O evangelho registra em Mt. 16: 29 e 30, o seguinte: "Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados." Qual o ensino contido nesta passagem? Determinismo, Indeterminismo ou Compatibilismo? Nenhum destes ensinos de homens, mas tão somente mostra o quanto Deus é absolutamente soberano. O que importa, de fato é que, enquanto o homem não regenerado continua em sua saga pela independência de Deus, o eleito confia e se rende ante a soberana vontade do Pai. O texto ressalta a falsa liberdade do homem decaído ao julgar ser possível comprar e vender as coisas criadas e sustentadas por Deus. Todavia, quem determina se estas coisas continuam ou não existindo é o Criador. O homem se ilude com as escolhas realizadas a partir de uma moral contaminada pelo pecado como se fossem escolhas espirituais. A vontade de Deus é anterior ao homem, e consequentemente à sua vontade decaída também. As escolhas são feitas dentro dos parâmetros estabelecidos pela soberana vontade de Deus. A contabilidade do Criador é tão exata que, até mesmo os fios de cabelo das cabeças de todos os homens não Lhe escapam. Logo, qual homem pode arbitrar sobre o fio de cabelo que cai e o que não cai da sua cabeça? Qual homem, por mais entendido em ornitologia pode determinar qual o passarinho que permanecerá vivo ou morrerá? O fato de alguns homens aprisionarem passarinhos para vendê-los, não lhe garante livre arbitragem, mas indica que a sua vontade é corrompida e egoísta.
Enquanto o "Determinismo" ensina que tudo o que ocorre, isto é, todos os eventos, incluindo-se as escolhas humanas são determinadas por fatores externos, o "Indeterminismo" assevera que estas são feitas à revelia de fatores externos ou internos, isto é, simplesmente são feitas ao acaso. O "Compatibilismo" tenta conciliar a soberania de Deus e a vontade do homem, ou seja, Deus determina tudo, mas o homem possui algum tipo de possibilidade de fazer certas escolhas livres. Estas posições podem até parecer lógicas ou ilógicas, conforme cada caso, todavia não estão em conformidade com as Escrituras. Satisfazem assim, as especulações filosóficas, ou religiosas e humanistas, mas não conformam-se à verdade.
Lc. 12: 25 a 28 - "Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pequena fé?" O texto fala por si mesmo, entretanto, ressalta-se o quanto o homem é de fato dependente até mesmo das mínimas coisas no universo. Os lírios do campo são um tipo da absoluta dependência de Deus, tanto para a sua manutenção, quanto para a sua destruição. A questão da falsa autonomia humana está intimamente atrelada à falta ou ausência de fé. A escassez de fé leva o homem ao pressuposto, que se pode produzir uma alternativa à soberania de Deus.
Assim, a doutrina ou falso ensino do livre arbítrio é um mero artifício da mente humana decaída, tentando produzir justiça própria. Tais ensinos estão tão enraizados aos preceitos e regras de conduta do cristianismo institucional, que não se pode dissociá-los da base de crenças dos religiosos. O pior engano é aquele que mais se assemelha à verdade. É como o joio que cresce junto aos trigais, não pode ser extirpado no todo, para que se não corra o risco de também extirpar o trigo. Entretanto, o joio não será recolhido aos celeiros eternos, posto não ser trigo. Não basta parecer trigo, é necessário ser trigo!
Jo. 10: 25 e 26 - "Respondeu-lhes Jesus: já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas." Os fariseus eram religiosos, porém eram incrédulos, como se depreende do texto acima. Muitos religiosos do nosso tempo lançam mão destes textos para justificar a livre vontade e o quer do homem. Todavia, não há em nenhuma instância das Escrituras, qualquer apoio ao pernicioso ensino do livre arbítrio. No caso do texto retromencionado, Cristo está mostrando aos religiosos do seu tempo, que eles não criam, não por ter escolhido não crer, mas porque não eram das ovelhas d'Ele. Isto implica dizer que a doutrina santa da eleição joga a última pá de cinzas sobre o orgulho religioso. O homem não pode crer se do céu não lho for permitido por misericórdia e graça. No máximo poderá ter religião, que, aliás, não salva, posto que é subproduto da arrogância humana.
O ensino do livre arbítrio é muito atraente aos que não experimentaram ainda o nascimento do alto em conformidade com as Escrituras. É consistente apenas para satisfazer as carências dos que, sem uma nova natureza, tentam ingloriamente reencontrar a porta do Paraíso perdido às suas próprias expensas. Esta justiça não satisfaz a exigência do "Decreto Eterno", pois, "... a alma que pecar, esta morrerá." Logo, como poderá uma alma morta em delitos e pecados produzir caminho seguro de retorno ao seio do Criador? Ainda que este artifício fosse possível, qual, então seria o papel de Cristo e da Sua expiação vicária? Seria Ele apenas um ator teatral, apresentando-se numa peça grotesca para divertimento de uma platéia cega, surda e estúpida?
Amém
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