Para Isaiah Berlim, assim como muitos outros, para uma escolha ser livre, o agente deverá ter a capacidade de agir de outra maneira, ou seja, de optar por outra alternativa além da posta diante dele. Esse princípio, chamado por Peter van Inwagen de "Princípio das Possibilidades Alternativas", é considerado pelos seus defensores como uma condição necessária para a liberdade. Nessa visão os atos realizados sob a influência de uma coerção irresistível não são livres, e o agente não é moralmente responsável por eles. Então, neste caso, a carga genética e as influências do meio natural, não seriam coercitivos e irresistíveis? O que o homem pode fazer acerca da sua hereditariedade que pode levá-lo a ser propenso a uma ou outra doença, a um ou outro comportamento? E o que o livre arbítrio poderia fazer contra um vulcão, um terremoto, uma seca, uma enchente, etc?
Para Harry Frankfurt e Daniel Dennet, o livre arbítrio é aceitável, mesmo com base em escolhas coercitivas e irresistíveis, quando coincidem com os desejos do agente. Assim, a capacidade de agir de outro modo só faz sentido quando lidamos com expectativas, e não com algum futuro desconhecido e incognoscível.
Na neurologia a questão do livre arbítrio é vista assim: "há várias desordens relacionadas ao cérebro que podem ser chamadas de desordens do livre arbítrio. Na desordem-compulsiva-obsessiva um paciente pode sentir uma necessidade irresistível de fazer algo contra a própria vontade. Exemplos incluem lavar as mãos várias vezes ao dia, reconhecendo o desejo de lavar as mãos como o próprio desejo embora pareça ser contra a própria vontade. Na "Síndrome de Tourette" e síndromes relacionadas o paciente faz movimentos involuntários, por exemplo tiques e proferimentos. Na síndrome da mão estranha 'alien hand syndrome' o membro do paciente faz movimentos significativos sem que ele tenha a intenção." Logo se vê que é um conceito forçado de livre arbítrio, já que o agente está condicionado por um mal, sobre o qual ele não tem controle ou domínio.
No Hinduísmo a questão do livre arbítrio se resume assim: "a mente é parte integrante da natureza, a qual está vinculada à lei de causalidade. Porque a mente está vinculada a uma lei, ela não pode ser livre. A lei de causalidade como aplicada à mente é chamada karma." Esta posição foi assimilada e adaptada pelo espiritismo.
No Budismo a coisa é assim encaminhada: "os ensinamentos sobre o karma são interessantes por causa da sua combinação de causalidade e livre arbítrio. Se as coisas fossem totalmente causadas não haveria meio de se desenvolver uma habilidade - suas ações seriam totalmente determinadas. Caso não houvesse causalidade alguma as habilidades seriam inúteis, pois as coisas estariam mudando constantemente sem qualquer tipo de rima ou razão entre elas. Mas é porque há um elemento de causalidade e porque há um elemento de livre arbítrio que você pode desenvolver habilidades na vida. Você se pergunta: o que está envolvido no desenvolvimento de uma habilidade? - basicamente isso significa ser sensível a três coisas: 1) é ser sensível a causas vindo do passado, 2) é ser sensível ao que você está fazendo no momento presente e 3) é ser sensível aos resultados do que você está fazendo no momento presente - como essas três coisas vêm juntas."
A ciência coloca as coisas do seguinte modo: "ao longo da história da ciência foram feitas várias tentativas de responder à questão do livre arbítrio através de princípios científicos. O pensamento científico frequentemente figurou o universo de maneira determinista, e alguns pensadores acreditaram que para predizer o futuro é preciso simplesmente ter informação suficiente sobre o passado e o presente. Essa visão encoraja as pessoas a verem o livre arbítrio como uma ilusão."
A ciência atual é uma mistura de teorias deterministas e estatísticas. A mecânica quântica prevê observações apenas em termos de probabilidades. Isso põe em dúvida se o universo é determinado ou não. Alguns cientistas deterministas, como Albert Einstein, acreditam na 'Teoria da Variável Oculta', isto é, que no fundo das probabilidades quânticas há variáveis postas. O teorema de Bell põe essa crença em dúvida, e sugere que talvez Deus esteja jogando dados, o que poria em dúvida as previsões do 'Demônio de La Place'. Ou talvez Deus não jogue dados, mas apenas siga sua vontade, sendo a mesma não determinada por nada, nem mesmo por um objeto formal como o bem ou a verdade, tal como na teoria das verdades eternas de Descartes."
A ciência atual é uma mistura de teorias deterministas e estatísticas. A mecânica quântica prevê observações apenas em termos de probabilidades. Isso põe em dúvida se o universo é determinado ou não. Alguns cientistas deterministas, como Albert Einstein, acreditam na 'Teoria da Variável Oculta', isto é, que no fundo das probabilidades quânticas há variáveis postas. O teorema de Bell põe essa crença em dúvida, e sugere que talvez Deus esteja jogando dados, o que poria em dúvida as previsões do 'Demônio de La Place'. Ou talvez Deus não jogue dados, mas apenas siga sua vontade, sendo a mesma não determinada por nada, nem mesmo por um objeto formal como o bem ou a verdade, tal como na teoria das verdades eternas de Descartes."
"Os biólogos, como os físicos, frequentemente trataram da questão do livre arbítrio. 'Natureza x Nutrição' é um dos debates mais calorosos. O debate questiona a importância da genética e da biologia no comportamento humano quando comparados com a cultura e o ambiente. Os estudos genéticos identificaram vários fatores genéticos específicos que afetam a personalidade do indivíduo, de casos óbvios com a 'Síndrome de Down' a efeitos mais sutis como a predisposição estatística à esquizofrenia. Todavia, não é certo que a determinação ambiental é menos ameaçadora para o livre arbítrio do que a determinação genética. A última análise do genoma humano mostra que temos apenas uns 20.000 genes. Tais genes, e o material genético 'intron' reconsiderado, junto com o redescrito MiRNA, permite um nível de complexidade molecular análogo à complexidade do comportamento humano. Desmond Morris e outros antropólogos evolucionários estudaram a relação entre comportamento e seleção natural em humanos e outros primatas. A investigação mostra que a genética humana pode ser insuficiente para explicar tendências comportamentais, e que fatores ambientais evolucionariamente vantajosos, como o comportamento dos pais e os padrões culturais, modulam tais fatores genéticos. Nenhum desses fatores, complexidade genética e comportamento cultural vantajoso, requer o livre arbítrio para explicar o comportamento humano."
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