sexta-feira, fevereiro 12

BATISMO BÍBLICO x BATISMO RELIGIOSO I

Mt. 3: 5 a 17 - "Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judeia, e de toda a circunvizinhança do Jordão, e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados. Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não queirais dizer dentro de vós mesmos: temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão. E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível. Então veio Jesus da Galileia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João o impedia, dizendo: eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? Jesus, porém, lhe respondeu: consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu. Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele; e eis que uma voz dos céus dizia: este é o meu Filho amado, em quem me comprazo."
Batismo é, em princípio, um ritual de passagem em diversas culturas, podendo ter ou não conotação religiosa. Por exemplo, quando um aprendiz de capoeira atinge um determinado nível, o mesmo é batizado como forma de ascensão a níveis mais elevados. 
O substantivo batismo provém do grego neotestamentário 'baptismós' [βαπτισμός] que, por sua vez, provém do verbo 'baptizô' [βαπτίζω]. Este verbo possui os seguintes significados: batizar, imergir, banhar, lavar, derramar, tingir ou cobrir. A prática do batismo no novo testamento foi transferida da tradição judaica proveniente do ritual de abluções, uma espécie de purificação por água usada na lei cerimonial do judaísmo conforme Hb. 6:2 - "... e o ensino sobre batismos e imposição de mãos, e sobre ressurreição de mortos e juízo eterno." Também o mesmo sentido é visto em Hb. 9:10 - "... sendo somente, no tocante a comidas, e bebidas, e várias abluções, umas ordenanças da carne, impostas até um tempo de reforma." A palavra no grego neotestamentário para 'ablução' é 'katharismós' [καθαρισμός]. É neste sentido que foi igualmente utilizada em Jo. 3: 25 e 26 - "Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele." Desta forma o batismo cristão deriva das abluções judaicas que eram rituais de purificação por água. A água, no sentido bíblico, quase sempre possui é a simbologia da Palavra de Deus. 
O batismo praticado por João, o batista era apenas para simbolizar arrependimento e preparação para o verdadeiro batismo que viria com Cristo. Isto fica evidente nas suas próprias palavras conforme Mt. 3:11 - "Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo."
Quanto à natureza, o batismo pode ser de duas categorias: a) ordenança simbólica da morte e ressurreição com Cristo e, b) experiência espiritual de nascimento do alto. No primeiro caso, o batismo por imersão em água significa a morte e a ressurreição do pecador, na morte e ressurreição com Cristo. Quanto o oficiente toma o batizando e o imerge nas águas simboliza a sua morte com Cristo; quando o traz de volta para fora das águas significa a sua ressurreição em Cristo. Desta forma quando o pecador é imerso é ele em Cristo, quando emerge é Cristo nele. No segundo caso, o batismo possui dimensão espiritual e não mais simbólica. É este o ensino que João, o batista fala no texto de Mateus, capítulo três, verseto onze: "...ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo." Agora o batismo significa uma imersão na nova natureza regenerada e assistida pelo Espírito Santo. O fogo, neste caso, é o juízo de Deus sobre o que é palha, ou seja, as obras da carne. 
Algumas religiões dogmatizam o batismo como um sacramento, ou seja, um juramento do batizando, o qual promete se unir àquela determinada religião. Para algumas destas religiões que apresentam o batismo como sacramento, o mesmo é, inclusive, essencial à salvação. Todavia, não há qualquer fundamento bíblico para tal apologética. Cita-se, inclusive, o caso de um dos malfeitores crucificado ao lado de Jesus, o Cristo que se arrependeu e recebeu fé para crer, porém não foi batizado. Jesus, o Cristo disse ao malfeitor: "ainda hoje estarás comigo no paraíso." Não se lhe exigiu qualquer ritual, muito menos, o do batismo. Entretanto, quando o religioso quer justificar seus dogmas ele sempre acha uma forma, mesmo torcendo, retorcendo e contorcendo toda Escritura. Um determinado grupo religioso moderno afirma que, sendo Jesus o testador, poderia alterar o testamento em vida. Portanto, justificam com argumento forense, o dogma do batismo como sendo essencial à salvação. Consequentemente, atribuem uma decisão judicial de Jesus, com base no direito romano, para salvar aquele malfeitor convertido sem o batismo. Isto não passa de malabarismo humano para justificar o injustificável.
Sola Scriptura!

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