I Co. 11: 23 a 30 - "Porque eu recebi do Senhor o que também vos entreguei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, havendo dado graças, o partiu e disse: isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: este cálice é o novo pacto no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes deste pão e beberdes do cálice estareis anunciando a morte do Senhor, até que ele venha. De modo que qualquer que comer do pão, ou beber do cálice do Senhor indignamente, será culpado do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se, pois, o homem a si mesmo, e assim coma do pão e beba do cálice. Porque quem come e bebe, come e bebe para sua própria condenação, se não discernir o corpo do Senhor. Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos que dormem"
A ceia é apenas um memorial e uma das poucas ordenanças deixadas por Cristo consoante as seguintes expressões: "fazei isto em memória de mim" e "fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim." A primeira ordem se refere ao pão e a segunda ao vinho. No texto de Mateus capítulo 26, versos 20 a 29, Jesus, o Cristo celebra a Páscoa com os discípulos um pouco antes de ser preso, julgado e condenado. Há uma total relação entre a Páscoa e a Ceia. A Páscoa foi prescrita por Deus, e ordenada a Moisés para preparar o povo para a libertação do cativeiro no Egito; Enquanto a Ceia é a celebração pela iminente concretização daquilo que a Páscoa indicava por símbolos. O cordeiro imolado, sem mancha e sem defeito na Páscoa, no Egito, predicava a morte do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." A Ceia, por seu turno, confirma a morte do "Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo." O pão ressequido e partido representa o corpo de Jesus, o Cristo sacrificado na cruz; O vinho representa o sangue de Jesus, o Cristo vertido na cruz. A Páscoa foi a imagem das coisas futuras, a Ceia é a real concretização do "supremo propósito" do Pai.
Jesus, o Cristo afirma aos judeus o seguinte conforme Jo. 6: 53 a 56 - "... se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele." Obviamente, Jesus, o Cristo não está falando em sentido literal, pois não se trata de antropofagia. É uma questão de fé, pois a fé permite tornar o invisível, visível conforme Rm. 4:17 - "... perante aquele no qual creu, a saber, Deus, que vivifica os mortos, e chama as coisas que não são, como se já fossem."
Na religião católica chamam a ceia de 'eucaristia' [εὐχαριστία], passando a ideia de "reconhecimento", ou "ação de graças." Pregam que os elementos, pão e vinho, se tornam o próprio Jesus, o Cristo na liturgia conduzida pelo padre. Adotam uma terminologia popular que diz que a ceia é a comunhão sacrificial, porque acreditam que toda vez que a celebram, ocorre um novo sacrifício do Filho de Deus. Isto pode induzir à ideia de repetidas mortes sacrificiais de Jesus, o Cristo contrariando o que afirma Hb. 9:26 - "... doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo."
Na igreja católica ortodoxa, os elementos da ceia não são considerados o próprio corpo e o sangue de Cristo. Não há teologia específica sobre esta questão, porque esta parcela do catolicismo surgiu de um cisma, ou seja, de uma divisão da igreja de Roma antes do dogma da eucaristia. Os católicos ortodoxos, usam o pão fermentado e o vinho puro é servido a todos na celebração da ceia. Para os ortodoxos, os elementos são apenas símbolos e o que acontece a eles, na ceia, é considerado mistério.
As igrejas luterana e anglicana consideram a ceia como a presença real de Cristo no pão e no vinho. Produziram a doutrina da real presença ou união sacramental. Para as igrejas de origem reformada, a ceia é uma ordenança, mas não tem valor sacramental. Para os reformados, a ceia possui dois modos de celebração: os que se baseiam no ensino de Zuínglio afirmam que a ceia é apenas um memorial. Enquanto, o ensino de João Calvino, afirma que, na celebração da ceia, Jesus, o Cristo está presente, não nos elementos - pão e vinho - mas, espiritualmente. Em outras denominações religiosas, especialmente pentecostais e neopentecostais, a ceia possui valor puramente ritualístico e, por vezes, místico.
É fundamental atentar para o fato que, ao celebrar a ceia antes da sua crucificação, Jesus, o Cristo dá a ela um sentido simbólico, pois sequer havia ele morrido para estar presente no pão e no vinho. Como, Cristo não estabeleceu qualquer doutrina sobre como a ceia deveria ser celebrada após a sua morte, ela permanece como um memorial e não como um sacramento.
Sola Scriptura!
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