou mérito do homem. Além do mais, tudo isto foi decidido e concretizado antes dos tempos eternos.
A percepção do verdadeiro evangelho não pode ser primeiramente pelo intelecto, mas pela revelação nas Escrituras, e, esta é da competente e suficiente soberania divina por meio do Espírito Santo.

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