Mc. 4: 2 a 12 - "Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino: ouvi: eis que o semeador saiu a semear; e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram. Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda; mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se. E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto. Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem. E disse-lhes: quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola. E ele lhes disse: a vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados."
As teorias teológico-religiosas que afirmam que a salvação é para todos os homens são denominadas universalistas. Elas têm forte influência de ensinos exotéricos originados do gnosticismo. Todas elas possuem um mesmo eixo, a saber, a salvação é para todos. Entretanto, como nem todos são salvos, invetam que o homem possui capacidade para fazer escolhas livres. A esta suposta capacidade dão o nome pomposo e, não menos antropocêntrico, de 'livre-arbítrio'. Todavia, o conceito humanista de 'livre-arbítrio' não se sustenta sequer na análise filosófica, pois esbarra na realidade do mal moral no mundo. Também é negado pela impossibilidade de o homem bastar-se a si mesmo e não depender da necessidade e de fatores determinantes.
Alguns religiosos tentam encontrar o meio termo, afirmando que embora a justificação em Jesus, o Cristo seja para todos, mas nem todos são alcançados, porque não creem. Isto é, no mínimo, contraditório, pois se a expiação de Cristo foi para salvar a todos e não salvou, logo seria uma farsa. Acontece, porém, que a fé não é virtude humana, mas um dom de Deus. Logo, eles não creem porque não podem e não porque não querem. Há este ensino em abundância nas Escrituras, como por exemplo, II Ts. 3:2 - " ... e para que sejamos livres de homens perversos e maus; porque a fé não é de todos." A fé que é o meio para receber a graça da vivificação é dom conforme Jd. verso 3 - "Amados, enquanto eu empregava toda a diligência para escrever-vos acerca da salvação que nos é comum, senti a necessidade de vos escrever, exortando-vos a pelejar pela fé que de uma vez para sempre foi entregue aos santos." Assim que, a fé não é virtude humana que Jesus, o Cristo afirma o seguinte em Lc. 18:8 - "Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?" Caso a fé fosse uma virtude humana, no retorno do Grande Rei a mesma seria achada na Terra.
O texto de abertura revela um recurso pedagógico de anunciar o evangelho da verdade por Cristo. Trata-se da parábola, ou seja, falar por enigmas ou por meio de ilustrações para anunciar uma verdade. A parábola do semeador é uma retratação de como Deus anuncia o evangelho por meio da pregação da palavra que é a semente. Os que estão junto ao caminho representam a classe de pecadores que, ao ouvir a palavra não a retêm, porque suas mentes são controladas por Satanás representado pelas aves. A semente que foi semeada no pedregal representa aquela pregação onde a verdade não cria raízes profundas, porque os ouvintes são superficiais. Eles ouvem com entusiasmo, mas ficam apenas na superficialidade das emoções, porque veem o evangelho apenas como uma forma de aliviar suas dores e angústias. A semente que caiu no meio do espinheiro representa aquela classe de pecadores que estão tão aturdidos com seus afazeres para ganhar o mundo, que não percebem a profundidade da mensagem da verdade. O mundo é mais interessante e urgente para eles. A semente semeada em boa terra representa a pregação do evangelho àqueles cujos corações foram preparados de antemão para que ouvindo, cressem. A boa terra representa o coração fértil para gerar resultados espirituais. Isto confirma a promessa de Deus em Ez. 36:26 - "Também vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne."
Na sequência, quando a multidão havia se retirado e a sós com os discípulos Jesus, o Cristo foi interpelado por eles. A questão era: porque o Mestre fala por parábolas? Cristo, então, respondeu-lhes: "... a vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas." A partir do momento em que um mistério é confiado a alguém, deixa de ser mistério e passa a ser revelação. Desta forma, aos eleitos e predestinados, é dado conhecer o mistério de Deus, mas aos outros, cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, não é dado ou confiado o mistério de Deus. O mistério é revelado em Cl. 1: 24 a 27 - "Agora me regozijo no meio dos meus sofrimentos por vós, e cumpro na minha carne o que resta das aflições de Cristo, por amor do seu corpo, que é a igreja; da qual eu fui constituído ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, a fim de cumprir a palavra de Deus, o mistério que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória." Este mistério, o anúncio do evangelho aos eleitos estava oculto em Deus por milhões de anos conforme Ef. 3: 8 a 12 - "A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios as riquezas inescrutáveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou, para que agora seja manifestada, por meio da igreja, aos principados e potestades nas regiões celestes, segundo o eterno propósito que fez em Cristo Jesus nosso Senhor, no qual temos ousadia e acesso em confiança, pela nossa fé nele."
Finalmente, é revelado aos discípulos que há uma categoria de homens aos quais não é dado conhecer o mistério que esteve oculto em Deus, a saber, a justificação por meio da morte na morte de Cristo. Isto fica claro e sem qualquer interpretação conforme: ".. mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas; para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados." Podem ver e ouvir o evangelho, mas não podem crê-lo com o coração e confessá-lo com a boca para que sejam salvos. Se alguém acha isto injusto, antipático ou desumano, marque uma audiência com Deus e questiona-o, pois ele assim o decidiu.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!
Soli Deo Gloria!
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