
Estes textos veterotestamentários indicam a instituição e a prescrição da verdadeira Páscoa entre os hebreus do cativeiro egípcio. As Escrituras foram escritas em linguagem literal e em linguagem figurada, por isso, são repletas de tipos, símiles e símbolos, dos quais Deus lança mão para mostrar as aos homens as realidades espirituais. Os tipos representam uma indicação por algumas semelhanças em relação a pessoa ou coisa tipificada. Um tipo possui sempre um antítipo, e, uma vez cumprido, não se repete. Os símbolos, entretanto, não necessitam guardar características em relação a pessoa ou coisa simbolizada e podem se repetir diversas vezes, ou ocorrer apenas uma única vez. Então, o primeiro Adão é um tipo de Cristo, o segundo Adão, enquanto Eva era um tipo da Igreja. Os símbolos podem ser entendidos antes do seu cumprimento, enquanto os tipos só se definem com o cumprimento daquilo que tipificam. O fermento, por exemplo, simboliza o mal, a boa semente simboliza os filhos de Deus, a mulher e o filho varão de Apocalipse representam a Igreja da tribulação. Na linguagem simbólica a ação é sempre literal, somente o sujeito da ação que é simbólico.
No caso do evento da Páscoa foi empregado um símbolo de Cristo, a saber, o cordeiro pascal. Também a Páscoa em si é um símbolo da passagem do mundo da servidão do pecado representado pelo Egito para o mundo da luz e da purificação representado por Canaã, a terra prometida. A própria palavra Páscoa, que provém do hebraico "Pêssach" significa passagem ou travessia.
O contexto da Páscoa é a ação monérgica de Deus movendo o seu braço para retirar o povo de Israel da escravidão no Egito. Neste sentido é que o Egito significa o domínio do homem no pecado que o torna escravo conforme Jo. 8: 34 - "Respondeu-lhes Jesus: em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado." No processo monérgico, a ação é exclusivamente de Deus, sendo o homem apenas o beneficiado e o que a ele compete fazer é por vias de consequência. Moisés era a pessoa menos indicada para liderar a retirada e a passagem do povo hebreu, porque embora hebreu, foi criado na corte de Faraó, sendo educado como egípcio. É neste sentido que a ação monérgica toma proporções sobrenaturais, pois na impossibilidade humana é que reside o poder de Deus.
O símbolo do cordeiro ou cabrito, macho, de um ano e sem mancha representa Cristo. O sangue do cordeiro sacrificado espargido nos umbrais das casas representa a justificação do pecador que não pode salvar-se a si mesmo, mas depende de um substituto perfeito. Por isso é declarado que Abel era justo e Caim do maligno, pois este apresentou sacrifício de esforço próprio, enquanto aquele apresentou-se a Deus por meio do substituto. Esta é, portanto, a diferença entre viver da lei e viver da fé; entre esforço de justiça própria e justiça da graça; entre dependência plena e autossuficiência.
A lição da Páscoa é que é Deus quem age, a escravidão do pecado só se desfaz por graça e misericódia d'Ele mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário