quarta-feira, agosto 5

PARA QUEM É A SALVAÇÃO? III

Rm. 10: 11 a 16 - "Porque a Escritura diz: ninguém que nele crê será confundido. Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram falar? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? assim como está escrito: quão formosos os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem?"
Um dos aspectos mais perturbadores no tocante à salvação é saber se ela é definitiva e incondicional ou condicionada à moralidade humana. Caso Deus tivesse condicionado a salvação do pecador à sua moralidade, ninguém seria salvo. Isto porque, o pecador é pecador por natureza e não apenas por atos falhos. Há nas religiões, grosso modo, o mecanismo maniqueísta, o qual instiga na mente dos seguidores que, se se afastarem da igreja poderão acontecer coisas ruins. Também metem medo nos ditos fiéis que o desvio poderá acarretar a perda da salvação. Tal mecanismo visa manter controle psicológico sobre os seguidores a fim de não sofrer redução numérica. Neste sentido, tais religiões se tornam cangas como aquelas que se colocam sobre os pescoços dos bois para que puxem a carga. Caracterizam-se pela multiplicação de preceitos, regras e normas, causando grande peso sobre os ombros dos seguidores. Torna-se em duplo fardo pesado, porque, nem os liberta da natureza pecaminosa, e os mantêm escravizados a um sistema religioso que os controla e manipula. A maior parte dos religiosos são amargos e sempre prontos a condenar e excluir os que não professam a mesma religião deles.
Jesus acusou os líderes religiosos do seu tempo da prática abominável do maniqueísmo conforme Mt. 23: 2 a 11 - "Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos; gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo. Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo." Os escribas eram chamados doutores da lei, porque, de tanto copiar as Escrituras decoraram-nas. Os fariseus formavam uma seita político-religiosa muito influente que detinha grande controle sobre o Sinédrio e a sociedade. Juntos ditavam o que era certo e o que era errado. Eles impunham muitas normas a serem seguidas, mas eles mesmos, sequer movia um dedo para cumpri-las. Há grande semelhança dos líderes dos dias atuais. Ainda hoje os que se fazem autoridade sobre outros gostam mesmo é de receber a glória dos homens e de obter privilégios. Jesus, o Cristo está dizendo aos discípulos: tudo o que eles disser a vocês no tocante as Escriturais fazei, mas não se comportem conforme seus padrões ético-morais. Ou seja, a mensagem da verdade nada tem a ver com o mensageiro. Rabi em hebraico significa "mestre", "meu mestre", ou "grande mestre". Portanto, nenhum homem está autorizado a se fazer de mestre perante os outros. Era, igualmente, costume destacar alguns homens sábios segundo a sabedoria humana e a posição social e chamá-los de pai. Entretanto, o Grande Rei também veda este costume, porque somente Deus é pai dos eleitos e regenerados. Também está desautorizado o costume de constituir determinadas pessoas como guias, pois como poderia um cego guiar outro cego?
O texto de abertura afirma categoricamente que ninguém que crê em Cristo será confundido. Isto equivale dizer que, uma vez recebendo a fé como dom de Deus o eleito jamais perderá a sua redenção. Jamais perderá a confiança na salvação recebida de uma vez para sempre. A distinção que os homens criam entre classes sociais, níveis de intelectualidade, origem étnica, cor da pele e gênero é tratada no texto. Jesus, o Cristo afirma que, a partir do momento em que o pecador é regenerado todas as distinções desaparecem. Quando tais distinções persistem é porque o homem ainda não teve experiência de novo nascimento. 
Outro aspecto bastante sensível no texto de abertura é a afirmação: "todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo." Tal afirmação não pode ser genérica ou universal, pois está condicionada ao que vem na sequência, a saber, aquele que invocar o nome do Senhor, porque recebeu o dom da fé por meio do evangelho. Não é, como já foi dito, uma simples emissão de voz afirmando que Deus é seu pai, que Jesus é seu Senhor. Isto qualquer pessoa pode fazer sem gerar qualquer consequência espiritual. 
Desta forma é Deus quem envia os mensageiros e não eles mesmos que se auto-enviam. Os mensageiros têm uma única mensagem a ser anunciada, a saber, a "palavra da cruz" ou "palavra da fé". Ao ouvir a mensagem os ouvidos dos pecadores são abertos pela ação monérgica de Deus por meio do Espírito Santo. Tal ação desperta os pecadores eleitos para a vivificação que, por sua vez, gera a regeneração. Assim, se cumpre o que está em I Pd. 2:9 - "Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz." Um eleito é alguém que foi preordenado pela soberana vontade de Deus e não alguém que se auto-elege por meio de justiça própria. Assim, o conjunto dos eleitos e regenerados segundo a vontade soberana de Deus forma um povo adquirido pela morte inclusiva e substitutiva de Jesus, o Cristo. Tudo o que passa disto é anátema!
Sola Gratia!

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