Rm. 3: 10 a 18 - "Como está escrito: não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com as suas línguas tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos." Esta é uma passagem remissiva ao texto do Salmo 14, deixando clara a extensão e a unicidade das Escrituras. É uma cláusula declaratória com enunciado universal, isto é, possui validação para todos os tempos e pessoas. Assim, as Escrituras mostram que não há nenhum homem justo, não há um homem que tenha entendimento, não há quem busque a Deus naturalmente. Todos estão de fato destituído da natureza de Deus e extraviados e, portanto, são inúteis espiritualmente falando. O bem que importa, ninguém possui natureza para praticá-lo. Suas palavras são apodrecidas como os sepulcros abertos e suas línguas proferem engano sobre engano. Veneno de áspide escorre dos seus lábios, por conta da maledicência e do amargor que cada um leva em sua natureza decaída. São rápidos para praticar crimes contra outros homens, por isso, promovem destruição e miséria. Não conhecem o método da paz, porque ela não é uma acepção meramente intelectiva, mas uma pessoa, a saber, Cristo. Por todos estes títulos, o homem decaído não pode e não quer conhecer a Deus.
Diante destas esplêndidas verdades escriturísticas é recorrente nos círculos religiosos a persistente teologia deformada. Ela insiste em produzir um sistema religioso que satisfaça os desejos dos homens escravisados pelo pecado, porém sem realizar neles uma nova geração. Portanto, sem a geração de uma nova disposição por ação monérgica realizada na cruz, não há como o homem se inclinar para as coisas de Deus. Não por meio de religião, teologia, rituais, obras de justiça, esforços e méritos. Não com este currículo exposto por Paulo em Romanos.
Charles Grandison Finney, aclamado como verdadeira virtuose de Deus na Terra pela comunidade evangélica contemporânea, foi um desses produtores de teologia humanista. Para ele, o homem, mesmo em arrepio às Escrituras, não é depravado por natureza, sendo capaz de cooperar com o Espírito Santo na obra do convencimento, arrependimento e da fé. A ele foi dado o crédito direta ou indiretamente da conversão de cerca de quinhentas mil pessoas. Muitos o denomina de "O Maior Avivalista Americano", ou "O Principal Evangelista do Século XIX." É tido como o iniciador do evangelismo de massa que perdura hoje, especialmente nos meios midiáticos, considerando os seus métodos inovadores para a época, além de um estilo de pregação para grandes plateias. A partir dele aparecem Dwight Moody, John Wilbur Chapman, Billy Sunday e Billy Graham nesta linha de evangelismo de massa.
Poucos empreitam uma crítica a Finney. Entre estes poucos, aponta-se Robert Godfrey, do Seminário Teológico Westminster. Para ele Finney faz que a nefasta teologia de Pelágio pareça ser correta com mais maestria que o próprio Pelágio. Godfrey afirma: "Deus pode ser eliminado inteiramente da teologia de Finney sem que seu caráter seja mudado em essência." Neste sentido o evangelicalismo decorrente da teologia deformada de Finney é um conjunto de prática onde o foco é o homem e não Cristo e a cruz. Warfiel, enquanto historiador, afirma: "não houve, em toda história da igreja, provavelmente um teólogo tão pelagiano, quanto Finney." Também L.G. Parkhurst afirma: "ele tentou ser bíblico em vez de aderir a qualquer sistema ou grupo teológico do seu tempo." Isto o coloca na "via média" entre o velho calvinismo e o famigerado arminianismo. Com isto, Charles Finney não é absolutamente combatido em toda extensão do seu ensino, sendo aceito em todos os seguimentos da igreja contemporânea.
Em sua teologia deformada, Finney nega que a justificação seja pela convergência da lei em Cristo na cruz; nega que a expiação de Cristo seja substitutiva e inclusiva, pois para ele, Cristo não poderia cumprir a justiça retributiva diretamente proporcional ao pecado; para ele a justificação só se realizaria por meio da santificação e não a santificação por meio da justificação em Cristo; ele negava a que o homem tivesse uma natureza pecaminosa, mas que sofreu apenas uma depravação moral; ele defendia que a regeneração depende da vontade ou da decisão humana; e finalmente, ele diz que o homem é portador de "livre arbítrio" para aceitar ou rejeitar a graça de Deus.
Neste sentido, a teologia deformada, traço comum a todas as religiões da atualidade, segue na base da sua crença este mesmo conjunto de crenças puramente intelectuais e não essencialmente bíblica.
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